Imprensa

[caption id="attachment_114180" align="alignright" width="377"] Fogos do réveillon em Copacabana, vistos de cima do Corcovado: “Jornal Nacional” opta por edição “festiva”[/caption]
A virada do ano é notícia? Se é, de que forma? E com que nível de importância dentro de uma edição? No dia 1º de janeiro, o principal telejornal do País usou seu nobre horário para destacar as festividades pelo Brasil inteiro – por ordem de importância, Rio de Janeiro (Copacabana), São Paulo (Avenida Paulista) e o resto depois – e por todo o mundo – Nova York, Tóquio, Paris, Londres. De 42 minutos, apenas 18 foram utilizados com algo além de depoimentos sobre o ano que passou, projetos para o que acaba de começar, fogos, música, gritos e multidões concentradas.
Não que não seja importante registrar aquilo que se tornou um ritual. Se para o correr do tempo da natureza nada mudará com a completude de mais um giro de um planeta em torno de uma estrela, no imaginário das pessoas o “ano novo” é o nascimento de novas possibilidades, de refazer a vida, mudar hábitos – tudo aquilo que, na maioria dos casos, dura duas semanas, porque não há nada mais complicado a um ser vivente do que mudar sua rotina.
Talvez fosse o caso de preencher o tempo com amenidades por conta da carência de fatos relevantes ocorridos no primeiro dia de janeiro. Mas não foi o caso. O ano começou com o líder da Coreia do Norte, Kim Yong-un, dizendo que tinha um botão nuclear ao alcance das mãos, em sua mesa, insinuando que poderia atacar os Estados Unidos quando assim quisesse; no Amazonas, um ex-governador – José Melo (Pros) – teve de passar o réveillon na cadeia; houve um tiroteio na Favela da Rocinha nas primeiras horas do dia; e, à tarde, ocorreu o massacre na penitenciária de Aparecida de Goiânia.
Tudo isso foi noticiado pelo telejornal? Sim, mas com muito menos profundidade do que os temas mereceriam. Em tempos de grande interação, o jornalismo declaratório (como sempre se caracterizou o do JN quando não há interesses da empresa envolvidos) já é em si algo pobre; com pouco espaço, se torna nulo. Em suma: grande parte do “Jornal Nacional”, em termos de conteúdo, serviria bem melhor aos programas matinais da TV Globo. A primeira edição do ano se encaixaria perfeitamente na voz de Fernando Rocha e Mariana Ferrão no “Bem Estar”.
Para quem gosta de telejornal em emissora aberta, o melhor é esperar um pouco mais tarde e mudar de canal para ter ganho de qualidade: o “Jornal da Cultura”, da TV Cultura, que começa às 21h15, tem bons comentaristas para discutir os principais temas.
Em momentos de crise, é preciso pensar fora da caixa – até em relação ao sistema prisional.
Com a crise no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na semana passada, voltou ao centro do debate na imprensa local o tamanho da influência das facções do crime organizado no Estado. Até que ponto o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou o Comando Vermelho (CV) estariam “dando as cartas” nas ações que ocorrem tanto dentro como fora dos presídios goianos?
Em meio a toda a crise, o conteúdo dos diários goianos se mostrou apegado a encontrar pistas ou indícios de que esses grupos estariam por trás dos fatos ocorridos, que levaram à morte pelo menos nove detentos e podem ter causado também a morte de dois agentes penitenciários.
É importante saber com que grau está a “contaminação” do sistema pela ação dessas organizações? Talvez, mas, muito mais urgente é buscar quem possa apresentar soluções para o drama que só piora. Um jornalismo mais apurado procuraria a abordagem do tema por acadêmicos e pesquisadores em geral: será que não há nada sendo produzido cientificamente, no Brasil ou no exterior, que possa representar uma solução ou ao menos um paliativo para o quadro caótico? A imprensa deve ter também o papel de abrir o leque e trazer novas perspectivas para a discussão.
Não importa quando você ler este texto: acesse qualquer grande portal da imprensa na internet, abra o jornal preferido, ligue a TV no horário nobre ou ligue o rádio do carro naquela emissora que só “toca” notícia. A impressão que você vai ter é de que o Brasil entrou em parafuso. O título deste texto pode dar a ideia de que há uma busca de um jornalismo “Pollyanna”, de fazer o “jogo do contente”. Existe uma crítica sobre o jornalismo, segundo a qual a profissão sobrevive de más notícias. Talvez isso seja o filão de programas policiais, mas um jornalismo que deveria ir além disso.
Um grande portal nacional da imprensa esportiva pegou uma notícia de um renomado diário espanhol sobre Philippe Coutinho, o craque brasileiro do Liverpool, e a editou em português, mas sem citar a fonte. Mais grave ainda: a tradução ficou muito semelhante à publicada em um perfil no Facebook. Plágio e ausência de créditos são práticas infelizmente corriqueiras na internet, mas não se espera que ocorram tendo, como protagonistas, empresas gigantes da comunicação.

[caption id="attachment_114174" align="alignright" width="640"] Reprodução[/caption]
O ex-diretor-executivo da Central Globo de Esportes, Marco Mora, de 71 anos, morreu na quarta-feira, 4. Mora tinha 71 anos e estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista. Ele esteve na TV Globo de 1972 a 2015, quando se aposentou – antes da emissora, havia trabalhado na TV Tupi, desde 1965. Foi editor de novelas, diretor do “Esporte Espetacular”, diretor de eventos e, finalmente, diretor-executivo da Central Globo de Esportes. A causa da morte foi fibrose pulmonar, gerando insuficiência respiratória e falência múltipla de órgãos.

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