Opção cultural

No Capitulo III do conto “Sem Palavras”, Larissa Mundim escreve: “No princípio, havia dito que preferia as sutilezas, mas entregou-se ao naturalismo. Me mordeu inteira, explorou minha geografia conforme anunciado. Deixou marcas na epiderme. Não me esquecerei da movimentação cheia de sensualidade, como a sua capoeira”. Virou livro. A prole cresceu, Larissa escreveu “Agora Eu Te Amo” e a cada passo, a goiana Nega Lilu Editora se consolida. No ano que passou, selecionou 40 poemas e apenas 10 contos. Por isso, o edital para Coleção "e/ou" abre suas páginas outra vez. “O número de finalistas não foi suficiente para a composição de um livro, por isso, decidimos reabrir o edital, agora com foco na prosa”, diz ela. A ideia é publicar textos corajosos, livres em forma e consistentes no conteúdo. A iniciativa lança o selo literário Naduk, uma vitrine para a produção de autores inéditos, que procuram espaço para publicação. Por isso, desengavete seus textos, perambule sua criatividade, pois o período de inscrições encerra em 16 de março.
Bubu, Índio e Pimenta. Já ouviu esses nomes? Bem, você só precisa saber que eles se reúnem na última sexta deste mês para colocar o trio de metais original, que acompanhou Camelo, Amarante, Medina e Barba, num tributo para lá de bem arranjado para matar a saudade dos Los Hermanos. A noite, de quem fecha os olhos e não erra uma letra sequer, será no Bolshoi Pub. Ramon Matheus, nos vocais, Gustavo Martelli, voz e guitarra, Guilherme Cysne, no baixo, e Zé Mari, na bateria, completam a banda que começa a tocar à meia noite. Os ingressos estão sendo vendidos, antecipadamente, nas franquias do Fran’s Café e na Livraria Nobel, do Shopping Bougainville. É hora de chamar os amigos.
Fica em cartaz, até o dia 21 de abril, o projeto “Curta ao Meio-Dia”. Trata-se de uma seleção de curtas cujo objetivo é oferecer mais entretenimento ao público durante os fins de semana em um horário “meio morto”. As exibições acontecem no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, entrada franca. Em março o tema é Curtas Universitários; em abril, para fechar, serão exibidos os Clássicos de Brasília. Então, se estiver na capital federal, lembre-se: ao meio-dia, seu lugar é no CCBB.
- Lá se vai fevereiro e se achega a edição 2015 do Literatura no Eixo! É, galerinha, se você usa o transporte coletivo que corta Goiânia de leste a oeste, se prepare para uma tarde cheia de poesia, música e, claro, muitos livros! O sarau ambulante sai ali do Grande Hotel, às 15 horas, no sábado, 28.
- Tem palestra aberta nos dias 2 e 8 de março. Tema: cinema. É o II Icumam Lab – Laboratório de Fomento à Produção Audiovisual no Centro-Oeste. Serão realizadas três palestras, ministradas por renomados profissionais do mercado nacional de audiovisual.

Não nos esqueçamos do Rap de Don L. Nordeste mostrou neste feriado um cenário alternativo ativo que vai muito além da música regional

Na semana de carnaval, a galera do Jornal Opção continua trazendo notícias acompanhadas de muito boas músicas. E, ó, só para começar, que tal "Carnavalia", dos Tribalistas? Beyoncé - Crazy In Love (Fifty Shades of Grey version) Demon Hunter - Follow The Wolves Imagine Dragons - Radioactive (Live) The Paper Kites - Bloom Us The Duo - Call Me Maybe (Studio Sessions)

Com mais de 90 títulos, “O Amor, a Morte e as Paixões” se destaca pela pluralidade de gêneros e temáticas dos filmes. A 8ª edição fica em cartaz até 25 de fevereiro, no Shopping Bougainville

Em “O Capital no século XXI”, PhD questiona Marx, Kuznets e Keynes propondo um novo olhar sobre a atual constituição econômica da sociedade

Yago Rodrigues Alvim
As caixas desempilhadas, esparramadas do pé da cama à porta entreaberta. Fotografias fora da caixa, roupas desbotadas fora do cabide, do fundo da gaveta, amontoadas em livros sobre livros, ao lado de cds, na mesinha sem arranjo. Cama desnuda, de noite atormentada.
Mormaço escalado em paredes de cortina amarrada. Copo meio vazio, no criado mudo em meio a farelos também sem sal. Botou as mãos na cintura, depois de sequer um fio amarelo sobrar na testa suada. Umedeceu os lábios e cerrou os dentes, ante o olhar disparatado a imagem estatelada no espelho. Endurecidas, se entreolhavam até o ínfimo poro do poro da pupila estática. O ar atracara nas narinas, na goela, nos pulmões secos. O ar suspendia-se no ar.
A interferência chiando em preto e branco na tevê da sala, o arroto do liquidificar jorrando ninharias amareladas por todo o piso da cozinha, a descarga desenfreando água pela tubulação do vaso, vasando água pelo chuveiro, uma lesma caminhando no jardim. Ela de pé, no quarto.
Queria esmagar, por tudo, por si, a lerda lesma na lida da grama ao concreto da passarela.
Queria salgá-la, com o sal que derramava dentro de si, em silêncio. Queria salgá-la com a maré de sequer uma grama salgada que gastara com ele. Queria riscá-la feito rabisco de vai-e-vem desenfreado. Máquina descabeçada. Queria riscá-la até as unhas roerem no negro de tantos riscos, enfeitando de sangue o risco, o risco, o risco, o risco, o risco, o ris-co. E solfejar amarga, um “uh” aliviado.
Queria entender as tralhas, desvendar as travas que a emperravam sempre no meio do caminho. Aos trancos, queria tropeçar num pulo e alcançar outro lugar. Que não fosse ali, que apagasse a fumaça, antes mesmo do trago. Queria um cigarro. E a dor no meio da testa surgia estúpida e deselegante ante a imagem intacta. Acrescia no fosso do crânio. Enegrecia-a e ariscava a sede no céu da boca. Chorou sem lágrimas.
Chorou até que escorresse nas maçãs pálidas do rosto coragem suficiente para arremessar longe as caixas, desempilhando-as, abrindo a porta. Chorou até sobrar fiascos de memórias rasgadas dentro da caixa. Chorou desabotoando os retalhos sem cor junto aos cabides. Chorou até que nenhuma palavra sequer sobrasse sobre as linhas. Chorou até a cama atormentar-se com a noite. Chorou até o mormaço cair morto pelo chão do quarto. Chorou, muda, o sal.
Desligou a tevê, bateu um suco de maracujá. Banhou-se. E sentou na varanda com seu cigarro aceso.

[caption id="attachment_28693" align="aligncenter" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
Solar-verbo conjuga bem a reação dos olhos ao ver um trechinho qualquer de vídeo de Denise Stutz. A bailarina faz poesia no linóleo com a presença e ausência de movimento e, feito os batimentos, vai “tum-tum-teando” a plateia em “Finita”. Pode “googlar” sem receio até que a espera acabe e o sábado 21 anoiteça.
Às 20 horas, outra angústia começa, mais leve; vem da dança de Denise que perambulou a arquitetura cênica para laborar a perda, o envelhecimento e a falta do que um dia existiu. Já há dois anos concebido, o espetáculo chega parte de “Manga de Vento”, circuito encabeçado por Kleber Damaso sob os ombros do Sesc.
E é ali mesmo, no palco do Sesc Centro, que ela sola. Num videozinho, Denise põe palavras no movimento: “Foi feito para minha mãe, que morreu há um ano. Pensei em fazer uma homenagem a ela e a várias saudades e faltas e ausências que a gente tem. Nós só podemos entender a ausência pela presença, por isso estou sempre ali”.
A galera do El Club resolveu sair de casa e pular carnaval na rua! Ou melhor, ali pertinho do pub mesmo, no Cepal do Setor Sul. E, ó, mandou avisar que vai ter Ivete, marchinha, enfim, a micareta toda com boas doses também de indie e hip hop. Alimentação e segurança estão garantidas! Então, pode pôr sua fantasia que a festa “eXtação Primeira da Zueira” começa às 17 horas, na terça-feira de carnaval, e termina às 22 horas. A entrada é free. E se você quiser continuar a festa, anota aí que vai ser ali pertinho mesmo, no pub do El Club. É porque lá acontece a parte II da tal “eXtação Primeira da Zueira”. Mas, ó! Lá só entra maiores de 18 anos, então, se esquecer a identidade em casa, nem adianta reclamar.
No carnaval do Casulo Moda Coletiva vai ter axé, dendê e piscina liberada! O pessoal se juntou ao Retrô Food & Drinks e descolou uma line-up divertidíssima com carimbó e regionalismos de Bruno Caveira; marchinhas, samba e axé de Pri Loyola; afros e afoxés de Mateus Dutra; e o projeto Úh! Lalá’s com bases eletrônicas de Loyola e os vocais de Grace Carvalho. Se liga que é na terça-feira, 17, de meio-dia 12 às 22 horas. E o ingresso? Custa R$20.
Daí que o Nação Cerrado e o Coró de Pau resolveram esticar o carnaval lá no Loop Studio Pizza Pub. E, como se não bastasse, Igor Zargov ainda discoteca clássicos de samba, maracatu, samba-reggae para animar o sábado, 21. A “Ressacarnaval” do Loop começa às 22 horas.
Para quem não gosta de pular carnaval, não se esqueça que está acontecendo no Shopping Bougainville a mostra de cinema O Amor, a Morte e as Paixões. Dá para passar a semana na poltrona do cinema. Afinal, são mais de 90 filmes. Não dá pra ficar em casa.

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