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[caption id="attachment_22540" align="alignright" width="620"] Dilma Rousseff e Lula da Silva, petistas-chefes: apesar de falar
em impeachment, imprensa não acusa presidente e ex-presidente | Foto: Wilson Dias/Abr[/caption]
Leitores perguntam: “A imprensa, no caso da Petrobrás, não está sendo muito dura com o PT, com a presidente Dilma Rousseff e com o presidente Lula da Silva?”
Quem acompanha a imprensa internacional, como a inglesa e a norte-americana, sabe que a imprensa brasileira está sendo responsável e cuidadosa. Até agora, nenhuma publicação séria publicou que Dilma Rousseff e Lula da Silva estão diretamente envolvidos na corrupção sistêmica da Petrobrás. Na quinta-feira, 4, numa pequena nota na sua capa, “O Globo” publicou o título: “Oposição já discute pedir impeachment”. É raro.
Mesmo a revista “Veja”, que mostrou uma maior conexão de Dilma Rousseff e Lula da Silva com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, não tem avançado o sinal, ao contrário do que dizem petistas nos jornais, blogs e redes sociais.
Na verdade, a imprensa está publicando aquilo que a Polícia Federal descobriu e que foi expandido entre Ministério Público e Judiciário. Não há nada inventado nem ampliado de maneira sensacionalista. Os exageros, quando há, ficam por conta das oposições.

[caption id="attachment_22534" align="alignleft" width="300"] William Bonner: o apresentador, já “tratado”, continua firme na bancada do Jornal Nacional | Foto: Divulgação[/caption]
Talvez para espantar os boatos, que davam conta de que estaria de saída do “Jornal Nacional” — não se sabe se para fazer um programa de variedade —, William Bonner voltou correndo para apresentar o telejornal mais importante da rede. O profissionalismo era, na quinta-feira, 4, o de sempre: impecável. Mas a voz estava meio roufenha, hesitante, o que nunca ocorre com o apresentador. Consequência da faringite. Os olhos, talvez dada a conjuntivite, pareciam mais amendoados, até um pouco inchados.
A rede de boatos na internet é incontrolável. Nas redes sociais, sem a apresentação de qualquer evidência, diziam: “William Bonner derrubou Patrícia Poeta e o marido [Amauri Soares] da jornalista o derrubou”. Disseram também que o apresentador e editor-chefe exigiu que sua parceira de bancada, Renata Vasconcelos, se portasse de maneira mais moderada — ao contrário da esfuziante Patrícia Poeta.
Os editores do “Pop” não estão lendo ou estão lendo muito rapidamente as reportagens. Se estivessem lendo, teriam percebido, até com facilidade, os erros da reportagem “Roubo a banco — Perseguição, prisões e mortes”. A repórter Rosana Melo, uma das mais experimentadas da redação, relata que a polícia prendeu cinco e matou cinco ladrões de banco. O grupo assaltou o Banco do Brasil de Itapirapuã na quarta-feira, 3. Problemas da reportagem: 1 — O subtítulo informa que a polícia matou “o maior ladrão de bancos do País”. No terceiro parágrafo, a repórter revela que Fredson Guimarães da Silva, de 39 anos, “era considerado um dos maiores assaltantes de banco do País”. As duas informações são contraditórias. 2 — A repórter menciona “Polícia Militar e Graer”, como se o Grupo de Radiopatrulhamento Aéreo não pertencesse à PM. 3 — “Hoje o delegado Alex Vasconcelos, chefe do GAB/Deic apresenta à imprensa...”. Falta uma vírgula: “Hoje o delegado Alex Vasconcelos, chefe do GAB/Deic, apresenta à imprensa”. 4 — Por falha de digitação, um trecho saiu “colado”: “antecedentes criminais.Eles”. Faltou espaço entre o ponto depois de “criminais” e o pronome “eles”. 5 — O jornal anota: “Na perseguição, o líder do bando [Fredson Guimarães da Silva] foi ferido a tiros e morreu após atendimento no posto de saúde da cidade de Goiás e no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo)”. Logo a seguir, no mesmo texto, a repórter diverge do que escreveu antes: “Fredson (...) morreu durante a fuga na quarta-feira”. 6 — “Eles entram, recolhem o dinheiro em sacolas e fugem em seguida”, conta o “Pop”. “Fugem” é um neologismo? Não, erro mesmo. O certo, óbvio, é fogem. 7 — No parágrafo final, a repórter produz um texto confuso: “A ação [o assalto] parece ser cronometrada, com cada um é responsável por uma ação no local”. “Com cada um é” entra para os anais dos textos caóticos. O “Pop” demitiu os revisores, mas mantém editores, que, em tese, deveriam ler as reportagens antes da publicação.
A Justiça do Rio de Janeiro condenou o editor do blog O Cafezinho, Miguel do Rosário, a pagar indenização ao diretor de Jornalismo e Esportes da TV Globo, Ali Kamel, no valor de 15 mil reais. Por danos morais. Autor do texto “As taras de Ali Kamel”, Miguel do Rosário teria debochado da sentença judicial ao dizer que poderia pagar a quantia estabelecida. Ali Kamel recorreu e pediu o aumento da indenização. A Justiça a elevou para 20 mil reais. Em O Cafezinho, Miguel do Rosário escreveu que Ali Kamel havia protagonizado um filme pornográfico. Na verdade, o ator era Alex Kamel. Seu caso, portanto, é indefensável.
O sociólogo Pedro Sérgio de Oliveira pergunta: “O Vila Nova é o time que tem mais torcedores nas redações?” Difícil responder, pois não tenho nenhuma pesquisa a respeito. Mas o leitor tem razão, em parte: o Vila Nova está muito mal, caiu para a série B do Campeonato Goiano, mas, ao abrir as páginas dos jornais, o que mais se ler são notícias sobre o clube. “É bom ser ruim”, conclui Oliveira.
Depois da consultoria de Eduardo Tessler, do blog Mídia Mundo, o “Pop” planeja contratar um editor-chefe com experiência nacional. A cúpula do jornal recebeu os detalhes do levantamento de Eduardo Tessler. Uma das preocupações da diretoria é que o encalhe do “Pop” nas bancas está cada vez mais alto — e isto possivelmente não é responsabilidade da editora-chefe Cileide Alves, e sim da internet. A outra é a dificuldade de sincronizar o jornal impresso e a cobertura na internet, que é fraca.
No texto “O homem e o sonho” (“Diário da Manhã”, de sexta-feira, 5), o repórter Ulisses Aesse “informa” que Charles Darwin era “mujique”. Mujique era o camponês russo, extremamente pobre e em geral analfabeto. O britânico Charles Darwin, pai (ou um dos pais) da teoria da evolução, não era, evidentemente, mujique. Difícil, talvez impossível, entender porque o jornalista chamou o cientista de “mujique”. Teria a ver com a barba? Se tiver, Liev Tolstói e Ivan Turguêniev, dois grandes escritores russos do século 19, também eram mujiques, pois eram barbudos.
Arthur de Lucca, misto de filósofo e sociólogo, aponta que o “Diário da Manhã” publicou que o advogado Davi Carlos Fagundes é especialista em Direito “lato censo”. “Está certo?”, inquire. O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Luís Augusto Fischer, no livro “Dicionário de Palavras & Expressões Estrangeiras”, sugere que não. Ele diz que, no lugar de “lato censo”, escreve-se “lato sensu”. “Latim, de uso bastante frequente, com o significado de ‘em sentido amplo” ou mesmo ‘em sentido lato’ (atenção para a preposição ‘em’, que faz parte da forma latina pela via da declinação da palavra). Usa-se também a expressão correlata e oposta stricto sensu, significando em ‘sentido estrito’, ‘em sentido limitado’. (Pela presença necessária da preposição ‘em’ na tradução para o português, não tem muito cabimento dizer, em nossa língua, uma frase como ‘Eu gostaria de dizer, em stricto sensu’”, porque haverá redundância.)” A pronúncia é: “LA-to ÇÊN-çu”. O “DM” teria confundido a pronúncia com a forma escrita? O editor pode ter confundido com Censo do IBGE? Tudo é possível.
Perguntei para dez pessoas, todas da classe média: “Estão vendo o telejornal ‘Hora Um da Notícia’, apresentado pela jornalista Monalisa Perrone?” Todas disseram que não assistiram nenhuma edição e, curiosamente, seis admitiram que nem sabiam da existência do programa, apresentado a partir das 5 horas da manhã. Porém, segundo o Portal Imprensa, a audiência da TV Globo subiu. “A estreia do novo telejornal da Globo fez a audiência da emissora crescer no horário da manhã. O ‘Hora Um da Notícia’, comandado por Monalisa Perrone, começou a ser transmitido na segunda-feira, 1º, a partir das 5h, e registrou um aumento de 85% em relação à semana anterior”. Ainda assim, é visto por poucas pessoas, o que é natural. Mas, de fato, com as cidades cada vez maiores, com congestionamentos- monstros, as pessoas estão acordando cada vez mais cedo. Sem contar que muitas pessoas já estão trabalhando às 5 horas da manhã.
Luiz Augusto Pampinha, editor da coluna “Geral Geral”, do “Diário da Manhã”, tem razão quando diz que, no “Bom Dia Goiás”, os apresentadores estão mais “gritando” do que “falando”. Se gritaria aumentasse a audiência, tudo bem. Mas pode muito mais espantar telespectadores. Expor as notícias num estilo rápido mas ponderado, como faz William Bonner, é mais adequado.
Armando Antenore, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, deixou a Editora Abril, na semana passada. Ele era repórter especial. O repórter continua como colunista da revista “Vip” e, para a Bella Editora, vai editar livros de não-ficção.
Cozinha do Pop — A “Folha de S. Paulo” vende junto com o jornal, por preços abaixo dos praticados no mercado, livros, CDs e DVDs de qualidade. Há CDs de música erudita, jazz, popular brasileira. Há DVS de filmes clássicos. Há livros sobre literatura, fotografia e guerras. O “Pop” brinda seus leitores com panelas. Não, você não leu errado. O jornal goiano quer mandar você para a cozinha.
Está chegando às livrarias, pela Alameda Editorial, o livro “A Casa da Vovó — Uma Biografia do DOI-Codi (1969-1991): O Centro de Sequestro, Tortura e Morte da Ditadura Militar”, do jornalista Marcelo Godoy, de “O Estado de S. Paulo”. O jornalista pesquisou durante vários anos. “Casa da Vovó” era como policiais chamavam o DOI-Codi.

Deputada federal eleita não vê dificuldade para a relação do prefeito de Gurupi — que apoiou Sandoval Cardoso — com Marcelo Miranda