Bastidores

Na semana passada, um apoiador da candidatura de Waldir Delegado Soares (PR) a prefeito de Goiânia apresentou ao Jornal Opção uma ideia que chama de “divergente”. Será exposta a seguir na sua integralidade: “Criou-se o mito de que Iris Rezende já está com vaga garantida no segundo turno. Os demais disputariam a segunda vaga. Estariam no páreo Waldir Soares, com certa vantagem, Vanderlan Cardoso, do PSB, Adriana Accorsi, do PT, e Giuseppe Vecci, do PSDB. Como especulação, é aproveitável. Como exame da realidade gera problemas insolúveis. “As pesquisas mostram um dado de maneira cabal: Iris Rezende está em primeiro lugar. É um fato, não questiono isto. Mas é preciso constatar que, desde algum tempo, há indícios de que estagnou. O delegado Waldir, pelo contrário, está em ascensão e, pode-se dizer, tecnicamente empatado como o postulante do PMDB. “O que isto quer dizer? Que, mesmo sem campanha e sem ser conhecido por todos os goianienses, Waldir Soares empatou com Iris Rezende. Pode-se sugerir, então, que, com um mínimo de campanha e exposição, é alta a possibilidade de o pré-candidato do PR superar o peemedebista. “O que as pesquisas estão dizendo é que Waldir Soares não cai e, sobretudo, está subindo. Vanderlan Cardoso disse ao Jornal Opção que o voto do delegado ‘oscila’. As pesquisas não mostram isto. Porque, desde que começaram a ser feitas, o deputado nunca caiu. Então, se oscila, não é para baixo — é sempre para cima. Se é assim, não é justo falar em ‘oscilação’. “O que tende a acontecer? É provável que Waldir Soares vai retirar Iris Rezende do segundo turno, esvaziando-o, e, deste modo, é provável que outro candidato, que tanto pode ser Vanderlan Cardoso quanto Adriana Accorsi ou Giuseppe Vecci, ou até Luiz Bittencourt ou Francisco Júnior, vá para o segundo turno. Noutras palavras, o delegado tende a tirar Iris Rezende da jogada e, ao esvaziá-lo, pode contribuir para que um postulante da base marconista, com perfil de gestor, vá para a segunda etapa das eleições.” O analista prefere não se identificar, ao menos no momento. “Primeiro, porque não tenho autorização do delegado Waldir Soares. Nem trabalho na sua equipe. Segundo, porque quero refinar minha análise, posteriormente, com uma comparação detalhada de pesquisas de ao menos dois institutos de pesquisa sérios — como Fortiori e Grupom, os que mas ‘entendem’ a política de Goiânia.”

O Jornal Opção tem sido procurado por vários advogados. Eles informam que estão interessados em formar um grupo de oposição ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Goiás, Lúcio Flávio. Os advogados afirmam que apoiaram Lúcio Flávio, mas que, além de não cumprir compromissos, está repetindo equívocos da gestão anterior. O grupo está indeciso: não sabe se espera completar seis meses ou se expõe as críticas publicamente já agora. Na próxima eleição, Lúcio Flávio vai beber do próximo veneno, quer dizer, terá a oposição tida como “oficial”, a do grupo OAB Forte, e agora do grupo que se apresenta como a Renovação Verdadeira. Experiente, Lúcio Flávio sabe que uma casa dividida não se mantém em pé por muito tempo. Se buscar a conciliação com o grupo, verificando ao menos o que tem a dizer, pode deixar de enfrentar vários dissabores — como denúncias e, quem sabe, derrotas eleitorais — daqui a algum tempo.

O deputado estadual Adib Elias (PMDB), que fala mais de Catalão do que de Goiás — como se Catalão fosse um Estado e não um município —, está numa fase radicalizada. Aproximando-se dos 70 anos, o parlamentar decidiu livrar sua língua de qualquer moderação. Recentemente, como outrora, fez um discurso duríssimo, na Assembleia Legislativa, no qual defendeu a extinção dos tribunais de contas em Goiás. Segundo Adib Elias, o Tribunal de Contas do Estado e o Tribunal de Contas dos Municípios são perdulários e se tornaram verdadeiros cabidões de emprego de parentes de conselheiros. Terminado o discurso, um deputado perguntou para um colega: “Será que se suas contas [de quando o peemedebista foi prefeito de Catalão], com irregularidades insanáveis, tivessem sido aprovadas, Adib Elias teria feito as críticas?”. O deputado, ao ouvir o parceiro de legenda, redarguiu: “Com certeza, não”.

Outubro será o mês de duas eleições. A primeira e mais quente é para prefeito dos 246 municípios de Goiás. A segunda tem a ver com a disputa pela presidência da Assembleia Legislativa — cujo orçamento, vale lembrar, é maior do que o de muitas cidades médias. Há dois nomes postos no “octógono”, com discursos agressivos e ataques nos bastidores. Há até redes de intrigas articuladíssimas, inclusive com a participação de jornalistas que trabalham nas (e fora das) redações. Até marqueteiros foram convidados para palpitar. Chiquinho Oliveira e José Vitti disputam, de maneira renhida, os votos do PSDB e dos partidos aliados (e até os das oposições). Mais articulado, Chiquinho Oliveira largou na frente, como se fosse Nico Rosberg. Ele tem mais jogo de cintura e faz mais compromissos. José Vitti é meio assim um... Felipe Massa — articula lentamente e, por vezes, põe outras pessoas para articular para ele. Isto, em política, não funciona. Hábil, acostumado às lides parlamentares, Chiquinho Oliveira transita bem entre os partidos de oposição. Isto pode levar a um consenso na formatação da mesa diretora. José Vitti, se continuar dormindo, à espera da articulação de Helio de Sousa e Talles Barreto, vai acordar “quase-presidente” da Assembleia.

O deputado federal Sandes Júnior (PP) disse ao senador Wilder Morais, presidente do PP, que prefere permanecer em Brasília, a ser vice do pré-candidato do PSDB a prefeito de Goiânia, Giuseppe Vecci. Nada contra o tucano; pelo contrário, são amigos íntimos. É que, como trabalha em rádio e televisão, e não quer deixar os empregos, nos quais ganha muito bem, o parlamentar prefere ficar na Câmara dos Deputados e atuar como radialista e apresentador de programa de televisão. Sandes Júnior deve voltar para a Câmara dos Deputados na próxima semana. Thiago Peixoto, que havia assumido para votar pelo impeachment e começara a gostar dos debates, decidiu, depois de uma viagem ao exterior com o governador de Goiás, Marconi Perillo, retornar para a poderosa Secretaria de Desenvolvimento.
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pode disputar mandato de senador ou de presidente da República (talvez seja indicado para a vice de Aécio Neves). Porém, antes de pensar no próprio projeto, terá de descascar um abacaxi do tamanho de um elefante. Sua base pretende sair com pelo menos seis candidatos a senador: Jovair Arantes, do PTB, Magda Mofatto, do PR, Lúcia Vânia, do PSB, Wilder Morais, do PP, Vilmar Rocha, do PSD, João Campos, do PRB. Nenhum dos postulantes admite recuar — o que vai gerar uma crise de grande proporção. É provável que um deles aceite ser suplente de Marconi Perillo, com o objetivo de, se o tucano for indicado para um ministério, no caso de vitória de Aécio Neves ou de outro aliado, assumir o mandato por quatro anos pelo menos. Porém, pelo menos quatro dos seis pretendem ir até o fim.

O governador Marconi Perillo (PSDB) confidenciou a políticos que, com um secretariado pequeno e com forte articulação política, não deverá proceder a nenhuma reforma estrutural de sua equipe. O tucano-chefe admite, privadamente, que não está muito satisfeito com os resultados das ações de alguns secretários — que conversam muito, reclamam demais, mas produzem pouco. Os setores mais críticos são Saúde e Educação. Leonardo Vilela, secretário da Saúde, da cota pessoal do governador, é cotado para assumir a vaga de Sebastião Tejota ou de Edson Ferrari no Tribunal de Contas do Estado. Raquel Teixeira, finalmente convencida de que as escolas públicas sob o comando de organizações sociais podem ser melhores — as chamadas escolas militares (que, a rigor, não são militares) funcionam bem, com alto aproveitamento dos estudantes e professores —, se tornou uma secretária mais “eficiente”. Mas o governo perdeu muito tempo com sua resistência. O que o tucano-chefe deve fazer são reformas pontuais no segundo escalão, com ligeiras acomodações técnicas e políticas. Até porque alguns políticos devem deixar o governo para disputar eleições nos municípios. Há uma movimentação também para que alguns de seus auxiliares ocupem cargos federais.

A candidatura de Giuseppe Vecci a prefeito de Goiânia pode ser anabolizada se alguns de seus aliados forem contemplados com cargos no governo do Estado? É possível. O fato é que o deputado federal quer pessoas envolvidas de fato com sua campanha, e não só por interesses pessoais. Mas, como os políticos são de um pragmatismo sem limite, não há como não articular em várias esferas.
O presidente do PSL, Benitez Calil, é cotado para assumir o comando da AGR. Ou uma diretoria da Goiás Parcerias. Benitez Calil que diz que deixou a articulação de Goiânia para seu filho, o deputado Lucas Calil.

A situação do PT em Goiânia é tão difícil que alguns de seus líderes avaliam que arrisca-se a eleger apenas um vereador, possivelmente Carlos Soares, que conta com uma estrutura razoável, por já pertencer ao Legislativo municipal.

Adriana Accorsi, pré-candidata do PT, é vista por pesquisadores e marqueteiros como um “nome qualitativo”. Mas eles apostam que será “massacrada”, eleitoralmente, não por seus possíveis defeitos, e sim pelo visceral desgaste do PT.

O PSL, segundo o deputado estadual Lucas Calil, fechou questão: vai bancar José Gomes da Rocha, do PTB, para prefeito de Itumbiara. “Ninguém ganha de Zé Gomes na cidade. Ele é trabalhador, não tem preguiça. É um fenômeno político-eleitoral.

Para a Prefeitura de Goiânia, a cúpula do PSL está dividida entre apoiar Giuseppe Vecci, do PSDB, Francisco Júnior, do PSD, Vanderlan Cardoso, do PSB, ou Luiz Bittencourt, do PTB. “Devemos apoiar um candidato da base do governador Marconi Perillo, e todos os citados são de sua base”, afirma Lucas Calil. Há inclusive a possibilidade de Lucas Calil disputar a prefeitura, para se tornar conhecido e ampliar o eleitorado para a disputa de 2018, quando deve ser candidato a deputado federal.

O presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa, e o líder do Governo no parlamento, José Vitti, confirmaram para colegas que o deputado Valcenor Braz vai mesmo para o Tribunal de Contas dos Municípios. Ele vai substituir Honor Cruvinel, que vai se aposentar.

Alexandre Baldy disse ao Jornal Opção que o PTN não aceitaria cargos na gestão do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Mas o PTN de Goiânia está, sim, negociando cargos com o prefeito Paulo Garcia.