“Essa é uma retaliação à imposição do Iris de querer ser governador a qualquer custo”, diz ex-integrante do PMDB sobre apoio de peemedebistas a Marconi
10 outubro 2014 às 20h01
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Atestando ter ele mesmo sofrido represálias ao sair do PMDB, Ivan afirma que saiu da legenda por ter sido abandonado. E, aparentemente, foi acolhido pelo PSDB
Filho do ex-senador Lázaro Barbosa, o jovem de 26 anos Ivan Pimenta veio ao Jornal Opção junto com outros jovens, entre eles o presidente da juventude do PSDB, Rodrigo Zani, a fim de falar sobre a gestão de Marconi Perillo (PSDB) e o diferencial do tucano para a juventude. Ele, que foi peemedebista desde a infância, se desfiliou da sigla quando Paulo Garcia (PT) assumiu a gestão municipal, e ano passado ingressou no PSDB. “Não pretendia voltar para política nunca mais. Foi aí que o Rodrigo me apresentou o projeto do PSDB”, afirma, exaltando seu atual partido e o cabeça de chapa, quem ele chama de um “ser humano superior”. “Em questão de gestão, de política, Marconi é superior”.
Ivan fala do contato precoce com a política, desde a infância, com o pai sendo um dos fundadores do movimento democrático no período ditatorial, 1969. “Meu pai trabalhou do lado do Ulisses Guimarães, Tancredo neves, Juscelino Kubitschek, Itamar Franco – grandes figuras”. O tucano vê a declaração de apoio dos peemedebistas a Marconi Perillo como uma represália a Iris Rezende (PMDB). “Essa é uma retaliação à imposição do Iris de querer ser governador de qualquer maneira”, disse, sustentando ainda que as pessoas vão enxergando que o projeto de Marconi é o melhor.
Atestando ter ele mesmo sofrido represálias ao sair do PMDB, Ivan afirma que saiu da legenda por ter sido abandonado. E, aparentemente, foi acolhido pelo PSDB.
Seu pai ainda é do PMDB mas você disse que ele tem uma certa simpatia com Marconi Perillo…
Acho que há uma simpatia de todos os políticos do Estado com o modo de gestão político do governador. É um exemplo para todo mundo e as pessoas veem isso. É muito nítido. Você vê a política de uma forma muito transparente. É muito transparente a gestão dele. Então eu acho que isso atrai. Você pode ver que os partidos criados recentemente e que estão na base do Iris, como o PROS e o Solidariedade, estão declarando apoio ao Marconi. Porque não tem projeto. E o nosso projeto que está em vigor renova em cada mandato.
Meu pai foi um dos fundadores do movimento democrático em 1969. Trabalhou do lado do Ulisses Guimarães Tancredo neves, Juscelino Kubitschek, Itamar franco – grandes figuras. Teve até uma matéria no Jornal Opção sobre o Juscelino, o Tancredo, que precederam essa gestão política que hoje é encontrada. E ele [Lázaro Barbosa] foi um dos fundadores do movimento democrático; foi senador na ditadura militar quando ninguém queria ser candidato; fez o PMDB Goiás – enquanto Iris era cassado, ele era o principal nome da legenda aqui no Estado. Trabalhou de forma incessante para a redemocratização do Estado, para fazer com que fosse aprovada a constituição de 1988. E eu fui criado segundo esse princípio, de um estado democrático, voltado para políticas jovens. Por isso eu fui para o PSDB. Chegou um momento que o PMDB estagnou.
E quando foi que você viu isso acontecer?
Foi quando começou a haver brigas partidárias para ter a convenção do partido. Eu entrei no PSDB quatro meses antes da pré-campanha, mas eu já estava fora do PMDB desde a sucessão do Paulo Garcia. Me desfiliei do PMDB quando o PT assumiu, porque não acredito no projeto do PT – um projeto falho, pífio. Quando o Paulo Garcia assumiu, eu saí. Fui funcionário da prefeitura durante oito anos, nos dois mandatos do Iris. Eu vi tudo, a forma de administrar, e na sucessão eu não fiquei porque não trabalho com o PT.
Na verdade, quando eu saí do PMDB, eu não tinha mais interesse nenhum em voltar para a política.
Foi aí que o Rodrigo me apresentou o PSDB, o projeto, e isso me deu uma revigorada. Ele me mostrou toda a linha de política para a juventude, a gestão política jovem, e me trouxe o projeto dele, já que na época pretendia ser candidato. Eu o auxiliei nisso tudo, fiquei junto do Rodrigo, mas na hora da campanha o Rodrigo acabou retirando a candidatura e nós apoiamos outros candidatos jovens, como o Lucas Calil.
Eu vi que havia uma possibilidade sim eu ver um futuro político bacana para o meu Estado, participar desse processo. Porque no PMDB ninguém participa, as pessoas são mandadas; obedecem ordens, diretrizes. Ninguém pode ter pensamento próprio, ninguém pode ter razão em nada. Você tem que acompanhar e obedecer.
Acompanhar quem?
Quem estiver na cabeceira do partido. E no caso, sempre foi o Iris; ele que sempre mandou.
Dentro do PSDB você sentiu que teve espaço?
Sim, tive espaço, respaldo, projeto, ajuda, conheci pessoas bacanas. Michel Mago, Lucas Bueno, o Rodrigo, que foi o cara que me levou para o PSDB, que fez uma gestão dentro da presidência do PSDB jovem impressionante. Eu nunca tinha visto isso. Eu imaginava, sinceramente, quando eu estava no PMDB jovem, que o esquema de partidarismo na juventude era falho, utopia, não existia. Isso porque os caciques, as pessoas mais velhas do partido sempre falam que a juventude não tem espaço. Meu pai mesmo já me disse várias vezes: “Meu filho, não mexe com juventude não. Juventude de partido não leva a lugar nenhum”. E o Rodrigo me mostrou o contrário, que no PSDB tem espaço sim.
E que espaço que você não tinha no PMDB que você agora tem no PSDB?
Primeiro, tive um diretório com portas abertas. Cheguei, tive um espaço para trabalhar, um respaldo. O Paulinho de Jesus disse o seguinte para mim quando me conheceu: “Você veio do PMDB e é filho de uma grande figura do Estado, homem que fez parte da política do nosso Estado. Mas você tá aqui para o quê? Para um projeto pessoal seu ou para trabalhar?” Falei o seguinte: “Estou aqui para trabalhar, para ajudar na mobilização. Estou aqui para fazer política.” Eu gosto de fazer política, nasci dentro da política, cresci com grandes figuras do nosso Estado. João Natal, Joaquim Roriz, sempre tive contato, desde pequeno. Mas o principal foi que eu me senti em casa. Saio da minha casa e vou para um partido onde eu estou à vontade, onde conheço pessoas, tenho amigos e uma relação mais próxima da juventude. Dentro do PSDB eu posso de fato praticar mobilização, pôr projetos em prática. Isso para mim foi o principal. Esse espaço de poder entrar, mostrar meu projeto, fazer política, é o primordial. O resto é natural.
Seu pai continua dentro do PMDB. Por quê?
Ele foi um dos fundadores do movimento democrático no país em 1969, brigou ferrenhamente contra a ditadura, nunca esteve em outro partido. Foi deputado federal por dois mandatos, secretário de estado, representou o Brasil na ONU. Tudo por meio do PMDB. Então, eu respeito muito a história política do PMDB. Não estou filiado hoje porque o projeto instaurado no PMDB Goiás hoje não é compatível com o que eu penso sobre política. Mas meu pai tem a ideologia dele, acredita nos princípios partidários, no estatuto do partido – e sei que ele acredita no PMDB a nível nacional. Aqui, infelizmente, nós temos um dono do PMDB e ninguém pode brigar contra isso.
Então ele não é um peemedebista em Goiás….
Não. Ele nunca teve mandato no Estado. Ele foi senador, deputado federal e ministro de Estado. Os mandatos dele foram todos a nível nacional ele fez muito pelo Estado.
Por que você acha que está havendo esse desmembramento do PMDB, com figuras lá de dentro apoiando o Marconi Perillo nessas eleições?
É natural que toda democracia caminhe para uma social-democracia. E o que estamos vivenciando em Goiás é um pouco deplorável por essa briga interna dentro do PMDB, toda essa exposição de projetos pessoais. Nada é relacionada à política, somente questões pessoais. E é uma questão de vaidade. Eu vejo o PMDB hoje como um celeiro de vaidade. Você tem gente brigando há anos no partido, lideranças, pessoas com nome, história, brigando por picuinhas, coisas pífias.
O PMDB não tem projeto, estrutura e nem diretrizes nenhuma. O que eles querem é somente dar o troco no governador Marconi Perillo, porque esse é o projeto pessoal do ex-governador Iris Rezende.
É natural que isso aconteça, porque as pessoas veem que estão no lugar que não tem projeto, que elas são apenas peões. É natural que procurem um projeto melhor, bem estruturado.
Por que essas pessoas não saíram antes do PMDB para apoiar o PSDB, como você fez, por exemplo?
Cada um é um caso, cada pessoa tem suas diretrizes. Eu, no meu caso, tive um pouco de coragem para fazer isso. Porque eu sofri retaliação sim, pessoas dizendo: “Ah, o filho do Lázaro Barbosa saiu do PMDB com o partido pagando as contas dele”. Isso é mentira. Isso nunca aconteceu. Eu saí do partido porque o partido me abandonou. Eu trabalhei para o PMDB por oito anos. O PT assumiu a prefeitura, o partido simplesmente se desfez e o PT passou a mandar.
Eu não acredito nesse projeto – que não é nem um projeto – , mas cada pessoa é um caso. Acho que falta um pouco de determinação, coragem de muita gente sair do PMDB e assumir que o melhor projeto é do governador Marconi Perillo. A gestão política dele é muito superior. Não é só política, é uma questão de gestão, diretrizes.
Mas existe outro fato: você pode reparar – as alianças que estão sendo feitas, na maioria, são de prefeitos. E o governador Marconi Perillo teve um projeto municipalista. Ele ajudou todos os municípios, independentemente das siglas. Então, é natural que isso aconteça. Eu acho que quem é coerente, sabe que a melhor posição é estar hoje ao lado do governador Marconi Perillo, melhor gestor de Estado hoje que existe no Brasil.
Você diz que cada um é cada um, mas não é ruim um integrante de um partido apoiar o cabeça de chapa de outra sigla?
Concordo com você. O negócio lá está complicado, a briga lá está feia. A sigla está bem defasada, e tem muita gente fazendo isso. Mas eu acho que essa é uma retaliação à imposição do Iris de querer ser o governador de qualquer maneira.
Se fosse o Friboi seria diferente?
Com certeza. Eu não vejo o Friboi como político, mas como gestor. Ele é um homem de muita competência administrativa. Eu acho sim que se ele tivesse se candidato no lugar do Iris ele teria apresentado um projeto real, o que Iris não fez. E isso mudaria muita coisa. O partido iria ter um projeto, diretrizes, plano de governo. Isso muda muito.
Um plano de governo é feito por todos os correligionários. São ideias que vão se somando e sendo colocadas no papel. Não é uma cúpula do partido que junta e faz o plano. É um trabalho de estudo, de escutar as pessoas. É isso que é o legal. O bacana é que nessa campanha a gente conseguiu fazer um espaço para a gente conseguir ouvir os jovens, as mulheres, os idosos, das mais diversas classes sociais. E isso é o interessante, é isso que faz um plano de governo ser concreto, porque você tem várias ideias em um papel só.
Faltou para o Iris só um plano de governo?
É claro que para o Iris falta muito. Falta equipe, faltam ideais mais coerentes, faltam alianças. Ele não tem mais estrutura, está fechado em si. Para você ver, nós fomos para 1º turno com 16 partidos. O PMDB foi com 6. É ilógico, é irreal. Está claro que é um projeto pessoal.
Se o Friboi tivesse sido o candidato do PMDB, ele ganharia nas eleições?
Não, não, não. Isso é improvável demais. Eu não acredito.
Por quê?
Olha, o governador Marconi Perillo é um ser humano superior – em relação à gestão política, ao tratamento com o funcionalismo público. Ele pega e vai até o fim.
O que o Marconi propõe para a juventude?
O governador tem vários projetos, mais de cem voltados para a juventude. Tem a parte dos esportes, da faculdade, bolsa futuro, passe livre estudantil, projetos de ciclovias. A gente tem que entender que não só os projetos sociais atingem a juventude, mas todo projeto de infraestrutura do estado também. Têm os Campi da UEG [Universidade Estadual de Goiás], as reformas das rodovias, o aparelhamento da secretaria de educação. São muitas coisas. O governador pensou em tudo. Ao meu ver, acho que faltou nesse governo algumas poucas coisas que não deu tempo de serem feitas, mas com certeza serão concluídas no próximo mandato. E a questão do Marconi é que ele veio do movimento jovem. Ele foi eleito deputado estadual com 27 anos, foi presidente do PMDB jovem. Coordenou a formalização do PSDB jovem. Então ele tem esse compromisso com a juventude. É impossível escapar disso, porque seria incoerente da parte dele. Então acho que todos os programas, obras, são voltas para a juventude, porque tem que pensar na geração que vem, e é isso que ele pensa. Se não pensasse, ele não estaria fazendo essa política de eficiência que faz.
O PMDB vem se esfacelando. Como você vê que seria uma saída para a sigla se reestruturar?
Não se pode subestimar um partido que fez parte da redemocratização do país. Tem que respeitar. A salvação do PMDB é a derrota do Iris e a retirada da Executiva que está lá para ter a ascensão de uma liderança que de fato tenha compromisso com o partido.
O que você achou da carta do Friboi divulgada essa semana?
Eu acho que só atestou o que já estava evidente. Quando o Iris fez a mobilização para usar os delegados do partido para ter o aval do Michel Temer [PMDB, vice-presidente] e ser o candidato a governador aqui, eu acho que o Friboi se sentiu ofendidíssmo. Acho que foi sim um “tapa” na cara dele, ainda mais com o projeto que ele estava construindo no partido. E ele pediu para o advogado dele, o Robledo, apoiar o Vilmar Rocha [PSD], entrar para a campanha dele.
Mas o Friboi já estava apoiando o PSDB antes?
Não, isso foi outra coisa. Olha, como empresário eu acredito que quando se tem uma grande empresa, você pode atender a varias diretrizes com vários candidatos diferentes. Agora, politicamente, o que aconteceu foi uma rasteira que ele tomou dentro do partido.
Mas ele devolveu essa rasteira?
Não, acho que nem é do feitio dele fazer esse tipo de coisa. O que fizeram com ele foi uma molecagem muito grande, e eu acho que ele não tem o perfil de fazer isso de volta não. Eu conheço ele pouco, mas sei que é uma pessoa muito coerente.