Por Yago Rodrigues

[caption id="attachment_70282" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
A Vila Cultural Cora Coralina recebe mais uma edição do Mercado das Coisas. Especial de férias, o evento é a última edição do semestre. Das 15h às 20h do sábado, 16 de julho, a Vila reúne o melhor da moda, arte, decoração e design. Além de diversas marcas de roupas, acessórios, arte e alimentação, o Mercado conta com as oficinas “Brinquedos Sustentáveis”, de Suellen Lima, e “Malabares Sustentáveis”, de Thaty Cunha. É só se achegar.

[caption id="attachment_70277" align="alignleft" width="620"] Reprodução / Facebook[/caption]
A bailarina e fundadora da companhia Maria Kong de Tel Aviv, em Israel, Luciane Fontanella vem a Goiânia para uma troca de experiências que potencializem o movimento, o espaço e o fluxo vital do corpo humano. De 18 a 20 de julho, Fontanella ministra um workshop de repertório da Maria Kong, na Casa Corpo. De Ribeirão Preto, ela, que já passou pela Galili Dance da Holanda, Balé da Cidade de São Paulo e, dentre outras, a Quasar Cia de Dança, compartilha do método Ilan Lev, o qual vê o corpo em movimento e este como a própria vida — “o movimento é a fonte da vida”. Realizado das 19h às 22h, a oficina tem o valor mínimo de investimento de R$ 200 e as inscrições devem ser feitas pelo e-mail [email protected].

[caption id="attachment_61659" align="alignright" width="300"] Divulgação/El Club[/caption]
Julho já está na folhinha e, desde seu início, o clube mais animado e o bar mais glorioso de Goiânia tem uma programação caprichada de segunda-feira para a semana inteira morrer de inveja.
É a festa Palafita que está de volta no calendário da cidade. Lembra-se do esquema? Tudo começa com um happy hour no Glória Bar e a folia continua no El Club.
O melhor? Dobradinha do chopp Glória e da também goiana Colombina e ainda tem P di Pizza. A dobradinha segue no El até à 1h da manhã e a noite, por lá, fica por conta dos DJs Alexandre Perini, Raul Majadas e Salomão Rezende.

Livro

A escritora Rosa Amanda Strausz reuniu as diversas vozes femininas brasileiras em prosa, verso e aforismos. Clarice, Lygia, Rachel e Ana Cristina Cesar são só algumas delas.
Elas por Elas
Autora: Rosa Amanda Strausz Preço: R$ 29,90 Nova FronteiraMúsica

On My One
Intérprete: Jake Bugg Preço: R$ 29,90 UniversalFilme

Pasolini
Direção: Abel Ferrara Preço: R$ 39,90 Imovision
[caption id="attachment_70239" align="alignright" width="400"] Reprodução[/caption]
Ao poeta e cronista Luiz de Aquino
Adalberto de Queiroz
Das idas a Corumbá de Goiás, posso lembrar-me com alegria. A minha memória ainda guarda um destes passeios, como um dia ainda envolto na neblina do tempo, descendo como um vaporzinho sobre a alma plena de alegria, como o café da tarde de hoje faz subir a razão em sua fumaça alçada da xícara como o gênio da lâmpada. Para o menino que eu fui, fazia calor, mas a lembrança de hoje tem algo da friagem dos junhos cinquentões.
A tarde de hoje talvez fosse azul, como no poema lido já adulto, em outra circunstância, tateando a cidade grande como a evitar que o corpo deixasse a alma se recolher ao covil da falta de alegria. O ondeado do verdolengo das matas em torno ao salto d'água logo se impôs ao olhar do menino como um desafio. Hoje, a onda fraca dos pingos d'água ricocheteia de uma chuveirada quentinha.
Tremia por dentro, naquela viagem (quando viagem era ir de Anápolis ao Salto de Corumbá) — tudo por conta de uma conversa, no caminho. Haveria lá, diziam os grandes, uma prova de resistência e só alguns de nós conseguiria subir ao mais alto da cachoeira; na verdade e tecnicamente, considerado apenas um “salto”: o Salto de Corumbá.
Eu, que sempre fui um medroso renitente, enxerguei logo o gigante negro e fantasiei a minha impossibilidade de realizar a subida; mentalizei o horror que seria para todos os demais vitoriosos e a chacota em que me tornaria diante — principalmente, a das meninas da caravana.
Chegamos e nos despimos. Pedi à minha irmã para me manter com a camiseta. Autorizado, senti a alegria da decisão, quando os mosquitos se esparramavam em meio à massa de meninos e meninas do convescote, como urubus diante de carniça nova. Estávamos todos mais ou menos certos de que haveria provas difíceis pelos sermões antecipados, que nos pregaram antes da aventura. Só não havíamos nos afeito às precauções naturais dos pequenos habitantes da savana goiana — os menores que mais incomodam, aprenderia mais tarde também.
Despidos braços e pernas e cabeças ao sol, serpenteamos em meio às árvores numa subida que parecia impossível de se completar. A penitência parecia maior porque nós, os pequenos; íamos ao rabo da fila indiana e sempre sobrava uma cipoada de um mais atrevido que segurava o galho até ao exato minuto da nossa passada... e seguia sorrindo para alternar-se com outro gaiato que abriria caminho à meninada.
Por dentro de mim, já havia tantas reclamações quanto arranhões no rosto. O que me salvou foi aquela camiseta que, embora puída, salvou-me de mais uma cicatriz entre as sete adquiridas à peine para tornar-me o homem que escreve esta croniqueta.
Finalmente, chegamos ao topo. Tendo obtido o êxito que os grandes esperavam ou desejavam que eu não conseguisse, senti-me um completo mateiro em meio aos maiorais. Deu-se, no entanto, que não estava a missão terminada. Lá do alto, começaram os graúdos a escorregar pelo mato, descendo o longo declive como se tivesse cada qual uma prancha sob seu corpo.
— Valha-me, deus — pensei.
Nem tempo de uma prece tive quando me senti empurrado ladeira abaixo. Aos poucos, venci o barranco e a camiseta velha parecia um trapo pronto para virar pano-de-chão, quando a água fria do rio Corumbá me gelou as carnes e o espírito. Que alívio!
Nunca mais me esqueço de que um salto não é uma cachoeira e que mosquitos não gostam de certas horas do dia à flor-d'água. Ali, fiquei tiritando calado e pensando: “Que despautério essa espécie de piquenique, não fosse a beleza do que eu via daquela mirada especial: de baixo para cima era compensador” — até mesmo para os arranhões que levaria comigo semana adentro.
Deram-nos um pão com salame e uma caneca de suco. Foi tudo que se salvou daquela tarde, mas nem por isso o café que me aquece nesta tarde de julho deixa a alma atrelada ao corpo — como a presa de um covil. Sorrio por dentro, mangando do menino medroso que visitou o Salto de Corumbá pela vez primeira, sabendo que dele não puderam maldar os mais crescidos.

Com início na sexta-feira, 8, o evento conta ainda com o Encontro dos Colecionadores das Cattleyas do Cerrado
[caption id="attachment_70235" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
Parte do calendário nacional da Coordenadoria das Associações de Orquidófilos do Brasil (CAOB), a Exposição Nacional de Orquídeas de Goiânia chega a mais uma edição e, desta vez, reúne cerca de 350 orquidófilos de todo o país no Bosque dos Buritis. Serão expostas mais de 1,5 mil plantas de 500 espécies diferentes.
Além das orquídeas, o evento contará com 13 stands de venda que reúnem mais de cinco mil plantas de aproximadamente mil espécies floradas para decoração e mudas para cultivo. Ainda serão ministrados três cursos gratuitos de cultivo de orquídeas e visitas programadas ao Orquidário da Associação e de associados.
Encontro
Paralelamente a 23ª edição da exposição, será realizado, numa parceria entre a CAOB, a Orchid Garden e Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), o I Encontro de colecionadores de Cattleyas do Cerrado, que contam com a participação de 15 colecionadores do centro-oeste, Minas Gerais e São Paulo. Parte do encontro, serão vendidas ainda mudas e plantas adultas; além de palestras técnicas sobre cultivo, produção, histórias e genealogia e mercado das cattleyas do cerrado.
Serviço
23ª Exposição Nacional de Orquídeas de Goiânia
Quando: de 8 a 10 de julho
Local: Bosque dos Buritis
Entrada franca

Bora descobrir quais as músicas mais escutadas pela equipe do Jornal Opção? É só dar play. Ave Sangria – Hey Man Break of Reality – B.Y.O.B. cover Bruna Mendez – Calor, sol e sal Coldplay – Everglow Courtney Barnett – Dead Fox Fergie – M.I.L.F. $ Kings Of Leon – Pyro Natiruts – Meu Reggae é Roots Ozzy Osbourne - Paranoid

Portador de coreoatetose, o artista da cia paulista Vidança apresenta o solo “Corpo Sobre Tela”, no Sesc Centro, pela mostra Manga de Vento
[caption id="attachment_70162" align="alignnone" width="620"] Foto: Vanessa Moraes[/caption]
O coreógrafo e dançarino Marcos Abranches apresenta “Corpo Sobre Tela”, um solo inspirado na vida e obra de Francis Bacon, na capital goiana. Portador de coreoatetose, sintoma raro decorrente de uma lesão cerebral, Abranches pensa seu estado físico, enquanto referência para o estudo da construção de sua linguagem artística corporal, o qual desenvolve desde 2003. Realizada na noite da quinta-feira, 7, a apresentação integra a mostra Manga de Vento, idealizada por Kleber Damaso, e tem como palco o Teatro Sesc Centro.
“Corpo Sobre Tela” traz o artista paulista, da cia Vidança, como pincel e, assim, ele acaba por pintar um quadro em cena. “Sou livre para o silêncio das formas e cores, na riqueza de pintar uma obra. As cores são vida. Podemos ser mais coloridos na forma de pensar”, diz ele que ainda apresenta uma performance no R³ Gabinete de Arte, na sexta-feira, 8; e realiza um bate-papo pelo “Encontro Conversado” da Casa Corpo, no sábado, 9.
Serviço
Corpo Sobre Tela de Marcos Abranches (SP)
Dia: 07 de julho
Horário: 20h
Local: Teatro Sesc Centro
Entrada: R$ 15, a inteira

[caption id="attachment_70076" align="alignnone" width="620"] Capa do álbum "O Mesmo Mar Que Nega a Terra Cede à Sua Calma", de Bruna Mendez, lançado na terça-feira, 5 de julho | Foto: Divulgação[/caption]
Yago Rodrigues Alvim
Não sai dos foninhos. Play e replay. Terça-feira, um post no Facebook e é sim um dia excelente para ser goiano, por ver o nosso som se esvair janelas afora. Veio, assim, silencioso já duma espera que mais parecia infinita. Sabe aqueles amores, “malditos, malditos”, eu mal-vos-digo, que quebram as eternas horas aflitas a fim de saber onde, quando, saber se está a fim, e nada. Daqueles feitos de Ariadne, corda e mais corda. Envolve-te em fio fino, feito grão em grão – saída de fim de mês, álcool bebericado, coisa chorada. Não. Para, nada disso. A guria ia pestanejando a vontade de abrir a janela e ver o mar fazia tempo, já estava suada do sol rachado dum sertão que se estende hoje: infinitos universais.
A gente já sabia que vinha, ora outra rezava. Prece longa, “dá logo Santo Antônio às avessas, já é julho”. Cadê música pra casório despedaçado? Coração retalhado, retaliado. Cadê injúria qualquer de terça-feira modorrenta? Dos dias brancos, coisa sem graça, crônica embrulhado em fruta apodrecida. Cadê, “meu bem”?
Esperava desde “Sem Você” que já arranhava a casa do corpo por dentro, desde muito antes. Uns três, quatro anos antes. Música de amor já findo, nem dor ressentida e nada, nada. Nada mais. Até bom dia, já rolava em baladas por aí. E veio ela, como prometia “Pensei/Qual a graça de viver sem/Se amarrar em alguém/Sem saber/Pra onde vai/E quando vem/Se você vem” ela, Bruna Mendez.
Daqui mesmo, goiana. A pauta era só para avisar que ela veio. Que voltou. E voltou com o mar nos ombros. Sabia, não? “O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede à sua Calma”.
Vai dizer se é bom ou não, das sutilezas musicais, do bê-a-bá, sei lá o quê. Crítica em estampa refinada. Tem sim, muito a dizer ainda. Mas hoje, tiro os sapatos para ouvir. Um dia, volto aí, com ela entremeada, entrevista já marcada. Por hoje, só o convite:
Aceita uma xícara de mar? Aceito Bruna Mendez.

[caption id="attachment_70065" align="alignleft" width="350"] Retrato de Lucas Zaparolli de Agustini pela artísta plástica e ilustradora Cíntia Eto[/caption]
Da capital paulista, o poeta Lucas Zaparolli de Agustini se dedica a obra “Don Juan”, de Lord Byron, a qual tem traduzido em seu doutorando na Universidade de São Paulo (USP). E é dele os versos desta "Terça Poética". “De um sopro pro pó” ganhou, especialmente para esta edição, um retrato do poeta feito pela artista plástica, ilustradora e também paulista Cíntia Eto. Quer participar da nossa “Terça Poética”, um projeto que verseia as tardes de terça-feira com poesia? Envie-nos, por meio do e-mail [email protected], os seus escritos poéticos. Eis o sopro de Zaparolli!
Lucas Zaparolli de Agustini
Da séria miséria
resta esta
desolação da ação
de desconhecer o ser.
Na areia, Reia
enxerga a cega
chama, que a chama
a um restrito rito:
um frenesi que se
sacode, a ode de
mago magro a ago-
rafobia e o money, né?
Tem independente pendente,
alergia da alegria,
azul ao sul,
e um osso só.
Que bactéria teria
afronta contra
a órfã que mofa amorfa
no pântano de antanho?
Nada sutil é útil.
O que corrompe não rompe.
Nem sempre cabe quem abre.
Mas a brecha não fecha.
Só desencanto no canto
sem voz, a vós.
Capaz de paz?
Onde o som do om?
Afeto ao feto
que parte a arte
no osso do esboço
da porta da horta.
Salve a azia da afasia!
A isca da faísca!
O beijo do brejo!
O batom sem bom-tom!
Salve tudo que aludo,
incluindo a manhã de amanhã,
mas do universo só um verso:
breca-te, Hécate!
Não ultrapasse a paz, e
nem te atrevas às trevas:
só, caminha minha
sola ao sol.
Que apontem o ontem,
e o murmúrio do futuro
pareça essa
parede sem rede:
acode a ode,
salva a alma alva,
enquanto o canto
do hoje foge.
Deixo o eixo
ao âmago do relâmpago,
pra que se rache a acha
pra um fogo logo.
Depois, ois, pois
não há ninguém, nem
nada: a cada
dádiva vã, um divã.
Do mor amor
leva Eva
um mar amaro,
e tudo dói.
Na sequência a consequência
da lavra da palavra:
bronco ronco,
faltar altar e ar.
Então cantes antes
que a mágoa n’água
se dilua — a lua
muda muda.
O miasma, a asma
é desespero, espero.
Resta esta
vida ida.
Doravante, avante.
Após, pós.
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A banda traz para os palcos do Centro Cultural da UFG golpes precisos de guitarras, batidas eletrônicas e sintetizadores aliados a uma energia hipnótica de bom humor. O show é nesta terça
[caption id="attachment_70014" align="alignnone" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
A banda Muntchako vem da capital brasileira para os palcos goianos a fim de balançar a festa La Bomba Latina com o melhor do som multiétnico, numa mistura de groove latino e afrobeat instrumental. Formado pelos músicos Samuel Mota (guitarra, synths e programações), Rodrigo Barata (bateria e samplers) e Macaxeira Acioli (percussão e samplers), o grupo se apresenta, gratuitamente, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG), na noite da terça-feira, 5 de julho.
O trio já lançou dois singles, os quais caíram no gosto dos brasilienses e tem conquistado o Brasil. “Cardume de Volume” conta com a participação especial da funkeira carioca Deize Tigrona; e “Coqueirinho Verde” foi gravada pela Cafofo Records. O Muntchako participou da coletânea “As Melhores Bandas do Mundo”, que comemorou os 20 anos da companhia teatral “Os Melhores do Mundo”, e lista ao lado do Móveis Coloniais de Acaju, Raimundos, Autoramas, Plebe Rude, dentre outros.
A banda se prepara para lançar o seu primeiro disco em vinil, que terá a produção musical de Curumin e capa ilustrada pelo mestre dos rabiscos Shiko. “O Muntchako treme na periferia de Belém, mama no forró paraibano, suinga no ska jamaicano, rebola na latinidade, faz cara de mal no rock, sensualiza no tango, sobe o morro do baile funk e afunda o pé na discoteca”, diz o percussionista.
Serviço
La Bomba Latina apresenta Muntchako
Local: Centro Cultural UFG
Data: terça-feira, 5 de julho
Horário: 20h
Entrada gratuita

[caption id="attachment_70006" align="alignright" width="300"] Diretor Gabor Kapin: "Os bailarinos estão felizes aqui no Brasil. Começamos a trabalhar e eu sinto esta energia que é muito boa e que nos deixa assim, gratos" | Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal[/caption]
Diretor de elenco, Gabor Kapin conta sobre a vida da companhia belga The Royal Ballet of Flanders ao Brasil
Yago Rodrigues Alvim
Na última semana, a companhia belga The Royal Ballet of Flanders veio a capital goiana. Em apresentação única, a companhia encheu o Teatro Rio Vermelho, palco da abertura do Festival Internacional de Dança de Goiás. De diversas partes do mundo, 23 de muitos outros bailarinos da Royal apresentaram quatro coreografias aqui trazidas sob os cuidados do diretor de elenco Gabor Kapin. Abaixo, você confere um bate-papo que o Opção Cultural teve com o diretor, horas antes da apresentação. Kapin conta da companhia, das peças apresentadas, sobre como é estar no Brasil e, ainda, sobre como se sente ao espalhar a arte da dança pelo mundo.
Conte-nos um pouco sobre a companhia e seu trabalho na dança.
A companhia The Royal Ballet of Flanders é a maior companhia de balé da Bélgica. Nós viajamos pelo mundo com um repertório que vai do balé clássico às mais novas contemporâneas e mais progressivas criações — o que a faz muito especial. Nosso diretor é o Sidi Larbi Cherkaoui, que é um grande e famoso coreógrafo. Basicamente, ele é o rosto do balé progressista e da dança mundial; e eu tenho muita sorte de trabalhar com ele.
Primeiramente, eu integrei a companhia como bailarino — o que durou três anos — mas, este ano, estou maestro de balé (ballet master) e eu ajudo toda a organização e administração de turismo e é por isso que estou aqui. É muito apaixonante.
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Serão quatro coreografias, aqui apresentadas; como elas são?
O espetáculo que aqui apresentamos é composto de quatro coreografias — duas do Cherkaoui e duas do Hans Van Manen —, que são divinas. Ele começa com uma bela peça de balé clássico, de Manen, um coreógrafo alemão. Um homem adorável, que tivemos o prazer de conhecer. Ele veio até a companhia, onde permaneceu por uma estação, já nos seus 85 anos (eu acho). E ele é um dos maiores nomes da dança. Ele nos deu suas opiniões e sugestões, o que foi incrível — trabalhar com ele foi muito bom. E tem outra peça dele, que se chama “Solo”, de três bailarinos. Ela é muito legal e muito rápida de movimentos e de duração (dura, aproximadamente, sete minutos). Ele mistura um pouco de jazz e ele agora tem viajado todo o mundo, pois é uma coreografia muito famosa.
Já “Faun”, de Cherkaoui, é uma peça bem moderna e muito famosa que traz a música do Deboussy. Ela é sobre um encontro de vidas em um fauno. Ele acorda em uma floresta e a música sugere uma aventura, na qual ele embarca. Acorda, pois bem, e encontra alguém e eles fazem este incrível e muito atlético e acrobático dueto. Os bailarinos performam maravilhosamente bem. Ela é do Nijinski e foi um sucesso na época, mas o Cherkaoui foi capaz de atualiza-la e torna-la em um novo momento histórico da dança, pois, a um ponto, ela é muito atual e muito diferente. As pessoas ficavam “uau, é isso que estamos fazendo?”, e, muitos anos depois, o Cherkaoui fez isso novamente “uau, podemos fazer isso?”.
O último se chama “Fall”, como o outono; ele é composto de diferentes elementos. Tem muito movimento, mas não apenas dos bailarinos. Existe um painel de pano que está sempre em movimento por conta do vento — sempre venta no palco. E também existem diferentes elementos, tais como a terra, fogo e o ar. Você reconhece, pois há muitos movimentos no chão e muitos levantamentos, então a terra, o ar. Existe um dueto que evoca o fogo e, no final, é quase que um caos organizado; são vários bailarinos com seus movimentos em diferentes padrões, então tem as folhas que caem, como no outono. Elas caem e o vento as tragam em um redemoinho e, depois, elas se acalmam. Esse é o final da peça: os bailarinos, como folhas, se espalham e se acalmam pelo chão. É uma bela coreografia!
[caption id="attachment_70004" align="alignright" width="300"]
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal[/caption]
Como é estar no Brasil?
É a minha primeira vez no Brasil e eu tenho gostado muito; amo o sol e é muito diferente da Bélgica. É bom, pois os bailarinos estão felizes aqui. Começamos a trabalhar e eu sinto esta energia que é muito boa e que nos deixa assim, felizes. Então, é muito legal sentir isso.
Como é levar arte para todos os cantos do mundo?
É o melhor a se fazer, espalha-la por aí. A arte é muito importante para o ser humano, pois quando você tem coisas de fato muito boas para dividir, você tem que dividir com as pessoas; e é isso que fazemos. Dividimos nossos sentimentos, nossas emoções e tudo o mais. Dividir, compartilhar é tudo.

Bailarinos da belga The Royal Ballet of Flanders, que se apresentaram na abertura do Festival Internacional de Dança de Goiás, contam do espetáculo e da estadia no país
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Yago Rodrigues Alvim
Nos últimos dias, a capital goiana tem recebido diversos artistas do Brasil e de muitos outros países. Coreógrafos e bailarinos, eles têm se apresentado no Festival Internacional de Dança de Goiás que contou, em sua abertura, com quatro coreografias dançadas pela belga The Royal Ballet of Flanders. O Opção Cultural conversou com alguns dos bailarinos e com o diretor de elenco, Gabor Kapin. Nas próximas linhas, você confere o bate-papo com Alexander Burton, Brent Daneels, Fiona McGee, Matt Foley, Nicola Willsda e Philipe Lens.
Do Canadá, Alexander já está há um ano na companhia de Antuérpia — uma das maiores cidades belgas e a maior da região de Flanders (“Flandres”, em português). Fiona, da Inglaterra, se dedica há dois anos; e, há mais tempo, quase quatro anos, integra o corpo de baile, a australiana Nicola. Brent e Philipe são da Bélgica. O americano de Virginia Matt foi convidado pelo diretor da companhia, a fim de compor, junto aos demais bailarinos — no Brasil, a apresentação contou apenas com 23 bailarinos — a peça “Fall”; ele se junta ao grupo na próxima estação.
Eis a conversa.
Há quanto tempo a companhia tem se dedicado às coreografias, aqui apresentadas?
Nicola — Já faz um ano que estamos ensaiando-as. Nós começamos a trabalhar em uma delas no fim do ano passado e a temos apresentado durante todo o ano; apresentamo-la em Amsterdã e em muitos países ao redor da Bélgica. E estamos muito felizes de trazer todas elas para o Brasil.
Como veem o espetáculo?
Nicola — Acredito que seja uma boa apresentação para quem não viu muitas danças; afinal, nós temos muitas partes clássicas, com pontas, por exemplo, e também muitas partes bem modernas. Existe, assim, uma variedade que o público pode ver — intercalam-se uma coreografia clássica e uma moderna; outra clássica e mais uma moderna. Dentre elas, cada um tem a sua favorita, e é bem diversa esta escolha. O público sempre apreende diferentes coisas do espetáculo.
Matt — É um espetáculo bem diverso. Ele é composto de elementos clássicos e contemporâneos que, ao se juntarem, representam completamente a dança e seu mundo, bem como a paixão e a versatilidade dos bailarinos.
[caption id="attachment_69996" align="alignright" width="300"] Retrato de "Faun", dueto interpretado pelos bailarinos Nicola Willsda e Philipe Lens | Foto: Rubens Cerqueira[/caption]
E qual a sua favorita?
Nicola — Eu gosto da parte que eu danço (risos). Ela se chama “Faun” e é do nosso diretor Sidi Larbi Cherkaoui. Uma de suas mais rápidas coreografias, “Faun” foi por ele criada há sete anos; e só algumas pessoas ao redor do mundo são autorizadas a dança-la. Portanto, é muito especial dança-la. É bem íntima e conta com uma canção do músico francês Claude Debussy. Eu também gosto da coreografia que se chama “Solo”, do Hans Van Manen, e que conta com três bailarinos. Ela é bem rápida, muito excitante e traz muita virtuosidade dos bailarinos; e o público é bem recíproco a isso.
Matt — A parte que mais gosto também é “Faun”, pelas qualidades da terra que ela traz e por como a música se entrelaça com a dança e com os corpos dos dois bailarinos.
Fiona — Eu danço a última coreografia, “Fall”, que também é do Cherkaoui. Ele a criou há um ano e é muito bom integra-la, pois ele conta com muitos bailarinos no palco e, por mais que a aqui apresentada seja uma versão menor, pois nem todos da companhia puderam vir para o Brasil, mostra uma qualidade de movimento diferente das demais coreografias que trouxemos. O público fica encantado com isso, com todos esses bailarinos, que transmitem uma sensação maravilhosa; e a música também é incrível. Eu também gosto muito da coreografia com os três bailarinos, que dura apenas seis/sete minutos e é muito excitante.
Alexander — Eu concordo com a Fiona, “Fall” é incrível — é a coreografia que eu danço. E, além dela, eu também gosto da primeira, “Four Schumann Pieces”, também do Manen, que é de 1975, e traz muita história.
Brent — Eu gosto muito da coreografia com os três garotos, a qual eu danço; e também de “Faun”.
Philipe — “Faun”, definitivamente. Traz-me toda uma sensação de outro mundo. Ela é incrível! Você entra em um transe, algo assim.
Como é fazer parte de uma companhia tão bem quista pelo mundo?
Nicola — Nós chegamos até aqui por dançarmos, dedicarmo-nos a dança já há um bom tempo; e é muito especial que o nosso grupo tenha chegado tão longe. Sentimo-nos abençoados por todos que puderam vir ao Brasil e se apresentar para um público tão distinto. É uma experiência incrível você viajar e ainda sair com seus amigos de trabalho, ter momentos de descontração, se divertir; isso acresce algo a mais ao trabalho, pois você se sente completamente privilegiado por viajar para um lugar tão longe e dividir o que você ama com essas pessoas e com o público, que é dançar.
Matt — A companhia é realmente maravilhosa. Ela reúne artistas de todos os cantos do mundo e, assim, tem um grupo muito especial. A Royal tem passado por uma transição nos últimos anos; claro, com isso sempre vem alguns contratempos; mas eu acredito que isso fez com que todos se fortalecerem no final. Ela tem trocado de diretores, e com essa mudança, vem uma nova visão artística da companhia. Tem passado de uma companhia de bale clássico para uma companhia contemporânea. Ainda assim, Larbi e Tamas Moricz (codiretor artístico) continuam realçando ambos os aspectos; eles têm destacado os elementos clássicos que constituíram a companhia e estendido uma amostra do lado contemporâneo também. A proposta deles é muito especial.
[caption id="attachment_69473" align="alignnone" width="620"]
Retrato de "Fall", peça interpretada pelos bailarinos Matt Foley e Acacia Schachte | Foto: Divulgação[/caption]
E o que estão achando do Brasil?
Nicola — É maravilhoso! (risos).
Fiona — É muito bom! Ontem mesmo, nós fomos a uma churrascaria e até bebemos caipirinha, que é uma bebida muito gostosa. Alguns da companhia vão conhecer o Rio de Janeiro, saber como é lá. Mas a atmosfera daqui, o clima, por exemplo, são muito bons.
Alexander — Conhecemos a equipe de apoio, de produção, a mídia e isso já nos deu essa atmosfera daqui, que é muito boa. Sentimo-nos muito bem-vindos — é legal se sentir assim (risos).
Matt — Tem sido incrível estar aqui. Em duas ocasiões diferentes, alguns locais nos escutaram, eu e outros bailarinos conversando em inglês, e começaram a conversar conosco; e a outra foi quando eu estava comprando uma maça e uma senhora me disse que ela não era tão saborosa quanto à outra, a qual ela comprou e me deu para provar. Foi muito doce da parte dela. A abertura e a generosidade que eu vivi foi muito emocionante.
Brent — É um mundo completamente diferente, na verdade; é diferente, mas de um modo bom. O clima, as pessoas...
Philipe — Você já foi à Bélgica? Então, é bem diferente. Você deve ser muito mais feliz por passar o inverno aqui (risos). A comida daqui, também, é deliciosa, aqui é cheio de cores; e, claro, as pessoas, que são adoráveis. Viajar assim abre a sua mente.

Paulista, Ricardo Amarante veio a Goiânia após anos dedicados ao balé na Europa. Despediu-se, aqui, como bailarino e segue, agora, com a carreira de coreógrafo

[caption id="attachment_70223" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
“Eu tô cansado de sofrer/Quero dançar, sentir calor/E poder só olhar o universo em torno de você/Brilhando em vida, sorrindo à toa/Só vibrando amor e paz/Sinto a noite, penso em você/Lembro como é bom amar”, embala a banda de reggae pop Natiruts. Formado em 1996, em Brasília, o grupo, que ganhou inicialmente o nome “Nativus”, vem a Goiânia em comemoração aos 20 anos de estrada e para o lançamento nacional do DVD “Reggae Brasil”. Com “Me Namora”, “Um Anjo do Céu” e demais sucessos no setlist, o Natiruts se apresenta na Esplanada do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) no sábado, 9 de julho. O ingresso custa R$ 35 e pode ser comprado virtualmente.