Imprensa
Pelo menos seis brasileiros são considerados “fidelistas” em Cuba: Lula da Silva, Dilma Rousseff, José Dirceu, Chico Buarque, Fernando Morais e Frei Betto. “Fidel e a Religião” (de 1985) resulta de uma longa entrevista feita pelo dominicano brasileiro Frei Betto. O livro se tornou best seller internacional. Em Cuba, entre crentes e ateus, se tornou uma espécie de bíblia. Cada resposta de Fidel Castro é um “versículo”. Na quarta-feira, 28, o jornal mais importante do País, o “Granma” — porta-voz do Partido Comunista Cubano, quer dizer, da família Castro —, noticiou, com destaque, novo encontro entre Fidel Castro, de 88 anos — consta que com lapsos de memória, quase demenciando —, e Frei Betto, da Igreja Católica.
O encontro entre Fidel Castro e Frei Betto ocorreu na terça-feira, 27, em Havana (por questões de saúde, o longevo ditador não sai mais de Cuba). “O companheiro Fidel e o destacado intelectual brasileiro Frei Betto sustentaram na tarde de ontem [terça-feira] uma conversa amistosa, durante a qual abordaram variados temas nacionais e internacionais”, sublinha o “Granma”. Quais temas depreende-se que sejam segredo de Estado. “O encontro se desenvolveu num clima afetuoso, característico das amplas e fraternais relações existentes entre Fidel e Betto”, acresceu o jornal.
Cubanos sugerem que, embora muito doente e meio desconectado da realidade, Fidel Castro ainda é a autoridade suprema da Ilha. Raúl Castro, antes de tomar alguma decisão importante, visita o homem que liderou a Revolução de 1959 e lhe pede orientações sobre quais caminhos trilhar. Tolo aquele que acreditar que a aproximação com os Estados Unidos tenha se dado única e exclusivamente pela boa vontade de Raúl Castro e por sugestão do papa Francisco, da Igreja Católica.
Na segunda-feira, 26, Fidel Castro disse que não rejeita acordos, como o feito recentemente com os Estados Unidos, que provavelmente colocará fim ao embargo econômico — que, na prática, só existe porque Cuba não tem dinheiro para comprar mercadorias no mercado internacional (quem tem, como o Irã e a Rússia, burla quaisquer embargos) —, mas frisou que permanece “desconfiado” do velho “inimigo”. Washington, mais maleável, viu a fala de Fidel Castro como um “sinal positivo”. Uma porta aberta, quase escancarada. Fidel Castro, como discípulo mais de Maquiavel e Hobbes do que de Marx (que, como as obras de Fernando Henrique Cardoso, não serve para o dia a dia da política e da economia), sabe que não se arromba portas abertas.
Aposta-se que o estabelecimento de relações abertas entre Estados Unidos e Cuba com Fidel Castro ainda vivo — acreditava-se na suspensão do embargo tão-somente depois de sua morte (o embargo é um dos fatores responsáveis pela longevidade da dinastia Castro no poder) — tende a contribuir para liberalizar, aí de modo definitivo, o regime pós sua morte. Raúl Castro, visto como um “duro” devido à sua história como executor-mor da Revolução, é interpretado pela diplomacia internacional como menos culto do que o irmão, porém mais maleável a um sistema menos fechado. A tese de uma mini-China no Caribe é de Raúl Castro, não de Fidel Castro.
Curiosidade: as pernas de Fidel Castro parecem mais finas do que de hábito.
O jornalista Wilson Silvestre, ex-Jornal Opção e ex-“O Popular”, tomou posse no cargo de diretor de Monitoramento de Comunicação do governo do Distrito Federal na sexta-feira, 23.
Wilson Silvestre trabalhou, nos últimos quatro anos, como gerente setorial de comunicação da extinta Secretaria de Agricultura do governo de Goiás. “Trabalhar com o competente Antônio Flávio Camilo de Lima foi uma grande experiência. Trata-se de um executivo bem informado e preparado”, frisa.
Em Brasília, o jornalista mantém ligações com o deputado federal eleito Rogério Rosso (PSD) e com o senador Gim Argello (PTB). Em Goiás, é ligado, politicamente, ao governador Marconi Perillo (PSDB) e ao deputado federal Vilmar Rocha (PSD).
[Foto do Facebook do jornalista]
O chefe de redação de “O Estado de S. Paulo” no Rio de Janeiro, José Luiz Alcântara, de 65 anos, morreu de infarto na segunda-feira, 26. Ele trabalhou quase 15 anos no jornal, foi repórter do “Jornal do Brasil” e chefe de reportagem e de redação de “O Dia”.
José Luiz Alcântara deixa um filho, Maurício, e a mulher Lívia Ferrari.
O jornalista era filho do escritor e jornalista Nertan Macedo, que escreveu um livro sobre as mortes no tronco em Dianópolis, no início do século 20, em Goiás (hoje Tocantins). A história é a mesma que foi romanceada por Bernardo Élis em “O Tronco” e analisada por Osvaldo Póvoa e pelo juiz Abílio Wolney (atua no Poder Judiciário goiano).
[Fotografia do Portal dos Jornalistas]
Adalberto de Queiroz
Numa crônica que poderia classificar como aguda, o escritor Otto Lara Resende dizia que todos temos “direito ao tédio”.
Seu argumento — se isso é matéria de preocupação do cronista (decisão que deixo para especialistas) — vem de tecer o curto fio da meada com Afonso Arinos, Drummond, até chegar a Paul Valéry (síntese):
“Les événements m’enuient”
(Os acontecimentos me entediam). “Ou me chateiam, na tradução livre”, diz o Otto em sua página de 1991.
— “Outro dia me apanhei bocejando de tédio diante da televisão”, diz o cronista que era do tipo insone. É o bastante em matéria da Razão para me fazer refletir sobre como outro grande — o poeta gaúcho Mario Quintana traduzia esse tédio. E sobre a política (a realidade) o que tens a dizer, poeta? — teria lhe perguntado um jovem repórter.
— Ah, eu nada tenho a ver com ela. Só estou imerso na realidade. É tudo.
E se não foi exatamente isso que disse o poeta gaúcho, assim é que me entrou o dito memória adentro; sendo o caldo que me resta na memória, e com o qual desejo levar o leitor, agora, a pensar sobre o episódio de nosso alcaide contra o humorista (Garcia versus Jorge Braga — prefeito vs. humorista de O Popular).
(...) Ah, sim, agora recuperei os versos do Quintana:
Soneto V
Eu nada entendo da questão social.
E faço parte dela, simplesmente...
E sei apenas do meu próprio mal,
Que não é bem o mal de toda a gente,
Nem é deste Planeta... Por sinal
Que o mundo se lhe mostra indiferente!
E o meu Anjo da Guarda, ele somente,
É quem lê os meus versos afinal...
(...)
E este cronista-blogueiro, poeta-menor, imerso que está nessa coisa chamada realidade política, vê na crônica de Otto uma acuidade, uma agudeza notável, que a faz tornar viva.
Viva no justo momento em que o partido do nosso prefeito municipal tenta impor ao país sua vontade de controlar a imprensa, surge uma polêmica que intitulei “Garcia versus Braga”.
E assim sinto-me como o Quintana (aquele diante da questão social), ou como o Otto Lara Resende (este diante da pena-de-morte). Semelhante a tantos outros, diante da mesmice da discussão sobre censura em nosso país (e alhures): “Dessa discussão não nasce Luz, só perdigotos" (O.L.R.) . E, portanto, a crônica de Otto se reedita, pois, morro de tédio.
Afinal, “le monde est frivole et vain, tant qu’il vous plaira. Pourtant, ce n’est point une mauvaise école pour un homme politique", afirmava o escritor Anatole France em outro contexto. Sou forçado a concordar que “Ah, o mundo — o mundo é frívolo e vão, de tal modo que até ao choro pode nos levar. No entanto, não é de modo algum má escola para um homem político...”.
Veja, sr. prefeito, aonde nos leva a escola do mundo.
E se a algum leitor, a quem a política não tenha destituído ainda o senso de humor (e espero que nunca detenha o direito) de rir ou chorar; se para esse leitor persiste válida a crença de que uma charge não pode nos fazer entrar em choque com a crença maior nos valores da democracia, repito: o tédio não ataca nem por tão pouco o riso se aplaca... Vivamos o direito de sorrir e chorar, sem censura!
E mesmo que pareça “off-topic”, finalizo recomendando (re)leitura de um texto famoso (agora reabilitado por Daiana, em administradores.com) intitulado “Mensagem a Garcia” — algo que só um herói (como diz a Daiana no blog linkado — “...o herói é aquele que dá conta do recado: que leva a mensagem a Garcia! - seja humorista ou anônimo portador de u’a mensagem importante.
Porque Braga não é Rowan, o alcaide só tem Garcia no sobrenome, mas a história vale a pena pelo que nos ensina sobre valores hoje tão ausentes — “Mensagem a Garcia” é uma expressão corrente, para designar uma tarefa muito difícil e espinhosa, mas que é absolutamente necessária, e precisa ser realizada de qualquer maneira, sob risco de grandes perdas para a empresa”.
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Post-Post.: Aos advogados do alcaide, ressalto que, em princípio, trata-se o último de texto não-censurável, pois que corre mundo em diversos idiomas, de autoria de Helbert Habbard (1899). Confira: http://bit.ly/1Jz9Lei.
Adalberto de Queiroz é poeta.
Na edição de domingo, 25, de “O Popular”, o chargista Jorge Braga publicou um cartum no qual dois homens dialogam. Um deles diz: “Dizem que a Prefeitura de Goiânia está uma zorra”. Outro explica o motivo da crise: “Culpa do sargento Garcia”. Atrás dos dois “críticos” está o Zorro, o inimigo figadal e desastrado do Zorro — daí o uso, pelo cartunista, da palavra “zorra”. O prefeito Paulo Garcia (PT) reagiu de maneira indignada, possivelmente sem refletir a respeito de que um “quadrinho”, como um charuto, às vezes pode ser tão-somente um quadrinho — sem intenções malévolas por trás.
No Twitter, depois de voltar a responder seus críticos, Paulo Garcia escreveu: “Desculpem o desabafo. Penso que quem mereceria um pedido de desculpas pelo exagero seria eu por parte da direção do veículo. Tudo tem limite”; “Somente agora tive tempo de ver a charge de O Popular de hoje (ontem). Fora de contexto, uma vez que a cidade vive sem nenhuma excepcionalidade”; “Com todo respeito que merece o cartum me parece matéria encomendada e desrespeitosa. Aliás, conduta que tem ultrapassado o limite do razoável”.
Nas entrelinhas, mais do que nas linhas, Paulo Garcia está acusando alguém — possivelmente o governador Marconi Perillo ou o presidente da Agetop, Jayme Rincón — de manipular o chargista. Não parece ser o caso. Tanto que a cúpula do “Pop” esclareceu que o trabalho “expressa a opinião do chargista e que o jornal preza pela liberdade de manifestação e expressão”. É possível que um editor — ou editora — tenha pedido a charge. Porém, como está assinada, a responsabilidade é mesmo de Jorge Braga.
A rigor, charges são mesmo exageradas, mas a de Jorge Braga, no caso, é até ingênua e leve. A gestão de Paulo Garcia de fato é mal avaliada, embora o prefeito não seja tão desastrado quanto o sargento Garcia — e moralmente é, até o momento, inatacável.
A manifestação do prefeito talvez tenha sido mais desproporcional do que a charge em si e chamou a atenção ainda mais para o suposto problema de que “a prefeitura de Goiânia está uma zorra”. Se não está, no lugar de buscar motivos ocultos na charge, o prefeito deveria ter mostrado porque a cidade, ou a prefeitura, não está uma “zorra”.
Porém, o fato de ser desproporcional, não significa que a manifestação do prefeito não é legítima. É. Na democracia, pelo menos, as partes que se sintam agredidas têm o direito de se defender. Ele o fez. Talvez tenha cometido algum exagero, mas tem o direito de defender sua administração e, também, sua pessoa.
A reação da editora-chefe do “Pop”, Cileide Alves, parece tão ou mais exagerada do que a do prefeito. A jornalista, em geral ponderada, disse que a reação de Paulo Garcia segue na “onda antichargistas”. Trata-se de uma referência ao atentado à redação do jornal “Charlie Hebdo”, de Paris. Não há comparação. O prefeito rebateu uma crítica, expressando sua opinião — até exigindo uma retratação indevida —, mas em nenhum momento exigiu a cabeça (real ou metaforicamente) do chargista Jorge Braga.
O que Paulo Garcia deveria fazer de verdade era rir da charge, como todos certamente fizeram e fazem, inclusive seus aliados. Se tivesse rido, se não tivesse visto um conspiração — possivelmente, inexistente —, a repercussão da charge de Jorge Braga teria sido bem menor. Quem deu repercussão à crítica, mais bem humorada do que ranzinza, não foi nem o jornal e nem Jorge Braga, e sim o prefeito, seu maior vulgarizador.
Iúri Rincón Godinho
Joffre Marcondes de Rezende morreu hoje e será enterrado amanhã (27 de janeiro), no Jardim das Palmeiras. Era simplesmente uma das cinco pessoas vivas mais importantes na medicina goiana e um dos últimos pioneiros de Goiânia — chegou à capital em 1954.
Fundador da "Revista Goiana de Medicina", ex-presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia e um médico que escrevia fácil e corretíssimo, melhor que muito jornalista — deixou vários livros e artigos. Extremamente culto, sempre me apoiou. Quando em 2003 lancei a "História de Medicina em Goiás", pacientemente me orientou. Quando fui curador do Museu da Medicina, mandou um cheque para ajudar na obra sem avisar e sem pedir nada. Quando lancei a revista Medicina em Goiás, revisava e aceitou ser diretor da publicação.
Explorei muito o Joffre. Não apenas profissionalmente. Uma vez fui atacado por uma dor de estômago que ninguém descobria. Endoscopia, colonoscopia, antiácido, comprimido verde, comprimido vermelho. Nada. Depois de passar por uma legião de gastro acabei no consultório do Joffre na Clínica do Aparelho Digestivo, ao lado Castrois Hotel. Mostrei todos os exames. Os remédios. Sem se alterar ele me passou um tranquilizante. Tomei uma semana. Sarei.
Joffre lia a alma das pessoas, assim como faz seu contemporâneo Luiz Rassi. Dizia-me (ele não aceitava que eu começasse as frases com pronome possessivo) que de cada 10 doentes, nove não tem nada. Elogiava o que chamava de minha "capacidade de trabalho". Sempre sério, sorria poucas vezes. Recebeu em vida todas as láureas profissionais e acadêmicas. Até o último momento manteve seu olhar vívido e interessado em tudo ao seu redor. Um olhar de cientista, um olhar severo. Um olhar, acima de tudo, humano.
Iúri Rincón Godinho é publisher da Contato Comunicação.
Morreu na segunda-feira, 26, em Goiânia, uma lenda da medicina brasileira (e não apenas goiana): o gastroenterologista Joffre Marcondes de Rezende (foto acima), de 93 anos. Ele era um dos maiores estudiosos mundiais da doença de Chagas.
Joffre Rezende nasceu em Piumhi, em 19 de maio de 1921, e mudou-se para Goiânia em 1954. Ele foi professor da primeira turma de Medicina da Universidade Federal de Goiás e fundador da “Revista Goiana de Medicina” e seu primeiro editor. Editou-a durante 45 anos. É também o criador da biblioteca da Faculdade de Medicina. Era um professor do estilo enciclopedista, segundo ex-alunos.
Autor de livros e artigos, Joffre Rezende era um sábio. Escrevia muito bem e sabia mais português do que muitos gramáticos. Seus textos são primorosos.
No livro “Memórias de Nossa Gente”, editado pelo médico Hélio Moreira, há um excelente ensaio-biográfico sobre Joffre Rezende. Hélio Moreira escreve: “O Dr. Joffre Marcondes de Rezende é uma figura cuja imagem de homem culto ultrapassou os limites das suas circunstâncias; no entanto, sua personalidade extremamente reservada não tem permitido que a coletividade goianiense e, por extensão, a brasileira, o conheça na sua intimidade. Gostaria de exemplar o que estou afirmando com um simples fato: em 2009, ano em que se comemorava o centenário da descoberta da doença de Chagas, a Fundação Oswaldo Cruz/Editora publicou um livro que é um marco na literatura médica brasileira; foram selecionados para figurar nesta edição os 15 mais importantes artigos publicados nos últimos 100 anos a respeito do assunto — doença de Chagas, incluindo neste rol os do próprio descobridor da doença em 1909; para nosso orgulho, um dos artigos da lavra do Dr. Joffre foi um dos escolhidos; apenas para reforçar o valor desta seleção, sabemos que até 1999 haviam sido publicados, somente no Brasil, cerca de 10.100 artigos sobre a doença de Chagas. Dr. Joffre comentou este fato com poucos e mais próximos amigos, nada foi divulgado em Goiânia a este respeito!".
Hélio Moreira, que sabe das coisas, está certo: Joffre Rezende era um grande médico, um mestre dos superiores e um homem de vasta cultura. Um humanista em tempo integral — sábio, civilizado e discreto.
[A fotografia acima é da Universidade Federal de Goiás]
“Alguém com domínio da técnica sem uma visão humanista torna-se uma pessoa perigosa”, disse o médico que reinventou o atendimento ortopédico, num hospital público, a partir de Brasília
A jornalista Ana Landi, segundo a revista “Veja”, vai lançar, em fevereiro, a biografia do médium Divaldo Franco, de 87 anos, apontado como sucessor do médium dos médiuns, Chico Xavier. Lauro Jardim, da coluna “Radar”, afirma que Franco sustenta que se comunica “com os espíritos desde os 4 anos”. Ele já psicografou 300 livros e “adotou 700 crianças e jovens”. No texto de Ana Landi, publicado abaixo, fala-se em mais de 600 órfãos.
Divaldo é o sucessor de Chico Xavier?
Pai adotivo de mais de 600 órfãos, Divaldo Pereira Franco é considerado o maior médium do país. Especialistas creem que total de simpatizantes do espiritismo supere 30 milhões
Ana Landi
O Brasil é a nação com o maior número de seguidores do espiritismo, doutrina criada no século 19 por Allan Kardec, que teve em Chico Xavier sua maior expressão no país. Segundo o Censo 2010 do IBGE, cerca de quatro milhões de pessoas são espíritas. O número é considerado subestimado, pois o instituto considera apenas quem se afirma especificamente kardecista.
Especialistas acreditam que o total de simpatizantes do espiritismo supere os 30 milhões. O cenário, no entanto, era muito diferente no início da década de 1930, quando, em uma Feira de Santana (BA) provinciana e predominantemente católica, as primeiras visões começaram a amedrontar o pequeno Divaldo Pereira Franco.
Algumas visões eram terríveis. Por vezes tão cruéis, que o menino só conseguia dormir se refugiando na cama dos pais, de mãos dadas com a mãe, dona Ana. Outras, mais amorosas, tentavam consolá-lo ou enviar recados. Uma das primeiras a se identificar foi a avó dele, Maria Senhorinha. O espírito apareceu para o menino de 4 anos, pedindo que chamasse a filha.
Divaldo não sabia o significado da palavra avó ou avô. Todos haviam morrido antes de seu nascimento. Dona Ana também não conheceu a mãe, morta por complicações no parto. Mas o filho insistiu e ela o levou correndo à casa de uma irmã mais velha, Edwirges. Lá, a tia pediu a descrição da mulher que apareceu para Divaldo e ele a descreveu com detalhes.
Desse momento em diante, Divaldo ganhou o apoio irrestrito da mãe. Com o pai, as coisas não foram fáceis. Durante anos, o homem simples, comerciante de fumo, teve um único aliado para fazer o filho parar de falar com os mortos: um chicote feito de cipó de goiabeira.
Como tudo começou
O primeiro contato de Divaldo com o espiritismo foi em 1944. Mal tinha se recuperado de uma tragédia familiar envolvendo o suicídio da irmã Nair, ele enfrentou novo golpe. Um de seus irmãos, José, morreu vítima de um aneurisma. Em poucas horas, Divaldo deixou de andar e uma paralisia o deixou preso à cama por mais de seis meses. Quem o curou foi uma famosa médium de Salvador, Ana Ribeiro Borges. Assim que o visitou, ela viu que o problema era espiritual. Seria reflexo da presença perturbadora de José. Aturdido pela morte inesperada, o moço estaria preso ao único na casa portador de mediunidade ostensiva. No mesmo dia, Divaldo voltou a andar.
A partir daí, Divaldo iniciou suas atividades como espírita e não parou mais. Mudou-se para Salvador (BA) e abraçou em tempo integral a doutrina e as ações de caridade por ela pregadas. Em maio, ao completar 86 anos, celebra também mais de 65 anos ininterruptos dedicados à população carente e à atividade mediúnica.
O médium já fez quase 15 mil palestras no Brasil e em 64 países lá fora. Psicografou mais de 250 livros que, juntos, venderam 10 milhões de exemplares. Nunca ficou com um único centavo das vendas. A renda é doada, em cartório, à sua maior obra: a Mansão do Caminho, entidade beneficente fundada há 60 anos, em Salvador.
O complexo, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, fundado em 1947, tem 83 mil metros quadrados, mais de 50 prédios e atende diariamente a quase 5 mil crianças e jovens de famílias de baixa renda do bairro Pau da Lima, um dos mais carentes e violentos da capital baiana.Tem creche, escolas de ensino fundamental e médio e cursos complementares. Mantém ainda moderno centro de parto normal e laboratório de análises clínicas. Toda essa estrutura emprega mais de 300 funcionários e 400 voluntários em caráter permanente.
Acolhimento de órfãos
O trabalho assistencial de Divaldo começou no centro da cidade, com o recolhimento de órfãos. Centenas foram chegando, jogados às portas da instituição. Com o tempo, a casa ficou pequena. Com a ajuda de colaboradores, Divaldo e Nilson de Souza Pereira, seu braço direito, compraram o terreno de Pau da Lima, à época um grande aterro sanitário. Ali, construíram tudo praticamente com as próprias mãos. As crianças continuaram chegando. Divaldo adotou, em seu nome, mais de 600. E elas continuam chegando.
(Texto extraído do site: http://irmasheila.blogspot.com.br/2013/03/divaldo-sucessor-de-chico.html)
Durante o programa “Rodada Fox”, da Fox Sports, no sábado, 24, o jornalista Paulo Vinicius Coelho, PVC, desmaiou ao vivo. Depois do susto, o apresentador Gustavo Villani esclareceu que PVC luta contra uma virose e teve queda de pressão.
“Ele teve uma queda de pressão, perdeu estabilidade e teve uma queda no estúdio. Menos mal que não foi nada grave. A gente pode garantir que está sendo devidamente atendido aqui”, afirmou Villani. Ao final do programa, PVC reapareceu e disse que havia se desidratado. “Estou com uma virose e desidratado. Junto com o calor, me fez perder o centro de mim por um instante. Mas estou bem. Amanhã tem jogo, Cruzeiro x Shakhtar, e eu tô nessa. Juro”, disse.
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Livro de oportunidade e superficial escrito por um historiador gabaritado[/caption]
Marco Antônio Villa é um dos historiadores mais brilhantes de sua geração. Pesquisa seus temas de maneira exaustiva e escreve bem, numa linguagem que, sem perder a disciplina acadêmica, o rigor com os dados, é inteligível para além dos campi universitários. “Vida e Morte no Sertão — História das Secas no Nordeste nos Séculos XIX e XX” e “Canudos — O Povo da Terra” são livros memoráveis, vazados numa prosa de escritor. “A História das Constituições Brasileiras”, embora sintético, tem seu valor, explicando, de maneira didática, as principais características de cada Carta Magna e o significado em seu tempo. “Jango — Um Perfil” é uma análise contundente do presidente João Goulart. Nada comparável à solidez de “João Goulart — Uma Biografia”, de Jorge Ferreira. Mas é um bom livro.
Porém, de repente, os livros de Villa perderam densidade. Não que sejam ruins ou desonestos. Não são. Mas o historiador rigoroso parece que, encantado pelo discurso liberal de seus “parceiros” na revista “Veja”, se tornou um “cruzado”. Digo “parece” porque ainda estou avaliando suas obras. “Um País Partido — 2014: A Eleição Mais Suja da História” é seu último livro. O objetivo de um título é “vender” reportagens e livros. Só que, no caso, o título é por demais abrangente. Claro que se trata da história do Brasil, mas isto não aparece na capa. O principal problema é que a obra não prova, comparando todos os períodos da história do País, que as eleições de 2014 foram as mais sujas “da história”. Fica-se com a impressão de que Villa escreveu uma reportagem, até apressada, e não um livro de história.
“Década Perdida — Dez Anos de PT no Poder” não é um livro ruim, mas, de novo, parece mais uma reportagem, talvez um ensaio (ou artigo) longo, do que um exame detido dos anos petistas. A obra apresenta os problemas “criados” pelo PT no poder, tanto políticos quanto econômicos, para não incluir os morais, mas um economista e um cientista políticos atentos certamente, examinando a análise de Villa e os dados do período, não concluirão que a década foi (inteiramente) perdida. É possível que concluam que, apesar de tudo, o País avançou, em vários campos, e não apenas no social. É provável que o “ensaio” de Villa seja tributário, ao menos em parte, das análises da revista “The Economist”. Faltam elementos para conclusões taxativas. Pesquisas nuançadas e distanciadas são escassas e faltam análises detidas, menos engajadas, a respeito dos governos do tucanato e do petismo. O que há são textos de combate político-ideológico.
Esta nota é uma ressalva de um leitor que respeita a massa crítica reunida por Villa, mas lamenta uma certa superficialidade nos trabalhos recentes. Sua obra abriu espaço para um certo tom panfletário.
Luiz Maklouf Carvalho, um dos mais experimentadores repórteres brasileiros e autor de livros importantes na área de história — sobre a Guerrilha do Araguaia e a respeito do PT —, lança pela Editora Record a obra “João Santana — Um Marqueteiro no poder” (252 páginas). Trata-se de um perfil biográfico.
Duda Mendonça “fabricou” o primeiro Lula, revestindo sua imagem e ideias de certa modernidade, tornando o mais clean e contemporâneo. Mas quem consolidou Lula da Silva, sobretudo depois do desastre do mensalão, foi o marqueteiro e jornalista João Santana, que arrancou o ex-presidente das cinzas e, até, de uma suposta depressão (ou pelo menos melancolia).
A segunda missão de João Santana era transformar um poste, Dilma Rousseff, numa candidata a presidente da República aceitável e “comprável”. Por ser inflexível — consta que, pessoalmente, é incorruptível (certas corrupções são mais morais do que financeiras) —, durona e intelectual, a petista era resistente ao trabalho do marqueteiro. Aos poucos, sob pressão e orientação de Lula da Silva (espécie de pai postiço para a presidente), foi aceitando ser moldada, ou ligeiramente “construída”. O resultado é que, embora não tenha se tornado muito simpática, tornou-se mais palatável e foi eleita e reeleita presidente. É provável que João Santana tenha cristalizado, sobre toda a lama pisada e repisada pelo PT e seus aliados, uma espécie de imagem de esfinge para Dilma Rousseff. Com habilidade, firmou a ideia de que se trata de uma política séria — aliás, mais técnica do que política — e não contaminada pelo lodaçal do petrolão.
A fama de João Santana alastrou-se pela América Latina e ele fez campanha em outros países. O estelar baiano parece ter tomado a fama de mago do marketing político de Duda Mendonça.
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Ao contar uma história familiar, livro resgata história da cultura europeia[/caption]
“A Lebre Com Olhos de Âmbar” (Intrínseca, 318 páginas, tradução de Alexandre Barbosa de Souza), de Edmund de Waal, é um autêntico diamante para o cérebro. Não é obra de ficção. É a história da família Ephrussi, que, após ganhar dinheiro com o comércio de trigo em Odessa, na Rússia, mudou-se para Paris e Viena, onde, assimilada, se tornou banqueira. Eram judeus refinados e investidores profissionais.
Charles Ephrussi não quis ser banqueiro e se tornou mecenas de pintores impressionistas, como Renoir e Degas, e crítico de arte. Ele convencia a elite parisiense, notadamente os milionários judeus de seu convívio, a posar para os artistas e a comprar seus quadros. Ao mesmo tempo, publicava críticas perceptivas sobre sua pintura. Logo atraiu o interesse de Marcel Proust, autor de “Em Busca do Tempo Perdido”. Tornaram-se amigos e Charles Ephrussi é, com alterações típicas formuladas por ficcionistas do primeiro time, Charles Swann.
O objetivo de Edmund de Waal é contar a história da coleção de 264 netsuquês — esculturas em miniaturas feitas (de marfim e madeira) por artistas japoneses — que Charles Ephrussi, seu parente, comprou no século 19, em Paris. Quando o banqueiro Viktor Ephrussi e Emmy se casaram, Charles Ephrussi presenteou-os com os netsuquês.
Quando Hitler anexou a Áustria, em 1938, os nazistas tomaram todos os bens de Viktor Ephrussi, que foi obrigado a se mudar para Londres. A família ficou sem nada. Não se falou mais dos netsuquês. Porém, mais tarde, ao visitar Viena, Elisabeth, filha do ex-banqueiro, encontrou-se com Anna, ex-empregada da família. Ela havia escondido os netsuquês.
Elisabeth Ephrussi, formada em Direito e amiga de Rilke, com quem trocava cartas sobre o fazer poético, levou os netsuquês para a Inglaterra e, de lá, seu irmão Ignace “Iggie” Ephrussi levou-os de volta para o Japão. Edmund de Wall, que é ceramista e professor da Universidade de Westminster, herdou os netsuquês, que voltaram a Londres.
A capacidade narrativa de Edmund de Waal, que envolve o leitor com rara delicadeza, é o forte do livro. Resulta que a obra é um qualificado painel cultural do século 19, sobretudo, e do século 20. Uma pequena obra-prima — com rara percepção para o detalhe relevante —, que, acredito, Proust adoraria.
Na orelha do livro há um erro. Proust não foi secretário de Charles Ephrussi. A editora confundiu-o com Jules Laforgue.
Trecho do livro de Edmund de Waal em que cita Proust e o caso Dreyfus
Paris havia se transformado para Charles [Ephrussi, imagem acima]. Ele era um mondain de portas fechadas, um mecenas no ostracismo por decisão de alguns de seus artistas. Imagino como deve ter sido, e lembro-me de Proust escrevendo sobre a raiva do duque de Guermantes:
“No tocante a Swann (...) dizem-me agora que ele é abertamente dreyfusista. Eu jamais teria acreditado nisso da parte dele, um epicurista, um homem de juízo prático, um colecionador, conhecedor de livros antigos, membro do Jockey, um homem que desfruta do respeito de todos, que conhece todos os bons endereços e costumava nos mandar o melhor vinho do porto que se pode desejar, um diletante, um homem de família. Ah! Estou muito decepcionado.”
Em Paris vasculho os arquivos e trafego entre casas velhas e escritórios, vadiando pelos museus, ora a esmo, ora com excesso de propósitos. Estou planejando uma viagem na memória. Tenho o netsuquê de um lobo malhado no bolso. É quase estranho demais ver como a figura de Charles está entrelaçada à figura que Proust constrói de Swann.
Continuo indo aos lugares onde as vidas de Charles Ephrussi e de Charles Swann se interceptam. Antes de iniciar minha jornada, eu já sabia que em linhas gerais meu Charles era um dos dois principais modelos do protagonista de Proust — o menos importante dos dois, segundo dizem. Lembro-me de ter lido um comentário desdenhoso sobre ele — “um judeu polonês (...) robusto, barbado e feio, seus modos eram graves e rudes” — na biografia de Proust publicada por George Painter nos anos 1950 e toma-lo ao pé da letra. O outro modelo admitido por Proust era um encantador dândi e homem da sociedade chamado Charles Haas. Um sujeito mais velho, que não escrevia e não colecionava.
Se era preciso admitir existir um primeiro dono do meu lobo, preferiria que fosse Swann — motivado, amado e gracioso —, mas não quero que Charles desapareça em meio às fontes, que ele vire uma nota de rodapé. Charles se tornou tão real para mim que receio perdê-lo nos estudos de Proust. E me importo demais com Proust para converter sua ficção em uma espécie de acróstico da Belle Époque. “Meu romance não tem chave”, disse Proust diversas vezes.
Tento mapear as correspondências diretas que meu Charles e o Charles ficcional compartilham, o delineamento de suas existências. Digo ‘diretas’, mas quando começo a passa-las a limpo, elas se revelam uma lista e tanto.
Ambos são judeus. Ambos são homens du monde. Possuem relações sociais que vão da realeza (Charles levara a rainha Vitória para passear em Paris, Swann é amigo do príncipe de Gales), passando pelos salões, até os ateliês dos artistas. São amantes da arte profundamente apaixonados pela Renascença italiana, em especial Giotto e Botticelli. Ambos são experts no misterioso campo de medalhões venezianos do século XV. Colecionadores, mecenas dos impressionistas, deslocados ao sol na festa do amigo pintor junto ao rio.
Ambos escreveram monografias sobre arte: Swann sobre Vermeer, meu Charles sobre Dürer. Usam sua “erudição em matéria de arte (...) para aconselhar damas da sociedade sobre quais quadros comprar e como decorar suas casas”. Tanto Ephrussi quanto Swann são dândis e ambos são Chevaliers da Légion d’honneur. Suas vidas haviam passado pelo japonismo e chegado ao novo gosto pelo estilo Império. E eram ambos dreyfusistas que descobriram que suas vidas cuidadosamente construídas estavam profundamente rachadas por seu próprio judaísmo.
Proust jogou com a interpenetração do real e do inventado. Seus romances possuem um arsenal de figuras históricas que aparecem como elas mesmas — a madame Straus e a princesa Mathilde, por exemplo — mescladas com personagens reinventados a partir de pessoas identificáveis. Elstir, o grande pintor que abandona sua paixão pelo japonismo para se tornar um impressionista, possui em si elementos de Whistler e de Renoir, mas é dono de outra força dinâmica. De modo similar, os personagens de Proust postam-se diante de quadros reais. A textura visual dos romances abarca não só referências a Giotto e Botticelli, Dürer e Vermeer, além de Moreau, Monet e Renoir, mas também o ato de ver pinturas, o ato de colecioná-las e lembrar como foi ver determinada coisa, com uma lembrança do momento dessa apreensão.
Swann capta semelhanças de passagem: Odette e um Botticelli, o perfil de um soldado durante uma recepção e um Mantegna. Assim como Charles fazia. Não posso deixar de me perguntar se minha avó, tão composta, tão alinhada em seu vestido branco engomado naqueles caminhos de cascalho do jardim do chalé suíço, sabia o que fizera Charles se agachar e fazer um carinho no cabelo da irmãzinha bonita e compará-la ao seu Renoir da ciganinha.
E enquanto Swann, ele é divertido e encantador, mas possui algo reservado, “como um armário trancado”. Move-se pelo mundo deixando as pessoas mais atentas às coisas que ele ama. Penso no modo como o jovem narrador, apaixonado pela filha de Swann, visita sua casa, é recebido com muita cortesia e é apresentado a sua sublime coleção.
Esse é o meu Charles, submetendo-se a agruras infinitas para mostrar livros ou quadros aos jovens amigos, a Proust, escrevendo sobre objetos e esculturas com acuidade e honestidade, animando o universo das coisas.
(O longo trecho do livro “A Lebre Com Olhos de Âmbar” está entre as páginas 103 e 106. Proust é citado várias outras vezes, inclusive lamentando a morte de Charles Ephrussi, seu amigo, aos 55 anos)
A “Piauí” deste mês publicou dois textos muitos bons. “O irmão brasileiro”, escrito por Fernando de Barros e Silva, é sobre a peregrinação de Chico Buarque, autor do romance “O Irmão Alemão”, em busca da história de seu irmão Sergio Günther, na Alemanha. “O Palestrante Cético” é um perfil, assinado por Rafael Cariello, do economista Eduardo Giannetti.
O clima entre Chico Buarque e Fernando de Barros, autor de um opúsculo de qualidade sobre o compositor-cantor, é, percebe-se no texto, de camaradagem. Mas qualquer repórter é uma espécie de escorpião. Em Berlim, Chico Buarque encontra-se com uma filha de Sergio Günther, Kerstin Prügel, com a filha desta, Josepha Prügel, e com uma das ex-mulheres do irmão, Monika Knebel. Todas ganharam presentes do brasileiro. Menos Michael, marido de Kerstin, cujo sobrenome não é mencionado (deve ser Prügel).
Chico Buarque esclarece que a cachaça comprada para Michael havia sido apreendida em Paris, no aeroporto. “Fiquei com a sensação de que havia acabado de inventar a história”, diz o às vezes sutil Fernando Barros.
Depois, Chico Buarque diz que Josepha Prügel, sua parente, “lembra a Scarlett Johansson, com um pouco de boa vontade”. Fernando Barros, meticuloso, registra tudo. Sobre a sobrinha, Kerstin Prügel, o escritor diz que tem “cabeça de manga”.
Como a família alemã não entende português, portanto não vai ler a “Piauí”, Chico Buarque e Fernando Barros, assim como os leitores, podem rir em paz.
Curiosidades da vida. Na edição de sexta-feira, 16, do “Valor Econômico”, na resenha “McEwan em obra burocrática”, Tatiana Salem Levy detonou “A Balada de Adam Henry”, do inglês Ian McEwan, numa leitura superficial e apressada do romance. Talvez seja aquela história de pegar um “grande” para sugerir capacidade de divergir de críticos mais gabaritados.
É provável que a crítica de Tatiana Salem a McEwan, se se tirar o nome deste, é adequada para o romance da escritora brasileira. Ela está falando de si, quem sabe, ao falar do outro.
Na “Folha de S. Paulo” de sábado, 17, Luís Augusto Fischer, um dos principais críticos brasileiros da atualidade — que alia talento e coragem —, escreveu, na resenha “Tatiana Salem Levy erra a mão em livro de poucos elementos”, que o romance “Paraíso” é frágil. “Um começo espetacular, num romance fraco, com vários problemas, que termina péssimo. (...) O romance erra a mão em quase toda a linha.”
