Bastidores
Assuntos como privatização e tamanho do Estado são alguns dos temas discutidos pelo tucano-chefe na Europa
O governismo cobra um pouco mais de ação de Lucas Calil, Diego Sorgatto e José Antônio

Governador Marconi Perillo convenceu a presidente Dilma Rousseff que o Estado precisa de mais universidades públicas
O governador Marconi Perillo pode fazer uma ampla reforma no secretariado em dezembro. O tucano-chefe pode até remover peças importantes, as chamadas vacas sagradas, até então imexíveis na equipe. A ideia é dar uma boa sacudida no governo. Raquel Teixeira, por exemplo, é respeitadíssima. Mas tende a não conseguir implementar as OSs na Educação.
Se indicado, missão do ex-secretário da Fazenda será tornar o órgão mais proativo e menos burocrático
José Nelto teria sido iludido pelo irismo, inclusive por Iris Araújo
“É o amor, não tem motivação maior”, diz Andressa Mendonça. Cachoeira concorda: “É verdade”

[caption id="attachment_48766" align="alignleft" width="620"] Daniel Vilela e Ronaldo Caiado: eleição para o diretório começa a escolher qual candidato será apoiado pelo PMDB em 2018[/caption]
O PMDB elege seu próximo Diretório Estadual no sábado, 24. A impressão que se tem, lendo os jornais, é que se trata de uma mera disputa, envolvendo o deputado federal Daniel Vilela, o deputado José Nelto e o ex-prefeito Nailton Oliveira, para, escolhido os integrantes do Diretório, definir a executiva e, daí, o político que vai assumir a presidência do partido. Isto é a árvore, mas é preciso ver algo mais na obscuridade da floresta.
Não está em jogo apenas a disputa pelo comando do Diretório e os políticos que querem controlá-lo sabem disso. Há uma guerra, por vezes sutil, entre dois grupos que, embora rivais, eventualmente se unem para disputas eleitorais. De um lado, está Iris Rezende, que até pode ser eleito prefeito de Goiânia, mas é um político em franca decadência, no sentido de que, se tem um presente, não tem futuro. Em 2016, quando deve postular mandato na capital, terá 83 anos. De outro lado, está Maguito Vilela, de 66 anos.
Ao contrário de Iris, Maguito é um líder relutante, que fez opção preferencial pela conciliação. Há momentos em que parece que vai confrontar o peemedebista-chefe, mas, de repente, recua, postando-se num confortável segundo plano. Isto faz com que não se torne o líder que todos esperam para substituir Iris.
Entretanto, depois de relutar tanto, de ceder às pressões, Maguito agora terá de enfrentar Iris. Porque sabe que, se não o fizer, e desde já, o veterano político continuará dando as cartas, inclusive em 2018.
O projeto que está em jogo, quando se disputar o comando do PMDB, é o do governo do Estado, em 2018. O grupo que eleger o presidente agora possivelmente conseguirá bancar o candidato a governador daqui a três anos.
Se fizer o presidente do partido — está jogando com dois nomes, Nailton, seu preferido, e Nelto — e se for eleito prefeito de Goiânia, Iris terá grande chance de bancar o próximo candidato a governador.
Para 2018, Iris quer apostar num candidato que seja visceralmente antimarconista — daí sua aproximação com Ronaldo Caiado, não importando se é filiado a outro partido, o DEM, e não ao PMDB. Mas precisa ter poder para bancá-lo.
Daniel pretende disputar o governo já em 2018, tentando repetir o fenômeno Marconi Perillo de 1998. Se conseguir se tornar presidente do PMDB, derrotando os candidatos de Iris, terá dado meio passo para ser o postulante do partido.
Com o apoio de um deputado federal, Pedro Chaves, e possivelmente com os prefeitos de Aparecida de Goiânia e Jataí, para citar dois municípios emblemáticos — além de Maguito Vilela, Humberto Machado, que não estarão mais no poder, e do ex-deputado federal Leandro Vilela —, se estiver na presidência do partido, Daniel Vilela tende a ser o próprio candidato a governador do PMDB.
Entretanto, se perder o comando do PMDB para um irista, Nailton, e um quase-irista, Nelto, a situação de Daniel ficará complicada. Mas os peemedebistas estão numa encruzilhada. Um caminho, com Daniel, sinaliza para a renovação. O outro caminho é o da tradição, o do irismo.

[caption id="attachment_48764" align="alignleft" width="620"] Vilmar Rocha e João Gomes: no PSD, avalia o secretário, o prefeito de Anápolis não será julgado pelos graves equívocos nacionais do PT[/caption]
O secretário das Cidades e Meio Ambiente do governo de Goiás, ex-deputado federal Vilmar Rocha, disse ao Jornal Opção na sexta-feira, 16, que o prefeito de Anápolis, João Gomes, do PT, será bem recebido no PSD.
Vilmar Rocha frisa que, em Anápolis, o PSD pode coligar-se, na eleição de 2016, tanto com o PT de João Gomes quanto com o PSDB de Alexandre Baldy. “O PSD está na base da presidente Dilma Rousseff em Brasília e na base do PSDB do governador Marconi Perillo em Goiás. Por isso as duas alianças são justificáveis.”
“Fica-se com a impressão de que o empresário João Gomes não é um quadro orgânico tradicional do PT. Não sei se procede, mas comenta-se no meio político que suas relações com o ex-prefeito Antônio Gomide estariam desgastadas. Por isso a hipótese de troca de partido — do PT para o PSD. A mudança partidária pode ser feita em março e insisto que o PSD está ‘aberto’ para conversar com o gestor anapolino. Esclareço, porém, que não conversei a respeito com ele. O que estou dizendo é que será bem acolhido por nosso partido”, afirma Vilmar Rocha. “Sem o desgaste do PT, que tende a contaminar todos os candidatos do partido no país, João Gomes evidentemente teria mais chances de ser reeleito.”
O quadro de Anápolis, na avaliação de Vilmar Rocha, é o mais “aberto” possível. “Fala-se que o favorito é o deputado estadual Carlos Antônio, do Solidariedade. Mas ainda é cedo para se mencionar ‘favoritos’. Há políticos que são muito bons de ‘largada’, como Iris Rezende, mas não são bons de ‘chegada’. Não estou comentando especificamente o caso de Carlos Antônio, e sim de um aspecto da política: os que saem em primeiro às vezes não são aqueles que são eleitos.”
João Gomes nunca disse, ao menos publicamente, que vai deixar o PT. Mas, de fato, mantém relação estreita, em termos administrativos e laços de amizade, com o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. Os dois estão juntos na Alemanha, terra de Goethe.

As relações administrativas entre o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), são apontadas pelos dois como “excelentes”. Com frequência, trocam amabilidades. São “republicanos” — na palavra de um e de outro. O peemedebista avança e sugere que o tucano-chefe, como gestor, age como “estadista”. O que poucos sabem é que aquilo que parece tão-somente laços administrativos pode-se tornar, já em 2016, uma aliança política. Procede que o tucanato está preparando nomes para a disputa da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Pode ser, nesta ordem, o vice-prefeito do município, Ozair José; o comandante da Polícia Militar de Goiás, Silvio Benedito; ou o empresário Alcides Ribeiro. Os três não são garnisés políticos mortos. Pelo contrário, têm apelo popular. Este é, por assim dizer, o “texto”. Mas há um “subtexto”. Aparecida pode ser uma espécie de laboratório para se testar uma aliança, agora política, entre o PSDB e o PMDB. O peemedebismo lançaria o candidato a prefeito e o tucanato, o vice. Há quem aposte que Euler Morais (ou Gustavo Mendanha), do PMDB, pode ter Ozair José como vice. Se entabulada a aliança, o PT, se não aceitá-la, bancará candidato próprio.

Há indícios de que parte da imprensa não está entendendo com precisão o que o tucano Giuseppe Vecci está sugerindo sobre a disputa da Prefeitura de Goiânia, em 2016. O deputado federal e economista não está dizendo que não será candidato ou que não quer ser candidato. Sim, com certa nuance, ele pode ser o postulante do PSDB. “No momento, três nomes se destacam pelo PSDB — Jayme Rincón, Waldir Soares e Fábio Sousa. São os nomes colocados e o que posso dizer é que são consistentes. É uma fila. Pode-se ‘furá-la’? Não estou fugindo da raia, mas não estou colocando meu nome, até porque não pretendo contribuir para ‘exaurir’ os três pré-candidatos. Agora, se por um motivo ou por outros, eles se exaurirem, posso disputar. Insisto, porém, que não estou me lançando nem vou me lançar”, explica-se o tucano. Vecci sugere que o PSDB, junto com os pré-candidatos, elabore um plano de governo que possa aglutinar a base governista, não apenas o tucanato.

[caption id="" align="alignleft" width="266"] Foto: Renan Accioly / Jornal Opção[/caption]
Há sempre histórias dando conta de que o sogro do deputado federal Alexandre Baldy, Marcelo Limírio, estaria dizendo que o genro não será candidato a prefeito de Anápolis. “Meu sogro não se interessa por política, mas sempre me apoia”, sublinha o tucano. “O que posso dizer, mais uma vez, é que, sim, pretendo disputar a Prefeitura de Anápolis, em 2016, e estou começando a organizar uma equipe e a pensar na formatação de uma ampla aliança. Se o governador de Goiás, Marconi Perillo, quiser, serei candidato. Ele é a única pessoa interfere na minha candidatura, ou minha não-candidatura. Nenhuma outra pessoa interfere.”
A conversa com o repórter do Jornal Opção continuou, mas Baldy, que estava em São Paulo, voltou ao assunto: “Minha pré-candidatura está mantida. Só retiro minha candidatura se Marconi quiser”. A mulher de Baldy, Luana, o apoia integralmente. “Em 2014, ela coordenou minha campanha.” O deputado frisa que não tem receio de enfrentar o prefeito João Gomes ou o deputado Carlos Antônio.
Um jovem empresário, filho de um político nacional, comprou uma fazenda que pertencia a Célio da Cunha Bastos — falecido há alguns meses —, na região de São Luís de Montes Belos, em Goiás, e pretende produzir energia eólica. O projeto, que ainda não está em execução, supostamente terá financiamento do BNDES. O empresário, que ficou rico de uma hora para outra, esteve no local e conversou com algumas pessoas. Mas a fazenda, adquirida dos herdeiros, não estaria em seu nome.

O deputado federal-delegado Waldir Soares pôs duas ideias na cabeça e não as retira nem com fórceps. Primeira: vai ser candidato a prefeito de Goiânia de qualquer maneira. É incontornável. Segunda: as prévias do PSDB “terão cartas marcadas”, quer dizer, foram articuladas para bancar o presidente da Agetop, Jayme Rincón, ou o deputado federal Giuseppe Vecci. Não é assim que pensam o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o presidente do PSDB, Afrêni Gonçalves. Mas é assim que pensa o campeão de votos do Estado. A tese de Waldir Soares é a seguinte: se disputar as prévias e perder não poderá disputar a prefeitura. Porque, se sair do PSDB após disputar prévias, será apontado como traidor. Por isso não vai para as prévias. Vai, isto sim, sair do partido.

Há quem aposte que, se expurgado da presidência da Câmara dos Deputados, sobretudo se perder o mandato, Eduardo Cunha poderá aceitar a delação premiada. Não é sua primeira opção. Ele vai lutar, até quando der, para manter-se no comando do Legislativo — de onde retira forças para enfrentar o petismo e o Ministério Público. Porém, dependendo do desenrolar do quadro, estaria disposto a conversar abertamente com os procuradores e com o juiz Sérgio Moro. Se isto acontecer, cai a República — com as elites política e empresarial sangrando intensamente. Cunha tem gordura para queimar e não vai discutir delação premiada agora. Mas ela está no seu horizonte e cada vez menos distante. *Leia mais Eduardo Cunha teme a prisão de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, ex-Globo, e de sua filha