O bardo mostra que é possível fazer poesia engajada de alta qualidade

Há quem acredite que uma poesia vista como engajada tende a ser ruim. Há, de fato, poesia engajada de baixa qualidade. Assim como há poesia não engajada de má qualidade. A poesia de Adalberto Monteiro tem uma excelência rara e é, no geral, engajada.

Mas a poesia de Adalberto Monteiro, dirigente do Partido Comunista do Brasil, não é apenas engajada; aqui e ali, é também lírica. Diria que é poesia e que os penduricalhos, como a palavra engajada, não caem inteiramente bem.

Não há a menor dúvida de que Adalberto Monteiro quer e luta por um mundo melhor. Mas sua poesia não para aí, não é mero registro de lutas e sofrimentos (que, sim, aparecem nos seus textos). É uma poesia ambiciosa, altamente perceptiva, que colhe com precisão as filigranas do mundo e as venturas e desventuras do homem.

O livro “Pé de Ferro & Outros Poemas” (Fundação Maurício Grabois e Anita Garibaldi, 184 páginas) revela um Adalberto Monteiro em estado de graça com a vida, com as palavras, e sempre posicionado.

Adalberto Monteiro, de 60 anos, é formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás. Nascido no Piauí, mora em São Paulo.

Serviço/Lançamento

“Pé de Ferro” será lançado na quinta-feira, 12, às 19h30, na sede do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal de Goiás.

Lambendo a cria

Adalberto Monteiro

Nesse começo de madrugada, lambendo uma cria

Nova: meu terceiro livro de poemas. Quanto amor,

lágrimas e risos carrega… O que é um livro de poemas

senão os rastros que se deixa nas estradas pelas quais

se caminhou, ou os olhos arregalados querendo saltar

dos ossos da face para vislumbrar o futuro? O que será

um livro de poemas senão o estuário no qual desem-

bocam as alegrias e as desgraças do mundo?