Por Sarah Teófilo

A pesquisa ainda mostrou o cenário da corrida presidencial em Goiás, em que Aécio está com 54% das intenções de voto, 19 pontos a frente de Dilma Rousseff

Chamando a juventude atual de "geração 'Tempo Novo'", Zani afirma que os jovens não tiveram que viver no governo do PMDB

A atriz norte-americana Lindsay Lohan declarou nesta terça-feira (21/10), em seu perfil no Twitter, apoio ao presidenciável Aécio Neves (PSDB), que concorre ao cargo de presidente no segundo turno destas eleições contra a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). "I support @AecioNeves, for presidential candidature. His platform brings positive changes in Brasil #Aécio45 #HTVBR" (tradução, "Eu apoio @AecioNeves em sua candidatura à presidente. Sua plataforma levará mudanças positivas no Brasil"), escreveu a atriz, que postou juntamente uma foto do tucano.
Vários brasileiros se manifestaram sobre o apoio logo abaixo da declaração de Lindsay, em sua maioria criticando o posicionamento da atriz. "Gata, você nem é do Brasil cuida da sua vida" [sic], "me poupe querida", são algumas das mensagens que podem ser vistas no perfil da jovem.
Lindsay é conhecida por estar no meio artístico desde criança, e já ter se envolvido em diversas polêmicas nos Estados Unidos. A atriz, que já foi internada por diversas vezes em clínicas de reabilitação para tratar do seu vício em álcool e drogas, já foi acusada de roubo e dirigiu embriagada.
Veja abaixo outras mensagens de internautas:

Federação afirma que categoria está se manifestando contra a politicagem. A suspensão dos trabalhos começa na próxima quinta-feira (23/10)

“Poemas Apócrifos de Paul Valéry Traduzidos por Márcio-André” encontra, a partir de textos heterogêneos em termos estéticos e de proposta de escrita, tonalização perfeita para causar maravilhamento

[caption id="attachment_17827" align="alignleft" width="620"] Segundo o doleiro Youssef, cada partido indicava um operador para o esquema que repassa dinheiro de suborno aos políticos / Foto: Joedson Alves/Estadão Conteúdo[/caption]
O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa contaram detalhes à Justiça Federal do Paraná na quarta-feira, 8, sobre como o dinheiro das fornecedoras da estatal migraram para o caixa dois do PT, PMDB e PP e abasteceram campanhas políticas em 2010.
Segundo Youssef, cada diretoria tinha um operador no esquema indicado pelos próprios partidos. Ao todo, 13 empresas foram identificadas por pagar ou repassar, a pedido de empreiteiras, dinheiro de suborno destinado aos políticos. Em depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que consta em uma agenda, apreendida pela Polícia Federal, que ele pagou R$ 28,5 milhões para sete políticos do PP. Acusado de ser o mentor do grupo criminoso, Youssef disse que o operador inicial do esquema era o deputado José Janene (PP), que se encarregava de fazer a distribuição do dinheiro entre os políticos até 2010. Youssef afirmou também que, além dele, atuavam no esquema a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, Leonardo Meirelles e Carlos Rocha — os três foram indiciados na Operação Lava Jato. Os partidos de oposição na Câmara e no Senado devem marcar, essa semana, uma reunião de emergência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga negócios ilícitos na Petrobrás.
Encerrada a greve da Caixa Ecônomica
O último banco que ainda estava em greve, a Caixa Econômica Federal, também optou pelo fim da paralisação na noite de terça-feira, 7. Após uma assembleia, os servidores decidiram aceitar as propostas da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), assim como as demais instituições haviam feito anteriormente. A definição aceita pelos servidores prevê um reajuste salarial de 8,5%, mais 9% no piso e 12% no vale-alimentação. Com a concordância das partes envolvidas, as agências voltaram a funcionar normalmente logo na manhã desta quarta-feira, 8. A greve dos bancos privados e do Banco do Brasil em Goiás teve início no dia 30 de setembro e durou oito dias.Paquistanesa e indiano vencem Nobel da Paz
A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi, de 50 anos, venceram o Prêmio Nobel da Paz de 2014. A dupla foi anunciada na sexta-feira, 10, pela Academia Sueca por lutar contra a “opressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todos à educação”. A ativista paquistanesa tornou-se reconhecida internacionalmente pela resistência aos esforços do regime talibã em negar educação e outros direitos básicos às mulheres. Malala era a mais jovem entre os favoritos a receber o prêmio. O indiano Kailash Satyarthi é um dos promotores da Marcha Contra o Trabalho Infantil e já resgatou mais de 60 mil crianças e adultos mantidos sob regime de escravidão em seu país.Ferreira Gullar assume como imortal da ABL
Por votação quase unânime, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu na quinta-feira, 9, o poeta Ferreira Gullar para a cadeira 37 da Casa, vazia desde 3 de julho, com a morte do poeta e tradutor Ivan Junqueira. Gullar recebeu 36 dos 37 votos possíveis e foi eleito em primeiro escrutínio. Um voto foi em branco. Votaram 18 acadêmicos presentes e 18 por cartas. O maranhense Ferreira Gullar, cujo verdadeiro nome é José de Ribamar Ferreira, nascido em São Luís, em 10 de setembro 1930, é o terceiro poeta a ocupar sucessivamente a cadeira 37. Antes de Ivan Junqueira, ela pertenceu ao pernambucano João Cabral de Melo Neto. A cadeira teve como fundador Silva Ramos, que escolheu como patrono o poeta Tomás Antonio Gonzaga.“Ebola é o maior desafio desde a aids”
O diretor do Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC, sigla em inglês), Thomas Frieden, comparou hoje na sexta-feira, 9, o surto de ebola no Oeste africano com o surgimento da aids. A escalada do ebola e as dificuldades para conter o avanço da doença na África e em outros continentes foi tema de uma reunião, em Washington, entre representantes dos países mais atingidos, Banco Mundial, da ONG Médicos sem Fronteira e do CDC. “Eu diria que, em 30 anos de trabalho com saúde pública, a única coisa parecida foi a aids”, assinalou Frieden, durante fórum promovido pelo Banco Mundial. A referência do diretor do CDC é ao desafio de conter o surto.Com avanço de 3,3%, indústria goiana tem o segundo maior crescimento do país
O Estado de Goiás obteve índice positivo e se firmou em segundo lugar no quadro industrial nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as fábricas instaladas em Goiás produziram 3,3% a mais do que em julho. O índice é quatro vezes maior do que a média nacional, que ficou em 0,7%. As indústrias de combustível e alimentos, instaladas no Estado, são as que mais influenciaram no resultado. O índice segue um crescimento registrado em agosto de 2013, cujo crescimento foi de 3,7%. Segundo informações do IBGE, a indústria de combustível avançou 15,3% em sua produtividade e a de alimentos saltou 4,7%. No País, a produção cresceu em 10 dos 14 Estados analisados pelo Instituto. Outros locais que apresentaram aumento acima da média nacional, de 0,7%, foram o Ceará (2,8%), Pernambuco (2,7%), Paraná (2,1%), Pará (2,0%) e São Paulo (0,8%). No cenário nacional, os destaques de crescimento foram os setores de máquinas e equipamentos (3,9%), as indústrias extrativas de coque (2,4%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,5%) e de produtos alimentícios (1,1%).

“Um Novo Dueto” soa como uma análise sóbria, delicada e convincente da natureza complicada do adultério

Ultrapassando a ideia de que quilombo se configura meramente como uma área delimitada e habitada por descendentes de escravos, a Associação Brasileira de Antropologia propõe pensar quilombo a partir de práticas de resistência e experiências que constroem uma trajetória comum, sem a necessidade da construção de um espaço propriamente demarcado

Eberth Vêncio
Especial para o Jornal Opção
Não costumo escrever a respeito dos meus destinos de viagem para não parecer mais presunçoso e metido a besta do que penso. No duro: não sou de vomitar cruzeiros all-inclusive, de me deixar fotografar ao lado de uma centenária torre francesa enferrujada. Melhor seria fazer um selfie com a septuagenária La Belle de Jour. É líquido e certo: Catherine Deneuve e o Rio de Janeiro continuam lindos.
Mesmo assim, vou contar: há pouco, estive no Peru e curti uma viagem repleta de paisagens estonteantes, bucólicas, picos monumentais, piscos inebriantes e mais de mil caçarolas de mate-de-coca para suportar a altitude. O maior barato que consegui ao encher a lata de chá foi incrementar a diurese. Nem de longe fui capaz de enxergar políticos honestos montados em unicórnios a sobrevoarem a atmosfera mística de Machu Picchu. Essas coisas — os políticos honestos — simplesmente não existem.
Duas constatações deixaram-me incomodado por lá. Número uno: o trânsito louco, descortês e caótico, no qual ninguém mais parece se afetar com a irritante sinfonia das buzinas que, de tão corriqueiras, tornaram-se ineficientes. Todos buzinam, mas ninguém dá a mínima. Prevalecem os mais impetuosos, a despeito da segurança dos transeuntes: o povo ziguezagueia entre os carros como se fosse um formigueiro.
Número dos: a malandragem dos taxistas. Não sei por que cargas d’água, os táxis de Lima e Cuzco não possuem taxímetro. Assim que pisei em solo peruano, fui alertado por um guia turístico a ficar velhaco em relação aos taxistas (não somos brasileiros assim tão espertos quanto o resto do mundo imagina). Ele me ensinou a identificar os automóveis oficiais, a fim de não contratar os serviços de um meliante qualquer, e acabar parando num bairro ermo com o cu na mão e uma pistola na cabeça.
A corrida deveria ser negociada ainda na calçada, antes de sentar o meu traseiro verde-amarelo no veículo. Negociação inglória, desigual, sujeita a tapeações, pelo simples fato de, evidentemente, eu não conhecer as distâncias e, portanto, não ter como prever os valores a serem pagos com Nuevo Sol. “Não há nada de nuevo nisso”, foi um grande amigo meu quem me consolou ao garantir que malandragem de taxista é um fenômeno pandêmico, uma artimanha desagradável que prevalece em vários países do mundo, em particular, na América Latina. Isso sem falar nos escritores malandros, nos médicos malandros e nos leitores malandros. É uma simples amostra de como o ser humano pode ser inconveniente aos projetos do Criador. Quem mandou criar? Agora, guenta!
Reclamar dos pecadinhos peruanos, que a mim pareciam tão familiares — afinal, em matéria de malandragem, somos “hors concours” no planeta — é apenas um lépido exercício de chatice da qual sou especialista, embora não me orgulhe nem um pouco disso. Frequentemente acordo com aquela vontade danada de ficar correndo atrás do próprio rabo. Não tem nada de engraçado. É uma lástima.
Então vamos mudar o rumo desta crônica e afirmar que a minha jornada gastronômico-cultural pelo Peru foi irretocável. Caminhar em meio às ruínas do povo inca em Machu Picchu foi o ponto máximo da jornada, o destino mais esperado. Muito mais do que física, a viagem foi mental, instigante, certamente potencializada pela paisagem místico-exótica, além da atmosfera levemente asfixiante proporcionada pelo ar rarefeito.
É fácil viajar na história, nas explanações detalhistas de guias turísticos tarimbados e com formação acadêmica apropriada. Enquanto o fole pulmonar mendigava por oxigênio na altitude, eu me entregava à benfazeja letargia neuronal para viajar também nas famigeradas asas da imaginação, e relembrar os despachados conquistadores espanhóis chegando àquelas plagas longínquas, invadindo territórios, saqueando ouro, dizimando gente, dominando tudo, enfim. É constrangedor notar que, ao longo dos centenários antecedentes de crueldade, dominação e medo, o pendor pela conquista seja ainda uma constante no ser humano.
Apreciar aquelas ruínas incas foi um momento mágico, mas arruinou também a minha paz e tirou da cartola uma consciência que parecia muito mais pesada que toda a pedraria que, um dia, sabe-se lá de que forma, uma destemida legião de homens e mulheres cismou em carregar para o topo das colinas, a fim de se protegerem dos riscos naturais, como os sismos, os pumas e os homens malvados de outras paragens.
Mesmo sofrendo com penhascos e desfiladeiros (sou um acrofóbico esforçado em busca da cura), consegui controlar o temor alguns minutos, ao ponto de me sentir tão tranquilo que parecia factível pular no vazio, bater as asas e voar para dentro da vida ideal. Efeito de hipóxia cerebral? Excesso de pisco nas veias? Talvez, sim. Me senti mais miserável que o normal ao imaginar que numa determinada época da história, uma civilização pouco compreendida pelos homens de hoje preencheu de vida e ilusões aquele amontoado de pedras que os atônitos turistas agora fotografavam.
Tudo na vida tem um final. Até esse texto possui um. Enquanto eu me dirigia ao aeroporto de Lima, fiz ao taxista amigo as corriqueiras perguntas que os turistas sempre fazem. Dentre elas: como é que os incas conseguiram levar para o cume das montanhas aquelas rochas enormes. “Eran los dioses los astronautas?”, eu perguntei num apalermado e plagiador portunhol. Com paciência, bom humor e nenhuma malandragem, o taxista com cara de índio disse-me “los hombres nunca dejan de soñar com las estrellas”.
Apertei sua mão, tomei um Dramin, e embarquei me borrando de medo dos homens e dos aviões. Mais dos homens do que dos aviões. Se for um taxista, então, nem te conto.
Eberth Vêncio é escritor e médico.
via Revista Bula

Prefeito destaca parcerias realizadas com o Estado e com a União e promete mais pavimentação nos bairros da cidade

A recente startup Diminuto nasceu de três jovens goianos e já leva literatura a mais de 900 usuários

Mas o tiro pode sair pela culatra, pois o carisma bonachão de Lula vale muito mais do que o terrorismo eleitoral de Dilma e se Aécio souber vencer em simpatia, não há bolsa-família capaz de impedir sua vitória
Tendo como base o aspecto dramático do maior acidente radiológico do país, antropóloga goiana dá uma nova visão às narrativas do evento que mudou a história de Goiás
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Peter Szondi, um dos mais consagrados teóricos da literatura mundial, define, em linhas gerais, o drama moderno como sendo uma sucessão temporal que não se esgota e guarda as características de um pequeno sistema saturado de tensões. Isto é, para o pensador húngaro, o drama, ao menos o literário, é contínuo em seu próprio sistema, além de que deve ser formado por tensões próprias, pois, ao contrário, não conseguirá gerar o efeito dramático necessário à obra.
Esse conceito, obviamente, trata de gêneros da literatura, sendo que o drama social, aquele mais próximo à sociedade em que vivemos, adquire outros conceitos. Contudo, embora a teoria literária tenha uma aplicação específica, a própria literatura pode nos auxiliar no entendimento de algumas questões que extrapolam as capas dos livros. Certa vez, ouvi de uma mulher que passou por anos de conflitos civis na África, que sobreviventes de guerra não têm sonhos. Tal constatação é, no mínimo, dramática, pois a palavra “sonho”, usada por ela no significado de perspectiva, atribui ao ser humano grande parte de seu sentido de vida. Mas, se a afirmação possui uma grande carga dramática, ela também é compreensível, uma vez que guerra é um evento catastrófico — catástrofe pode ser definida como algo que aglomera um sentido de ruptura profunda, absoluta e que compreende tanto as situações históricas de extrema violência, caso das guerras, quanto a unidade narrativa do testemunho, como observado na afirmação da sobrevivente dos conflitos africanos. Porém, não somente as guerras são eventos catastróficos geradores de tensões, que, por sua vez, estimulam a criação de narrativas. Tais tensões, muito menos, estão longe da sociedade em que vivemos atualmente. É o que mostra a goiana Suzane de Alencar Vieira em seu livro “Césio-137, o drama azul: irradiação em narrativas” — lançado na última semana, em Goiânia. O livro é fruto da dissertação de mestrado defendida por Suzane na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2010, cujo objetivo principal foi entender porque o evento radiológico do césio-137 provoca ou incita a produção de narrativas desde 1987, ano do acidente. O dia 13 de setembro de 1987 é marcado pelos jornais da época como o ponto inicial do acidente. Naquela data, a peça radiológica teria sido retirada do Instituto Goiano de Radiologia (IGR), então localizado onde hoje se encontra o Centro de Convenções de Goiânia, entre as avenidas Paranaíba e Tocantins. À época, o instituto estava abandonado e acabou despertando a curiosidade de dois moradores do Bairro Popular, adjacente ao prédio em ruínas: Roberto Santos Alves e Wagner Motta Pereira. Temporariamente sem emprego, os dois encontraram, dentro do prédio abandonado, um aparelho radiológico contendo uma cápsula de césio-137, um elemento químico altamente tóxico. Roberto e Wagner viram naquela parafernália uma oportunidade de fazer dinheiro e levaram o aparelho para a casa do primeiro na Rua 57, onde romperam o invólucro de chumbo e perfuraram a placa de lítio que isolava as partículas radioativas do contato com o ambiente. Feito o serviço, venderam tudo para Devair Alves Ferreira, então dono de um ferro-velho na Rua 26-A, no Setor Aeroporto. “Nas mãos de Devair”, narra Suzane, “a cápsula revelou um brilho azul fascinante em uma noite de setembro. Entusiasmado com sua descoberta, Devair divulgou na vizinhança o espetáculo da luz azul e distribuiu entre parentes, amigos e vizinhos alguns fragmentos do pó desprendidos do interior da cápsula. O césio-137, libertado da cápsula, passaria a circular silenciosamente pela vizinhança do Bairro Popular, Setor Aeroporto e Setor Norte Ferroviário, bairros da região central de Goiânia.” O elemento se espalhou entre os dias 13 e 29 de setembro de 1987, data em que Maria Gabriela Ferreira, esposa de Devair, levou a cápsula à sede da Vigilância Sanitária por desconfiar de seu efeito destrutivo. Assim, somente a partir do dia 1º de outubro, o acidente começou a ser divulgado, gerando transtorno, perturbação e o início da composição progressiva de um drama que, segundo Suzane, foi vivido não apenas pelas vítimas, mas por todos os goianienses, sobretudo com as notícias das primeiras mortes. No dia 23 de outubro morreram Maria Gabriela — que levou a cápsula à Vigilância Sanitária e permitiu que o acidente fosse identificado — e Leide das Neves Ferreira, a menina que se tornou símbolo da catástrofe radiológica de Goiânia. No dia seguinte, dia do aniversário de Goiânia, o então prefeito Joaquim Roriz e o governador Henrique Santillo anunciaram, em nota solene, que a cidade estava em luto oficial, cancelando todas as programações comemorativas da data. O luto só terminou no dia 26 de outubro, data do enterro das duas vítimas. Essa data adquire importância ímpar na narrativa de Suzane, pois demonstra, mais do que todas as outras, que o drama é central na dinâmica do acidente radiológico, visto que, não apenas estende seus limites, “modulando sua intensidade e atualizando-o a cada nova narrativa” (p. 36), como identifica que os sentimentos, as relações e os lugares foram violentamente atingidos. Isso ocorre porque o enterro simboliza o passo inicial dos eventos que se dariam a seguir, em que pessoas foram arrancadas de suas casas, “classificadas e isoladas, os lugares destruídos e todo patrimônio familiar transformado em lixo radioativo” (p. 58).Enterro das primeiras vítimas se tornou símbolo dramático do acidente goianiense
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Os marcos simbólicos: Leide das Neves
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A narrativa como processo contagioso
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“O acidente com o césio-137 nos faz lidar com a própria vulnerabilidade do ser humano”
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Atestando ter ele mesmo sofrido represálias ao sair do PMDB, Ivan afirma que saiu da legenda por ter sido abandonado. E, aparentemente, foi acolhido pelo PSDB