Opção cultural

O sociólogo morreu no dia 9 de janeiro, na Inglaterra, contando 91 anos de idade. Porém, popularizado por suas ideias, seu nome será lembrado ainda por longos anos

João Almino demonstra literariamente como a juventude de hoje, sem encontrar líderes confiáveis, não consegue ver a saída para aquilo que lhes causa repulsa

Arquiteto e urbanista, o também poeta Eliézer Bilemjian lança “Da Capa ao Fim” e, em entrevista, comenta a relação entre as letras e demais artes

Brasigóis Felício Especial para o Jornal Opção O filósofo Gaston Bachelard escreveu sobre a poética do espaço. Na obra ele enfoca a casa como o símbolo da caverna – o lugar onde o homem busca a paz, o conforto e a segurança. Com muito menos engenho e arte, espero um dia ter talento para escrever sobre a poética das ruas. Até porque, como João do Rio, entendo que as ruas têm alma, emoções e sentimentos, como as pessoas que nelas vivem, ou que por elas transitam. Há ruas mal encaradas, outras são enxeridas, metidas a besta, por estarem, como seus habitantes, bem de vida; outras são eternamente esquecidas pelos sucessivos desgovernos, e são tristinhas, têm caras delambidas, como as mocinhas, filhas da lama e da poeira, que se enfeitam, e saem, nas tardes de domingo, sem esperança alguma de encontrar, na primeira esquina, sobre um cavalo branco, vestindo roupa de Elvis Presley, o príncipe encantado, que seria o grande amor de suas vidas. Sim, há ruas de bom caráter e de costumes sem jaça e sem vícios; outras há, despudoradas, afeitas aos costumes não recomendáveis estando o vivente no seio da sagrada família. Assim como há chinelas e pessoas tão humildes que jamais irão a salões de festas, há ruas que jamais receberão governantes, a não ser quando candidatos – pois neste período esquadrinham e infernizam a cidade inteira. Nas cidades interioranas que não se breganejaram, e não se meteram a bestas, há a rua de baixo e a rua de cima, a rua do córrego, e a rua do morro, a rua da igreja e a rua das casas de luz vermelha, onde vivem, tristemente, as mulheres ditas de vida airada e alegre. Para João do Rio “a rua nasce, como o homem, do soluço e do espasmo. Há suor humano na argamassa de seu calçamento. A rua sente nos nervos essa miséria da criação e, por isso, é mais igualitária, a mais socialista, e a mais niveladora dentre as obras humanas... há algo mais enternecedor do que o princípio de uma rua? A princípio capim, depois um braço a ligar duas artérias. Percorre-o, sem pensar, meia dúzia de criaturas. Um dia cercam à beira um lote de terreno. Surgem em seguida os alicerces de uma casa. Depois de outra e mais outra. Três ou quatro habitantes proclamam a sua salubridade e o seu sossego. Os vendedores ambulantes entram por ali como um terreno novo a conquistar. Aparece a primeira reclamação no jornal contra a lama ou o capim. É o batismo. As notas policiais contam que os gatunos deram em cima de seus quintais. É a estréia na celebridade. Oh! Sim, há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, esnobes, ruas aristocráticas, ruas covardes, que ficam sem um pingo de sangue...”. Pensando em tudo isto o saudoso poeta Adory Otoniel da Cunha escreveu este soneto, a que intitulou “bairros do povo”. “Vila Nova, Nova Vila, Botafogo, macambira/ Cascalho, Coréia e Fama/ Vila Operária e Campinas/ Filhos pobres, renegados/ do ventre desta Goiânia/ que só não é mãe bastarda/ porque se veste de asfalto, e se enfeita/ com a grinalda cheirosa/ de seus mil flamboyants./ Vila Nova, Nova Vila, Botafogo, Macambira/ Cascalho, Coréia e Fama/ Vila Operária e Campinas./ Ouvi-me, bairros do povo/ onde há poeira seca/ e muita lama no inverno/ e grilos cantando sambas/aos casais de namorados/ à luz da luz goiana/ que outra luz vós não tendes./ Meus bairros proletários,/ daí tempo ao tempo/ que em breve/ vosso abandono será vingado/”. Brasigóis Felício é escritor e jornalista. Ocupa a cadeira 25 da Academia Goiana de Letras.

A Playlist Opção reúne as músicas mais escutadas por nossa equipe durante a semana, e já adianto que tem muito som do bom. Segue a lista. É só dar play! Belchior – Fotografia 3x4 Chris Cornell – Sunshower Gonzaguinha - Grito de Alerta Pabllo Vittar feat. Diplo – Então Vai Pearl Jam – Soldier of Love R.E.M. – Imitation Of Life Stryper – Yahweh Ventre – Carnaval

Telmo de Avelar teve falência múltipla dos órgãos na madrugada desta segunda-feira, 9 Telmo Perle Münch, o Telmo de Avelar, morreu na madrugada desta segunda-feira, 9, vítima de falência múltipla dos órgãos. O curitibano, que era ator, diretor e dublador interpretou o Pateta no Brasil, personagem de quem se tornou a voz oficial no País, nas décadas de 1970 e 1980. Ele tinha 93 anos e estava internado desde o fim da semana passada na Coordenação de Emergência Regional, no Rio de Janeiro. Telmo foi um dos pioneiros da dublagem no Brasil, sendo responsável pela tradução e direção de tradução de vários clássicos da Disney, como A Bela e a Fera, Mogli, o Menino Lobo, A Pequena Sereia, O Rei Leão e Aladdin. Em seus 50 anos de carreira, ele dirigiu a dublagem de filmes e séries como A Família Dinossauros e Planeta dos Macacos. Como ator, participou de novelas como Irmãos Coragem e Pai Herói. Veja parte de um episódio do Pateta, com a dublagem do brasileiro: https://www.youtube.com/watch?v=BCmwpL5ywvA


Yago Rodrigues Alvim
Sociólogo e filósofo, o polonês autor de "Amor Líquido" (2003), Zygmunt Bauman faleceu nesta segunda-feira, 9, em Leeds, na Inglaterra. Ele estava com 91 anos e a causa de sua morte ainda não foi divulgada.
Nas obras, ele discutiu a brevidade e vaporização das relações humanas na atual e conectada realidade, que por sua virtualidade, caminhou para tais características. Seu último livro traduzido para português, "A riqueza de poucos beneficia todos nós?", foi lançado em 2015.
"Obcym u naszych drzwi", sua última obra, foi lançada no ano passado. A morte do teórico foi anunciada pelo jornal polonês Gazeta Wyborcza.

Vencedor do Prêmio Barueri de Literatura e com participação em mais de 20 antologias literárias, Glauber Vieira Ferreira é ainda autor de “Mosaicos”, uma compilação de minicontos

Graças à interação social e habilidade de comunicação, robôs despertam a empatia dos humanos. Mas até que ponto esta relação transforma as emoções humanas?

Protagonizado por Dave Johns e Hayley Squires, a obra teve exibição especial em Goiânia pela mostra “O Amor, a Morte e as Paixões” e deve entrar em cartaz no final do mês

O primeiro final de semana do ano começa acompanhado do bom som da Playlist Opção, que reúne as canções mais escutadas pela nossa equipe. Bora dar play? Ed Sheeran – Shape Of You Madame Saatan – Devorados MC Beijinho – Me Libera Nega Megadeth – Hangar 18 Metallica – Fade to Black Sia – Move Your Body Simone & Simaria – Loka ft. Anitta The Beatles – Revolution Thin Lizzy – Cowboy Song

[caption id="attachment_83981" align="alignright" width="400"] Foto: Reprodução[/caption]
Em sessão de degustação da mostra que acontece em fevereiro, o filme de Ken Loch narra as dificuldades humana frente a burocracia automatizada
[relacionadas artigos ="59164"]
Impedido de exercer seu ofício de carpinteiro, Daniel Blake se vê frente à burocracia que milhões de pessoas enfrentam seja pela automação telefônica ou para conseguir qualquer benefício, como é o caso do personagem interpretado por Dave Johns, que precisa da ajuda do governo para sobreviver. É esta a história do vencedor da Palma de Outro da 69ª edição do Festival de Cannes, o filme "Eu, Daniel Blake", do aclamado diretor Ken Loach.
O emaranhado do enredo se dá quando Daniel conhece uma mãe solteira que mudou com seus dois filhos para a cidade e que, sem condições financeiras, se vê ajudada pelo ex-carpinteiro. A história que enovela os temas da mostra "O Amor, A Morte e As Paixões", realizada anualmente no período carnavalesco na cidade goiana, tem exibição de degustação da edição 2017 da mostra, que acontece de 15 de fevereiro à 1º de março, no Cinema Lumière, onde o filme será rodado às 21h da quarta-feira, 4 de janeiro.
Aberta ao público, a sessão custa o mesmo valor da mostra, o preço único de R$ 12. O Lumière fica no Shopping Bougainville. Abaixo, você confere o trailer do filme.

O Jornal Opção convidou os professores André Leonardo Chevitarese, da UFRJ, e Ademir Luiz, da UEG, para listar os livros que achassem mais importantes sobre o Jesus Histórico. A lista é para aqueles leitores que se interessarem mais pelo assunto e quiserem aprofundar a leitura a respeito.
Chevitarese, que em parceria com o professor da Unicamp Pedro Paulo A. Funari, tem um livro muito bom sobre o tema — trata-se de “Jesus Histórico. Uma brevíssima introdução”, publicado pela Editora Kline —, entende que esses são alguns dos títulos mais relevantes para quem quer saber sobre o Jesus Histórico:
[caption id="attachment_83104" align="alignright" width="250"] Fotos: Reprodução[/caption]
“Jesus and Archaeology”, de James H. Charlesworth
Este livro traz 30 trabalhos de especialistas diretamente envolvidos com os estudos arqueológicos e seus impactos para pensar Jesus de Nazaré.
“O Jesus Histórico. A Vida de um Camponês Judeu do Mediterrâneo”, de John Dominic Crossan
Publicado originalmente em 1991, este livro além de oferecer importantes chaves de leituras no campo teórico-metodológico, não deixa o leitor esquecer que qualquer pesquisa neste campo do saber exigirá sempre um olhar transdisciplinar acerca de quem é Jesus de Nazaré.
“The Misunderstood Jew. The Church and the Scandal of the Jewish Jesus”, Amy-Jill Levine
Esta obra nos lembra que Jesus nasceu, viveu e morreu como um judeu, não tendo sido jamais um cristão. Aborda também uma questão decisiva que diz respeito ao antijudaísmo da documentação antiga literária, especialmente o denominado Novo Testamento.
“Jesus the Magician. Charlatan or Son of God”, Morton Smith
Um livro indispensável para todos os interessados no tema, especialmente pela lembrança incômoda que ele apresenta acerca das discussões sobre quem é Jesus, como ele foi visto e lido, não pelos seus atuais seguidores, mas por aqueles dos séculos I e II.
“The Life of Jesus Critically Examined”, David Friedrich Strauss
Publicada originalmente em 1835, esta obra continua ainda sendo leitura obrigatória para todos os interessados em realizar pesquisas no campo do Jesus Histórico, especialmente pelo seu aspecto crítico e analítico da documentação.
Ademir Luiz, que também é escritor, está escrevendo um romance que se passa no século I e, para isso, tem lido muitos livros a respeito de Jesus. A seleção que apresenta como leituras indispensáveis sobre o tema, além de compreender “O Jesus Histórico”, de John Dominic Crossan, também citado por Chevitarese, contém:
“O que Jesus disse, o que Jesus não disse”, de Bart D. Ehrman
“Jesus, um judeu marginal”, de John P. Meier
“Jesus, uma biografia revolucionária”, de John Dominic Crossan
“A morte do messias”, de Raymond E. Brown
“Nascimento do messias”, de Raymond E. Brown
“A vida de Jesus”, de Ernest Renan
“Testemunha ocular de Jesus”, de Carsten Peter Thiede
[gallery type="slideshow" size="full" ids="83107,83109,83106"]

Mexicano-brasileira, a banda que nasceu em Campinas tem rodado países com ritmos e palavras de esperança

Escritor de amor e solidão, o autor gaúcho se mantém cada vez mais vivo com seu legado literário dado às gerações