Opção cultural

Encontramos 4853 resultados
Professor Pettras Felício lança livro com bons versos em todas as páginas

“Todo mundo é ninguém é todo mundo” apresenta o poeta Pettras Felício, que se torna grande quando “verbaliza ideias, sensações, sentimentos” sem o medo do ego

Santo Agostinho saboreou a doçura do leite de sua mãe e de suas amas

Agora nem Carlos Drummond de Andrade existe mais; no entanto, o essencial dele a vida não soterrou, continua vivo: a sua poesia. Os livros, ainda bem, não são frias carnes de um cadáver ao alcance da fome dos vermes

Além das tetas de minha mãe, suguei as de uma vizinha da casa onde nasci. Isso em Boa União de Itabirinha, um distrito do município Itabirinha, pertencente a Minas Gerais; no estado também existe Itabira (“pedra que brilha” na língua tupi), município em que nasceu o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Em outubro de 2016, visitei o Memorial Carlos Drummond de Andrade, inaugurado em 1998. Na entrada da cidade, encontrei o poeta numa escultura gigante numa praça, e ele me fez uma confissão dolorida: “Itabira é apenas uma fotografia na parede./ Mas como dói!” Talvez venha disso o fato de Drummond, em “E agora, José”, ter dito que “Minas não há mais”. Na verdade, agora nem o poeta existe mais, no entanto o essencial dele a vida não soterrou, continua vivo: a sua poesia. Os livros, ainda bem, não são frias carnes de um cadáver ao alcance da fome dos vermes.

Sinésio Dioliveira fotografa estátua de Carlos Drummond de Andrade, em Itabira | Foto: Paulo Vítor

A vizinha mencionada, cujos peitos me alimentaram, não chegou a ser minha ama de leite propriamente, apenas me amamentou por alguns dias. Houve um motivo que impediu minha mãe da tarefa. Talvez algum problema de saúde. Não me lembro se minha mãe me contou a razão, e agora, no entanto, não há como mais saber, haja vista que os mortos não falam (exceto quando deixaram alguma coisa escrita ou repassaram suas memórias para terceiros). E leite ainda continua em minha rotina alimentar: todo dia pela manhã tomo café com leite e quitandas diversas, como bolos, biscoitos, pães de queijo. Sobre estes, vou aproveitar o assunto para fazer um desabafo: a maioria das lanchonetes que os vende em Goiânia oferece uma quitanda fake, ou seja, vende gato por lebre, ou melhor, vende pão sem queijo. Se o leitor é um apreciador de um legítimo pão de queijo, certamente há de convir comigo.

Voltemos ao leite. E aqui entra um homem que morreu aos 75 anos no dia 28 de agosto de 430. Seu nome é Aurélio Agostinho de Hipona, mais conhecido como Santo Agostinho. Em sua obra “Confissões”, para falar de sua adoração por Deus, o filósofo cita a doçura do leite que sugou de sua mãe e suas amas: “Saboreei também as doçuras do leite humano. Não era minha mãe nem as minhas amas que se enchiam a si mesmas os peitos de leite”. Segundo ele, tais mulheres eram apenas instrumentos de Deus, que lhes enchia os peitos. Santo Agostinho, acredito, pode ter inspirado Khalil Gibran a dizer algo com uma certa semelhança ao que aquele chama de “instrumento”: “Vossos filhos não são vossos filhos./ São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. / Vêm através de vós, mas não de vós”.

Papa Francisco: "reabilitando" Dante Alighieri | Fotos: Reproduções

Santo Agostinho, que chamava o homem de “fragmentozinho da criação, particulazinha da criação”, virou santo pela aclamação do povo. E 868 anos depois, mais precisamente em 1298, recebeu o título póstumo de “doutor” da Igreja, dado pelo papa Bonifácio VIII. Na sua juventude, o filósofo não privou sua carne de luxúria. Pôs para moer. Mas depois caiu nos braços de Deus. Certamente, se pudesse interferir, ele não aprovaria receber esse título de tal pontífice. Conforme relato histórico, Bonifácio pôs o capeta no bolso na realização de maldades.

Bonifácio sacaneou feio com o poeta da “Divina Comédia”, Dante Alighieri, que se opunha ao poder absoluto da Igreja. O poeta, além de ter sua casa destruída, foi banido de Florença. Morreu sem poder regressar à sua terra. Bonifácio está entre os pontífices mais infames, mas levou na tarraqueta ao excomungar o rei da França, Filipe, o Belo: perdeu o papado aos 72 anos de idade, levou taca nos três dias em que ficou preso e morreu alguns dias depois de ser solto por apelo popular. Feriu com ferro e se ferrou.

O papa Francisco, no sétimo centenário da morte de Dante, isso em 2021, publicou uma carta em março do respectivo ano. Uma longa carta, na qual fala de seus antecessores que homenagearam o poeta. Ele não cita que papa arruinou a vida de Dante: “Nem me custa recordar que a voz de Dante se ergueu, pungente e severa, contra mais de um romano pontífice, e teve amargas reprimendas para instituições eclesiásticas e pessoas que foram ministros e representantes da Igreja”. O papa Francisco relata que o vate italiano recorreu, sem sucesso, contra a sentença que foi lhe aplicada: exílio de dois anos, expulsão de cargos públicos e multa elevada: “Dante rejeita a sentença, em sua opinião injusta, e o julgamento contra ele torna-se ainda mais severo: exílio perpétuo, confiscação dos bens e pena de morte em caso de regresso à terra natal”.

Sinésio Dioliveira é jornalista

De Gaulle e a estratégia da vontade: o general que se tornou político. E o encontro com Kissinger (1)

“De Gaulle assumiria a liderança da França duas vezes: a 1ª pra resgatar o país das consequências de uma catástrofe nacional; a 2ª como meio de evitar a guerra civil”

O livro “Seminário Santa Cruz”, de Ronaldo Silva, é fonte de consulta obrigatória

Estudaram no Seminário Santa Cruz: Eugênio Jardim, João Teixeira Álvares, Joaquim Rufino Ramos Jubé e Leo Lynce

Cidinha da Silva lança “Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos” nesta sexta-feira

O lançamento do livro será no Centro Cultural Octo Marques, às 18h30. No sábado, a escritora conversa com Arthur Moura, no Café Ogum

20 livros escritos por mulheres para impactar a sua vida

20 livros escritos por mulheres para que você conheça histórias fantásticas sob a perspectiva feminina.

Seiva do poeta Gilson Cavalcante tempera a música no filho Aluísio

Hélverton Baiano

Especial para o Jornal Opção

Filho do poeta Gilson Cavalcante, Aluísio Cavalcante percorre há mais de 20 anos os caminhos da música, eivado na seiva poética do pai e depois enveredando por caminhos próprios, desde Goiás, onde nasceu, Tocantins, que lhe deu lastro, passando por Minas Gerais e agora em Londrina, Paraná, com a banda Água Doce. Na sexta-feira, 20 de outubro, está sendo lançada nas plataformas digitais o single “Dobra”, que marca a estreia fonográfica do quarteto formado por Aluísio Cavalcante, Mariana Franco, André Coudeiro e Daniel Loureiro.

Escute aqui:

Água Doce é composto por Aluísio Cavalcante (guitarra e voz), Mariana Franco (contrabaixo), André Coudeiro (bateria) e Daniel Loureiro (guitarra e flauta), um quarteto que se reuniu a partir do repertório de Aluísio, compositor que percorreu trecho entre Tocantins, Goiás e Minas antes de chegar a Londrina. É compositor e cantor,  tem quase 20 anos de estrada musical, com destaque para o álbum “Mar de Algaroba”, com o grupo Guaimbê (Prêmio da Música das Minas Gerais em 2021 e 2022) e o álbum “Cantigas e Quintais” (2022) com músicas do poeta Gilson Cavalcante, produzido ao lado do pernambucano André Macambira.

Daniel Loureiro: músico | Foto: Divulgação
Daniel Loureiro: músico | Foto: Divulgação

“Dobra”: single que abre os caminhos do Água Doce

Gravada em Londrina, a canção que marca a estreia fonográfica do quarteto, percorre atmosferas da soul music e do R&B sem esconder o sotaque brasileiro, a identidade e a crueza que marcam o trabalho da Água Doce. O single “Dobra” será lançado no próximo dia 20 de outubro em todas as plataformas digitais.

Água Doce nasce às margens do Igapó, onde a sonoridade do norte paranaense deságua na psicodelia e sutilezas do quarteto londrinense, formado por Aluísio Cavalcante, Mariana Franco, André Coudeiro e Daniel Loureiro. O flerte com o rock progressivo e com os grooves do Brasil de dentro não escondem a delicadeza de nascente por trás das harmonias e dos versos das canções que compõem o trabalho de estreia da banda.

Com formação recente (2022), a Água Doce tem marcado a cena londrinense com shows intensos, carregados de personalidade, provocações, improvisos e pequenos remansos. Guiados por um repertório de canções autorais e inesperadas interpretações, o quarteto iniciou a gravação do primeiro álbum, e o single de estreia será lançado no próximo dia 20 de outubro.

“Dobra” é a canção que marca a estreia fonográfica da banda, uma composição de Aluísio Cavalcante em parceria com Gregory Mark. A gravação foi realizada no estúdio Toque Grave, em Londrina, com a produção musical de Marco Aurélio. “Optamos por gravar praticamente tudo ao vivo, e registrar esse arranjo coletivo que sintetiza nossas referências e as paisagens sonoras que nos habitam nesse momento”, destaca Cavalcante.

No site da banda já é possível ouvir um trecho do single e também fazer o pre-save da faixa em diferentes plataformas.

Mais sobre a Água Doce

Mariana Franco é arranjadora e musicista formada na Universidade Estadual de Londrina, integrante de projetos musicais que são destaque na cena autoral londrinense, como a Caburé Canela, Londrina HotClub e a Curva de Rio, projeto autoral de Carolina Sanches. A cozinha da Água Doce conta ainda com o baterista e percussionista André Coudeiro, cria das rodas de choro, de samba, dos grooves latinos e brasileiros, é figura das mais requisitadas nas produções fonográficas da cidade. Já Daniel Loureiro é compositor e guitarrista em outros projetos autorais e independentes de destaque, como a Mão Rítmica Azul, a Bule Verde Jazz Orcha e a Entrópica.

https://www.aguadoce.info/

Flávio Carneiro lança “A Confissão” na Livraria Palavrear, nesta quinta, em Goiânia

Apontado como alta literatura, o romance sai agora pela editora goiana Martelo Casa Editorial

Entenda, em 10 passos, por que “John Wick” é um filme melhor que “O Poderoso Chefão”

Em "John Wick", bandido é bandido. No filme de Coppola criminoso se torna santo e filósofo, numa glamourização tão absurda quanto irrealista e amoral

Montaigne leu Maquiavel; Rogério Cruz ainda não (e precisa)

“Quero apenas que te outonizes com paciência e doçura. O dardo de luz fere menos, a chuva dá às frutas seu definitivo sabor. Outoniza-te com dignidade, meu velho”

“Até minha terapeuta sente falta de você”: a poesia lésbica da goiana Elisa Marques

A sofrência lésbica em seu estado nu e cru é sopro de vitalidade no mercado goiano e brasileiro

Outlander: Diana Gabaldon mantém vitalidade da narrativa no 9º livro da saga da viajante do tempo

“Diga às Abelhas Que Não Estou Mais Aqui” continua a história de Jaime Fraser e Claire, nos anos da guerra da independência das colônias que darão origem aos Estados Unidos

Romance de Cássia Fernandes: Anhangás — As muitas faces do paraíso

O mocinho e o vilão da vida e morte concebida pela escritora é Anhangás, a vila que se revela paraíso, purgatório e inferno de muitos destinos

Roseana Murray: o ponto da poesia se traduz em fruta amadurecendo e cala os ruídos da adolescência

Os poemas, com delicadas sutilezas do cotidiano, fluem como esperança, como um deleite, reafirmando que atravessar a adolescência não é fácil, mas os tormentos passam

100 anos de Fernando Sabino e uma geração de escritores que iluminou o Brasil

Como o mundo vivia mudando sem o consentimento de Sabino, Otto, PMC e Helio e era preciso fugir do isolamento, o quarteto foi parar no Rio, levando Minas na alma