Mariza Santana

Que a série “Outlander” já virou fenômeno mundial ninguém mais questiona. A saga da enfermeira Claire, que viaja no tempo e se apaixona pelo highlander Jaime Fraser no século XVIII, recentemente saiu dos limites da TV por assinatura e se tornou novela da TV aberta no Brasil. Esse romance tão pouco convencional, entre pessoas de tempos e realidades tão distintas, conquistou fãs mundo afora, e no Brasil não foi diferente. Mas, como sucesso da TV e do cinema, o roteiro é baseado na série literária do mesmo nome, escrita pela escritora norte-americana Diana Gabaldon, de 71 anos.

Conheci “Outlander” ainda nos livros, muito antes de ser anunciado que se tornaria uma série de TV. E fiquei apaixonada pelo enredo, personagens, fatos históricos citados e paisagens da Escócia descritas no texto de Diana Gabaldon. A série televisa conseguiu captar a essência da obra literária, com pequenas alterações para se adaptar à linguagem audiovisual. E, para minha surpresa, o casal protagonista — Jaime e Claire — se parecia com aqueles criados pela minha imaginação ao longo da leitura dos romances.

Entretanto, fui lendo os livros da série, cuja narrativa supera a série que já tem sete temporadas. O casal Jaime e Claire já esteve na Escócia, Paris, Jamaica e agora fincou raízes na América do Norte, mais especificamente na Cordilheira dos Fraser, uma região localizada na Carolina do Norte. Mas os ventos da mudança e a guerra da Independência dos Estados Unidos batem à porta deles. Como Claire é oriunda do século XX, sabe que os britânicos vão perder o controle das suas colônias. E mais: que este local ainda inóspito e selvagem, no fim do século XVIII, se tornará o país mais poderoso do mundo, poucos séculos depois.

Diana Gabaldon: sucesso na literatura e na televisão | Foto: Reprodução

A junção de ficção e história, personagens reais e criados, é responsável pela grande magia da criação literária de Diana Gabaldon. Agora, os realizadores da série televisiva “Outlander” anunciam que devem conclui-la na oitava temporada. Ou seja, o desfecho da história está mais próximo nas telas do que nos livros. Isso porque a escritora lançou o nono livro da série Outlander, denominado “Diga às Abelhas Que Não Estou Mais Aqui”, e foi anunciado que ela começou a produzir o décimo e último livro da saga. O fim da série de TV será diferente do desfecho do livro? Esta ainda é uma pergunta sem resposta, que vai demorar para ser respondida.

Melhor ficção científica de 2021

Enquanto isso, aqueles que seguiram as aventuras e desventuras de Jaime e Claire, e também de Roger e Brianna, Lorde John e Willian, e o jovem Ian, entre tantos outros personagens, ficam divididos entre seguir “Outlander” somente pela série de televisão, ou se embrenhar nos livros. Eu estou incluída no segundo grupo. E posso dizer: o nono livro da série, “Diga às Abelhas Que Não Estou Mais Aqui” comprova a vitalidade da narrativa de Diana Gabaldon. A obra traz novos desafios para os protagonistas, seus familiares, amigos e colonos, enquanto a guerra da Independência das 13 colônias americanas contra o jugo britânico segue seu rumo, afinal ninguém pode impedir a marcha da história.

Para quem é aficionado por “Outlander”, e também por uma boa leitura, o nono livro da saga é daqueles em que o leitor vai avançando rapidamente pelos capítulos (e são mais de mil páginas), sôfrego por saber mais, ao mesmo tempo em que o casal de protagonistas, que se encontra agora na meia idade, cheio de netos e ainda de sonhos, luta para sobreviver em um ambiente hostil, uma América repleta de perigos, no clima do confronto de continentais e legalistas, e com o clima de insegurança que qualquer guerra é capaz de causar.

A decisão final é do leitor e/ou telespectador: seguir as temporadas da série e aguardar seu desfecho na TV. Ou buscar nos livros que a inspiraram o desenrolar desse romance histórico, e para isso ainda será lançado mais uma obra literária.

Diana Gabaldon nasceu no Arizona, nos Estados Unidos. É de ascendência mexicano-americana e inglesa. Foi professora universitária durante mais de 12 anos, antes de se dedicar integralmente à escrita. Sua especialidade é o romance histórico. A série “Outlander” se tornou um sucesso mundial e foi adaptada para a TV em 2014, ganhando o Bafta (Prêmio da Academia Britânica de Cinema) e sendo indicada ao Globo de Ouro e ao Emmy. O livro “Diga às Abelhas Que Não Estou Mais Aqui” foi considerado pela revista Cosmopolitan a melhor ficção científica de 2021. Trata-se de um best-seller de qualidade e, por isso, deve ser lido sem preconceito.

Mariza Santana é jornalista e crítica literária. Email: [email protected]