Bastidores

O médico Túlio Sérvio, tido como reserva moral da política de Senador Canedo, pode ser bancado para prefeito do município? Se quisesse, se mostrasse disposição — mas não mostra —, Túlio Sérvio poderia ser apoiado pelo prefeito Misael Oliveira. Como não tem vontade, o prefeito vai mesmo para a reeleição.

Numa prova de que sempre transforma aliados em adversários (e até inimigos), o empresário Vanderlan Cardoso (PSB), em 2014, optou por apoiar Simeyzon Silveira, por determinação de Ronaldo Caiado, a bancar a candidatura do médico e ex-prefeito de Senador Canedo Túlio Sérvio para deputado estadual. Em Senador Canedo, dos postes às lâmpadas, todos dizem nominam isto de “alta traição”. Humilde e pacifista, Túlio Sérvio não protesta publicamente, mas ficou chateado; afinal, é composto de carne e ossos.

O ex-prefeito de Bom Jardim de Goiás Nailton Oliveira responde a processo por improbidade administrativa e, por isso, pode não disputar o comando do PMDB. Um dos problemas de Nailton Oliveira é que sempre fala como apadrinhado de Iris Rezende. Não parece ter identidade.
Um irista diz não ter dúvida: “Estão subestimando Nailton Oliveira, mas ele é o nome que Iris Rezende quer ver no comando do PMDB”.

O ex-deputado estadual Lívio Luciano, um dos principais iristas goianos, está na chapa de José Nelto na disputa pelo comando do PMDB. Porém, se o postulante a presidente for Iris Rezende, Lívio Luciano o apoia sem pestanejar. O ex-deputado é um dos iristas mais consistentes e modernos. E sempre joga limpo.

De um peemedebista: “Luis Cesar Bueno, antes de planejar disputar a Prefeitura de Goiânia, vivia adulando os peemedebistas, sobretudo Iris Rezende. Agora, está nos tratando com arrogância e displicência”.

Iristas apostam que, ao criticar Iris Rezende, inclusive contrariando a orientação de seu pai, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, que cobra paciência, Daniel Vilela estaria sinalizando que pode deixar o PMDB para, em 2018, disputar o governo do Estado.
A ressalva é que Maguito Vilela não quer Daniel Vilela disputando mandato por outro partido. Ele sugere, em conversas com aliados, que o tempo de Iris Rezende está passando e, por isso, não é preciso confrontá-lo agora.
O tempo é o senhor da razão, sugere Maguito Vilela o filho.

Durante anos, Iris Rezende expurgou todos aqueles que o criticaram ou apenas não concordavam com suas diretrizes autoritárias. A lista é enorme: Mauro Borges, Henrique Santillo, Nion Albernaz, Lúcia Vânia, Irapuan Costa Junior, Henrique Meirelles e, mais recentemente, Júnior Friboi. Daniel Vilela pode ser a próxima vítima.

Nas conversas com aliados, Iris Rezende não tem economizado palavras negativas para nominar Daniel Vilela. Os termos mais leves são “garoto impertinente”, “topetudo”, “arrogante” e “surtado”.

Iristas sustentam que Maguito Vilela nunca desafiou Iris Rezende. “Em 1998, quando Iris disse que queria disputar o governo, Maguito praticamente rompeu com seus aliados, que exigiam um enfrentamento, e o apoiou”, afirma um irista. Mais duro do que Maguito Vilela, Daniel Vilela comemorou seu aniversário, na semana passada, e disse, para os aliados, que não se submeterá ao decano Iris Rezende. Daniel Vilela teria dito que ouve e respeita seu pai, Maguito Vilela, mas que não seguirá o caminho da submissão. “Em 1998, se Maguito Vilela tivesse disputado o governo, possivelmente teria sido eleito”, afirma um danielista. “Mas recuou, abrindo espaço para Iris Rezende, e o PMDB perdeu a eleição e nunca mais, desde então, fez o governador de Goiás”, acrescenta. Mas há quem acredite que, na hora agá, Daniel Vilela vai ceder, sobretudo sob pressão do pai.

Mais de um peemedebista teria ouvido de Daniel Vilela mais ou menos o seguinte a respeito de Iris Rezende, o velho cacique: “Vou enfrentá-lo e derrotá-lo para o bem do PMDB”. Iristas garantem que Daniel Vilela, depois das bravatas iniciais, vai recuar. Como todos os outros fizeram, no passado.

Um danielista aposta que a mão direita de Ronaldo Caiado agiu para lançar Iris Rezende para presidente do PMDB. Porque o democrata só tem alguma chance, na disputa pelo governo de Goiás em 2016, se Daniel Vilela não for candidato. Com Iris Rezende fortalecido, dificilmente Daniel Vilela será candidato a governador. O nome, evidentemente, será o de Ronaldo Caiado. O jornal ouviu um caiadista. “Ronaldo Caiado não se envolve nos assuntos do PMDB”, resumiu.

Na campanha de 2014, o marqueteiro Dimas Thomas orientava Iris Rezende cuidadosamente, tentando mostrá-lo como o “médico” — nos programas eleitoras —, porém, nos debates, aflorava o “monstro”, que era interpretado pelo eleitorado como o verdadeiro Iris.
Marconi Perillo, pelo contrário, não demonstrava dupla personalidade. Era simpático e apresentava seu programa e aparecia nos debates de maneira tranquila, sem gritaria e expondo suas ideias com serenidade e o máximo de clareza. Era o “médico” o tempo inteiro.
Lúcio Flávio Paiva, candidato a presidente da OAB, está muito parecido com Iris Rezende. Inicialmente, o marketing apresentou-o como “bom moço”, tranquilo — uma espécie de Lucinho-Flavinho paz e amor.
Entretanto, no primeiro debate, na Rádio Vinha FM, a máscara do marketing caiu e Lúcio Flávio se apresentou agressivo, irritadiço (com certo tom de desespero?), com extrema dificuldade de apresentar críticas e propostas consistentes.
Advogados chegaram à conclusão de que o candidato não sabe bem o que é a OAB.
O escritor escocês Robert Louis Stevenson diria que o monstro por vezes supera o médico.

A JBS, grupo dirigido pelos goianos Joesley e Wesley Batista (irmãos de Júnior Friboi), é um gigante na comercialização de carnes na Europa (já domina o mercado dos Estados Unidos, o mais concorrido do mundo). O governador Marconi Perillo recebeu a informação, no Porto de Antuérpia, que a JBS é campeoníssima em importação (e exportação) de carne. Quando o governador disse às autoridades que se tratava de uma empresa criada numa cidade de Goiás — Anápolis —, os belgas ficaram agradavelmente surpresos.
Na lida diária com os europeus, na sua turnê, o governador de Goiás, Marconi Perillo, é sempre abordado sobre política, economia e, claro, futebol. Os europeus não deixam de fazer pilhéria sobre a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo realizada no Brasil. Bem-humorado, Marconi Perillo ri e sugere que o Brasil é pentacampeão mundial de futebol e, claro, tem o rei do futebol, Pelé, que acaba de fazer 75 anos. O Brasil, em termos de futebol, é uma monarquia. Tem rei, Pelé, rainha, Marta, e príncipe, Neymar.