Opção cultural

[caption id="attachment_32458" align="alignnone" width="620"] Reprodução[/caption]
Yago Rodrigues Alvim
Ontem, chegou às redações de todo Brasil a informação que o último filme da franquia “Velozes e Furiosos”, que conta com a presença (recriada digitalmente) do ator Paul Walker, arrecadou US$ 36,9 milhões no Brasil apenas em seu fim de semana de estreia. Cerca de 2,3 milhões de pessoas assistiram “Velozes e Furiosos 7”, desde a quinta-feira, 2 (data de sua estreia). E, por isso, o Jornal Opção relembra os filmes que mais arrecadaram nas bilheterias. Adivinha quem é o primeiro da lista?
(Tcharam!) Avatar (2009)
Claro, “Avatar”, do diretor James Cameron. Não só dono do primeiro lugar, Cameron fez história ao ultrapassar a marca do bilhão arrecadado com o antigo primeiro lugar, também dirigido por ele, “Titanic”. O longa “Avatar” arrecadou cerca de US$ 2,780 bilhões em todo o mundo.
Titanic (1997)
Como já citado, o segundo lugar também é de James Cameron. Além de arrecadar US$ 2,180 bilhões nas bilheterias de todo o mundo, a história do naufrágio real do transatlântico Titanic ou de ficção de Jack and Rose foi vencedora de 11 Oscar.
Os Vingadores (2012)
Os super-heróis da Marvel lutaram bastante e conseguiram o terceiro lugar. Com direção de Joss Whedon, o filme reúne vários atores e muitos efeitos especiais, além da pequeniníssima bagatela, é claro, de US$ 1,510 bilhão.
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 (2011)
Os bruxinhos, já crescidinhos vale lembrar, Harry Potter, Hermione Granger e Rony Weasley, sem dúvidas, arrastaram uma galera, também já crescidinha, para assistir o desfecho da saga. Afinal, quem não lembra de “7.15 It All Ends”? (Saudade, viu?) E, assim, o longa arrecadou US$ 1,320 bilhão nas bilheterias.
Frozen (2013)
Não é de ver que o dono do hit-chiclete (que não sai de jeito nenhum da cabeça) “Let It Go”, também é o longa que fecha o Top 5 das bilheterias? Pois bem, o filme da Disney, dirigido pela dupla Chris Buck e Jennifer Lee, arrecadaram US$ 1,270 bilhão. Olha o que brincar na neve dá, não é mesmo?
Homem de Ferro 3 (2013)
O terceiro longa do super-herói da Marvel, estrelado por Robert Downey Jr., “Homem de Ferro 3” arrecadou US$ 1,210 bilhão e o sexto lugar do ranking.
Transformers: O Lado Oculto da Lua (2011)
Dirigido por Michael Bay, o terceiro filme da série “Transformers” recebeu três indicações ao Oscar e arrecadou o total de US$ 1,120 bilhão, em todo o mundo.
O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (2003)
Além de conquistar o Oscar de melhor filme, o desfecho da trilogia também levou 10 estatuetas para casa (diretor, direção de arte, figurino, edição, maquiagem, trilha sonora, canção original, roteiro adaptado, mixagem de som e efeitos especiais). E, como se não bastasse, o total de US$ 1,190 bilhão com as bilheterias.
007 – Skyfall (2012)
Dirigido por Sam Mendes e com Daniel Craig como o agente secreto mais famoso da história dos cinemas, “Skyfall” foi o único filme da série que ultrapassou a marca do bilhão com as bilheterias mundiais (ao menos, até então. Afinal, em outubro chega aos cinemas 007 – Spectre. Vai que...). Enquanto isso, vale lembrar que “Skyfall” arrecadou US$ 1,100 bilhão.
Transformers: A Era da Extinção (2014)
Ainda com Michael Bay assinando a direção da série, o quarto título de “Transformers” ultrapassou US$ 1 bilhão e tirou o longa “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” desta lista. É, quando o morcego sai, os Autobots e Decepticons fazem a festa.

[caption id="attachment_32377" align="alignleft" width="300"] Reprodução[/caption]
A Orquestra Sinfônica de Goiânia se apresenta nesta terça-feira, 07, nos palcos do Teatro Sesi. Sob regência do maestro Joaquim Jayme, o violoncelista paulista Antônio Del Claro é o solista convidado para executar o Concerto para Cello e Orquestra nº1, composições do italiano Nino Rota. No programa ainda tem a obra-prima do austríaco Johann Strauss, “O Morcego”, e a composição “Sinfonia em Ré Menor”, do belga Cesar Franck. Esta é a segunda apresentação da temporada 2015 e começa às 20h30. A entrada é gratuita.
Serviço
Concerto da Orquestra Sinfônica de Goiânia
Data: 07 de abril de 2015
Horário: 20h30
Local: Teatro Sesi (Avenida João Leite, n° 1013, Setor Santa Genoveva)

Baseado em texto de Jorge Furtado e dirigido por Carolina Jabor, o longa escancara uma sociedade que se espanta com um beijo gay na TV e não encara a AIDS, o vício, a loucura, a escassez, o inóspito
[caption id="attachment_32337" align="alignnone" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
"Você é o que? Drogado, esquizofrênico?
Drogado.
Sorte.
E qual a sua droga?
Remédio pra ansiedade.
Já tomei de tudo.
E agora?
Agora, eu vou morrer.
Por que?
Precisa mais?" — Jorge Furtado
Yago Rodrigues Alvim
Assim se conheceram Judite e João. E assim que terminam, ela morre. O recorte tem como plano de fundo uma clínica de reabilitação, onde temáticas espraiam pelas paredes e além-elas. Ela, Judite, porta o vírus HIV. Ele, João, toma "Frontal com Fanta" — conto, presente no livro "Tarja Preta" (Objetiva), de Jorge Furtado. Este texto, que começa já pelo fim, inspirou o filme.
"Ela me perguntou quantas pessoas eu já vi morrer. Quantas pessoas você já viu morrer? Nenhuma, eu disse. Ela sorriu e disse eu vou ser a primeira. Eu disse vai. Ela disse boa sorte.
— Boa sorte."
Com direção de Carolina Jabor, filha do cineasta Arnaldo Jabor, o longa "Boa Sorte" já ganhou as prateleiras de livrarias — já ganhou prêmios no Festival de Paulínia (foi vencedor nas categorias júri popular e direção de arte). A estreia foi em 20 de novembro do ano passado.
"Me veio uma mistura de tristeza e a dificuldade de largar a Judite", disse Deborah Secco, que viveu por quase um mês (tempo de gravação) a personagem e que, por ela, acabou dois meses internada. Antes mesmo de começarem a gravar, a atriz teve acompanhamento médico para perder 11 quilos. João Pedro Zappa interpretou João. No longa, ele recebe a orientação médica: precisa "aprender a relaxar". Com Judite, ele aprende a crescer, seguir com a vida.
Da arte, estampa-se o vermelho nas vestes de Judite — são de admirar as cenas em que a atriz aparece. Ela sempre traz consigo esta cor de sangue. Dos simbolismos, o filme se embala na composição de Jorge Mautner, na voz de Caetano Veloso. "O vampiro" canta já na primeira estrofe: "Eu uso óculos escuros pras minhas lágrimas esconder/ E quando você vem para o meu lado, ai, as lágrimas começam a correr/ E eu sinto aquela coisa no meu peito/ Eu sinto aquela grande confusão/ Eu sei que eu sou um vampiro que nunca vai ter paz no coração".
O filme é sobre coisas puras. De quem busca a paz. A busca tem lá sua insatisfação, sua agonia. Na pureza, existe o cru. E lá mora o amor, a paz; é quase que cais (de paredes descoradas). E essa, talvez, seja a grande maestria da obra, que desvela um lugar inóspito e, ali, o que se vê dói. As relações humanas, tais como a de João com os pais ou de Judite com a vó (interpretada por Fernanda Montenegro), são gastas. O menino é invisível. "Frontal com Fanta" faz com que ele desapareça; perambule pela cidade sem que ninguém o note; converse sem dizer uma palavra sequer — faz com que ele lamba garotas, até não ser invisível mais. No filme, tem essa cena em que ele, João, lambe uma garota e leva um soco e, só assim, volta à sobriedade.
A sobriedade é a coisa que eles mais veem. De tanta sujeira que veem são os mais puros. Tem outra canção que marca (não o filme), mas sua divulgação: "Não Consigo", da Banda Tono. Num trecho, entoa "A tua flor não é flor pra qualquer jardim/ quero pra mim, pois já cansei de capim". E, assim, vai elencando coisas sagradas. Para João, primeiro vem "você" e, depois, "mulher". Já para Judite, das coisas sagradas, primeiro vem "o homem", depois, "o cachorro", por último, depois de tantos outros seres, está o vírus, que "quase não é bicho". João pergunta onde é que ele está. "Entre o homem e o cachorro" — ela responde.
Ainda que menos denso que o texto de Furtado, no claro, "Boa Sorte" é da pesada, com boas doses de ironia e descontração. Do todo, "Boa Sorte" escancara uma sociedade que se espanta com um beijo gay na novela das nove. Escancara uma sociedade que não encara a AIDS, o vício, a loucura, a escassez, o inóspito. Numa cena, Montenegro fuma maconha em papel de bíblia. Numa cena, Montenegro escancara: "O vício é uma desgraça".
E o barato é que o enlace entre duas pessoas está ali. Escondido em sumo limão, em que ela escreve: "A mente quer ser Deus. O corpo lembra que somos bichos. Minha mente mandou obedecer meu corpo. Obedeci. Meu corpo ficou feliz. Viveu muito, viveu rápido. Minha mente foi atrás. Judite estava indo embora quando apareceu o cachorro. Bobo e bonito, assim nascido. Achava que era invisível, mas não era. Cachorro recém-chegou. Não tinha pressa, não tinha pra onde ir. Judite não podia ir embora, deixar o cachorro ali, assim. Foi ficando".
Foi ficando, foi ficando até dizer "boa sorte".

Além de bazar, arte, design, moda, música boa e drinks sedutores, a sede da Ilustríssima ganha ainda uma edição do The Flash Day Tattoo, assinada pelo tatuador goiano Victor Rocha com o tema “Old But Gold”. Trata-se da segunda edição da Feiríssima, que que acontece neste sábado, 11, na sede da empresa, que fica na Avenida C-05, no Jardim América. A entrada? Adivinha: é grátis. Vamos!

Patins, patinetes, skates, t-shirts e sneakers têm agitado o Centro Cultural Oscar Niemeyer. Jovens, crianças, pais e mães — com seus cachorrinhos — decoram os domingos de bolas, brincadeiras e sorrisos. Além disso, o Oscar tem recebido diversos shows e atividades que atraem cada vez mais goianos para o local. E no próximo domingo, 12, a Skate Rock Sessions 2015 promete um dia para lá de animado. As bandas Kamau (SP), Gasper Soulcrims (GO), Mais Que Palavras (DF), Ímpeto (GO) e Atomic Winter (GO) se apresentam a partir das 16 horas; sem contar que a pista da Ambiente Skate Shop estará aberta desde às 10 horas da manhã. E comida, vai ter? Claro: Tio Bákinas, Underdog Street Food movimentam a praça de alimentação. A entrada é franca. O evento é realizado pela A Construtora Música e Cultura, Ambiente Skate Shop e Centro Cultural Oscar Niemeyer.

[caption id="attachment_32315" align="alignright" width="620"] Pedro Novaes mergulha na narrativa poética do cinema, no Espaço Culturama | Foto: Reprodução[/caption]
Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o argentino “O Segredo dos Seus Olhos” também guarda o segredo de uma construção de um filme clássico. É o que diz o diretor cinematográfico e roteirista Pedro Novaes, do longa “Cartas do Kuluene”.
Pedro Novaes desvenda, no espaço Culturama em Goiânia, as qualidades da estrutura clássica com o objetivo de mergulhar na engenharia desta arte e entender os pilares que criam toda a poética desses filmes narrativos.
O workshop acontece neste sábado, 11, e tem uma carga horária de oito horas. Aos interessados, o investimento a ser feito é de R$ 220. Aos estudantes a boa notícia: aquele bom desconto de 50%, mediante apresentação de documento.
- O aquecimento para o Bananada continua nesta sexta, 10, com as bandas Catavento e Chá de Gim no Roxy Club. É às 23 horas e só R$ 10.
- O flamenco ganha o Goiânia Ouro também na sexta, 10, com a mostra “De Sevilha ao Sertão: uma viagem poética inspirada em João Cabral de Melo Neto”. Poesia, música e ensaio fotográfico a R$ 10. Às 20h30.
- Funk + Soul + Disco + Gerson King Combo = uma super noite no Centro Cultural Martim Cererê. Junto vêm Go Radiocarbono, Calango Nego e ChimpanZÉS de Gaveta. Sábado, 11; 19 horas; R$ 15, antecipados.

Livro
Sob o recorte do poeta Walmir Ayala, “Antologia Poética” de Mario Quintana decora o cotidiano de simplicidade, ironia e humor. É o legado de Quintana nesta festa de poemas.
Antologia Poética | Nova Fronteira
Autor: Mário Quintana
Preço: R$ 29,90
Música
“A Praia” já está disponível para download, no site oficial de Cícero. Depois de “Canções de Apartamento” e “Sábado”, ele desagua seu 3º álbum. E a praia é linda!
A Praia | El Rocha (SP) e Tambor (RJ)
Intérprete: Cícero
Preço: Grátis
Filme
Após enfrentar muitas aventuras em sua busca por Erebor, Bilbo e os anões descobrem que seu maior desafio não era o dragão Smaug, mas a força de sua presença na rica montanha.
O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos | Warner Home Video
Direção: Peter Jackson
Preço: R$ 39,90
Obra de repórter-investigativo do “New York Times” mostra como a Casa Branca, a CIA e o FBI não conseguiram impedir os ataques da organização terrorista de Osama Bin Laden contra alvos nos Estados Unidos

Feriado está batendo na porta já e nada melhor que alegrar a casa com música para recebe-lo. Pode ser para ficar no sofá, pegar a estrada, badalar com os amigos, rever vovós e vovôs, tios, primos, até mesmo para, enfim, arrumar o guarda-roupa. Então, se liga nesta playlist, cujas músicas embalaram a equipe do Jornal Opção, durante essa semana. É só dar play! Asaf Avidan - One day / Reckoning Song (Wankelmut Remix) Audioslave – Show Me How to Live Bandish Projekt – Alchemy feat Last Mango in Paris Deftones – Mein Ellie Goulding – Love Me Like You Do Flying Lotus – Never Catch Me feat Kendrick Lamar Leonardo Gonçalves – Sublime Queen – Radio GaGa Rodrigo Amarante – Irene Sia – Big Girls Cry Sia – Elastic Heart Years & Years – Take Shelter

[caption id="attachment_32001" align="alignnone" width="620"] Foto: Luria Correa[/caption]
O espetáculo “Clowns-tô-folia”, do grupo Imagem – Artes Integradas, reúne quadros miméticos clownescos, que contam histórias de amor e humor. São cenas cotidianas da vida, com desajeito e descontrole: um vendedor de bonecas e sua solidão amorosa; um casal de amores brutos; um atleta e sua academia aberta e uma boneca com sua procura pelo amor ideal. O Grupo tempera “Clowns-tô-folia” com artes circenses, descansado pela cultura de massa e adoçado com gotículas de ironia, e apresenta o amor sob o olhar inocente e imediato do palhaço. Os ingressos custam R$ 10, a inteira.
Serviço
Grupo Imagem – Artes Integradas
Espetáculo: Clowns-Tô-Folia
Data: 5 de abril (domingo)
Horário: 17h

Parte da programação da Semana Santa, concerto será apresentado pelo grupo Academia dos Renascidos
[caption id="attachment_31993" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério da Cultura, por meio de sua Superintendência em Goiás, promove mais uma edição do Concerto de Páscoa, realizado tradicionalmente no Sábado Santo, como parte da programação da Semana Santa na cidade de Goiás. Essa será a 10ª vez que o evento é realizado, sempre na Igreja do Rosário, e, neste ano, conta com a apresentação da Academia dos Renascidos.
O grupo, fundado em 2010, é liderado pela pianista Andréa Teixeira e o tenor Alberto Pacheco. O nome Academia dos Renascidos é uma homenagem à Academia Brasílica dos Renascidos, formada em 1759, em Salvador (Bahia), com o objetivo de fomentar a produção literária da cidade. É com essa mesma proposta que a pianista e o tenor conduzem o grupo, destacando o repertório de câmara ou de salão produzido durante o antigo império luso-brasileiro, apresentando modinhas, lundus, hinos e recitativos de salão. “Assumimos como compromisso pessoal fazer pelo menos uma estreia moderna por concerto”, destacam os músicos, referindo-se às músicas que são encontradas em arquivos e resgatadas para a atualidade dentro do repertório da Academia.
A apresentação faz parte de uma extensa programação que envolve a Semana Santa no município, englobando as tradições do calendário católico. Além do Iphan, o Concerto de Páscoa conta ainda com o apoio da Prefeitura Municipal de Goiás, do Restaurante Flor de Ipê, do escritório de advocacia Felicissimo Sena e Advogados S/S e da Diocese de Goiás.
Serviço
Concerto de Páscoa
Data: 04 de abril de 2015 (Sábado Santo)
Horário: 18h
Local: Igreja do Rosário – Cidade de Goiás

[caption id="attachment_31989" align="alignnone" width="620"] Foto: Layza Vasconcelos[/caption]
Yago Rodrigues Alvim
O Grupo de Teatro Arte & Fatos, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), leva para os palcos do Sesc Centro o espetáculo “Os Avessos”. A narrativa enlaça a história de Guimarães Rosa, do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”. Numa jornada sem volta, rumo ao hospício de Barbacena, mãe e filha veem loucos e sãos sendo apartados. Vale saber a que lado elas pertencem, afinal: quem são os loucos, quem são os sãos? Quão distantes estão de nós? Pois, “a loucura enche os vazios da vida, solta fogos de artifícios, escancaram os horizonte”. É às 20 horas desta quinta-feira, 2, e os ingressos custam R$ 10, a inteira.
Serviço
Grupo de Teatro Arte & Fatos
Espetáculo: Os Avessos
Data: 2 de abril (quinta-feira)
Horário: 20h
Classificação: 14 anos

[caption id="attachment_31981" align="alignnone" width="620"] Reprodução (Enaaa/DeviantArt)[/caption]
Paulo Lima
Max foi, de longe, o cachorro mais especial que eu tive. Soa injusto –– e é mesmo, reconheço –– eleger um cachorro dentre tantos que passam por nossas vidas, como que desconsiderando o fato inequívoco de que cada qual é particularmente especial do seu jeito. Mas, calma lá, eu logo explico.
Primeiro, vamos falar do animalzinho. Max era o que se podia chamar de “filhote da promessa”. A expressão tem um componente meio evangélico, mas se justifica. Durante anos, um tal Maxley, pintor de paredes que morava num bairro próximo, sonhou possuir uma cadelinha para homenagear o primeiro amor de sua vida, dois anos mais velha, de nome Janaína, ou Jana, como era mais conhecida. Homenagear... em termos. Na verdade, queria se vingar mesmo. Era ainda um menino nos seus quinze anos bem vividos, no auge do romantismo adolescente que, de tão ingênuo e pulsante, rivaliza com a libido da puberdade, quando descobriu tardiamente que a cachorra, quer dizer, a namorada, compartilhava seu amor –– e outras coisas mais –– com metade dos meninos do bairro, e muitos outros além dele. Além da desilusão, pagou muitos micos por conta desse amor multicorrespondido pela fogosa companheira. Se fosse nos dias de hoje, a forma como foi alvo dos comentários jocosos dos colegas durante meses seria um exemplo bem acabado do famoso bullying.
Pois bem: seu vizinho, dono de um ferro velho, prometeu lhe dar o último exemplar da última prenhez da Vadinha, nome de uma cadela já bem experimentada que, por mais de uma década, ajudou a povoar o bairro de pulguentos das mais variadas raças. E assim fez.
Mas não ocorreu exatamente como o planejado. Antes de dar o suspiro final, Vadinha ainda pôde lamber a derradeira cria de cor meio bazé, meio sei-lá-o-quê, cuja saliência abaixo do umbigo denunciava a chegada de um machinho.
Teve que ficar com ele. Mas não é de ver que o danadinho tinha lá seus encantos? Acabaram se afeiçoando de verdade e o dono resolveu dar-lhe o próprio nome. Foi aconselhado pela esposa a dar uma abreviada e, bobo que não era de questionar a patroa, passou a chamá-lo simplesmente de Max. Em tempo: a esposa dele era da Assembleia de Deus, daí aquele blablablá todo da promessa lá de cima.
Infelizmente, a relação entre os dois durou pouco. Três meses depois, o patrão foi mordido por uma cadela sem dono que vadiava por aquelas bandas –– ironia do destino? –– e não deu trela para os conselhos da digníssima, que insistiu até onde pôde para que ele tomasse vacina contra a raiva. Não tomou, e pagou caro por questionar a esposa pela primeira vez.
Dona Glória não tinha escolha. Para sustentar seis filhos, precisaria abrir mão de pequenos luxos, e ter um cão era um deles. Bateu em muitas portas até chegar à minha, chorou, implorou, pediu perdão a Deus e foi embora depois que eu me comovi com sua história. Depois me bateu aquele arrependimento, mas aí foi Deus que não quis me ouvir. Fiquei com o peludinho e seu pequeno defeito de fábrica sobre o qual comentarei depois.
Tive apenas três cachorros em vida. Todos eles fantásticos. O primeiro, Teseu, era grandalhão e abobalhado. Seu tamanho metia medo em quem não o conhecesse, o que foi de muita utilidade a casa nas tantas vezes em que eu era obrigado a viajar e deixá-la sozinha. Os filhos dos vizinhos se ocupavam de alimentá-lo nesses tempos difíceis. Eles sabiam que brabeza não morava ali, muito pelo contrário. Era uma criatura festiva que, mesmo tendo contraído câncer, ainda sorria pra todo mundo se esquecendo da própria dor. Foi duro ter que sacrificá-lo.
Encrenca foi o segundo. O nome era esse mesmo e quem o conheceu assinava embaixo. Perseguia motoqueiros e bicicleteiros –– naquela época não havia os termos ciclista e byker –– latindo com raiva contra todos que passassem na frente do seu focinho. Quase perdi um emprego por conta desse seu mau humor desgracento quando o carteiro resolveu pular meu endereço para não ter que encarar e sair correndo do cachorro da raça latidor-mordedor. Naquele dia, trazia ele a cópia de um contrato que eu deveria passar ao meu chefe depois de uma boa revisada. Sorte que o carteiro benevolente deixou a correspondência duas casas depois, nas mãos da Norminha, a gostosona do bairro, por quem ele nutria intenções suspeitas e, cá entre nós, eu e a torcida do Flamengo também.
Apesar de ter nascido com a pá virada, Encrenca era um doce comigo. Obediente, nunca alterou a voz –– ou melhor, o latido –– quando se dirigia a mim. Quando eu estava por perto, meus amigos chegavam sem medo e até brincavam com ele, passando a mão na cabeça, coisa que o safado particularmente gostava muito. Foi numa manhã de terça, sol a pino, que levou um pipoco de um jornalista manquitola, o Orlando, que de segunda a sexta ia pro trampo na garupa da moto do cunhado, também colega de jornal. Me contaram que ele já estava de saco cheio de todo dia ver o bicho se aproximando, com a bocarra quase lhe alcançando a perna doente, e decidiu pôr fim ao desassossego. Sua mira foi precisa. O pobre cão não agonizou, o que me deu um certo conforto, quando me lembrei de tudo o que passei com Teseu.
Mas, o que fez o Max ser o mais especial? Finalmente vou dar a tão esperada explicação. Além de absurdamente bom de faro e de ouvido, ele era, por assim dizer, um cão vidente! Tudo bem... Vou ser mais claro. Aquele bicho parece ter nascido com o dom de prever o futuro. Sei que é meio redundante esse lance de “prever o futuro”, mas, considerando que os economistas deste país não conseguem prever nem o passado, o pleonasmo tem lá os seus méritos. Ainda mais em se tratando de um cachorro de verdade, e não de um político cachorro, redundâncias à parte.
Seu dom espiritual ou algo parecido funcionava –– seria esse o verbo certo? –– mais ou menos assim: antes que alguma coisa ruim me acontecesse, lá estava o Max me livrando do perigo. Uma vez, numa calçada cheia de tapumes isolando o lote ao lado, ele estacou na minha frente e não deixou que eu seguisse adiante de jeito nenhum. Tentei dar a volta, puxando-o pela coleira, ralhei com ele, e nada. Pois no minuto seguinte caiu um amontoado de tijolos da construção do edifício atrás do muro de tábuas, arrebentando na calçada poucos metros à minha frente. Escapei por muito pouco.
Tudo não teria passado de mera coincidência se, no mesmo dia, ele não me tivesse mordido a barra da calça antes de eu atravessar a rua, me atrasando por cinco segundinhos, prazo em que um carroceiro perdeu o controle do seu veículo e o conjunto cavalo-carro-de-madeira, tudo junto e misturado, passou por cima da minha sombra projetada à frente. Se o Max não tivesse me retardado o passo...
Certo. Você dirá: ele apenas prestou atenção no cenário em volta e, por instinto, tomou atitude de proteção ao dono. Concordo, em termos. O pequeno de fato agia como meu protetor, um verdadeiro anjo da guarda canino. Mas, como explicar a outra vez em que ele fingiu de doente para eu não sair de casa e, horas depois, fiquei sabendo que o ônibus que eu tomava sempre no mesmo horário bateu com um caminhão, pegou fogo e mais de vinte pessoas partiram dessa pra outra melhor? Pois, presságios como esses ocorriam com tanta frequência que eu passei até a andar com medo sem o Max por perto...
Claro, nem tudo era nóia na nossa relação. Tínhamos uma convivência normal, de gente comum pra cachorro comum. Quando precisava chamar a atenção dele, o chamava de Maxley, seu nome original, carregando no acento sobre a sílaba “ley”. Ele entendia e vinha de cabeça baixa, como um garoto que apronta na escola e se encaminha para a sala da Diretora, esperando pelo pior. Quando queria vê-lo alegre, chamava-o de forma silábica, cantando como na fala dos paulistas: Máa-quis! E lá vinha ele com o rabo balançando, que na linguagem universal da espécie significa: “Você nem imagina o quanto me faz feliz!”.
E tinha mais motivos para ele ser o meu preferido. Não conheci e nunca ouvi falar de um cachorro que fosse diariamente à banca de revistas buscar o jornal, trazendo-o na boca em troca de um cafuné. Mesmo o Encrenca, que adorava esse mimo, jamais se dignou ir lá me fazer esse agrado. Menos mal... Com aquele seu estilo enervado não conseguiria mesmo chegar até o destino sem ter corrido atrás de metade da vizinhança...
Falando nisso, antes que surja a pergunta, já vou adiantando: Max era de raça pura, sim. Um vira-lata puro. Não se lhe notava nenhum traço de ascendência nobre. Nada, nada. Era um tomba-lata legítimo e parecia se orgulhar disso. A mim não fazia diferença: nunca vi cachorro como produto e nunca me passou pela cabeça vendê-lo. Por isso nunca fiz propaganda de seu comportamento, digamos, profético, na expectativa de despertar interesses e faturar em cima. Fomos feitos um para o outro, ou pelo menos eu queria acreditar nisso, e ele também.
Dizem que toda história triste tem um final feliz e vice-versa. Num sábado de agosto, dia de feira naquele canto afastado de Porto Velho, na calorenta e úmida Rondônia, Max tentou me salvar uma vez mais. Mas, naquele dia, as coisas não saíram como de costume. Começaram uma briga na banca de pasteis, alguém sacou de uma arma e começou a atirar a esmo. Eu era um dos esmos que estavam na linha de tiro. A vontade de me proteger foi tamanha que, ao pular sobre o pistoleiro eventual, meu herói acabou provocando novo disparo e o resto já deu para intuir.
Acho que agora, definitivamente, está bem entendido. Aprovem ou não, o Maxley –– o pequeno grande Max! –– vai ser sempre lembrado como o cachorro mais querido. Pois, passados quase cinco anos do incidente criminoso, e apesar do seu defeitinho de fábrica –– já ia esquecendo de dizer, ele era cego de nascença –– até hoje meu bom companheiro faz questão de trazer o jornal do dia e depositar no meu túmulo.
Paulo Lima é, desde 1988, publicitário e escritor nas horas vagas desde sempre.

[caption id="attachment_31735" align="alignnone" width="620"] Foto: Layza Vasconcelos[/caption]
Edward Morgan Forster já escrevia, no início do século XX, sobre a diferença de classe e a hipocrisia da sociedade britânica. O autor publicou, em 1971, o clássico Maurice, obra que resultou no novo espetáculo da Cia. de Teatro Sala Três. A diversidade sexual, cultural e religiosa são alguns dos temas sobre os quais o grupo se debruçou a fim de indagar o atual momento brasileiro, dadas as questões ainda embaraçadas, confusas e até mal pontuadas.
“A montagem do espetáculo, entende que o momento atual é propício para a reflexão e debate acerca dessas dicotomias sociais ainda altercadas entre âmbitos de ‘certo e errado’, ‘bem e mal’, ‘dominantes e dominados’, além de várias outras segregações existentes, a partir de uma experiência artística que promova o alcance, a reflexão e sensibilização”, anuncia o grupo.
Com Andreane Lima, Esley Zambel e Victor Melo no elenco, o espetáculo tem direção de Altair de Sousa. Os ingressos custam R$ 10 e a classificação indicativa é 14 anos. A apresentação é no sábado, 4, no Teatro Goiânia.