Opção cultural

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A festa que aquece a cidade enquanto maio não chega

Ainda demora um pouquinho até que Caetano Veloso, o estadunidense J Mascis, Bonde do Rolê, Karol Conka e muitas outras bandas agitem Goiânia pelo festival Bana­nada. Mas não é que o pessoal se uniu com a Skol Music e já traz alguns nomes para esquentar os finais de semana até que maio enfim resolva aparecer no calendário? Nesta sexta, 3, começa o Bananada Party com Overfuzz e Com­­ponents e Meio Termo, que dão uma palhinha do festival na Roxy Club. A programação vai até o dia 8 de maio sempre com duas bandas, uma local e uma convidada. Os ingressos para a Bananada Party custam R$10 — antecipados. O evento tem realização da Construtora Música e Cultura.

Cinema no DF

[caption id="attachment_31941" align="alignnone" width="620"]Divulgação Divulgação[/caption] Começou na semana passada e vai até o domingo, 5 de abril, a Mostra Itinerante do Festival Internacional de Cinema Nueva Mirada, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Serão 10 programas com filmes de longa e curta metragem voltados a crianças e adolescentes, divididos por classificação etária. Os filmes propõem um novo olhar sobre a vida e estão fora dos circuitos comerciais de TV e cinema, abarcando a realidade da infância e da juventude de diversos países.

Agenda

  • A Orquestra Sinfônica de Goiânia se apresenta nesta segunda-feira, 30, nos palcos do Teatro Goiânia Ouro. O concerto integra a 1° Temporada de 2015 do Coro Sinfônico de Goiânia. É às 20 horas e a entrada é franca.
  • A banda goiana Cascavelvet interpreta canções consagradas do rock mundial, nesta “Terça no Teatro”. Será no Teatro Sesi que as canções de Pink Floyd, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, Rolling Stones e Bob Dylan embalam a noite do último dia do mês. A entrada é franca e o show começa às 20 horas.

Lançamentos

Livro

livro Ganhador dos prêmios Jabuti e Jaburu por “Naqueles Morros, Depois da Chuva”, o goiano Edival Lourenço lança agora toda sua poesia, em uma única edição. Poesia Reunida Autor: Edival Lourenço Pre­ço: R$ 45,00 Ex Machina

Música

musica Em referência ao cereal “Froot Loops”, este álbum, além de brincar com diversos sabores em letras e batidas, é um dos mais comentados dos últimos 4 meses. Froot Intérprete: Marina and The Diamonds Pre­ço: R$ 34,90 Warner Music

Filme

filme Dirigido por Christopher Nolan, o longa “Interestelar” narra a missão de um grupo de astronautas em busca de novos lares para salvar a população do planeta Terra. Interestelar Direção: Christopher Nolan Preço: R$ 39,90 Warner Home Video

Herberto Helder, poeta de culto

Maria Estela Guedes Especial para o Jornal Opção De Lisboa, Portugal [caption id="attachment_31725" align="alignleft" width="250"]Retrato de Herberto Helder por João Dionísio Retrato de Herberto Helder por João Dionísio[/caption] Herberto Helder (1930-2015), falecido a 23 de março, vinha construindo a sua vida, ou a sua obra, desde há largos anos, com viva atenção às relações da Poesia com o mundo venal que nos asfixia. E porque era muito sensível ao que podia ser considerado comercial, criador de vínculos manipuladores, recusou prémios valiosos em prestígio e valor monetário e furtou-se à vida mundana que televisão, rádio e jornais propiciam. Mesmo na relação com instituições académicas se mantinha à distância, e selecionava as que certamente lhe pareciam mais idóneas, caso de um recente colóquio na Sorbonne, com cujos organizadores por exceção colaborou. Não quer isso dizer que fosse uma pessoa difícil; não, era afável, conversador e mesmo carinhoso com os amigos. Apenas se furtou a exibições, à falsa glória gerada pelos meios de comunicação de massa. Acrescentando a isto a sacralidade em que mergulham os poemas, unidos ao símbolo, ao sinal alquímico, ao andamento musical dos longos versos livres, às formas crípticas de dizer, tornou-se um poeta de culto. A sua importância é enorme junto dos mais novos que ele, que ora o imitam sem querer ora, querendo-o, tentam afastar-se o mais possível, para alcançarem voz própria. Porém o seu impacto não se cinge aos poetas, alcança também outros artistas, plásticos, músicos e outros, que o tomam como tema de exposições, vídeos, filmes. Internamente e no Brasil, é facto cada vez mais pacífico o de o autor de “A colher na boca”, “Última ciência”, “A máquina lírica” e tantas outras obras ser um dos mais altos poetas de sempre a manejar uma língua que nos últimos tempos queria só dele, já não o português, sim o herbertianês. Por isso a sua escrita mais recente pode causar algum sobressalto a quem abra pela primeira vez “A faca não corta o fogo”, “Servidões”, ou “A morte sem mestre”, obras duras, de voz áspera, contrastando com os livros de juventude e maturidade – “O amor em visita”, “Poemacto”, “As musas cegas”, “Cobra”, “O corpo o luxo o obra” – luxuriantes, luxuosos, de beleza estonteante. Beleza dos corpos, ele é um poeta do vivo, do erotismo, daquilo que é biológico. Herberto não é só autor de poesia. Ele publicou prosa também, dispersa alguma, outra concentrada em “Photomaton & vox” e num livro de referência para a narrativa portuguesa mais inovadora, “Os passos em volta”, de 1963. E há também a considerar as versões de textos alheios, alguns deles poesia étnica, nas colectâneas: “As Magias”, “Ouolof”, “Poemas ameríndios” e “Doze nós numa corda”, publicadas nos anos 80 e 90. Se bem que seja lento o movimento de assimilação da poesia, sobretudo em língua que não é a materna, a sua obra está a caminho de ser conhecida em muitos países. Conta com edições brasileiras de várias obras e saíram traduções em Itália, França, Espanha, Reino Unido e em outros países. Universidades portuguesas e estrangeiras vão incluindo o poeta nos cursos de literatura, promovem encontros sobre a sua obra e o seu estudo entre mestrandos e doutorandos. Os livros sobre ele vão-se somando, em Portugal e fora de fronteiras, desde o primeiro, de 1979, “Herberto Helder, poeta obscuro”, meu. A partir de 1973, data de edição dos dois volumes de “Poesia Toda”, Herberto Helder começou a reunir todos os livros de poesia em um só, com títulos diversos, pois se trata sempre de inéditos, dada a anexação do último, saído isoladamente. Um deles, “Ou o poema contínuo”, dá a entender que os seus poemas, além de serem um só, não têm princípio nem fim limitantes. Neste domínio, “Poemas completos”, de 2014, é a obra dele ainda disponível nas livrarias. Com tiragem reduzida em cada edição, sendo esta única, os seus livros esgotam-se depressa e os mais antigos, nos alfarrabistas, começam a custar pequenas fortunas, o que reforça a imagem de culto prestado a este sacerdote da palavra que só pedia, apesar de ateu: “Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro!”. Maria Estela Guedes é escritora portuguesa, atualmente Investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa

Herberto Helder, o poeta que tinha como obsessão arrancar palavras da alma

Adelto Gonçalves Especial para o Jornal Opção [caption id="attachment_31722" align="alignleft" width="250"]Herberto Helder foi o autor de uma obra consistente, mas que viveu uma vida em construção | Foto: publico.pt Herberto Helder foi o autor de uma obra consistente, mas que viveu uma vida em construção | Foto: publico.pt[/caption] Se Fernando Pessoa (1888-1935) foi a figura de proa da poesia portuguesa na primeira metade do século XX, na segunda es­se espaço foi ocupado por Herberto Helder (1930-2015), um poeta fascinado pelo poder encantatório da linguagem, decorrente do uso ritual da palavra, como observou Maria Estela Guedes num dos dois livros que escreveu sobre essa personagem mítica, “Herberto Helder, o poeta obscuro” (Lisboa, Moraes Editores, 1979). De fato, como observa a autora no segundo livro que dedicou à produção do poeta, “A obra ao rubro de Herberto Helder” (São Paulo, Escrituras, 2010), em todos os seus poemas está presente um tipo de magia fundada no trabalho poético sobre as palavras. E que, especialmente, procura imagens na Natureza. Esse trabalho pode ser sintetizado nestas palavras de Helder, que estão no o prefácio de seu livro “As magias”: “(...) Mas as palavras não são apenas palavras. Tem longas raízes tenazes mergulhadas na carne, mergulhadas no sangue, e é doloroso arrancá-las”. Arrancar palavras da alma parece ter sido a obsessão desse poeta que, a exemplo de José Saramago (1922-2010), único Prêmio Nobel da Literatura Portuguesa, não colocou na parede diploma de nenhuma universidade. Se Saramago, que também foi bom poeta, além de excepcional romancista, não frequentou os bancos de nenhuma faculdade, Helder chegou a matricular-se na Universidade de Coimbra, mas não concluiu ne­nhum dos cursos que fez. Formou-se, isso sim, na universidade da vida. Sem contar que sempre foi um ávido leitor, não só de poetas e romancistas europeus, como de poetas latino-americanos como o mexicano Octavio Paz (1914-1998), o argentino Jorge Luís Borges (1899-1986) e o chileno Vicente Huidobro (1893-1948). Como se lê na biografia “Her­ber­to Helder, a obra e o homem” (Lis­boa, Arcádia, 1982), que escreveu a professora Maria de Fátima Marinho, vice-reitora da Universidade do Porto, o poeta, nascido no Funchal, sempre esteve na contramão da sociedade bem comportada. Por isso, sua figura, a partir da notoriedade de seus versos, passou a ganhar uma aura mítica, que só aumentou nos últimos anos, depois que se refugiou num pretenso anonimato, recusando-se a receber prêmios literários, como o Fernando Pessoa, na década de 90, e a conceder entrevistas e até a deixar-se fotografar. Em linhas gerais, viveu uma vida em construção, sem muito apego a valores burgueses: foi propagandista de produtos farmacêuticos, redator de publicidade e outros ofícios. Sabe-se também que viveu precariamente como imigrante em países como França, Holanda e Bélgica, onde igualmente desempenhou trabalhos que os naturais do lugar se recusam a fazer. Em Antuérpia, teria sido guia de marinheiros e turistas nos meandros da zona do meretrício. E até cantor de tangos. Só em 1960, depois de voltar a Lisboa, conseguiu um emprego mais estável como encarregado das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian que viajavam pelas vilas e freguesias do país. Foi ainda repórter e redator por dois anos de uma revista em Angola, às vésperas da derrubada do regime colonial. Morto o poeta, naturalmente, agora abundam os elogios das fontes oficiais, mas a verdade é que Herberto Helder, ainda que tenha publicado uma vasta obra, foi um poeta marginal e desconhecido em Portugal por muito tempo – e mais ainda pelo público e até mesmo pelos acadêmicos brasileiros. Só nos últimos tempos passou a ser mais reverenciado e seus livros procurados – um ou outro chegou a alcançar tiragem de cinco mil exemplares, o que é surpreendente em se tratando de poesia. Se sua poesia transcendeu a de Fernando Pessoa, ainda não se pode dizer. Se não chegou a tanto, passou perto. Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela USP

A luz dos palcos é um mercado que ninguém vê

Diante o 1° Seminário de Iluminação Cênica de Goiás, nada mais pertinente que a questão: qual o valor do iluminador?

Orquestra Filarmônica de Goiás se apresenta neste domingo

A apresentação do dia 29 de março pretende resgatar a tradição de concertos nas manhãs de domingo [caption id="attachment_31621" align="alignnone" width="620"]Divulgação Divulgação[/caption] Sob regência do maestro ítalo-brasileiro Alessandro Borgomanero, a Orquestra Filarmônica de Goiás se apresenta na manhã deste domingo, 29, no Centro Cultural Oscar Niemeyer. A apresentação faz parte da série “Concertos para a Juventude” e tem como objetivo resgatar a tradição de concertos matinais de domingo. O repertório traz obras dos períodos clássico e barroco, tais como composições de Bach, Pachelbel e Mozart. A entrada é franca! Serviço: Data: 29/03 Hora: 11h Local: Centro Cultural Oscar Niemeyer Entrada Gratuita Programa: W. A. Mozart: La finta giardiniera (Abertura), K. 196 J. S. Bach: Ária da Quarta Corda (da Suíte No 3) W. A. Mozart: Uma Pequena Serenata Noturna, K. 525 J. Pachelbel: Cânone W. A. Mozart: Uma Anedota Musical, K. 522

Playlist Opção

Que tal aumentar o som e curtir as músicas que mais embalaram os redatores do Jornal Opção, nestes últimos dias? Ó, já vou adiantar que é um bom jeito de começar o fim de semana. Paul McCartney and Stevie Wonder – Ebony and Ivory Fifth Harmony – Que Bailes Conmigo Hoy Jards Macalé – Vapor Barato JJ Grey & Mofro – The Sun Is Shining Down Kasabian – Fire Major Lazer & DJ Snake – Lean On (feat. MØ) Marina And The Diamonds – Happy Mike Love – Permanent Holiday Milky Chance - Stolen Dance Ramstein – Keine Lust Rihanna - Bitch Better Have My Money Scorpions – Wind Of Change Shania Twain – Man! I Feel Like A Woman

Os 5 melhores poemas goianos, segundo o poeta Carlos Willian Leite

 

o beijo de Klimt – Yêda Schmaltz
[caption id="attachment_31551" align="alignright" width="300"]Klimt_site O beijo, quadro do pintor austríaco Gustav Klimt[/caption]   No pulso da noite resvalam as minhas estruturas. Na noite, das mais escuras, meus espantos, maus espasmos e o impulso de ver-te. Na geografia do meu quarto, procuro outro canal. Maçãs, nádegas e seios me observam pelo grande espelho desfeito. Estradas, rios, os chapéus e os livros de cabeceira: uma legião de kamikazes no pulso da noite e na geografia do meu leito.   Aqui, onde me deito, procuro outro canal, um colírio, um milagre de imagem neste mundo de TV cansada e mínima. Por um caminho escuro, estreito, Entro no quadro de Gustav Klimt: um exército de estrelas no céu me ilumina; um discurso é consumado; um verso arremessado, exíguo e ébrio; e a mentira, capengando, sai por outro lado. Um filme abstrato e poético, O Beijo, de Klimt; toda a fotografia e a música de um poema, postura de Giotto, no que revoluciona, cores, formas e luzes.   Dentro do quadro de Klimt, tomo a postura da imagem feminina, a envolvida, e me ajoelho: estou nos braços no deus-beijo. Qualquer retórica seria ilógica ou tão possível, como desejou Gertrud Stein: “A rose is a rose is a rose" e o beijo de Klimt. Leda amando a glande do pescoço- pênis do amado cisne. As coisas vão crescendo: um poeta e seu mundo de fermento.   Pingos de luzes e ouros, tesouros abraçados, pedaços dos meus vestidos envolvidos, retalhos da melhor ternura, a que me faz falta. Porque o beijo que me beija Klimt é o beijo do meu Namorado, mas é também o beijo de tudo o que me ama e que desejo — meu pai que foi pra guerra e me deixou, minha mãe que não ficou madrasta me matando, pelos figos da figueira que o sabiá beliscou.   Oh, excitação do nervo óptico, o óptimo do beijo de Klimt, chuva de cores e amores em mint. Imaginação virtual, ícone de sempre, virtude, vírgula, virtuose, vitória total. O amor reciclado: olhar de novo o céu estrelado, estrelar-se, deslocar-se, implantar-se, chover-se, colorir-se, ser-se. O mundo e o amor, o fogo num simples beijo e tudo no meu olhar.   A natureza da imagem seria algo nomeável? Ou um receptáculo, um campo minado ou granulado de luzes? Centelhas brancas e vermelhas. O Beijo de Klimt é um filme extenso, que determina o intenso, na minha retina indômita; igual quando vejo as luzes e, em seguida, elas permanecem brilhando, mesmo fechando os olhos: princípio da bomba-atômica.  
Canção do Pont Neuf – Afonso Félix de Sousa
Como a juntar meus próprios ossos debrucei-me sobre lembranças que acreditava em frias poças mas nunca em águas assim mansas nem neste rio longe e próximo. É tão bom quedar-me em tais margens junto de águas que nunca bebo, onde por muito contemplar-se o céu da tarde ficou bêbado e entortaram-se aquelas árvores. Meu Sena amigo, tantas vezes parei neste cais dolorido, que uma possível correnteza levará em meio a detritos, toda minha alma pelo avesso. Perguntas, silêncios e fomes - tudo te trago qual um filho. E algo de mim se desmorona aqui nestas bordas tranqüilas, pois ci-gît mon coeur vagabond Barcos de solidões flutuam sobre tuas noites - e afogas louros fantasmas de uma lua mais longínqua, mais melancólica, mais de outro mundo do que a Lua. De ti me abeiro, e me dissolvo, mas nunca me sinto sozinho. Os que têm ouvido aqui ouvem palavras que um dia o destino prendeu a trechos de Beethoven.   Ou são falas de amar que escuto? Meu rio, de mim o que guardas? Sei de meu coração sepulto nalgum ponto de tuas margens, mas sei que de há muito está mudo. Em volta a cidade, profunda, vai pelos dois lados do rio. Para lá da cidade, o mundo. Mais para lá, o amor que tive ... meu rio como eu vagabundo.  
Melodias – Gilberto Mendonça Teles
Ternas melodias de longínquas plagas, nas manhãs da vida fascinando a gente, sois o desafio de revoltas vagas pela alma ecoando como um som ausente.   Ternas melodias, de que mundo ignoto, de que estranhas terras vindes me encontrar? Sois a transparência que no sonho noto? Sois a ressonância do poema, no ar?   Ou vindes dos astros — de uma Sírius? Vênus? De que firmamento, de que céus surgistes? Quérulos gemidos de amarguras plenos só podem ser ecos de meus sonhos tristes.   Essas melodias cheias de tristeza são talvez saudades que em meu peito eu tinha; são as confidências dessa natureza de milhares de almas que possuo na minha   Essas melodias que a minh'alma douram , que a meus sonhos beijam com tamanho ardor, essas melodias tão sonoras foram de remotos tempos vibrações de amor.  
Sem Título – Heleno Godoy
Adentrar a casa, pelo portão: pórtico finca- do entre grades, gran- de o muro em torno; entre o porão e o ático, a casa se estende e se protege: um projeto ou uma proposta (a porta a ser fechada), a casa se constrói no que acumula — um cedro no jardim e outro na sala, cortado e revestido; como o musgo a recobrir a casa e seus súditos: um súbito susto, de medo — sua medida.  
As Escarpas do Olimpo – Valdivino Braz
Os dias, os dias e os dias. Os dias-ossos, duros de roer, que o dentro é o que rói seus dias de cão. As letras, moscas, máculas de ósseos ofícios. Os degraus da rocha por onde desço: Sísifo, cansaço de artifícios. Ombros de chumbo, como nas costas de Atlas a bola do mundo. Nas escarpas do Olimpo, carrego a pedra dos rins e bebo a água do (ab)sinto: a ilusão de consolidar-se uma obra, toda uma vida, que se tira do nada pérolas de madrepérola, ou leite das pedras, ao avesso das cabras. Sobras de uma, sombras de outra, vida e obra se consolidam na ilusão de ambas, tão certo quanto incerto o futuro, tão claro quanto surpreender-me no escuro. Mas que diabos! Há um cão mais arcaico do que lamber-se o branco, feito coito? Já devia ter-me acostumado à idéia da inutilidade de tudo — esquecer-se de si, matar-se de vida por uma obra. Tenho moído as pedras desta vida, e soprado os fantasmas do pó. Mão e mó de moer-se sozinho, o sonho é que move os moinhos. Prevalece o branco — a óssea resistência, a imponência da rocha — onde a vassoura dos ventos junta a ciscalha dos signos. Tenho varrido as folhas de tudo, as quedas do tempo, as sobras do sonho, a munha, no moinho dos ventos. Nos bolsos ainda apanho sustos, ainda alguma ilusão de Olimpo, o cisco do redemoinho das formas. Ainda uns fogos da noite, sonâmbulos relâmpagos, incendeiam meu quintal de figos efêmeros, os maduros imaginários do relógio. Ocupado em viver a morte que me vive, vivo enquanto agonizo. O tempo é um maestro de facas, e a vida o gemido rasgado de galos que morrem, mas agora a tudo tempero com a salsa da indiferença: já nem ligo para os furos nos bolsos, por onde tudo vazou: as pedras moídas nas horas desertas desta porfia à revelia de ampulheta. Toda perda, os frutos que perdi. Todo branco, a poeira que comi. Mas não se eleva do pó o Olimpo dos reveses? Vá que ainda me limpo na fortaleza dos deuses. Ah, pendurar-me o suor num prego, me banhar com a água do sossego!

O dia em que o mundo dedica um pouco de seu tempo para ler Tolkien

Hoje, em diversos países, pessoas dedicam um pouco de seu tempo a ler a obra de um dos autores mais célebres da literatura mundial: J.R.R. Tolkien. Leia você também Marcos Nunes Carreiro [caption id="attachment_31506" align="alignright" width="300"]Tolkien J.R.R. Tolkien: o autor é celebrado neste 25 de março[/caption] “Num buraco no chão vivia um Hobbit”. Foi com esta frase que o mundo conheceu John Ronald Reuel Tolkien, o homem que não apenas colocou a escrita de fantasia de volta nas prateleiras de todo o mundo, como também criou as bases para que fosse considerado o “pai da fantasia moderna”. Geralmente lembrado como o autor de “O Senhor dos Aneis”, Tolkien possui uma obra que abrange mais de 50 livros — grande parte deles publicados postumamente. Essa vasta obra contém a criação de um autor que formou uma mitologia completa para compor o mundo que mudou a forma de escrever sobre fantasia e, até os dias atuais, serve de guia para diversos autores, músicos, cineastas, pintores etc. Por isso, Tolkien é o motivo que levou à formação de várias sociedades ao redor do mundo, como a Tolkien Brasil, que divulga o trabalho do autor no País e aglomera fãs e pesquisadores de sua obra. A principal dessas sociedades, como não poderia deixar de ser, é a internacional Tolkien Society, que tem sede na Inglaterra. Em 2003, essa organização deu início ao dia que motiva a escrita desta matéria: o Dia de Ler Tolkien. O dia comemorativo foi escolhido pela Tolkien Society depois que um jornalista perguntou ao comitê: “Existe um dia dedicado informalmente para ler o autor, da mesma forma que o ‘bloomsday’ é dedicado a Joyce?”. Bloomsday é o único feriado no mundo dedicado à leitura de um livro não religioso, em que milhares de pessoas param o trabalho na Irlanda para ler James Joyce. Por isso, o comitê da Tolkien Society, liderado à época por Chris Crawshaw, escolheu o dia 25 de março como o marco para ler a obra do autor britânico. Em homenagem a este dia, o Jornal Opção reproduz um dos trechos mais marcantes de “O Silmarillion”, obra central da mitologia tolkieniana, em que o autor descreve a criação das árvores que regem as histórias do mundo antigo, as Árvores de Valinor:

E enquanto olhavam, sobre a colina surgiram dois brotos esguios; e o silêncio envolveu todo o mundo naquela hora, nem havia nenhum outro som que não o canto de Yavanna. Em obediência a seu canto, as árvores jovens cresceram e ganharam beleza e altura; e vieram a florir; e assim, surgiram no mundo as Duas Árvores de Valinor. De tudo o que Yavanna criou, são as mais célebres, e em torno de seu destino são tecidas todas as histórias dos Dias Antigos.

Uma tinha folhas verde-escuras, que na parte de baixo eram como prata brilhante; e de cada uma de suas inúmeras flores caía sem cessar um orvalho de luz prateada; e a terra sob sua copa era manchada pelas sombras de suas folhas esvoaçantes. A outra apresentava folhas de um verde viçoso, como o da faia recém-aberta, orladas de um dourado cintilante. As flores balançavam nos galhos em cachos de um amarelo flamejante, cada um na forma de uma cornucópia brilhante, derramando no chão uma chuva dourada. E da flor daquela árvore, emanavam calor e uma luz esplêndida. Telperion, a primeira, era chamada em Valinor; mas Laurelin era a outra.

Leia mais: Tolkien: de fato o senhor da fantasia Jackson reinventa Tolkien O Hobbit e a eterna dualidade entre literatura e cinema Tomado pela “doença do dragão”, Peter Jackson destruiu a obra de J.R.R. Tolkien

A diversidade da América Latina nas telas do festival internacional Perro Loco

A edição faz uma homenagem a Universidade do Chile, a suas pesquisas, produções e ações de conservação cinematográfica e ao diretor goiano experimental Martin Muniz, cujo talento foi reconhecido há pouco tempo

O que vamos fazer nesta semana? “Go back to 80’s!”

Que tal pegar nossa máquina do tempo e voltar para década de 1980? Aí, podemos nos embalar com as músicas do ABBA, Queen, Djavan, Roupa Nova, Michael Jackson, Madonna e toda essa turma. Anima? Ó, então fique ligado, pois a entrada para esse tour temporal é ali no Teatro Sesi, no Setor Santa Genoveva, às 20 horas da terça-feira, 24. Quanto custa? Ah, não tem custo algum; é só aproveitar. A máquina do tempo fica por conta do “Quarteto Feminino Flor Es­sência”, do Centro de Estudo e Pesquisa Ciranda da Arte, que irá conosco nesta aventura chamada “De Volta aos Anos 80”. Se não acredita, vista sua calça baggy — ou semi baggy —, passe um gel no cabelo e vamos lá, que os bons anos 80 nos esperam.

As portas do Basileu França abrem-se outra vez: para cursos técnicos

[caption id="attachment_31247" align="alignnone" width="620"]Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption] Corre que ainda dá tempo! É que as inscrições fecham nesta terça-feira, 24. Ah, claro, as inscrições para os cursos técnicos do Basileu França, ofertados por meio do Centro de Educação Profissional, a partir da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Estado de Goiás. Os cursos são de habilitação profissional técnica de nível médio em artes, com formação em três anos. Legal, não é? São 247 vagas nas áreas de música, teatro, dança e artes visuais. Leve seus documentos pessoais (copias e originais), uma foto 3x4, comprovante de escolaridade (pois, é necessário estar cursando ou ter cursado o ensino médio ou equivalente), mais a quantia de R$ 60 na secretaria do Basileu, ali no Setor Universitário, e prepare-se para as provas teóricas e de habilidades específicas, aplicadas a partir do dia 27 deste mês. E, ó, muita sorte!

Thelma & Louise

[caption id="attachment_31494" align="alignnone" width="620"]Reprodução Reprodução[/caption] Que tal ver Thelma e Louise nas telonas? A jovem dona de casa Thelma, interpretada por ninguém menos que Geena Davis, e a garçonete quarentona Louise Sawyer, interpretada — também por ninguém menos que — Susan Sarandon, pegam a estrada, abandonando a vida monótona que levam. Daí, você pode agitar a hora do almoço, pois as sessões são 12h30, exibidas do dia 23 ao dia 27 de março, no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Aproveite!