Opção cultural

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Maria João Cantinho e a poesia da condição humana 

Seus versos livres são dedicados “às pequenas coisas”, mas, ao mesmo tempo, mostram a pequenez da condição humana e evocam a natureza com imagens poderosas       Adelto Gonçalves Especial para o Jornal Opção “Do Ínfimo” (Penalux, 2018), de Maria João Cantinho (1963), publicado em 2016 pela Coisas de Ler, de Lisboa, vencedor do Prêmio Literário Glória de Sant’Anna de 2017 e finalista do Prêmio PEN (Poets, Essayists and Novelists) de Portugal em sua modalidade em 2017, é o  primeiro livro de poesia da autora lançado no Brasil, mas, desde já, constitui um motivo extremamente forte para que a sua atual editora e outras venham a publicar toda a sua obra, que inclui mais três livros de poesia, quatro de ficção e um de ensaios. Obra ligeira de 71 páginas, Do Ínfimo traz, na primeira parte, 24 poemas, reservando na segunda parte, intitulada “Caligrafia da Solidão”, uma prosa poética de 17 páginas, que, publicada em 2005 pela Escrituras Editora, de São Paulo, foi finalista do Prêmio Telecom de 2006. O texto traz dedicatória ao poeta paraense Vicente Franz Cecim (1946), o “mago de Andara”, conhecido tanto no Brasil como em Portugal pela força poética de uma escritura que escapa à classificação em gêneros literários e, não raro, é uma homenagem ao grande e estranho mundo da Amazônia. Basta isso para dizer que a prosa poética de Maria João é igualmente de difícil leitura e apreensão, o que, porém, não constitui obstáculo para que seja usufruída pelo leitor de bom gosto. E que pode ser lida como uma “carta de amor ao poeta”, como já observou a jovem crítica literária Danielle Magalhães (1990), poeta e doutoranda em Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em recensão que fez do livro. O texto, como já percebeu o escritor, pesquisador e crítico literário Krishnamurti Góes dos Anjos (1960) em resenha que escreveu para este livro, é um eco ampliado do pensamento do filósofo, ensaísta, tradutor e sociólogo judeu alemão Walter Benjamin (1892-1940), que, aliás, foi tema de tese de mestrado da autora, intitulada “O Anjo Melancólico: Ensaio sobre o Conceito de Alegoria na obra de Walter Benjamin”, que recebeu o Prêmio de Apoio à Edição de Ensaio de 2002 da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas, do Ministério da Cultura português. Trata-se de um texto-metáfora com ressonâncias afetivas, um stream of consciousness (fluxo de consciência), técnica literária usada primeiramente pelo poeta francês Édouard Dujardin (1861-1949). Procura captar o ambiente da Amazônia, especialmente de Belém do Pará, região brasileira que a autora conheceu de perto, além do Rio de Janeiro, como já disse em entrevista. Não é, porém, um texto ditado apenas pela emoção ou por lembranças, que se destaca por sua qualidade lírica, pois se distingue também pelo rigor estilístico e pelo apuro técnico. Sem contar que, inspirado pela visão de mundo de Benjamin, um marxista, nada traz da pomposidade católica ou da esperança evangélica. Nele são raras as apologias religiosas, que são substituídas por referências a filósofos, ainda que seus nomes não sejam explicitamente lembrados, mostrando que a poeta pende mais para a incredulidade e para a descrença. Como exemplo disso, leia-se a parte final de sua prosa poética: (...) Depois, veio a chuva e a Terra inundou-se de uma água que era o Tempo, possuída de vozes do passado que percorriam a floresta. E aquele que, dormindo, via tudo em sonhos, chorou por dentro do sono, onde nada o alcançava. Porque luminescera a Letra, fundira o espírito e a carne na Leveza de si mesmo. Reescrevera o homem na mais perfeita Caligrafia da Solidão. E da sua urgência saía agora o pássaro leve, capaz de levar a boa nova aos homens, cujos olhos apenas viam a devastação. O pássaro alimentava-se da sua carne, do seu sangue, libertando-o de si, do sonho. (p. 71). [caption id="attachment_247529" align="aligncenter" width="545"] Maria João Cantinho, poeta e crítica literária portuguesa | Foto: Reprodução[/caption] Dos 24 poemas que compõem a primeira parte, há pelo menos dois que são explicitamente inspirados na meninice da autora, pois fazem referência à terra de seu pai, Angola, onde ela viveu a infância, tendo retornado a Portugal em 1975, com a guerra civil que, depois da independência do país em novembro daquele ano, continuou até 2002, envolvendo a luta pelo poder entre dois antigos movimentos políticos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita). Um desses poemas é “Há um país antigo que se abriga em mim”, que evoca a época em que Angola ainda era uma colônia portuguesa. Leia-se o poema: Há um país antigo que se abriga em mim/ um país de que não me lembro/ senão de mim menina, uma língua/ de sol e água que se cola à minha pele,/ obstinadamente quer ser tempo em mim,/ quer ser boca, procura a abertura,/ escorre entre as fendas da memória,/ como um pássaro de asas partidas./ Há um país antigo que se abriga em mim/ e eu procuro a voz do vento que o cante,/ nessa harpa fria que é memória minha. (p. 27). Essa evocação continua em “Um rio, um nome” em que a poeta volta a evocar o vento, as árvores e as águas limpas de um rio daquele pedaço de África, a terra de seu pai, ao tempo em que ela, menina, ainda “não nadara no múltiplo leito de Heráclito” (500a.C-450a.C), o filósofo socrático, considerado o pai da dialética”, cujo pensamento só conheceria a fundo a partir de seus estudos para a tese de doutoramento em Filosofia Contemporânea que defenderia na Universidade Nova de Lisboa. Eis o poema: (...) Na terra do meu pai havia laranjas/ e chão, havia sol e murmúrios/ e  nós ouvíamos a respiração da noite/ por dentro das raízes das árvores/ e o rio falava com as pedras/ e com a luz/ e nós corríamos/ ou éramos levados pelo vento/ que acendia a folhagem./ Na terra de meu pai não havia medo/ só um rio e as águas limpas/ onde as mulheres lavavam a roupa/ e cantavam ao som da terra./ Na terra do meu pai corria um rio/ e os homens tinham lugar/ era um rio por coração/ era um nome/ para um homem. (pp. 28-29). O que se pode acrescentar ainda de seus versos livres é que são dedicados “às pequenas coisas”, mas, ao mesmo tempo, mostram a pequenez da condição humana e evocam a natureza com imagens poderosas. É o que se pode constatar no poema que dá título ao livro: Não sei senão do ínfimo/ e do murmúrio das pequenas coisas,/ as que não chegam à palavra/ como a sombra ou o vento desenhando-se sob os álamos,/ em quieta reverberação./ E nada sei, senão desse canto/ invisível, mais sonho que metáfora,/ do tempo que é no fruto/ ou do que sabe ser sol, sem alarde/ do breve e da passagem./ E nada sei dessa grandiloquência/ dos homens, das suas promessas/ e dos gestos que traem o coração,/ dessa palavra ou excesso que mata/ a perfeição circular do instante./ Se é vida, sangue ou oiro,/ nada sei, nada de nada/ escondido que ele é/ no ínfimo e na sombra. Oculto. (p.17). Como já observou com percuciência o escritor português António Cabrita (1959), residente em Maputo, nos poemas de Maria João Cantinho, “a ênfase não está no brilho (as imagens fulgurantes) mas antes na justeza das palavras”. Para Cabrita, são versos que testemunham um desencontro com as idealidades, disfóricos, versos de onde se parte ou nos quais se vinca que algo se perdeu e que quando encenam um retorno recortam um céu plúmbeo em fundo. “Contudo, a tristeza que neles se plasma foge de consolidar-se como a abstração de um saber, ou da congelação melancólica. Daí que surjam laivos de revolta e vários poemas reclamem um certo cariz social”. Melhor definição não seria possível. Nascida em Lisboa, Maria João Cantinho é professora, poeta, crítica literária e ensaísta. É investigadora do Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e colaboradora do Collège d'Études Juives da Universidade da Sorbonne IV, de Paris. Foi professora do ensino secundário e atuou no Creative University of Lisbon (Iade) entre 2011 e 2016. É colaboradora da Revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, e de diversas revistas literárias e acadêmicas, além de membro do Conselho Editorial do Caderno do Grupo de Estudos Walter Benjamin. É também editora da Revista Caliban. Foi professora-visitante no Brasil em 2013 (Brasília, Goiânia e Rio de Janeiro), tendo feito conferências também na França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Índia. Tem igualmente organizado vários congressos, consagrados ao pensamento de María Zambrano (1904-1991), em 2006, Walter Benjamin, em 2008, Emmanuel Levinas (1906-1955), em 2009, e Paul Celan (1920-1970), em 2012. Está representada em várias antologias publicadas no Brasil, Espanha, França e México.  É ainda curadora da Coleção Trás-os-Mares, que edita autores portugueses no Brasil, pela Editora Circuito, com o escritor e editor Renato Rezende. É igualmente curadora da Colecção MU-Continente Perdido, da Editora Exclamação, do Porto. Adelto Gonçalves é doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de “Gonzaga, um Poeta do Iluminismo”, “Bocage — O Perfil Perdido” e “O Reino, a Colônia e o Poder — O Governo Lorena na Capitania de São Paulo 1788-1797”.

A sóbria poética de Ana Guadalupe

A sobriedade reina no manejo das emoções — de modo que o medo e as agruras são expressos sem serem aprisionados em fórmulas reducionistas Ricardo Silva Especial para o Jornal Opção        Nunca falei com Ana, mas nessas paragens virtuais é muito fácil criar um simulacro de intimidade. Por isso acredito que não seja tão inoportuno usar a palavra “conheci” ao me referir à jovem poeta paranaense, já que ocorreu no espaço das redes sociais o primeiro contato entre nós. Na milimétrica restrição dos poucos caracteres, Ana tinha o traquejo certo de aliar concisão com boa pontaria. Sempre publicava algo certeiro. Leitor com certa caminhada, percebi ali o germe de uma criação maior. Não me enganei. Não demorou muito tempo para que eu lesse eventuais poemas surgindo aqui e acolá, então os primeiros livros — “Relógio de Pulso” (2011) e “Não Conheço Ninguém Que Não Seja Artista” (2015) —, e as aparições em antologias. Mas não nunca falei com Ana. Me fiz apenas de crítico exercendo o papel de observador à distância de um talento patente, que valia a pena acompanhar a evolução. “Preocupações”, terceiro título da poeta e publicado pela editora Macondo em 2019, é a confirmação plena dessa ascensão. Ao leitor que espera floreios, belezas lisas, muitas cores e poemas edificantes, não encontrará cá neste trabalho de Guadalupe quaisquer desses elementos. O que impera nos poemas é a generosa resignação consciente de sua própria condição. Existe um certo ambiente fixo de melancolia e tristeza que costura a trama dos versos e alinha os poemas numa exposição límpida dessa condição solitária do existir: a eterna transitoriedade do nomadismo urbano, os amores que não acontecem, os que acontecem mas não criam raízes, o contato que precisa ser cortado, o funeral de si onde quase ninguém vai, o primeiro encontro onde o papel do beijo foi exercido pela terceira pessoa da trindade, os afastamentos e aproximações, as oscilações da felicidade, que se torna refém da ansiedade do espaço vazio e das caixas de mudança que nunca são desfeitas. [caption id="attachment_246686" align="aligncenter" width="960"] Ana Guadalupe, poeta paranaense: no seu mais recente livro, “Preocupações”, demonstra sua profunda capacidade da observação poética da vida | Foto: Facebook[/caption] A constante mudança de tudo, talvez seja essa uma das linhas responsáveis pelo emaranhado coeso da poesia de Guadalupe. A poeta não se ocupa com o excesso, os versos têm suas próprias formas de filtrar apenas o essencial e nos expor somente o necessário. É a sobriedade que norteia o quadro inteiro de “Preocupações”. O título da obra também cumpre o papel de revelação quando nos debruçamos a analisar o livro. São diversas as preocupações da poeta: expor o que sente (“minha dor eu preciso/apresentar ao público/antes que desapareça”); com o dinheiro curto (“por quanto tempo/ terei dinheiro para viver nesta cidade/ antes que pese demais o medo/ e o medo me roube a energia?”); com a insuficiência das palavras (“a palavra não basta/ a palavra não dá nada em troca/ por isso vivemos preocupados”). A preocupação dá o tom, mas nunca explícito, porque sutil. A sutileza estrutura-se como um caminho oportuno de seguir na tentativa de encontrar algumas chaves de leitura do livro, mas lhe alcançar é uma luta vã: a efemeridade na abordagem de Ana Guadalupe se apresenta em poemas cuja porosidade não é de simples captura. Nisso também repousa a beleza de “Preocupações”. Se existe um resignado pessimismo (“às vezes dá na mesma/ viver antes ou agora”), o humor silencioso, sem a necessidade de sinalização (“que alegria/ bater os dentes/ no seu carinho que cresce”), também encontra no livro sua guarida. Até mesmo um involuntário diálogo com nossos tempos de pandemia ecoa no ingenuamente profético “não haverá passeio” (“hoje não me convidaram para nenhum passeio/ nem amanhã/ nem amanhã”). Na poética de Guadalupe a sobriedade reina ao conseguir manejar as emoções de forma que o medo — da vida, dos amores, do quarto escuro, da proximidade da infelicidade —, a paranoia, o desgaste da vida social, e as agruras dos gritos introspectivos possam ser expressos sem que sejam esgotados ou aprisionados em fórmulas reducionistas. Termina-se “Preocupações” sem muitas esperanças para dias de luzes e sem saber “o que vai enfim destruir a dureza”, mas há uma certeza: Ana Guadalupe se sedimenta como uma das mais interessantes vozes da nova poesia brasileira.

Da inutilidade da filosofia à utilidade da ignorância em tempos de pandemia

Após corte no financiamento das ciências básicas e humanas, filósofo responde a pergunta: Para que serve a filosofia? Por que financiamos humanidades?

Em tempos de pandemia, BBB20 é o ópio do povo

Tsunami de más notícias sobre novo coronavírus favoreceu entusiamo dos brasileiros com BBB20, que parece ser a única alternativa de amplo acesso

Canto surdo: uma leitura psicanalítica por meio da música

Obra "A Voz no Divã" de Jean-Michel Vives, autor vencedor do prêmio ŒDIPUS na FRANÇA, é lançada no Brasil Em "A voz no divã, uma leitura psicanalítica sobre ópera, música sacra e eletrônica", o autor e psicanalista Jean-Michel Vives desenvolve sua tese sobre a voz enquanto objeto primordial do sujeito, antes mesmo do seio materno - como a psicanálise tem defendido até agora. Com coerência clínica e clareza conceitual, Vives analisa os três tipos musicais, de forma audaciosa. Entrelaça esse universo às questões psicanalíticas para demonstrar como os temas desenvolvidos despertam afetos específicos no ouvinte, do mais puro prazer ao horror desmedido. Publicado em parceria pelas Editoras Aller e 106, o livro busca entender como os sons que tocam, envolvem e ressoam no corpo do sujeito permitem que se produza paisagens e presenças. Vives afirma ainda a necessidade do ponto surdo para que o sujeito possa fazer-se voz. Com a música sacra, o professor de psicopatologia clínica na Universidade Côte d’Azur (Nice – France) demonstra, usando a figura dos castrati, o quanto uma voz pode ser instrumento daquilo que alcança o além da imposição da Lei. E o quanto isso, para o ouvinte, pode ser extremamente prazeroso. Já em um segundo momento, Vives destrincha várias óperas e o papel que a diva ocupa em cada uma. Ao mesmo tempo em que analisa o que há de tão encantador nessa voz que alcança notas sublimes, questiona por que a falha da protagonista é tão odiosa para os ouvintes. Nesse ponto, também retoma o grito das sereias, enquanto sedutor e mortífero. Ao tratar dos tempos contemporâneos para falar da música eletrônica, por sua vez, o autor constrói a teoria de que o DJ ocupa o lugar do pai da horda, mas dessa vez, disposto a compartilhar algo de seu gozo. É nisso que se baseia a rave: na possibilidade do gozo compartilhado, no qual a lei é suspensa. Jean-Michel Vives dedica a última parte do livro à importância da voz como principal vetor de trabalho do psicanalista, enfatiza o caráter único e indizível do timbre de voz de cada sujeito e como esse pode apropriar-se dele pelo processo analítico. “A voz no divã” nos leva a refletir desde duas perspectivas: a primeira abre para a grande erudição de um profissional versado no que a literatura psicanalítica escreveu sobre tal questão. A segunda, para um grande conhecimento do mundo da música. Esta é a junção que deu a Jean-Michel Vives a possibilidade de propor uma visão teórica totalmente nova, em particular a respeito das razões que fundamentam o surgimento do que nomeamos voz.

Sobre o autor

Jean-Michel Vives é psicanalista e professor de psicopatologia clínica na Universidade Côte d’Azur (Nice – France). É membro do movimento Insistance em Paris e do Corpo Freudiano – RJ (Brasil). Pesquisa sobre a dimensão pulsional da voz e a gestão social do gozo a ela associado. Aborda a questão a partir das práticas artísticas (ópera, música tecno), religiosas (música sacra, misticismo), terapêuticas (dispositivos terapêuticos que implicam o uso da música e da voz) e psicopatológicas (alucinações auditivas, relação com a voz no sujeito autista). Interessa-se pela teorização dos desafios psicológicos da prática teatral. Ministra, regularmente, cursos e conferências em universidades de Nova Iorque, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Toronto. Foi também colaborador artístico de Jacques Nichet no Centro Dramático Nacional de Montpellier e no Teatro Nacional de Toulouse, no qual dirigiu, de 2002 a 2005, o Atelier Voador do Centro de Formação e Pesquisa sobre Teatro Musical. Participou, como dramaturgo, de inúmeras encenações teatrais e óperas. Seus artigos foram publicados em várias línguas. No Brasil, além de A voz no divã, Jean-Michel Vives publicou os livros A voz na clínica psicanalítica (Contracapa, 2012) e Variações psicanalíticas sobre a voz e a pulsão invocante (Contracapa, 2018).  

Romance de Raquel de Oliveira narra a vida da mulher que se tornou rainha do tráfico na Rocinha

A narrativa é eletrizante, não dá para desgrudar os olhos das páginas do livro, à espera do desfecho. Um retrato nu e cru da realidade das comunidades cariocas

Romance de Zoé Valdés é uma denúncia candente contra a tirania da dinastia Castro

Como a escritora, a personagem Pátria-Yocandra fugiu da ilha que, ao propor o paraíso, criou o inferno

Símbolo do cinema nacional nos deixa órfãos – um mês da morte de Zé do Caixão

Por Erivaldo Nery*

[caption id="attachment_111570" align="alignnone" width="620"] Zé do Caixão estará em Goiânia | Foto: divulgação[/caption] Enquanto estava acontecendo a mostra de cinema Amor, a morte e às paixões. Da qual eu participava, O cinema faz referência às coisas humanas da mostra que aconteceu no Cine Lumiere, organizado pelo Gerson Santos e Lisandro Nogueira. “Na ocasião eu autografei o livro de minha autoria Sétima arte e Set de filmagem, editado pela editora Kelps em parceria pela editora Puc. Crítico de cinema e ex- da Ancine.no dia 19 de fevereiro deste ano. Um grande mestre do cinema do gênero de terror, sempre valorizado no cinema pelo os criadores das produções cinematográficas, com veteranos e às novas gerações do cinema nos anos seguintes, a admirado pelos estudantes de cinema e jovens cineastas ao o cineasta Zé Mojica Marins.  Chegou e veio à Goiânia para contribuir com cinema nacional, dando oficinas como maquiagem de cinema, exibindo seus filmes no Cine Cultura. Lançando um livro mostra sua trajetória na sétima arte. “Foi de suma importância sua vinda inúmera vezes à Goiânia. Como o mestre do cinema do gênero com o gênero de Terror para contribuir culturalmente enriquecendo de formação de novas gerações de filmes de terror” MINHA RELAÇÃO COM ELE Fui em morar em São Paulo em 1985 para estudar artes cênicas, lá conheci vários cineastas importantes da época. Mas, me chamou atenção dois cineastas como Zé Mojica Martins e cineasta Clery Cunha, em que lançou vários atores de sucesso hoje na televisão, no cinema e no Teatro. Minha carreira em São Paulo começou com esses dois cineastas. No set de filmagem fui valorizado pelo ator global Turibio Ruiz. No qual eu qual eu contracenei em A hora em do medo. Lamento muito não fazer o personagem do filme Sete Ventre para um Demônio de Zé do Caixão. Uma pena que esse filme não realizado por falta de verba. Tive de fazer cinema em São Paulo com lata de filme de 35 e 16 milímetros, com ele e outros cineastas indicado por ele. Aprendi muito com esse mestre da Sétima arte. Zé do caixão, reconheceu meu talento, meu potencial como ator foi explorado em seus filmes. Quando nos encontramos em São Paulo, na avenida São João com a avenida Ipiranga ao lado do largo Paissandu tomando café e Chamates. Onde eu vivia, e frequentava, quando vivia em São Paulo.  Nossos encontros eram mais no polo de cinema também conhecido como Boca do lixo, lá fiz muitas amizades com produtores de cinema, um momento histórico com ele era quando eu vestia nele seus casacos no bar na boca do lixo. Zé era meu amigo, pedia ajuda para mim vestir seu blazer pegando em seu braço e vestia.  Por causa de suas unhas serem muito grandes. Se fosse hoje eu tinha como registrar nossos melhores momentos, naquela era difícil revelar o negativo, era caro, hoje não. Agora tive registros fotográficos com ele quando esteve em Goiânia. Eu tive muito tempo para conversar com ele e sua filha Liz Martins, produtora de cinema. *Erivaldo Nery é ator-poeta premiado, diretor teatral, professor de Artes Cênicas, dramaturgo premiado, cineasta, autor de vários livros publicados , compositor musical e jornalista filiado à AGI. Diretor-presente da CIA de Teatro Olho cênico, e dá EN Produções – Produtora Cinematográfica.

15 discos que todo mundo precisa ouvir uma vez na vida

Hábito de ouvir disco de cabo a rabo olhando para a parede pode muito bem ser resgatado nestes dias difíceis de isolamento social

Saramago prova que as histórias para crianças devem ser leitura obrigatória para adultos

“A Maior Flor do Mundo” convida o adulto a deixar de ser adulto por um tempo e recuperar o menino perdido dentro de todos Soninha dos Santos Especial para o Jornal Opção Certo dia, passando a mão pelas prateiras de uma livraria, na parte dedicada a crianças, um nome me chamou a atenção: José Saramago. Depois, retirei o livro da estante e prestei atenção à capa: uma criança no canto inferior, do lado esquerdo, olhando para o alto, sem antes seguir a direção de uma fita métrica medindo o que parece ser a haste de um bambu. Toda a ilustração segue assim, misturando técnicas que João Caetano demonstra conhecer muito bem e, o mais interessante, depois do susto, perceber que tudo foi, milimetricamente pensado, para compor o texto de Saramago, Nobel de Literatura. José Saramago inicia seu belíssimo texto afirmando que “as histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas”. Então, o mestre se queixa dizendo que tem pena de si mesmo por nunca ter aprendido essas palavras. Mal sabe ele que, com tais palavras iniciais, qualquer criança se mostraria interessada pelo texto, pois suas palavras iniciais são um convite ao desconhecido, à leitura de um texto diferente do que até então lhes é apresentado. Se a ele, como diz, falta paciência para escolher palavras, à criança não falta curiosidade, vontade de conhecer o novo e reinar sobre ele. O tempo todo, durante a narrativa poética por excelência, Saramago pede desculpas e, por isso mesmo, o leitor quer ir adiante, ver onde vai dar todos os seus questionamentos e todas as suas incertezas. Quer ganha nesse embate é o leitor, brindado, página por página, por um texto forte, leve e que nos remete à mais tenra memória da infância. À memória das histórias e dos causos. À memória da poesia que perdemos ao crescer. Saramago nos convida a buscar, com o menino anônimo da história, essa flor, a maior do mundo, a flor da nossa consciência humana, em tempos onde a humanidade está cada vez mais distante dela mesma. “A Maior Flor do Mundo”, de José Saramago (Companhia das Letrinhas), nos convida para deixarmos de ser adultos por um tempo e recuperar o menino perdido dentro de todos nós: aquele menino que procura incansavelmente, a maior flor do mundo. Fica a dica. Você só tem a ganhar com a leitura desse livro. Soninha Santos é professora de literatura infantil e juvenil. https://youtu.be/YUJ7cDSuS1U

Hipertemia, de Hugo Brockes: um romance quase profético, antecipa a tragédia do coronavírus

O ex-publicitário escreve um romance, que, discutindo questões políticas, da esquerda, contém informações que parecem ter sido escritas hoje

O pianista Oriano de Almeida é autor de um livro admirável sobre Claude Debussy

A obra resgata a história do compositor francês e relata o encontro do imperador Pedro II com o escritor Victor Hugo

Castelo Rá-Tim-Bum ensinou em 1994 que é preciso lavar as mãos

Há 26 anos, brasileiros tinham primeiro contato com um programa infantil da TV Cultura que marcaria uma geração por muitos motivos, mas também pelo conteúdo educativo

Favoritismo de Prior no BBB e a admiração dos brasileiros por ícones “sincerões” que ultrapassa o reality

Brother se tornou favorito por "falar o que pensa". Já vimos esse filme antes: no próprio programa e na política recente. Confundimos política com BBB, o inverso ou há conexão?