“Alguém com domínio da técnica sem uma visão humanista torna-se uma pessoa perigosa”, disse o médico que reinventou o atendimento ortopédico, num hospital público, a partir de Brasília

Herbert Vianna sofreu um acidente grave e, mesmo assim, conseguiu voltar aos palcos, com sua música poderosa e criativa. Joãosinho Trinta (já falecido) conseguiu voltar à avenida para comandar o carnaval, a festa mais popular do País. Como? Graças ao tratamento feito no Hospital Sarah Kubitschek — o grande inspirador do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo, de Goiânia. A Rede Sarah de Hospitais foi construída, enfrentando a incompreensão quase geral, sobretudo o corporativismo — que às vezes não pensa no interesse da sociedade e não raro torce pelo quanto pior, melhor —, graças à energia e competência de um indivíduo, o médico ortopedista Aloysio Campos da Paz Júnior. Devido aos múltiplos talentos de Aloysio Campos da Paz, à sua capacidade de transitar em vários setores, inclusive os políticos, o Sarah Kubitschek se tornou uma referência nacional e, mesmo, internacional. Aloysio Campos da Paz morreu em Brasília no domingo, aos 80 anos, de insuficiência respiratória.

Numa entrevista concedida ao “Correio Braziliense”, Aloysio Campos da Paz disse: “Alguém com domínio da técnica sem uma visão humanista torna-se uma pessoa perigosa”.

A diretora da Rede Sarah, Lúcia Willadino, disse ao “Correio”: “Ele marcou a história da saúde no Brasil, provou que dá para fazer medicina pública no país com qualidade, com humanismo”.

Segundo os jornalistas Diego Amorim e Cristine Gentil, “na área médica”, Aloysio Campos da Paz “tinha uma ideia fixa: reabilitar o ser humano, tratá-lo integralmente. Apostava no potencial do indivíduo para melhorar a sua qualidade de vida, mesmo diante de graves sequelas”. Ele era “um crítico do corporativismo e da falta de dedicação exclusiva dos profissionais do Sistema Único de Saúde, uma grande ideia, que, para ele, foi desvirtuada”, escrevem os repórteres.

O sucesso do Sarah Kubitschek indica que, ao contrário do que prega o velho marxismo de ponto de ônibus, o indivíduo tem força e energia para mudar o rumo da história. No lugar de ficar pregando mudanças estruturais, que nunca chegam, o médico Aloysio Campos da Vaz fez as mudanças que eram necessárias e construiu um hospital que, com sua excelência, contribuiu e contribui para recuperar milhares de pessoas.

Nota da diretoria da Rede Sarah

“A Diretoria da Rede Sarah expressa neste momento admiração, respeito e carinho pelo fundador da Instituição, Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior. Ao longo de mais de 50 anos de trabalho e dedicação ao projeto da Rede Sarah, aprendemos com ele a superar e a vencer os desafios, na luta constante pela qualidade de saúde pública no País. Agora, o compromisso de todos nos, que estivemos ao seu lado, é lutar pela continuidade do seu legado, consolidando os princípios que fundamentaram a construção da Rede Sarah.”