Imprensa
Algumas rádios da capital, como a Difusora Goiânia (640 AM) e a Interativa (94,9 FM) conservam a tradição de dar a voz a seus ouvintes. Mas o clima de tensão entre correntes políticas, principalmente com questões envolvendo a Operação Lava Jato e o impeachment da presidente (agora afastada) Dilma Rousseff (PT), tem tornado o que era para ser uma via democrática de liberdade de expressão em palanques de ódio. Quem possui o mínimo de bom senso tem feito algumas reflexões sobre o crescimento desse tipo de discurso, que contém opiniões como “bandido bom é bandido morto” e “alguém poderia fazer um favor ao Brasil e explodir o Congresso”. No caso, o “problema” não está nos veículos de comunicação, mas nos próprios ouvintes, que se sentem animados a, cada vez mais, reproduzir opiniões que trocam completamente a razão por um sentimento de crença absoluta na própria verdade. A dialética se perdeu em algum lugar e, sem ela, não se pode construir qualquer debate que mereça ser chamado assim.
Estou lendo o livro “Tu És Pedro — Uma Biografia de Pedro Ludovico” (Kelps, 571 páginas), do jornalista Hélio Rocha. Trata-se de uma pesquisa alentada. A história do fundador de Goiânia é muito bem contada e escrita. A obra será lançada na terça-feira, 5, às 19h30, no Palácio das Esmeraldas. A pesquisa é imperdível.
Trecho do livro
A cultura do jovem Pedro Ludovico
Pedro Ludovico aprendeu francês porque essa era quase uma obrigação dos estudantes de Medicina de sua época, pois a literatura médica inexistia em português e era farta em francês. E acabou ele apreciando muito, também, a literatura francesa, gostando principalmente de Victor Hugo, impressionou-se muito com o romance ‘Os Miseráveis’, de forte conteúdo social.
Pedro apreciou bastante o espanhol Miguel de Cervantes por causa do livro ‘Dom Quixote de La Mancha’.
Pedro leu, também, filósofos, influenciando-se bastante de Espinosa, de quem se valeu nos conceitos bem relação a Deus. (Página 47)

[caption id="attachment_21142" align="aligncenter" width="620"] Presidente dos EUA, Barack Obama | Foto: Michael Reynolds/EPA/Agência Lusa[/caption]
Jornalistas brasileiros tendem a ver os Estados Unidos como a pátria da liberdade, quando se trata da ação do governo em relação à imprensa. Mas não é bem assim. O site The Intercept, editado por Glenn Greenwald, divulgou documentos confidenciais do FBI indicado que a polícia federal dos EUA pode espionar (escutas) jornalistas sem autorização da Justiça.
Se é suspeito de espionagem, ou se estiver contribuindo com o serviço secreto de outro país, o jornalista poderá ser grampeado pelo FBI. Porém, as coisas não funcionam com regras muito bem definidas. O jornalista que estiver investigando ações ilegais ou mesmo legais (mas de interesse público) do governo americano poderá, se apontado como suspeito de espionagem, ser investigado e grampeado pelo FBI.
É quase um Obamagate, a imprensa está em polvorosa, mas tudo indica que Barack Obama se tornou uma espécie de James Bond da política: tem licença para quase tudo — espionar, grampear e, até, matar adversários dos Estados Unidos (ah, claro, no exterior).
É provável que os oito anos de Barack Obama na Presidência sejam considerados, quando for possível fazer um balanço qualificado e objetivo, como dos mais letais da história dos Estados Unidos.
Há dois Barack Obama. O mais acentuadamente público é adepto de uma retórica humanista, até meio angelical. O estadista dos bastidores, adepto da realpolitik, não pensa duas vezes em autorizar assassinatos de adversários no exterior. O atenuante é: “Estamos matando terroristas”. Ainda não se fez a contabilidade, mas é provável que o número de inocentes mortos pelos militares e agentes americanos é muito maior do que o número de terroristas mortos.
Há livros de qualidade sobre a ação militar dos Estados Unidos no exterior, mas falta um livro detalhado sobre o assassinato de inocentes em decorrência de ações americanas no Oriente Médio e na África. É provável que, assim que surgir um Raul Hilberg dos tempos contemporâneos, se poderá falar numa espécie de genocídio americano crudelíssimo. Os mortos árabes e africanos são menos lembrados (e até nada lembrados) do que os mortos europeus e americanos. É como se não existissem, é como se não fossem gente. É como se fossem não-seres — indivíduos descartáveis. Parece discurso de esquerdista? Quem escreve isto nada tem de esquerdista, mas também não adere à cegueira interessada dos que avaliam que, na luta contra o terrorismo, vale tudo — inclusive matar inocentes, desde que no Oriente Médio e na África, terras de supostos bárbaros liquidáveis.

Relação de Dylan Klebold e Eric Harris, os adolescentes que mataram alunos de uma escola nos Estados Unidos, pode ser definida como uma “loucura a dois”, como sugeriu Jacques Lacan para o caso das irmãs Papin
“Entre a Lagoa e o Mar” relata o rompimento com o Partido Comunista, o trabalho do profissional na redação do Estado e a fúria de um Mesquita contra a ditadura

Racismo do editor do blog Conversa Afiada “esconde” o fato de que se tornou companheiro de jornada do PT contra o PSDB

O jornalista, que não renovou contrato com o canal esportivo, tem outros projetos profissionais na Espanha

“Num universo de 125 cargos relevantes” da equipe do ex-presidente José Sarney, “a taxa de sobrevivência dos quadros do governo de Figueiredo fora de 60%, a maior já registrada”

Pelo menos 30% dos pacientes não buscam os medicamentos que a Justiça obriga o Estado a comprar

Iúri Rincon Godinho
Especial para o Jornal Opção
[caption id="attachment_69304" align="alignleft" width="300"] Ademar Ferrugem[/caption]
Dezembro de 1944 já ia pela metade quando bateram na porta da casa número 753, da Avenida Paraná, em Campinas, Goiânia, onde morava o casal Teodoro Ferrugem e Nicolina Honório Borges. Uma carta assinada pelo general Canrobert Pereira da Costa, secretário-geral do Ministério da Guerra, seria o assunto de todas as rodas da cidade a partir dali: “Lamento sinceramente ter de vos transmitir essa infausta notícia, mas é oportuno e confortador, principalmente para os parentes mais próximos, saber que o soldado Aldemar Fernandes Ferrugem em terra estrangeira soube honrar as tradições do soldado brasileiro, demonstrando no campo de batalha nobres virtudes morais. Entregue inteiramente ao serviço da pátria, cuja honra defendeu com a própria vida, deu assim um sublime exemplo de amor ao Brasil”.
Era isso. Depois de cinco anos do início da Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, um goiano havia morrido no campo de batalha italiano. A carta do general — um texto padrão enviado a todos que pereceram na luta — dava tons mais heroicos do que o que realmente aconteceu. Aldemar morreu de maneira mais prosaica. Ele estava na batalha que ficou conhecida como Monte Cassino, na verdade uma série de fortificações alemãs no norte da Itália. Defendia a Torre di Nerone, também guardada pelos alemães. A torre na realidade era uma montanha e o inimigo ficava a apenas 50 metros dos brasileiros. Da posição alemã saíam até 98 tiros de artilharia a cada 15 minutos. Os soldados ficavam aos pares nas trincheiras e há casos de combatentes que permaneciam até 90 dias sem tomar banho, sem trocar de roupa e sem cortar a barba. De manhã saíam correndo no morro para tomar café e na hora que retornavam os alemães os bombardeavam.
Ferrugem enfrentou, encolhido na trincheira, um frio que chegava a 18 graus negativos, sem contar o vento gelado do inverno europeu. Ele e todos sabiam que ali o menor descuido seria fatal, pois o local estava cheio de franco-atiradores alemães. No dia 12 de dezembro, o militar dividia o frio da trincheira com Jair Dias Ferreira, de Mogi das Cruzes (SP). O que mais faziam era esperar. E temer. Tomavam cuidado para se mover e mal colocavam a cabeça para fora do buraco. Eram 18h30 da tarde. Estava escuro há pelo menos duas horas. Jair perguntou as horas. No movimento para olhar o relógio, Ferrugem foi visto pelo alemão — um franco-atirador, possivelmente — mesmo naquele negror. O tiro foi certeiro. E atingiu também Goiânia. Em 2016 a rua paralela onde morou o expedicionário se chama “Ademar” Ferrugem, sem o “l”, embora o portal da Força Expedicionária Brasileira na internet e os jornais da época grafem seu nome como Aldemar.
A origem humilde de Aldemar em Catalão e a história de luta da família aumentaram o sofrimento na capital. Ele tinha oito irmãos (cinco homens e três mulheres) e ajudava o pai, que era pedreiro. Deixou uma noiva, que trabalhava ali perto, na Avenida Rio Grande do Sul, 509, em uma pequena loja que tingia roupas usadas. Nas cartas, o combatente só falava na saudade de Goiás e na vontade de voltar logo da guerra. Nem a iminência das férias e do reveillon impediu que autoridades, familiares e populares lotassem o “santuário” do Ateneu Dom Bosco em uma sexta-feira, 8 horas da manhã, do dia 29 de dezembro. Os jornais falavam que Ferrugem dera a sua vida “em holocausto pela pátria”. (Texto do livro “Anos 40: Goiânia em Guerra”, com lançamento previsto para outubro.)
Iúri Rincón Godinho é publisher da Contato Comunicação.

O notável historiador, ao se encontrar com jovens integrantes da TFP, perguntou se tinham tradição e patrimônio. Não tinham. O pesquisador contou a história a Florestan Fernandes... rindo muito
[caption id="attachment_69307" align="alignright" width="214"] Livro resgata a história de Nem, o traficante barra-pesada da Rocinha[/caption]
O jornalista e historiador Misha Glenny é autor de um livro muito bom, “McMáfia — Crime Sem Fronteiras” (Companhia das Letras, 464 páginas, tradução Lucia Boldrini). Uma das histórias mais espetaculares diz respeito a um golpe aplicado por nigerianos contra o Banco Noroeste, das famílias Simonsen e Cochrane, entre 1995 e 1997. Os africanos lesaram o banco em 242 milhões de dólares. Os banqueiros patropis, torrando uma fortuna com advogados, conseguiram bloquear parte mas não todo o dinheiro.
Misha Glenny volta às livrarias brasileiras com o livro “O Dono do Morro — Um Homem e a Batalha Pelo Rio” (Companhia das Letras, 360 páginas, tradução de Denise Bottmann), sobre o traficante de cocaína Nem da Rocinha, preso pela polícia em 2011.
Num texto publicado no site da Companhia das Letras (ainda não tive acesso ao livro), o jornalista João Moreira Salles assinala que Misha Glenny veio ao Brasil, conversou longamente com Nem e pesquisou sua história e a vida no morro. Nem, quando preso, era o mal encarnado, o homem mais procurado do Rio de Janeiro.
Na versão de Misha Glenny, um homem “subiu o morro como” Antônio Francisco Bonfim Lopes, então uma pessoa de bem, “e desceu como Nem”, o traficante violento e eficiente. As histórias dos traficantes dos morros cariocas são todas parecidas, mas o que o jornalista fixa é a especificidade da história de Nem — o momento de sua conversão à bandidagem.
Darcy Ribeiro, mencionado por João Moreira Sales, disse que o Brasil é uma máquina de moer gente.
Em 1999, numa escola de Columbine, nos Estados Unidos, dois jovens, Eric Harris e Dylan Klebold, mataram várias pessoas e, em seguida, suicidaram. A tragédia, que resultou em filme e documentário de sucesso, provocou comoção no país. Sai agora no Brasil o livro da mãe de Dylan, Sue Klebold, “O Acerto de Conta de uma Mãe — A Vida Após a Tragédia de Columbine” (Verus Editora, 304 páginas, tradução de Ana Paula Doherty).
Não se trata de um livro-lamento, de uma mãe que busca perdão para si, e sim de uma procura dos possíveis motivos que levaram Dylan a se tornar um assassino. O livro é recomendado pela psicanalista Candice Marques de Lima e pelo jornalista Iuri Rincón Godinho.

O pensamento genuíno não admite atalhos. A educação pública requer a coragem de não repetir e a paciência de não encurtar o trabalho do pensamento

Desconfigurar a identidade da criança com uma teoria de gênero que não tem respaldo científico é atentar contra a Humanidade. É por em risco a saúde mental das pessoas. Defende-se até a pedofilia