Por Rodrigo Hirose

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Moro estreia no Twitter, ganha 400 mil seguidores em 24 horas e faz humor involuntário

Ministro da Justiça estreou na rede social defendendo o Projeto de Lei Anticrime e tendo de garantir que o perfil não é fake

Como o Facebook escolhe o que você vê quando usa a rede social

Novo recurso permite que o usuário entenda como seleciona as fotos, vídeos e postagem que aparecem para cada um

Você sabe como o Facebook escolhe o que aparece no seu feed de notícias? E por que as publicações de determinadas pessoas são mais frequentes para você do que a de outras que estão na sua lista de amigos? A rede social promete agora deixar as coisas mais claras para seus mais de 2 bilhões de usuários.

Como o Facebook escolhe o que aparece para você

O recurso “Por que estou vendo este post?”, lançado segunda-feira, 1, promete explicar para os usuários, ao menos parcialmente, como o algoritmo organiza o feed de notícias. A ferramento foi anunciada em post oficial no próprio Facebook, pela gerente de produtos Ramya Sethuraman.

A nova ferramenta também explica como seu histórico de interação com fotos, links, vídeos, amigos e grupos interfere no que você verá a cada vez que acessar a rede social. O “Por que estou vendo esse post?” também permite configurações personalizadas.

Para acessá-lo, o usuário deve clicar nos três pontinhos acima, à direita, de cada publicação. O recurso funciona da mesma forma que o “Por que estou vendo esse anúncio?”. No teste feito na manhã desta terça-feira, 2, pelo Jornal Opção, o recurso ainda não estava disponível para todos os usuários.

O que o Twitter revela dos 90 dias de Governo Caiado

Governador completa três meses no Poder. Análise da rede social revela os assuntos que ocuparam o democrata no início do mandato

Quase 10% das postagens de Caiado nos três primeiros meses cita direta ou indiretamente as gestões anteriores

Ronaldo Caiado (DEM) completa neste domingo, 31, o terceiro mês como governador. Experiente no Poder Legislativo, com cinco mandatos de deputado federal e um de Senador - que deixou no fim do ano passado para assumir o Palácio das Esmeraldas -, o democrata experimenta a primeira vez em um cargo no Executivo.

E não tem sido fácil. Com pouco mais de 6% do mandato até agora, já enfrenta desgastes junto ao eleitorado e, especialmente, na relação com o funcionalismo público. Ao decidir não pagar os salários de dezembro, prometendo pagamento em dia a partir de janeiro, Caiado colocou no colo uma crise que não era sua.

As entidades que representam os servidores, em sua maioria, criticaram a decisão. Queriam que os pagamentos fossem feitos em ordem cronológica. A cúpula econômica e política do Governo, no entanto, arriscou pagar as folhas vencidas no atual mandato e intercalar a folha de dezembro.

A análise do perfil do governador no Twitter mostra o quanto de energia ele gastou nos três primeiros meses do ano para justificar o escalonamento da folha de dezembro - que só começou a ser paga na sexta-feira, 29 - e demais dificuldades financeiras. Caiado insistiu em responsabilizar o que se costuma chamar de herança maldita pelos atrasos.

Reportagens e entrevistas foram os assuntos mais comuns no Twitter do governador até agora

Durante os três primeiros meses de Governo, Caiado postou 304 vezes no Twitter. Citações e entrevistas à imprensa ocupam a maior parte das postagens: 46 vezes. Eventos e reuniões vêm em seguida, com 41 vezes posts. As ações de governo (entrega de equipamentos, liberação de recursos, medidas administrativas) aparecem com 37 menções.

O quarto assunto mais recorrente no Twitter do democrata é são os governos que o antecederam. Logo no dia da posse, Caiado faz a primeira citação indireta às administrações tucanas. "Vocês sabem da supremacia que existia em Goiás, mas o povo resolveu reagir", postou.

Desde então, o perfil do democrata na rede social citou, direta ou indiretamente, 30 vezes as gestões passadas. Ou seja: a cada dez comentários de Caiado no Twitter, um se refere aos governos anteriores. Marconi Perillo é citado nominalmente quatro vezes e José Eliton, duas vezes. Perillo também tem fotos e notícias de jornais (negativas) postadas pelo democrata.

Governo
Em relação às áreas da administração estadual, de longe é a Segurança Pública que tem mais destaque. Ações policiais (como prisões e apreensões), eventos da Secretaria da Segurança Pública e medidas para o setor foram tema de 29 postagens nos três primeiros meses do Governo Caiado.

A segunda área mais citada é a de infraestrutura, com enfoque nas rodovias. O tema veio à tona, especialmente, após o rompimento de um trecho da rodovia GO-O60.

A Educação foi citada cinco vezes por Caiado no período, com cinco postagens. As demais secretarias ou órgãos do Governo só apareceram eventualmente no Twitter do governador.

Governo Federal
O Twitter revela que Caiado também dedicou boa parte de seu tempo em articulações com integrantes do Governo Federal ou políticos influentes em Brasília. Em 90 dias, foram 22 postagens mostrando encontros com ministros e outros membros da gestão Bolsonaro.

Encontros com o presidente Bolsonaro e ministros também são amplamente divulgados na rede social de Caiado

O próprio presidente é citado oito vezes, seja em relatos de encontros pessoais (incluindo uma foto tirada na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia) ou não. Em um post, inclusive, Caiado diz que está orando pela recuperação do presidente, que na época havia passado por uma cirurgia.

Hashtags
Três hashtags, usadas para facilitar o acompanhamento de assuntos no Twitter, foram as mais comuns no perfil do governador desde janeiro. No início do ano, em quase todas as postagens o democrata usava as hashtags #ordemnacasa (uma referência à situação financeira do Estado), que apareceu 51 vezes, e #trabalhandoporgoiás, com 56 menções.

Ao longo dos meses, essas duas hashtags foram perdendo espaço. Em março, ganhou destaque a hashtag #somostodosgoiás. Até a noite de sábado, 30, ela já havia sido usada 40 vezes.

Seguidores
As redes sociais de Ronaldo Caiado têm alcance nacional. Mesmo quando era senador, o democrata gozava de um número de seguidores significativo, boa parte de fora de Goiás.

Até a noite deste sábado, o governador de Goiás tinha 446 mil seguidores. A título de comparação, o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, tem 621 mil. Marconi Perillo, tinha neste sábado 168 mil.

“Jorge Kajuru será o candidato do PSB a governador de Goiás”

Deputado, que se prepara para assumir a presidência do PSB em Goiás, diz que o senador é seu postulante para a sucessão de Ronaldo Caiado

Deputado federal Elias Vaz (PSB) | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

Eleito deputado federal com 74.877 votos, Elias Vaz está tateando a Câmara. A estratégia é conhecer bem o terreno, para poder emplacar suas ideias. Entre elas, estão mudanças na legislação relacionada às drogas. Para ele, a criminalização nunca surtiu efeito e fomenta a violência. Outro assunto que o mobiliza é a reforma, para ele nefasta, da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em pouco mais de dois meses, já percebeu que a desarticulação do Governo no Congresso tem a ver com inexperiência, por um lado, e o radicalismo, por outro.

Nas questões domésticas, prepara-se para assumir a presidência do PSB, no lugar da senadora Lúcia Vânia. Evita assumir a candidatura à Prefeitura de Goiânia, em 2020, mas banca o senador Jorge Kajuru como candidato do partido em 2022. Originário das lutas pelo transporte alternativo, critica as soluções do prefeito Iris Rezende para a mobilidade urbana e o afastamento do governador Ronaldo Caiado dos órgãos de gestão do transporte coletivo na Região Metropolitana.

Na segunda-feira, 25, Elias Vaz conversou com o Jornal Opção por quase duas horas. Eis a íntegra da entrevista:

Euler de França Belém – Você é um leitor?
Eu sempre gostei muito de ler, mas, ultimamente, estou muito preso a ler jornais (risos). Sempre gostei muito de literatura, mas estou com certa dificuldade. Para mim isso é lazer e estou até com uns três livros que quero ler.

Euler de França Belém – Esses dois primeiros meses de Brasília, como foram?
Estou em um período de adaptação, procurando conhecer bem o terreno, para saber agir bem. Já notei que quando a gente domina bem o regimento, a forma de agir, fica mais fácil defender as ideias, o que a gente pensa.

Tivemos um atraso no funcionamento das comissões, que é realmente onde o parlamentar consegue demarcar posição.

Euler de França Belém – E o sr. está em alguma?
Estou em três. Participo como efetivo da Comissão de Finanças e Tributação, considerada a segunda comissão mais importante – a primeira é a CCJ [Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania]. Além da CCJ, é a única comissão que pode arquivar projeto.

É uma comissão importante, onde passa a questão tributária, tema que me interesso bastante. E é onde está um problema vital no País, a renúncia fiscal. Temos um problema sério de justiça fiscal no Brasil. Então considerei importante participar dessa comissão.

Estou como suplente – mas lá [na Câmara] suplente tem direito a quase tudo: relatar projeto, voto – na Comissão de Minas e Energia e na Comissão de Fiscalização e Controle, que é a responsável por fiscalizar os ministérios. Essa comissão já convidou todos os ministros a participarem.

E, além disso, fiquei como um dos vice-líderes do PSB.

Euler de França Belém – O PSB tem quantos deputados?
O PSB tem 32 deputados, é a sétima [maior bancada]. A terceira maior bancada tem 37 deputados, que é a do PP. Então, o PSB está muito próximo da terceira, com disposição de votar no que for melhor para o País.

Nós não vamos fazer uma oposição a tudo do governo, mas àquilo que entendermos que seja ruim. Como a reforma da Previdência.

Euler de França Belém – A eleição renovou a Câmara. Há alguns políticos tradicionais, mas houve renovação. O sr. está sentido esse espírito de renovação?
Não, não sinto. Está muito cedo para dizer isso. É muito difícil saber como será o comportamento de muitos deputados, porque até agora não tivemos a votação de nenhum projeto polêmico.

Há muito parlamentar que, há um ano, não participava de partido nenhum. A bancada do PSL é esse retrato: ninguém era do PSL.

Mas um comportamento diferente do parlamento ainda está cedo para dizer, há uma indefinição. Ninguém sabe como essas pessoas que não têm relação partidária, não têm vínculo partidário, vão se comportar nas votações mais polêmicas.

Euler de França Belém – Nessa crise entre o Governo Bolsonaro e o Rodrigo Maia [presidente da Câmara], eu tenho algumas interpretações. Uma, diz que o Rodrigo Maia está afirmando a independência do Poder Legislativo, o que, se for a realidade, é correto. Outra diz que, quando ele fala que quer conversar diretamente com o presidente, quer exigir as cotas dos deputados que ele representa. Como o sr. avalia esse conflito? E aonde ele vai chegar?
O presidente Bolsonaro não pode dizer que não sabe como funciona o parlamento, porque foi deputado federal por 28 anos. Aliás, não pode nem dizer que é contra político, porque foi político por 28 anos. É um discurso que ele faz, mas é um discurso muito estranho.

Quando se abriu a discussão com a bancada de Goiás sobre indicações, fiz questão de nem ir à reunião. Esse tema não me interessa, não quero ter esse tipo de relação. Acho que isso compromete o parlamentar.

Ora, se você indica alguém em uma estrutura de governo, cria uma relação de cumplicidade com esse governo. E isso fere um dos princípios basilares do Poder Legislativo, que é ter independência.

O Bolsonaro abriu a possiblidade de os parlamentares indicarem [aliados para cargos no Governo]. O que se discute é qual o alcance disso.

O problema não é, por exemplo, [a votação da PEC] da Previdência. Há outros problemas. O Governo tem abertura para discutir esse projeto? Penso que muita gente, pode ser o cargo que for [oferecido], não vai votar na reforma da Previdência da forma que ela está. Existe um choque.

A composição do Ministério não foi só técnica, tanto que tem três ministros do DEM. O Ministério pode ter um ou outro técnico, mas tem um viés político. O problema não é que talvez não seja o viés político que o Congresso desejaria. Aí é outra história.

Ele [Bolsonaro] nomeou três ministros do DEM, mas não conversou com o DEM. Ele não fechou com o DEM, que tem três ministros! Isso mostra uma incapacidade política, de fazer uma articulação. Ele fez questão de dizer que era ele que estava fazendo a articulação e não o partido. Agora está pagando o preço.

Rodrigo Hirose – Historicamente, os presidentes que não têm uma boa relação com o Congresso não conseguem governar.  O sr. vê essa perspectiva para o atual Governo?
Quando o presidente é mal avaliado e tem uma relação de conflito com o Parlamento, ocorre uma combinação perfeita para a instabilidade. É para onde está caminhando o Governo.

Não sou eu quem está dizendo. O Governo caiu 15 pontos em dois meses [o deputado se refere a pesquisa do Ibope]. É o Governo que tem o pior índice de avaliação de todos os presidentes depois da restauração democrática. Isso é preocupante.

Embora eu seja oposição, fico preocupado com uma instabilidade política, porque o País paga a conta. Ter um Governo fragilizado, que está batendo cabeça – e esse Governo está batendo cabeça...

"O Delegado Waldir deu uma declaração contundente sobre a reforma da Previdência. Nem precisa de oposição" | Fernando Leite / Jornal Opção

Fala-se do Rodrigo Maia, mas o Delegado Waldir deu uma declaração contundente sobre a reforma da Previdência, que repercutiu no Congresso. Estamos falando do líder do PSL. Hoje nem precisa da oposição.

"O Major Vítor Hugo é uma pessoa boa no trato, mas não tem nenhuma experiência para ser líder do governo" | Fernando Leite / Jornal Opção

No Parlamento, a própria relação de conflito entre os partidos aliados com o Governo Bolsonaro já é o bastante para desmoralizar esse Governo. É uma situação complicada. Esse ambiente tem gerado preocupação. Se esse processo continua, a frase do Olavo de Carvalho é correta, esse Governo não dura seis meses.

O desgaste é um processo acelerado de forma que os maiores críticos do não esperavam. Há uma situação totalmente desordenada. As opções que o Governo faz na sua articulação são complicadas.

Pode-se ter divergência com as pessoas... Veja o deputado João Campos [PRB-GO]. É uma pessoa que tem muita divergência lá dentro, mas é uma pessoa que agrega, porque ouve as pessoas que têm posições divergentes. Ele pode defender o negócio da cura gay e tudo, mas no diálogo é democrático. Esse é o perfil de um líder.

"A Joice Hasselmann é muito boa para xingar os outros. Quem tem esse nível de radicalidade, nem de longe tem o perfil de agregar. Líder tem de agregar"

Imagine o seguinte: o Major Vítor Hugo [PSL-GO] é uma pessoa boa no trato, mas não tem nenhuma experiência para ser líder do Governo. A Joice [Hasselmann, líder do Governo no Congresso] é muito boa para xingar os outros. Quem tem um nível de radicalidade, nem de longe tem o perfil de agregar. Líder tem uma questão, a de agregar.

Não estou falando em uma pessoa que tem dúvida no apoio ao Bolsonaro, mas tinha de ter alguém que dialogasse com outras forças políticas do Parlamento, e isso é uma coisa que a Joice não tem, de forma alguma. Até com o filho do presidente ela tem problema. Ela desagrega.

O presidente parece que não aprendeu nada nesses 28 anos. Tudo o que pode fazer de errado, ele está fazendo. Esse é um governo que bate cabeça. Não existe uma articulação consistente.

A única pessoa que estava segurando um pouco, que tem alguma relação consistente no Parlamento e que era o grande aliado do Governo, era o Rodrigo Maia. Aí você vê o Rodrigo Maia batendo boca com o filho do presidente e com o próprio presidente de forma pública.

Isso demonstra onde está localizado esse Governo. É uma situação difícil e não vejo uma sinalização de que ele vai conseguir se articular minimamente dentro do Parlamento.

Euler de França Belém – E o [ministro da Casa Civil] Onyx Lorenzoni, como o sr. está vendo o trabalho dele?
Não sei o que está acontecendo, mas parece que o Onyx não está tendo o papel de protagonismo. Não sei por problemas de diferenças, de quem é quem dentro do Governo, mas noto que o Onyx está parado. Não há iniciativas dele.

Não sei se por falta de autonomia ou por falta da capacidade, o fato é que o Onyx não tem sido uma figura de protagonismo na articulação com o Parlamento. É alguém que se esperava que tivesse algum protagonismo. Não se sabe se por falta de autoridade ou de divergência dentro da estrutura de Governo. Toda hora ficamos sabendo que um quer mandar mais que o outro.

"Tem gente que quer reproduzir o loteamento da estrutura pública, que pega o Ministério para fazer rolo. Tem outro setor que quer espaço para fazer política. O Bolsonaro não está conseguindo diálogo com nenhum desses grupos"

Rodrigo Hirose – Há quem diga que essa falta de articulação é porque o Governo não quer repetir velhas práticas, como o toma lá dá cá. Outros, afirmam que é pura falta de habilidade para construir essa articulação. Qual análise está correta?
As duas coisas. O Parlamento não é homogêneo. Tem gente que quer reproduzir o loteamento da estrutura pública que ocorreu nas gestões do PT, do PSDB... O pessoal pega o Ministério para fazer rolo.

E tem outro setor que que quer um espaço no Governo para fazer política. Significa ter influência no Estado, trazer resultados estruturais para seus Estados e ter dividendos políticos. Essas pessoas estão em um patamar diferente. Não é que querem fazer coisas irregulares. Pode-se discutir se esse é o papel do Parlamento. Acho que não é.

O Bolsonaro não está conseguindo diálogo com nenhum desses grupos. Com o grupo que quer fazer da estrutura de Estado um esquema de negócio, espero que ele realmente não o faça. Mas há uma margem para trabalhar um projeto político, dentro de um espírito republicano. Mas há dificuldade no Governo Bolsonaro de construir até esse tipo de situação.

Há espaço para fazer a boa política. Mas quando se manda um projeto totalmente nefasto para boa parte da população [como a reforma da Previdência], fica difícil construir qualquer coisa que seja em um bom ambiente. Qualquer deputado que estudar esse projeto vai ver que ele é uma pancada na cabeça de quem ganha pouco nesse País.

Euler de França Belém – O projeto da reforma da Previdência só tem medidas negativas? O que o sr. acha que tem de positivo?
Acho que há um problema de origem. Querer estabelecer que a Previdência é o grande problema do País é uma falácia. A primeira coisa que deveríamos discutir é a reforma tributária. Discutir a hora de arrecadar.

Ano passado, tivemos mais de R$ 400 bilhões de renúncia fiscal, beneficiando grandes grupos econômicos. O Brasil é o Robin Hood às avessas. Quem paga imposto no Brasil é a classe média, os pequenos e médios empresários, e o trabalhador na hora do consumo. O grande empresário não paga imposto.

Sujeito compra uma moto, paga imposto. Sujeito compra um iate, não paga imposto. Sujeito compra um carrinho popular, paga imposto. Sujeito compra um helicóptero, um jatinho, não tem imposto.

No Brasil, é tudo invertido. Não tem incentivo fiscal para produção de produto orgânico, que vai evitar problemas de saúde, mas tem isenção fiscal para agrotóxico. É tudo interesse econômico, não tem interesse estratégico para o País. A primeira coisa que temos de discutir é a reforma tributária.

Estamos falando de uma situação que deixou de arrecadar mais de R$ 400 bilhões, essa é uma matemática simples. Esse valor supriria o chamado déficit previdenciário, que é até inferior a isso. Sé é que podemos chamar isso de déficit previdenciário. Mas, mesmo que isso fosse verdade, esses R$ 400 bilhões já seriam suficientes para resolver esse problema do desequilíbrio fiscal.

E há outras questões. Como, por exemplo, a discussão sobre o que se gasta com financiamento da dívida pública, que são R$ 300 bilhões, R$ 400 bilhões por ano, para alimentar um setor especulativo financeiro que não produz nada para a sociedade, que são os banqueiros. Mas, não, o Governo faz questão de discutir a Previdência porque é a parte mais fraca da história.

"Não tem incentivo fiscal para a produção de produtos orgânicos, mas tem isenção para agrotóxicos" | Wagner Soares / TJGO

Mas vamos discutir a Previdência. Não se pode dizer que é déficit da Previdência aquilo que é gasto na proteção social, e está misturado. Temos exemplos clássicos, como o do trabalhador rural que nunca contribuiu, que a vida inteira fez agricultura de subsistência. Comprovando 15 anos de exercício da função, ele vai à aposentadoria.

Estão alterando para 20 anos de contribuição. Pessoa que não contribuiu está ferrada. Não vai aposentar nunca. Teremos em alguns anos uma grande massa de pessoas idosas nas ruas, passando fome. Nunca vi um projeto tão cruel como esse.

O próprio Governo reconhece que só a questão do trabalhador rural responde por 58% do chamado déficit da Previdência. Isso não é déficit, é proteção social. Como dizer que é deficitário se é algo que o Governo paga? É o mesmo que dizer que o Bolsa Família é deficitário, o dinheiro gasto na Saúde é deficitário. Assistência social não pode ter esse enfoque.

O Governo fala duas mentiras: “Vamos combater os privilegiados, a começar pelos políticos”. É preciso que as pessoas saibam que o regime previdenciário dos vereadores, que são a maioria dos políticos no Brasil, é o INSS. E quase todas as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional têm um regime próprio.

Esse projeto não está impedindo que os atuais políticos tenham acesso ao regime próprio. Ele diz que, a partir da lei, não haverá mais regime próprio. Mas qualquer senador, deputado federal ou estadual pode fazer opção nesse momento.

"É mentira o que o presidente [Bolsonaro] está dizendo, que os parlamentares são contra a reforma porque ela vai tirar a mamata. Não vai tirar mamata"

Eu fiz a opção pelo regime do INSS. Acho errado o regime especial para deputado. Mas é mentira o que o presidente está dizendo, que os parlamentares são contra [a reforma] porque ela vai tirar a mamata. Não está tirando.

O Governo diz que está tirando privilégios. É só estratificar o que se espera economizar, que é o tal de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos, como o Paulo Guedes tem dito, que se vai verificar em quem, efetivamente, está pautada a reforma da Previdência.

De R$ 1 trilhão de economia, R$ 700 bilhões são no regime geral, no INSS, de quem ganha pouco, até R$ 5 mil. E grande parte das pessoas ganha até dois salários mínimos. O próprio resultado do que eles esperam economizar já desmascara quem é que vai pagar a conta.

Há mais R$ 180 bilhões de economia em cima do trabalhador, como a alteração no salário família, no abono salarial e no benefício de prestação continuada.

Somando os dois, dá quase R$ 900 bilhões. Como pode-se dizer que a reforma da Previdência vai atingir os privilegiados se 90% do que se pretende economizar vai ser em cima do trabalhador que ganha pouco?

Isso é uma mentira. Estão demonizando as carreiras dos servidores públicos, tentando justificar um ataque ao trabalhador que ganha pouco.

Tem outro problema, que é a privatização da Previdência. A capitalização, na verdade, é para atender os bancos, que têm interesse nesse modelo. É um grande negócio, fazendo que uma pessoa que ganhe salário mínimo tenha de fazer uma previdência privada. É claro que essa pessoa não conseguirá pagar isso e, quando chegar a hora de ela se aposentar, se tornará um grande problema social.

O sistema de capitalização também tira o regime solidário, em que patrão também contribui. Diz-se que isso é opcional, mas o empresário vai decidir entre o que é hoje, que ele contribui, ou pelo regime de capitalização, que ele não contribui. É óbvio que todo empresário fará opção pelo regime de capitalização e ninguém mais vai ter emprego no regime antigo.

Essa reforma da Previdência tem uma espinha dorsal, numericamente falando, que 90% é para atingir pobre. Não dá para apoiar, não tem conserto. Ela foi criada para resolver um problema de caixa do Governo.

Rodrigo Hirose – Em Goiás, nos últimos 15 anos, diminuiu muito a proporção entre trabalhadores inativos e ativos. Hoje, há praticamente um inativo para cada ativo. Matematicamente fica claro que algo precisa ser feito, não?
Sim, mas não querer jogar na conta [do mais pobre]. A aposentadoria do servidor público representa 10% do valor que o Governo quer economizar. Isso pode ser discutido, porque é um problema matemático. É questão de fazer o cálculo atuarial. Hoje, pode não haver déficit. Mas daqui a 10, 15 anos, poderá haver problema para pagar quem se aposentar. É matemático. Mas misturaram isso com um corte profundo em benefícios, que vai desde a pensão de uma viúva, que vai agora receber apenas 50% da renda.

"Na Reforma da Previdência,

não quero que tratem

os militares como

tratam os trabalhadores.

Quero que tratem os

trabalhadores como

os miltares"

Não é assim que se vai resolver o problema da Previdência, que deveria ser discutida com um enfoque técnico, que ficasse restrito. Agora, querer desobrigar a União de responder pelo problema social, como a questão do trabalhador rural e do idoso que está abaixo na linha da pobreza (que é um beneficiário do Programa de Benefício Continuado), aí, não.

Deveríamos estar discutindo problema na área militar. Mas quando o Governo mandou o projeto da reforma da Previdência para os militares, reconheceu que, diferente dos R$ 900 bilhões que vai economizar em quem ganha em média dois salários mínimos, espera economizar R$ 10 bilhões com a estrutura militar do País.

Estou até brincando: não é que quero que eles tratem os militares como tratam os trabalhadores; quero que tratem os trabalhadores como tratam os militares. O que não dá é os militares terem a importância que têm e os trabalhadores não.

Euler de França Belém – E a situação das mulheres?
As mulheres são muito mais penalizadas nesse processo. A professora terá de trabalhar em média dez anos a mais [para se aposentar]. A trabalhadora rural, cinco anos a mais.

O Brasil tem características sociogeográficas diferentes. Existem estudos que apontam que pelo menos 50% dos municípios do Brasil não têm média de vida próxima a 65 anos. Há países que adotaram a referência de 65 anos para se aposentar. Esses países têm a média de vida de 82 anos e uma certa concepção homogênea. A média do Brasil é menor e tem a complicação de que, em muitas cidades, como na Região Nordeste, a expectativa de vida menor que nas cidades do Sul, por exemplo. E nada disso foi levado em conta na discussão da reforma da Previdência.

Euler de França Belém – Há vários projetos de reforma tributária no Congresso. Qual é mais aceita?
Há uma expectativa de se estabelecer uma nova discussão, de se fazer uma reforma de iniciativa do próprio Governo. Tem situações específicas, gente que defende a tributação de fortunas, que é prevista desde a Constituição de 1988 e nunca foi efetivada.

Euler de França Belém – E há projetos que acabam com os incentivos fiscais de vez...
O incentivo fiscal tem de ter uma relação estratégica. É inconcebível a Coca Cola ter incentivo fiscal no Brasil. Qual a estratégia de desenvolvimento do País para uma empresa como a Coca Cola ter benefício fiscal, quando muitos países estão taxando os refrigerantes para compensar o problema de saúde que eles geram?

É como o exemplo que dei da relação entre a agricultura orgânica e a que usa agrotóxico. Não tem incentivo para a agricultura orgânica e tem para envenenar as pessoas para depois essas pessoas irem pro SUS [Sistema Único de Saúde] gerando custos para o País.

O incentivo fiscal tem de estar atrelado a um projeto de crescimento do País, inclusive geográfico. Pode ter regiões em que se possa ter, mas não incentivo fiscal para desenvolver São Paulo é inconcebível.

Estamos discutindo a produção de energia solar. A Anel quer agora que as empresas paguem por utilizar o sistema de redes existentes. Isso seria um baque em uma coisa que começa a crescer e que é muito interessante.

É uma energia limpa, não polui, o investimento do Governo é zero e é uma forma, inclusive, de resolver o problema da infraestrutura no País. Tem de ter incentivo fiscal, isso é estratégico.

O incentivo fiscal tem, inclusive, relação com grandes esquemas de corrupção. Antigamente, os grandes esquemas estavam na questão das empreiteiras. Hoje ela disputa com a renúncia fiscal. Pode ter certeza que muita renúncia fiscal, não estou dizendo que toda, é a custa de corrupção.

A empresa que tem alguma relação promíscua consegue algum tipo de incentivo. As investigações estão apontando pra isso, é uma situação concreta na União e em vários Estados.

É inconcebível um Estado como Goiás, que arrecada R$ 24 bilhões, ter R$ 8 bilhões de renúncia fiscal. Isso não entra na cabeça. A mesma coisa na União, que tem quase R$ 400 bilhões de renúncia fiscal.

E isso não está atrelado a uma estratégia de crescimento econômico. Está muito mais pelo casuísmo.

Euler de França Belém – O pacote anticrime tem algumas boas ideias. Mas houve um conflito entre o Rodrigo Maia e o ministro Sérgio Moro que deve retardar a aprovação desse projeto. Como o sr. está acompanhando esse tema?
O projeto tem coisas interessantes, mas outras questionáveis. Há temas que são constitucionais e o Moro quer modificar por meio de Lei Complementar. Nossa bancada tem o Luís Flávio Gomes [deputado federal por SP] que é um jurista respeitável que tem feio muitas observações.

"O projeto anticrime do ministro Sérgio Moro tem coisas interessantes, mas outras questionáveis" | Foto: Agência Brasil

Acho interessante a possibilidade de que a pessoa, quando reconhece o ato ilícito ou crime, evite o processo, semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos. Permite-se um benefício quem reconhece o erro, tendo uma redução da pena sem necessidade de um processo que dure oito, dez anos e tem um custo muito forte para o País.

Mas a há questões problemáticas, o policial, sob forte emoção, ter justificativa para matar alguém. Diante da realidade que estamos vivendo, não é incomum vermos situações de erros crassos. Sei que a maioria da polícia é zelosa, tem cuidado com isso, mas não se pode deixar brecha para pessoas que acham que podem se tornar um Rambo e sair matando. A lei acaba permitindo esse tipo de comportamento.

Euler de França Belém – Em Caldas Novas, o PCC e o Comando Vermelho, que estão em guerra, mataram quatro pessoas. Um dos traficantes feridos foi para o hospital, os membros de uma das facções entram, fizeram médicos e enfermeiros reféns. Nesse interim, o traficante fugiu e foi assassinado na rua. O sr. não acha que precisa ter um rigor maior com o crime organizado?
Nós estamos falando da 181ª alteração na Lei do Código Penal desde 1940. Nenhuma diminuiu a criminalidade.

Euler de França Belém – Mas não significa que não se deve fazer outra...
Sim, mas querer que a alteração da lei vai resolver a criminalidade no Brasil é uma ilusão, que muitos governos se utilizaram, porque não se gasta nada. Fazer uma nova lei é muito simples, é só mandar votar. Sou defensor da Lei Maria da Penha, mas dizer que ela resolveu o problema da violência contra a mulher é uma falácia, é só verificar o tanto de crimes contra a mulher que estamos vendo, mesmo tendo a lei mais rigorosa.

Euler de França Belém – Mas melhorou a questão da punibilidade.
Sim, mas o principal é evitar a violência. É isso que temos de discutir: onde está a origem da violência. Precisamos ter coragem para enfrentar o debate sobre quem é o responsável pela geração da violência no Brasil.

Euler de França Belém – Quem é?
O jornalista Paulo Francis, ao discutir a questão das drogas, falava que a Lei Seca, nos Estados Unidos, só serviu para aumentar a violência e foi o período em que o americano mais consumiu álcool. Então ela não resolveu nada.

Foi um período em que a relação do crime organizado com o Estado, Judiciário, Poder Executivo, Poder Legislativo, foi muito forte. Na verdade, quis se enxugar gelo. A população querendo consumir álcool, alguém querendo vender.

A forma de o Estado brasileiro combater a droga é um equívoco. O Estado brasileiro deu um exemplo para o mundo de como combater um tipo de droga, o cigarro. Sou de uma geração em que grande parte dos amigos fumava. Hoje é raríssimo.

Isso ocorreu por causa de um trabalho sério. Se compararmos o comportamento do brasileiro com um francês, um americano, o brasileiro dá um show. A gente gosta de falar que o Brasil dá mal exemplo, mas um exemplo bom que o Brasil deu para o mundo foi combatendo o cigarro. Não foi criminalizando.

O Estado brasileiro precisa ter um outro tipo de combate às drogas.

Hoje as igrejas recuperam muito mais gente que era usuária de drogas que o Estado. Aliás, nunca ouvi falar que alguém deixou de usar drogas porque foi preso.

O que vemos no Brasil hoje é uma guerra de empresas clandestinas, como o Comando Vermelho e o PCC, que disputam o mercado. Esse estado de violência em Fortaleza, Manaus, Goiânia, é uma briga de mercado na clandestinidade, exatamente porque isso não é institucionalizado.

Se o FBI [Federal Bureau of Investigation], a polícia americana, que é muito mais estruturada que a nossa não consegue conter o tráfico de drogas nos Estados Unidos, que é um dos países onde mais consomem cocaína, como é que vamos conseguir fazer isso aqui?

Rodrigo Hirose – O sr. então defende alterações na legislação para mudar esse tratamento em relação às drogas?
Exatamente. Não estou fazendo apologia, mas defendendo uma maneira diferente de combater as drogas. A criminalização nem sempre é o melhor mecanismo. O Estado brasileiro tem de ser contra a droga, até porque ela gera problemas. Mas precisamos fazer uma reflexão se a criminalização é o melhor sistema.

Tem muita gente que tem um discurso moralista sobre isso mas, na verdade, está na caderneta como resultado desse crime, que gera bilhões. Gente dentro da estrutura governamental que recebe desse pessoal. Fica falando que é contra, porque se beneficia desse setor.

O debate está aberto no mundo. O Bill Clinton [ex-presidente dos EUA], o Fernando Henrique [ex-presidente do Brasil] e o [Álvaro] Uribe [ex-presidente da Colômbia] foram símbolos da tolerância zero em relação às drogas e hoje fazem uma reflexão diferente. Presidentes de países importantes acham que é preciso rediscutir esse tema.

"O Estado brasileiro tem de ser contra a droga, até porque ela gera problemas. Mas precisamos fazer uma reflexão se a criminalização é o melhor sistema" | Foto: Divulgação

Repito: o Estado brasileiro tem de ser contra, mas a forma de combater talvez não seja a criminalização.

Oitenta porcento dos homicídios no País estão relacionados ao tráfico, não ao uso. Isso não é um balanço qualquer em um país que tem um genocídio todo ano. Milhares de pessoas são assassinadas e muitas em função disso.

Quero abrir essa discussão no Congresso Nacional. Temos de fazer o mapa da violência e ver como combate-la.

Não tenho nada a ver com quem faz marcha da maconha, defende isso como uma questão de liberdade. Meu ponto de vista é outro. Qual a melhor forma de combater a droga: criminalizando ou enfrentando como enfrentamos a questão do cigarro?

Hoje, uma pessoa que acender um cigarro dentro de um restaurante é duramente repreendida. Certamente ela não vai conseguir fumar dentro de um restaurante, porque a maioria das pessoas que estão ali vai condená-la.

Euler de França Belém – O ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que as privatizações são importantes para o Estado e começou pelos aeroportos. Quais são as outras privatizações que o Governo deve fazer e qual sua opinião sobre elas?
Nas áreas de infraestrutura e nas áreas essenciais, sou radicalmente contra as privatizações. Canadá, França, Estados Unidos e Alemanha, símbolos do capitalismo, estão reestatizando. Paris reestatizou o serviço de saneamento. Na Alemanha, algumas cidades, como Hamburgo, reestatizaram o serviço de energia elétrica, porque entenderam que são serviços estruturantes que não podem estar a serviço do lucro.

Nós estamos sofrendo com a Enel em Goiás. O serviço piorou de forma substancial para o cidadão pobre, que está pagando uma tarifa altíssima, e para o empresariado. O setor empresarial que não aguenta essa relação com a Enel. Com a Celg, éramos felizes e não sabíamos. A empresa é uma demonstração de uma área que não deveria ser privatizada.

"Agora que o Aeroporto de Goiânia está pronto, vai privatizar. Por que não ter feito antes?" | Foto: Divulgação

Em relação aos aeroportos nem digo que é um serviço essencial. E nem é uma questão ideológica, até porque foi o governo do PT que começou com essa história de privatização de aeroportos.

Mas, veja o Aeroporto de Goiânia. Demora a fazer e agora que está pronto vai privatizar. Por que não ter feito antes? A empresa investiria com recursos próprios. Se for com financiamento do BNDES não adianta, porque seria como gerir dinheiro público.

Acho que o debate de que o Governo não deve entrar em determinadas situações é até correto. Mas serviços essenciais, como energia elétrica e água não devem ser objetos de privatização.

Tem uma [privatização] que estamos debatendo muito agora, que é a da Ferrovia Norte-Sul. Estaremos, talvez, condenando essa ferrovia estruturante para a região Centro-Oeste, que tem uma grande valia para o escoamento da produção, a ficar como está hoje, não utilizada.

O setor empresarial de Goiás está preocupado com isso, porque, se a coisa caminhar para onde está encaminhando, há um risco, e estamos falando de uma licitação para os próximos 40 anos, de ficar na mão da Vale.

Esta aí um modelo de  privatização que pode trazer um dano muito grande à economia goiana.

Rodrigo Hirose – O sr. está na CPI do BNDES. O que já andou, qual é o escopo?
O presidente [Rodrigo Maia] já solicitou aos partidos a indicação dos nomes. Quando ele faz isso, demonstra intensão clara de instalação da CPI. A perspectiva é que haja a instalação nos próximos dias, assim que os partidos fornecerem os nomes para a composição.

[O escopo] seriam as irregularidades denunciadas ao longo dos anos. Tivemos a JBS, Odebrecht, várias empresas que tiveram uma relação de benefício. O financiamento do BNDES a obras estrangeiras, como isso se deu.

O BNDES está desvirtuado. Ele tinha de impulsionar o desenvolvimento econômico. O ponto chave disso é o incentivo às pequenas e média empresas. Mas o foco do BNDES nos últimos anos foi basicamente contemplar, com créditos totalmente facilitados, grandes empresas.

Não entendo onde está o sentido de o BNDES emprestar para a Odebrecht, JBS, empresas consolidadas. Tinha de estar preocupada com outras atividades econômicas.

Mas essa é uma coisa que vamos nos debruçar, estudar bastante na medida em que for se desenrolando a CPI.

"O Kajuru está bem focado no mandato dele" | Foto: Fernando Leite/ Jornal Opção

Euler de França Belém – O senador Jorge Kajuru disse que o sr. é o candidato do PSB a prefeito de Goiânia.
Aí é um desejo dele (risos).

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Pelo resultado que tivemos em Goiânia, fui muito bem votado, isso [a candidatura] aparece de forma muito natural. Não tenho essa decisão tomada. Não descarto essa possibilidade, mas prefiro nesse momento focar no exercício do meu mandato.

O Kajuru também está muito focado no mandato dele, está conseguindo fazer um bom mandato, e isso é muito importante nesse momento. Até porque o País vive um momento muito complicado e eu estou muito focado nisso.

Não gostaria de focar em uma eleição para a Prefeitura de Goiânia. Temos conversado com vários parlamentares com quem temos identidade, como o Alysson Lima [deputado estadual do PRB], a vereadora Dra. Cristina [Lopes, PSDB], o delegado Eduardo [Prado, deputado estadual do PV], o Felisberto Tavares. Várias pessoas que desejam construir um projeto diferente para Goiânia e para Goiás.

Agora, quem vai ser o candidato, temos de esperar. Primeiro, se a pessoa quer; segundo, quem está em melhores condições.

Esse desejo nós temos. Estamos articulando, conversando, mas não com intensidade. Esse momento pode esperar um pouco, porque tem pautas no País que são muito sérias, até na questão democrática.

Euler de França Belém – E a Cristina Lopes, pode ir para o PSB?
Seria bem-vinda. Gostamos muito da Cristina, como de outras pessoas, como o Alysson Lima. A Cristina é uma pessoa que tem o perfil de militância política que nós acreditamos.

Euler de França Belém – Mas abriria espaço para ela ser candidata a prefeita?
É uma possibilidade. O que não podemos falar é “venha que você será candidata”. Até porque estamos construindo um grupo e queremos uma decisão do grupo.

Não dá para antecipar para ninguém que ele naturalmente será candidato a prefeito de Goiânia, até porque não estaríamos permitindo uma análise mais profunda e mais próxima da eleição.

Às vezes uma pessoa que hoje não está nas melhores condições pode, por um motivo ou outro, se apresentar em melhores condições na época das eleições.

Euler de França Belém – Por que houve um ligeiro afastamento entre o sr. e o senador Vanderlan Cardoso?
Foi uma questão natural, partidária. Mas, por exemplo, na discussão da ferrovia [Norte-Sul] estamos trabalhando muito juntos. É uma questão política. Ele está no PP, eu estou no PSB. Nós éramos do mesmo partido. Mas tenho conversado muito com o Vanderlan.

É óbvio que a situação partidária acabou afastando um pouco, mas não tanto. Ele foi uma das pessoas que ajudaram a construir essa pauta [da Norte-Sul] na bancada. Ele, inclusive, como empresário e representante de Goiás, está preocupado.

Não há indisposição entre mim e o Vanderlan. Pelo contrário, a gente tem conversado. Agora, é claro que cada um tem seu partido e pode ter diferenças de estratégias.

Rodrigo Hirose – O Kajuru disse que o sr. é o candidato dele a prefeito. E ele, Kajuru, é o seu candidato a govenador em 2022?
Claro. Kajuru é meu candidato a prefeito, é meu candidato a governador, se quiser ser presidente terá meu apoio. Minha relação com o Kajuru tem mais de 20 anos. Estou acompanhando o Kajuru de perto, ele montou um gabinete muito consistente, de muita qualificação.

Presenciei o Kajuru presidindo uma sessão [no Senado]. Ele cresceu muito, aprende muito rápido. Quando entrou no Parlamento, como vereador [em Goiânia], mais da metade dos vereadores era contra ele, mas saiu com praticamente todo mundo amigo. Conseguiu ser polêmico, mantendo essa relação.

No Senado, já é a versão mais atualizada dele. Chegou e criou várias amizades. Claro que tem um desafeto ou outro, mas muita gente gosta dele. Presenciei cenas interessantes. Semana passada, um senador chegou com o sobrinho, que era doido para conhecer o Kajuru, aquela coisa de fã. Vi o pessoal do PSOL que estava com outro senador querendo fazer foto com o Kajuru. Parentes, amigos de senadores. Não é uma coisa qualquer isso.

Pode-se questionar o que for, mas, nesses dois meses, o Kajuru foi o senador que conseguiu o maior destaque no cenário nacional. Não tem nenhum senador que se tornou tão popular. Ele consegue participar do debate, está com uma posição muito boa em relação à Previdência, tem se posicionado de forma muito interessante.

É uma pessoa que vai fazer um grande mandato. É uma pessoa que não tem a experiência política de muitos – a experiência dele tem um ano e meio, dois anos como vereador. Mas ele aprendeu muito rápido e cada dia que passa, melhora.

Euler de França Belém – O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, diz que nos dois últimos anos do mandato vai fazer asfalto nos bairros que não têm, recuperar ruas e fazer viadutos. O Jornal Opção passou uma semana visitando a periferia de Goiânia e o que viu foi um filme de terror: obras abandonadas, buracos em todos os lugares, falta de assistência geral na área de saúde, CMEIs abandonados e as pessoas reclamando vivamente. Fala-se em velha política e essa é a velha política. Nos dois primeiros anos não gasta, deixa obras sem terminar e nos dois últimos anos torra recursos, endivida a Prefeitura e ganha as eleições. Como o sr. avalia esse tipo de política?
Acredito que isso é ultrapassado e não vai surtir efeito. Essa é uma concepção da velha política, equivocada, e as redes sociais se encarregam de desmascarar esse tipo de política.

O Governo Estadual usou a mesma estratégia. Depois que pegou o dinheiro [da privatização] da Celg fez um monte de obras pensando que iria arrebentar nas eleições. Deu o que deu. No Brasil inteiro isso não deu resultado. Hoje há um antídoto, que são as redes sociais.

"O Iris está mal avaliado e continuará mal avaliado. Não são obras eleitoreiras que vão mudar isso" | Foto: Livia Barbosa/Jornal Opção

O Iris não recupera a avaliação. Está mal avaliado e vai continuar mal avaliado. Não são essas obras eleitoreiras [que vão mudar]. A população percebe que ele só está fazendo as obras porque estamos a praticamente um ano e meio das eleições. Óbvio que a população percebe que elas são meramente eleitoreiras.

Isso já não tem espaço. Dou como exemplo quando o Governo [Federal] comemorou o fato de trazer as Olimpíadas e a Copa do Mundo para o Brasil. Foi o contrário. A Copa do Mundo gerou as manifestações de 2012, exatamente porque a população não tolera esse tipo de atitude, que, evidentemente, é para enganar a sociedade. Cria-se um clima, “estamos fazendo estádios bonitos”, como se os problemas dos hospitais e da Educação estivessem resolvidos.

"Não adianta querer fazer viaduto e a Saúde continuar uma lástima. A sociedade vai saber dar a resposta nas próximas eleições"

Não adianta querer fazer viaduto, asfalto onde não tem, e a Saúde continuar uma lástima. Não adianta querer passar um batom na cidade e a Educação continuar com péssima qualidade no Município. Esses são instrumentos já ultrapassados de fazer política, que tenho certeza que a sociedade vai saber dar a resposta nas próximas eleições.

Se ele [Iris] espera, efetivamente, porque guardou recursos para agora gastar, que a população vai achar que “agora vai”, isso é um atestado da má-fé de uma gestão, que mais uma vez aposta na memória curta da sociedade. Isso funcionava muito bem antes das redes sociais.

Hoje não adianta o parlamentar votar pelo aumento abusivo do IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] pensando que em dois anos a população vai esquecer. Não esquece. Daqui a dois anos vai rodar nas redes sociais. Isso aconteceu nas últimas eleições para vereador. Votaram nos dois anos anteriores pensando que as pessoas não iam se lembrar nas eleições. A maioria não foi reeleita, foi a maior renovação da história da Câmara Municipal

Rodrigo Hirose – Em sua opinião, como possível candidato a prefeito, quais são os principais problemas de Goiânia?
Pude perceber, como vereador há 18 anos, que um dos grandes problemas na administração pública é a má gestão. Temos dois grandes problemas: o ralo da corrupção e a má gestão. Somando esses dois, o que temos de desperdício de dinheiro público é uma coisa absurda.

Há vários exemplos. Quando a CEI [Comissão Especial de Inquérito] descobre que há equipamentos novos guardados, que há funcionários contratados que estão o dia inteiro em fazer nada na área de radiografia, e que isso significou um gasto desnecessário de R$ 13 milhões em dois anos, mostra-se onde está o ralo de desperdício ou de corrupção.

É preciso mexer nessa estrutura administrativa. Goiânia tem mais de 50 mil servidores. Como é possível nada funcionar a contento? Nada na Prefeitura de Goiânia funciona bem. É um problema grave de gestão.

A SMT paga um sistema caro de controle semafórico que não funciona. Tem um dinheiro que era para [fazer] funcionar todo um sistema de onda verde, mas ela não existe. Todo lugar que se vai em Goiânia o trânsito é travado. São em situação assim que se vê um planejamento todo errado de Goiânia.

Uma forma de economizar é ter uma cidade planejada. Na questão da mobilidade, se a cidade é bem distribuída do ponto de vista das necessidades de deslocamentos, há menos problemas de trânsito, não é necessário construir viaduto.

Aliás, se viaduto resolvesse, São Paulo não tinha problema de trânsito. São Paulo não constrói mais viadutos, está trabalhando a estrutura para melhorar o transporte coletivo. Isso é que resolve a mobilidade. O mundo inteiro, a Europa investe isso. Aqui, estamos ainda falando em viadutos ao invés de investir em transporte público.

A Prefeitura de Goiânia, nos últimos 15 anos, não investiu um real sequer no transporte público. Não são 10, nem 15. É nem um real. E fala em resolver a mobilidade fazendo viaduto. Essa é uma concepção equivocada, atrasada.

O que precisamos hoje é de uma gestão moderna, qualificada. Esse é o maior desafio, porque hoje uma boa parte do dinheiro ou vai para o ralo da corrupção ou para o ralo do desperdício com gestões mal feitas.

Rodrigo Hirose – O sr. citou a questão da mobilidade, que atinge todos os cidadãos, independentemente da classe social. Como o sr. analisa a declaração do governador Ronaldo Caiado de que “Governo não toma conta de ônibus”, além das decisões de afastar o Estado dos órgãos de gestão do transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia e de privatizar o Eixo Anhanguera?
É um grande retrocesso. O governador tinha era de estar brigando para o presidente da República entrar nesse tema. No Brasil, mais de 80% das pessoas vivem nas cidades. Portanto, o problema das cidades é um problema do Brasil.

Tive oportunidade de conversar com o então candidato [à Presidência] Eduardo Campos e disse a ele que o Brasil é um país totalmente invertido em relação aos incentivos fiscais. O que em um ano se deu de isenção fiscal para a indústria automobilística dava para dar gratuidade da passagem para todos os passageiros de todas as capitais do Brasil.

Ao invés de incentivar o transporte público, incentivamos o transporte individual. Isso é histórico e o governo do PT não foi diferente, até pela relação que o Lula tinha com a indústria automobilística.

Precisamos inserir o Governo Federal, governos estaduais e prefeituras nessa discussão da mobilidade. No momento em que o Governo Estadual quer sair desse tema, é um retrocesso, porque é óbvio que as prefeituras estão totalmente desassistidas da arrecadação, o grande arrecadador é a União, então fica muito difícil ter uma solução para o transporte público.

Mais grave que falar em privatizar a Metrobus, é ele [Caiado] dizer que não quer mexer com transporte. Porque o transporte público precisa do Governo do Estado. No mundo inteiro o transporte público funciona com um órgão gestor forte e com subsídio. Não tem outra conversa. Qualquer lugar que o transporte público funciona bem tem essas duas receitas.

Em Goiânia essa briga começou lá atrás, quando o governador Marconi Perillo não quis mais presidir a Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo [CDTC] e o prefeito de Goiânia também não. Isso virou lepra. Ninguém quer saber de transporte público, ficou órfão.

E o governador agora quer formalizar que quer sair dessa discussão. Daqui a pouco os prefeitos dirão que também não querem. Aí, quem vai cuidar do transporte? Vai ficando uma situação absurda, as empresas farão o que quiserem.

O governador está errado em se afastar do transporte coletivo. Ao contrário, se eu estivesse no lugar dele, reivindicaria que o Governo Federal também entrasse com recursos para a mobilidade urbana.

Governador Ronaldo Caiado | Foto: Lívia Barbosa

"O Governo Caiado tem cometido vários erros. Essa política de terra arrasada não funciona mais. O julgamento sobre o Governo passado, a sociedade já fez. Agora é preciso dar uma resposta a ela"

Euler de França Belém – Como o sr. avalia o governador Caiado em relação à Educação, Segurança, questão fiscal, folha de pagamento?
O Governo Caiado tem cometido vários erros. Foi um equívoco não ter pagado a folha [de dezembro], ainda que fizesse opções, atrasasse.

Essa política de terra arrasada, que a vida inteira o pessoa fez, isso não funciona mais. Não fui base, não apoiei o Governo passado, nem nas eleições, ao contrário do meu partido, mas todo mundo sabia dos problemas que o Governo tinha. O governador [Caiado] chega, fica só olhando para trás, falando do passado... Todos sabiam, agora é enfrentar da melhor forma.

O julgamento sobre o Governo passado, a sociedade já fez. Já derrotou. A população já fez a opção e não quis a continuidade. Pronto, isso está superado. O governador não precisa ficar falando toda hora: “Olha, esse Governo [anterior] não presta”. A sociedade já entendeu assim, agora é preciso dar uma resposta para ela.

Caiado está patinando, não está conseguindo dar solução para os problemas do Estado. Isso está faltando. É preciso enfrentar o debate, as necessidades das áreas de Saúde, Educação.

A impressão que dá é que o centro do Governo dele [Caiado] é a questão da terra arrasada e jogar toda a responsabilidade ao anterior. Isso está gerando um descontentamento da população. A gente conversa, nas redes sociais se percebe isso.

Euler de França Belém – Esse é um risco muito grande, pois, se daqui a seis meses, continuarem os problemas, qual será a desculpa?
Aí já deu a cara do Governo, que não conseguiu resolver os problemas.

Euler de França Belém – Alguns economistas dizem que o erro do Caiado é achar que a solução para os problemas de Goiás está em Brasília, sendo que ela está aqui.
Ano passado, ele abriu um debate interessante, que foi o da renúncia fiscal. É inconcebível um Estado que arrecada R$ 24 bilhões por ano abrir mão de R$ 8 bilhões por ano. Inconcebível uma empresa como a Caoa pagar 14% dos impostos e ter isenção de 86% – e melhorou um pouco, pois já teve 98% de isenção. A guerra fiscal que temos no Brasil acaba dando prejuízo para o povo brasileiro.

Não que eu seja contra o incentivo fiscal, mas isso tem de ser tratado como estratégia para o crescimento do País. Goiás tem de se desenvolver, Rondônia também, mas não pode é ter essa loucura de dar 98% de desconto de pagamento do imposto. Não há Estado que aguente.

Euler de França Belém – Quem fará eutanásia primeiro: PT, PMDB ou PSDB?
Há um espaço muito grande para o surgimento de novas forças políticas. Esses partidos terão muita dificuldade de se recuperar. Mesmo o PT, com seu desempenho eleitoral – e penso que um dos motivos para a vitória do Bolsonaro foi o antipetismo. O partido, que elegeu a maior bancada [em 2018] sequer lançou um candidato à presidência na Câmara [dos Deputados] nem no Senado. É uma demonstração de um partido que está com dificuldades.

Temos algumas possibilidades, como acirrar esse processo de direita no País. Mas o Governo Bolsonaro mina um pouco esses setores mais à direita e abre espaço para um governo mais à esquerda. Temos um perfil para um Governo mais de centro-esquerda na próxima eleição.

Euler de França Belém – O PSL será o novo PRN [Partido da Reconstrução Nacional, criado para a eleição de Fernando Collor de Mello em 1989]?
Acho que sim. O PSL não sobrevive até o final do Governo Bolsonaro.

Euler de França Belém – Havia um movimento de deputados para cobrar a duplicação da BR-153, depois que a Queiroz Galvão perdeu a concessão.
Isso [a duplicação] foi formatado no governo do PT. O BNDES se recusou a colocar o dinheiro nas mãos das empresas, porque estava sob ataque, e isso inviabilizou todo o processo e as licitações.

Em Goiás, a empresa que tem a concessão até Brasília, a Triunfo, tinha de ter feito a transferência de um trecho para fora de Goiânia. Mas, sem o financiamento do BNDES, quase todas as empresas alegaram que houve uma queda no contrato. Diante dessa situação, há uma discussão para outro modelo.

"Demorou-se 20 anos para duplicar a BR-153 e, quando ficou pronta, foi privatizada". | Foto: Divulgação

Acho que a privatização em que a empresa vai colocar dinheiro dela, não do BNDES, é interessante. Esse é um tipo de privatização que há um ganho, porque tem alguém que vai investir recursos que o Estado não tem hoje e [a empresa] terá um tempo para recuperar o dinheiro e ter lucro. Mas não da forma que foi feito aqui [em Goiás]. Demorou-se 20 anos para fazer a duplicação e, quando ficou pronta, a rodovia foi privatizada.

Nas privatizações das rodovias, só após quatro anos de exploração as empresas começavam a pagar o BNDES. Pior, a garantia não é o patrimônio da empresa, mas, sim, o próprio contrato. Se em algum momento ela não conseguir mais pagar, devolve o contrato. É um risco zero.

A privatização deve ser um pouco mais capitalista, que tenha risco. Essa privatização em que o Estado banca tudo não tem nada a ver com o capitalismo.

Euler de França Belém – Quais as pautas importantes no Congresso que não estamos discutindo?
Há um desejo muito grande em discutir a reforma tributária, o pacto federativo. Os municípios estão estrangulados. Essa é a questão central do debate nacional.

Rodrigo Hirose – Há dois projetos que interessam muito ao Governo de Goiás. Um sobre a possibilidade de o Governo Federal avalizar empréstimos pelos Estados e outro que ordena os repasses da Lei Kandir, já que o Tribunal de Contas da União (TCU) considera que a União não precisa mais fazer os repasses aos Estados. Como está a tramitação desses temas?
Há discussão sobre esses assunto, mas nada de concreto ainda. Na Câmara, há um sistema muito presidencialista. O presidente tem uma força muito grande na pauta.

Disse ao governador Ronaldo Caiado que, quando for discutir assuntos de Goiás, sou deputado federal de Goiás. Independentemente de posição partidária, vou defender o Estado. Não interessa se o Governo do Caiado será beneficiado. Essa questão mesquinha, essa pequenez de que, se não é do meu partido não foi apoiar, é uma estupidez.

Fisco apreende 157 mil maços de cigarro em Itumbiara

Produto, que era transportado sem nota fiscal, está avaliado em R$ 787 mil. Responsáveis pagaram R$ 275 e foram liberados

Caixas de cigarro apreendidas pelo Fisco. |Fotos: Divulgação

Equipes do Fisco que atuam na Delegacia Fiscal de Itumbiara apreenderam 157 mil maços de cigarro sem nota fiscal, durante blitz no Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-153, na quarta-feira, 27.

A carga, avaliada em R$ 787,5 mil, era transportada em um caminhão sem nota fiscal. Apenas 30 caixas da mercadoria tinham o documento.

Os responsáveis pela carga pagaram R$ 275 mil, relativos aos tributos que estavam sendo sonegados e multas, e evitaram a prisão do motorista por crime tributário.

Delegado fiscal de Itumbiara, auditor-fiscal José Fernando explicou que, com o pagamento do tributo devido e seus acréscimos legais, a punibilidade do crime tributário é extinta.

“Infelizmente a legislação penal favorece o sonegador. Esperamos que o Congresso Nacional aprove logo projeto de lei que elimine a possibilidade de extinção de crimes tributários pelo pagamento”, comentou.

Rumo vence leilão de concessão da Norte-Sul

Trecho liga São Paulo ao Tocantins e passa por Minas Gerais e Goiás. Empresa vencedora é a maior operadora ferroviária do Brasil

Ferrovia Norte-Sul: obra, que começou há mais de 30 anos, é considerada estratégica para a economia do País | Foto: Divulgação

Com um lance de R$ 2,7 bilhões, A Rumo venceu o leilão de concessão do trecho de 1,5 mil quilômetros da Ferrovia Norte-Sul que corta Goiás e Tocantins. O valor, que representam mais de 100% acima do lance mínimo, de R$ 1,35 bilhão, foi ofertado na tarde desta quinta-feira, 38, na Bolsa de Valores de São Paulo.

O trecho concedido liga Estrela D´Oeste, em São Paulo, a Porto Nacional, no Tocantins, passando por Minas Gerais e Goiás. Apesar do ágio, o valor ficou bem abaixo da avaliação feita pela Valec, estatal responsável pelas ferrovias, que era de R$ 6,5 bilhões.

Considerada estratégica para o desenvolvimento do País, especialmente por conectar importantes rotas de escoamento da produção mineral e agrícola, a Norte-Sul começou a ser construída em 1987. Do percurso completo de 4,5 mil quilômetros projetados, apenas 1,55 mil quilômetros foram executados. Outro trecho, de 682 quilômetros, que ligará Ouro Verde, em Goiás, a Estrela D´Oeste, está em construção.

Semifinais do Campeonato Goiano têm os quatro times da capital

Goiás, Atlético, Vila Nova e Goiânia se classificaram. Destaque para o alvinegro, que não chegava tão longe desde 2007

Os quatro times de Goiânia farão as semifinais do Campeonato Goiano de 2019. Com a rodada desta quarta-feira, 28, os confrontos serão entre Goiás x Goiânia e Atlético x Vila Nova. Não existe vantagem para os times com as melhores campanhas – apenas o direito de decidir a vaga em casa.

O destaque das semifinais é a presença do Goiânia, que retornou este ano para a primeira divisão do Goianão. O alvirrubro venceu o Goianésia, fora de casa, por 3 a 2 – o jogo de ida, no Estádio Olímpico, havia terminado empatado em 1 a 1. O Goiânia não chegava a uma semifinal do estadual desde 2007.

O adversário do Goiânia será o Goiás. Apesar da derrota de 2 a 1 para a Aparecidense, em pleno Estádio da Serrinha, o time esmeraldino segue com a melhor campanha do campeonato, com 34 pontos. O Goiás havia vencido o time do município vizinho no jogo de ida por 3 a 1.

Quem também garantiu vaga foi o Vila Nova. Apesar da derrota para o Crac, por 1 a 0, em Catalão, o alvirrubro se classificou por ter vencido o jogo de ida, em Goiânia, por 2 a 0. O Vila Nova enfrentará o Atlético, que havia se classificado na terça-feira, 26.

As semifinais do Campeonato Goiano começam neste fim de semana, com Vila Nova e Goiânia jogando em casa.

Tim Cook mostra o museu de grandes novidades da Apple

Imagem da Apple TV exibida no evento da empresa | Foto: Apple/Divulgação

Eventos da Apple, tradicionalmente, mobilizam a imprensa especializada e ganham repercussão mundial. Tornou-se icônica a figura de Steve Jobs de camiseta preta, calça jeans e tênis assombrando o mundo com suas máquinas maravilhosas: Ipod, Iphone, Ipad, Macs, App Store, e por aí vai.

O visual minimalista de Jobs tinha uma função: nunca chamar mais a atenção do que os produtos da empresa que fundou ao lado do xará Steve Wozniak. A mágica funcionou por anos. A Apple lançou dispositivos que mudaram o mundo – e isso não é exagero –, impactaram mercados consolidados, como o da música, que teve de se reinventar, e criaram o jeito de ser do século 21.

Mas, ao lançar seus novos produtos nesta segunda-feira, 25, a empresa reforçou um questionamento que vem de algum tempo: será que a Apple perdeu a capacidade de inovar? Essa é a questão de bilhões de dólares – que foi exatamente o que a levou a romper a casa do 1 trilhão de dólares.

Ideias alheias

Quando subiu ao palco para mostrar os lançamentos da Apple, o CEO Tim Cook abriu um museu de grandes novidades. O catálogo continha um serviço de streaming de vídeos, um aplicativo agregador de notícias, um serviço de games por assinatura e, dando uma guinada em direção à pré-história, um cartão de crédito. Foi a sinalização de que a intenção é reforçar a prestação de serviços.

Nos últimos anos, a Apple tem se especializado em agregar ideias alheias (o que é normal no mundo da tecnologia, mas que contraria o DNA da gigante do Vale do Silício). Foi assim com o celular de tela grande, com câmera dupla e resistente à agua, com o smartwatch. Há muito, também, os Iphones deixaram de ser as melhores opções do mercado de telefonia móvel.

A Apple ainda é uma marca que encanta os fanboys, sempre dispostos a pagar mais caro por produtos que nem sempre são superiores. Continua tendo devices de alta qualidade e tenta sempre vender a ideia de que suas soluções para questões já resolvidas são melhores que as da concorrência.

Mas o marketing e a retórica não estão mais convencendo tanta gente. O mercado estima que a Apple diminuiu entre 20% e 30% as encomendas do Iphone Xs Max e do Iphone XR, equanto reforçou as vendas de modelos menos atuais, como o Iphone 8 e 8 Plus, que têm preços menos proibitivos.

No segundo semestre, a Apple realiza seu principal evento do ano. Mas os sites especializados não apostam um Iphone 3GS que Tim Cook conseguirá tirar algum coelho da cartola.

Caiado diz que parte dos servidores com salário até R$ 5,1 mil receberá dezembro na 6ª-feira

Em postagem segunda-feira, 25, no Twitter, governador confirmou também que pagará 56% do salário de março ao funcionalismo

O governador Ronaldo Caiado divulgou nesta segunda-feira, 25, em seu perfil no Twitter, que o Governo do Estado começa a pagar a folha de março do funcionalismo na próxima sexta-feira, 29. O democrata anunciou, ainda, que inicia o pagamento escalonado dos salários de dezembro.

Segundo Caiado, começarão a receber dezembro os servidores com salário de até R$ 5,1 mil. A postagem, contudo, deixa a entender que nem todos os que estão enquadrados nesse valor receberão na sexta-feira. “Boa parte dos servidores que ganham até R$ 5,1 mil será contemplada”, disse o govenador.

Em relação aos salários de março, o governador diz que quitará pouco mais de 56% da folha nesta semana. “Creia que o esforço tem sido grande. O exercício para cortar despesas da máquina é constante, assim como as idas a Brasília para buscar recursos para quitar o restante da folha”, escreveu Caiado.

Transporte coletivo: Caiado distante; Iris à moda antiga

Eixo Anhanguera: proposta de VLT para a principal linha de Goiânia é retomada. Foto: Reprodução

Governador quer tirar o Estado da CDTC e da CMTC, enquanto o prefeito aposta na estratégia já conhecida: construir obras

Um dos fatores que mais influenciam na piora da qualidade de vida de uma pessoa é a mobilidade – ou a falta dela – nas grandes cidades. Um trânsito mal articulado, um transporte público de má qualidade, a inexistência de opções de modais, tudo isso afeta milhões de cidadãos diariamente. A não ser que se transforme em ermitão, todos, de qualquer classe social, são atingidos pelas dificuldades no ir e vir.

Goiânia é um exemplo disso. A frota atual de veículos particulares é de 1.216.646, para uma população estimada de 1.466.105. Ou seja: há quase um veículo automotor para cada morador da capital goiana. São 641 mil carros de passeio, 242 motocicletas e 103 mil caminhonetes.

Com oferta de transporte coletivo insuficiente e de baixa qualidade, além da cultura de admiração pelo carro, a frota cresce vertiginosamente. Há 20 anos, eram 276.312 veículos nas ruas de Goiânia, segundo o Detran-GO. Ou seja: de lá para cá, o aumento da frota foi de 340%. Não há estrutura física para suportar isso.

A falta de mobilidade causa problemas de saúde (o motorista fica exposto ao estresse, todos ficam expostos à poluição) e prejudica a economia em geral. Ano passado, segundo a Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (DICT), 68 morreram vítimas de acidentes de trânsito em Goiânia. De acordo com pesquisa da Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), em 2013, o tempo perdido por um trabalhador goianiense no trânsito representou 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

Trânsito congestionado na Avenida 85: sintoma de que as “artérias” da cidade já estão comprometidas | Fernando Leite/Jornal Opção

BRT
Os números mensuram um problema complexo. Por isso, as iniciativas para melhorar a mobilidade em Goiânia (como em todas as cidades brasileiras, especialmente as maiores) deveriam ser prioridade para qualquer administração pública. E, nesse aspecto, os gestores têm falhado ao longo dos anos.

Salta aos olhos a situação das obras do BRT Norte-Sul, que andam em ritmo de tartaruga desde o seu início. A entrega da linha está atrasada há mais de 800 dias. Causou transtornos para o trânsito e poluição visual; transformou uma das principais avenidas da capital, a Goiás Norte, em um cenário de abandono.

Ali, há de tudo: vendedor ambulante, corredor de rua, patinadores, estacionamento... só não há ônibus, que têm de usar as pistas laterais, concorrendo pelo espaço e colocando em risco os usuários dos demais modais.  Conforme demonstrou reportagem do Jornal Opção, mais de 93 milhões de passageiros já poderiam ter usado o BRT, caso as obras tivessem sido entregues no prazo estipulado.

"Rasgar dinheiro público"

BRT: entrega da obra está atrasada há mais de 800 dias. Foto: Renan Accioly

Recentemente, o prefeito Iris Rezente (MDB) prometeu retomar a obra. Mas deu uma notícia preocupante. Afirmou que só concluirá as extremidades, na região da Goiás Norte e na região que chega à Aparecida de Goiânia. Dessa forma, o eixo central não será construído. Nas palavras da urbanista Regina de Faria Brito, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, isso é “rasgar dinheiro público”.

VLT
O governador Ronaldo Caiado, por sua vez, esteve na quinta-feira, 21, com representantes da chinesa BYD (Build Your Dreams). Em um trocadilho ruim, a proposta da empresa parece ser mesmo um sonho: instalar o VLT no Eixo Anhanguera, com veículos elétricos, possibilidade de fornecimento de internet rápida para passageiros, etc.

Caiado demonstrou entusiasmo com a ideia de colocar nos trilhos uma promessa que o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) nunca conseguiu tirar do papel. Porém, o atual governador não adiantou muitos detalhes, até porque a conversa com os chineses foi apenas embrionária - e um projeto desses, necessariamente passará por licitação.

Caso consiga construir o VLT, Caiado marcará seu nome na história. O Veículo Leve sobre Trilhos é, hoje, uma das melhores alternativas para o transporte coletivo. De quebra, seria possível revitalizar a Avenida Anhanguera.

Privatização

Em reunião recente com Iris, Caiado reforçou a ideia de privatizar o Eixo Anhanguera. Para isso, antes, tem de devolver a concessão da linha para a Prefeitura. A proposta reforça a impressão de que o governador não tem interesse em participar ativamente do transporte coletivo na Região Metropolitana da capital.

O democrata já propôs a saída do Governo da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) e da Companhia Municipal de Transporte Coletivo (CMTC). A ideia é criticada, porque, sem o Governo do Estado, fica mais difícil pensar o transporte conjuntamente para toda a Região Metropolitana – e hoje é impensável isolar os municípios que a compõem.

Fariam bem, portanto, Caiado e Iris se se preocupassem mais com a questão da mobilidade em Goiânia – assim como os demais prefeitos da Região Metropolitana. Mas, enquanto Caiado demonstra querer distanciamento do assunto, Iris propõe sempre as mesmas soluções. Ao invés de se inspirar em soluções criativas da iniciativa privada (como os aplicativos de transporte individual, bicicletas e patinetes compartilhados, City Bus 2.0), o prefeito se prende às velhas “soluções” de sempre, como viadutos, obras e nada mais.

Novos blocos de poder se formam para assumir protagonismo em Goiás no pós-marconismo

Acreditando que a renovação ensaiada em 2018 está apenas no início, grupos se articulam para as eleições de 2020 e 2022

Em sentido horário, a partir de cima: Major Araújo, Elias Vaz, Vanderlan Cardoso e Policarpo. | Fotos: Jornal Opção

A derrota do Tempo Novo em 2018, tanto na disputa majoritária quanto na proporcional, em que a base aliada viu desidratar sua presença na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional, encerrou o segundo ciclo de poder em Goiás pós-redemocratização (o primeiro havia sido protagonizado pelo então PMDB e aliados) e abriu uma janela para o surgimento de novos protagonistas na política do Estado. De olho nessa oportunidade, novos grupos se articulam para assumir o papel principal nas eleições de 2020 (especialmente na disputa pela Prefeitura de Goiânia) e 2022, quando será escolhido o sucessor de Ronaldo Caiado (DEM).

Nesse momento, já é possível identificar alguns desses grupos. Um deles é formado pelo senador Vanderlan Cardoso (PP), o ex-ministro e atual secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Alexandre Baldy (PP), e o ex-deputado Daniel Vilela (PMDB) . Outro tem os deputados federal Delegado Waldir (PSL) e estadual Major Araújo, que está em processo de filiação ao partido do presidente Jair Bolsonaro.

Um terceiro bloco forma-se em torno do senador Jorge Kajuru e do deputado federal Elias Vaz, ambos do PSB. A "quarta via"se organiza através de uma aproximação entre os presidentes da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB), e da Câmara de Vereadores de Goiânia, Romário Policarpo (Pros). Em algum momento, esses grupos podem forjar algum tipo de aliança entre si.

Novas regras eleitorais obrigam partidos ao voo solo
O raciocínio dos postulantes é de que não há perspectiva de que o grupo que está ao lado de Caiado tenha a mesma longevidade daqueles que acompanharam a trajetória de Iris Rezende e Marconi Perillo. Primeiro, porque os partidos que compuseram a aliança com o democrata ensaiam voos solo, impelidos pelas mudanças nas regras eleitorais.

A partir de 2020, não são mais permitidas as coligações proporcionais. Sendo assim, as legendas precisarão mais que nunca de um cabeça de chapa majoritária que puxe votos para candidatos a vereador. Para ter acesso ao Fundo Partidário, que hoje é a maior fonte de renda dos partidos, em 2022 eles terão de ter 2% dos votos válidos, entre outras exigências.

Caiado assume com idade mais avançada que Iris e Marconi e acena com pretensão à Presidência da República
Quando assumiu o Palácio das Esmeraldas, em 1983, sendo o primeiro governador eleito após a reabertura política (ainda que nos estertores do regime de 1964), Iris Rezende tinha 50 anos. Em 1999, Marconi Perillo inaugurou o Tempo Novo com apenas 35 anos. Em janeiro, quando assumiu o cargo de governador, Ronaldo Caiado tinha 69 anos – ele completará 70 em setembro.

Além disso, ao longo da carreira parlamentar, Caiado sempre foi um crítico da reeleição. Recentemente, inclusive, afirmou ao senador Jorge Kajuru que não disputará a reeleição. A intensão do democrata é tentar a Presidência da República, conforme Kajuru relatou ao Jornal Opção. Até 2022 muita coisa pode mudar e o democrata decidir tentar a reeleição, mas os partidos trabalham com todos os cenários.

Senador Jorge Kajuru: "Vou trabalhar em tempo integral por sua campanha", disse, em relação a Elias Vaz. Foto: Reprodução

Desgaste de Iris faz com que adversários enxerguem fracasso eleitoral
Ajuda a alimentar a pretensão daqueles que almejam o protagonismo político em Goiás o desgaste sofrido pelo prefeito Iris Rezende. Pesquisas que circulam nas mãos de políticos goianos, segundo relatos ouvidos pelo Jornal Opção, apontam que os dois primeiros anos da atual administração à frente da Prefeitura de Goiânia feriram gravemente o capital político do emedebista.

Os futuros adversários – que podem estar dentro da própria administração – apostam que não haverá tempo de Iris se recuperar, a ponto de ser possível batê-lo em 2020. "Obra em fim de mandato não engana mais a população", disse um vereador da base do prefeito.

Ex-deputado Daniel Vilela: "O emedebismo e o Vanderlan são aliados e vamos caminhar juntos"| Foto: Fernando Leite

Os iristas contam com o caixa cheio para gastar em obras nesses quase 20 meses que restam antes da eleição para reverter o quadro e com a pulverização de candidatos – o que garantiria o ex-prefeito em um provável segundo turno com cerca de 20% dos votos no primeiro turno.

Grupos apostam no desejo de renovação
Políticos ouvidos pelo Jornal Opção durante toda a semana apostam que o desejo de mudança por parte do eleitor ainda não foi saciado. O resultado das urnas em 2018, que feriu profundamente o Tempo Novo, a ponto de estrelas tucanas como Giuseppe Vecci e Marconi Perillo terem naufragado, é, para muitos, apenas o início de um processo que não terminou.

"A repaginação da política nas eleições [de 2018] foi demarcatória. A sinalização [do eleitor] foi de que ele quer mudanças, novas formatações, não só de pessoas, mas de práticas", diz o deputado federal Elias Vaz, ele mesmo um dos possíveis candidatos a prefeito de Goiânia no ano que vem.

Outro postulante, o deputado Major Araújo, pensa igual. "A minirreforma [política] favoreceu as mudanças. As alianças eram feitas por quem tinha tempo de TV, financiamento político. Hoje, a internet superou a TV e o financiamento é público", afirma. "Esse é um ciclo natural. Na última eleição, o brasileiro clamou [por mudanças]. O cidadão vai continuar clamando nas próximas [eleições]", complementa o presidente do Pros em Goiás, Rodrigo Melo.

"O grupo que mantinha a hegemonia política sofreu uma grande derrota e, naturalmente, outro deve assumir esse protagonismo. Isso é normal e precisa ser assim. Não é saudável um mesmo grupo se manter no poder por tantos anos", afirma Vanderlan Cardoso.

Grupos começam a pensar nos nomes dos candidatos
Restando menos de dois anos para as eleições municipais, os novos blocos de poder começam a definir os nomes que entrarão na disputa, para enfrentar os grupos já tradicionais.

É consenso entre eles que o governador Ronaldo Caiado terá um candidato à Prefeitura de Goiânia (o nome do ex-senador e secretário de Indústria, Comércio e Serviços – SIC desponta com um dos favoritos. A candidatura de Iris Rezende à reeleição parece cada vez mais uma realidade – tanto que o ex-prefeito tem demonstrado desconforto com a movimentação de partidos que têm posições na Prefeitura, como o Pros.

Projeta-se também que o PT terá um nome, provavelmente repetindo a candidatura da deputada Adriana Accorsi. Espera-se, ainda, um candidato ligado ao ex-governador Marconi Perillo. Cogita-se, inclusive, que seja o ex-governador José Eliton (PSDB).

Os presidentes da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, e da Câmara de Vereadores, Romário Policarpo, trabalham para formatar uma aliança para 2020 que tenha reflexo também em 2022. A proximidade se fortaleceu na disputa pela presidência das duas casas legislativas.

Lissauer: aproximação com o Pros pode levar a uma aliança eleitoral em 2020. Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Para Goiânia, o Pros trabalha os nomes do próprio Policarpo, mas também do deputado estadual Vinícius Cerqueira. O grupo faz um cálculo matemático: se tiver o apoio dos vereadores que trabalharam pela vitória do Pros na eleição da Câmara, terá um capital político considerável. "A eleição do Policarpo mostra a facilidade do Pros de conversar com todos os partidos", acredita o presidente da legenda, Rodrigo Melo.

No bloco Kajuru-Elias Vaz, o segundo deve ser o candidato à sucessão de Iris Rezende. Em declaração ao Jornal Opção, o senador declarou apoio à candidatura do deputado federal. "Vou trabalhar em tempo integral em sua campanha", adiantou o senador. O deputado, por sua vez, se apresenta à postulação. "Nosso grupo tem vocação para ao protagonismo", diz.

À espera da confirmação da filiação ao PSL, o deputado estadual Major Araújo tem demonstrado descontentamento com algumas medidas do governador Ronaldo Caiado e tem feito críticas ao prefeito Iris Rezende. "O prefeito diz que não há buracos na cidade. Não seria melhor encarar a realidade", afirma Araújo, para quem as futuras pesquisas vão afunilar a lista de candidato à prefeitura.

Delegado Waldir: "O Major Araújo será nosso candidato natural" | Foto: Fernando Leite

Já o deputado federal Delegado Waldir banca o nome do futuro colega de legenda. "O Major Araújo, vindo para o nosso partido, será o candidato natural", disse, ao Jornal Opção.

No bloco que reúne o senador Vanderlan Cardoso, o ex-ministro Alexandre Baldy e o ex-deputado Daniel Vilela, a definição da disputa pela Prefeitura de Goiânia ainda precisa se consolidar.

Vilela, inclusive, já anunciou apoio ao candidato do senador na disputa pela Prefeitura de Senador Canedo, mas não foi direto em relação à capital. "O emedebismo e o Vanderlan são aliados e vamos caminhar juntos", disse Vilela.

Contudo, resta saber como será o comportamento de Daniel frente a Iris Rezende, que cada vez mais dá sinais de que pretende mesmo disputar a reeleição. O próprio ex-deputado pode surgir como o candidato do grupo, mas, para isso, terá de enfrentar o irismo dentro de seu próprio partido.

Baldy: "O PP está de vento em popa e terá candidato em Goiânia"| Foto: Divulgação

Para dificultar a costura, o PP de Baldy também quer encabeçar a chapa majoritária. "O PP está de vento em popa. Vamos lançar candidato a prefeito em Goiânia, com chances reais de vitória", disse o secretário de Transportes de São Paulo, ao Jornal Opção.

Campeonato Goiano define confrontos das quartas-de-final

Rodada desta quarta-feira, 20, também decidiu os dois rebaixados: Itumbiara e Novo Horizonte. Fase decisiva começa no domingo, 24

Com rodada completa na noite de quarta-feira, 21, o Campeonato Goiano encerrou a primeira fase com a definição dos classificados para as quartas-de-final e os dois clubes rebaixados. Goiás, Atlético, Goianésia e Crac decidirão a classificação para as semifinais em casa. Itumbiara e Novo Horizonte foram rebaixados.

O Goiás encerrou a primeira fase em primeiro lugar, com 31 pontos e apenas uma derrota. O time do técnico Maurício Barbiere teve 86% de aproveitamento. Na quarta-feira, venceu o Iporá, por 2 a 1, no Estádio Hailê Pinheiro. O Atlético, que venceu o Crac por 2 a 1, no Estádio Genervino da Fonseca, ficou com a segunda colocação, com 28 pontos.

A rodada também definiu os dois rebaixados. Mesmo empatando com o Grêmio Anápolis, em casa, o Itumbiara terminou a primeira fase com apenas 9 pontos, na penúltima colocação. O lanterninha da competição foi o Novo Horizonte, que perdeu para a Aparecidense e acabou com apenas 6 pontos.

Confira os resultados da última rodada da primeira fase: Goiás 2 x 1 Iporá; Crac 1 x 2 Atlético; Goianésia 1 x 0 Vila Nova; Anapolina 2 x 1 Goiânia; Aparecidense 1 x 0 Novo Horizonte; Itumbiara 2 x 2 Grêmio Anápolis.

As quartas-de-final terão os seguintes confrontos:

Sábado 23/03

Vila Nova x Crac - 16h
Anapolina x Atlético-GO - 16h

Domingo 24/03

Aparecidense x Goiás - 16h
Goiânia x Goianésia - 16h

Terça-feira 26/03

Atlético-GO x Anapolina - 20h30

Quarta-feira 27/03

Crac x Vila Nova - 20h30
Goianésia x Goiânia - 20h30
Goiás x Aparecidense - 21h30

Terceira e última superlua do ano ocorre esta noite

Satélite estará mais próximo da Terra nesta quarta-feira, 20, aparentando ser maior e mais brilhante. Tempo em Goiânia pode atrapalhar

Como a imprensa ajuda na histeria do “desafio da Momo”

Welles e Momo: veículos de comunicação de massa e a histeria coletiva

Não é a primeira vez que a escultura macabra do japonês Keisuke Aiso protagoniza uma onda alarmista nas redes sociais

Em 1938, o rádio, como meio de comunicação de massa, era relativamente uma novidade. Eis que, em uma noite de 30 de outubro, véspera do Halloween, irrompe nas ondas da CBS a “notícia extraordinária” da invasão marciana ao planeta. Pânico em Nova Iorque. Sucesso para o radioteatro de Orson Welles.

Oitenta anos depois, os alienígenas nos invadem por meio do WhatsApp e outras ferramentas de comunicação instantânea. A chamada mídia tradicional participa desse jogo de forma atabalhoada.

A mais recente prova da inabilidade de os veículos tradicionais na lida com os meios digitais teve como protagonista a Revista Crescer.

Vamos à história

A produtora de conteúdo Juliana Tedeschi Hodar recebeu um vídeo com o “Desafio da Momo”. Nele, a macabra boneca, na verdade uma escultura do japonês Keisuke Aiso, invade vídeos infantis para incentivar as crianças à automutilação e ao suicídio.

A filha de Tedeshi confirmou ter visto tal vídeo. A produtora de conteúdo postou a história no Facebook – até a manhã desta terça-feira, 19, a publicação havia recebido 112 reações, 75 comentários e 1,3 mil compartilhamentos.

Baseada no relato de Tedeschi, a Crescer publicou a história com o seguinte título: “Momo aparece em vídeos de slime do YouTube Kids e ensina as crianças a se suicidarem, diz mãe”. Sem apuração, sem outros exemplos. Apenas o “diz mãe”.

O vídeo circulou febrilmente em grupos de WhatsApp, Facebook e Instagram. Às 10h50 desta terça-feira, 19, havia 5.210.000 referências aos termos “momo + suicídio” no Google.

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Alguns veículos de comunicação apuraram melhor o caso. A ONG Safernet, referência em segurança digital, foi consultada. O Ministério Público da Bahia, por meio do Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos, notificou o Youtube e o WhatsApp. Nenhum deles encontrou links ou URLs que direcionassem a vídeos na plataforma que contivessem o conteúdo denunciado.

Existem centenas de vídeos da Momo no Youtube. Muitos realmente assustadores, especialmente para crianças. Nenhum, porém, “ensina” técnicas de suicídio ou automutilação (se ele existe, ainda não foi encontrado) na plataforma, mas, sim, no WhatsApp.

O roteiro é simples:

Um casal recebe um vídeo que coloca a segurança dos filhos em risco.

Os pais perguntam à filha: “Você já viu essa boneca?”.

Ela diz que a viu no Youtube (afinal, há milhares de vídeos dela na plataforma).

Os pais deduzem que o vídeo que ensina o suicídio está no Youtube, postam o alerta no Facebook e compartilham no WhatsApp.

Um veículo de comunicação publica a história, baseada nesse post, com um título chamativo para angaria clicks.

Centenas de outros veículos reproduzem o caso.

Novos relatos surgem.

Cresce o número de buscas no Google e o algoritmo começa a entender que aquele assunto é muito buscado e o coloca em evidência.

Mais buscas alimentam o algoritmo, mais o algoritmo alimenta as buscas.

Uma criança entra no Google, busca por “slime” e o algoritmo, vitaminado por milhões de buscas com os termos “slime + Momo + suicídio”, dá como resultado exatamente o vídeo que os pais queriam banir.

A roda gira alimentada pela legítima preocupação dos pais, pela pressa e falta de apuração da imprensa e pelo algoritmo do Google. Ao compartilhar o vídeo, os pais dão mais impulso à engrenagem.

E o hoax atinge seu objetivo.

Chove 60% menos no primeiro bimestre e Goiás se prepara para a escassez de água

Precipitações nos meses de janeiro e fevereiro são inferiores às dos anos anteriores e vazão do Meia Ponte atinge níveis preocupantes

Mesmo com as chuvas dos últimos dias, no primeiro bimestre choveu menos do que no mesmo período do ano passado, ameaçando a Bacia do Meia Ponte. Foto: Fernando Leite

Os moradores de Goiás já podem começar a fechar as torneiras, tomar banhos mais rápidos e adotar métodos de reaproveitamento de água. Apesar das chuvas dos últimos dias, no primeiro bimestre São Pedro foi avarento e o resultado pode ser a falta d’água no período seco – que começa em abril e tende a se agravar até setembro.

Segundo dados do Sistema de Meteorologia e Hidrologia de Goiás, o volume de chuva foi apenas 60% do esperado. O gerente do sistema de meteorologia do Estado, André Amorim, relata que em janeiro, o volume de chuvas foi de 143,2 milímetros, quando a média é de 247,8 milímetros. Em fevereiro, o volume foi de 195,2 milímetros – a média é de 222,9. “Se somarmos o déficit de precipitação acumulada, temos o valor de 132,3 milímetros”, diz Amorim.

A Saneago aponta outro problema. Além do volume de chuva nos dois primeiros meses do ano ter sido menor, ele foi de baixa qualidade. Ou seja: segundo a estatal, as chuvas foram concentradas em períodos curtos, não favorecendo a infiltração.

Dessa forma, não ocorre o reabastecimento adequado do lençol freático. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustetável (Semad), a capacidade de infiltração de água da bacia do Alto Meia Ponte é muito baixa e, com isso, grande parte da precipitação não é refletida em manutenção das vazões

O regime raquítico de chuvas no primeiro bimestre piora uma situação que se arrasta há pelo menos quatro anos. Segundo André Amorim, há um déficit acumulado de 752 milímetros de chuva nesse período. Dessa forma, de acordo com a Saneago, diminui-se a disponibilidade de água nos mananciais, em função do prejuízo nos mecanismos de recarga.

O cenário é preocupante. Desde 2015, o ciclo de chuvas em Goiás tem diminuído constantemente. Em 2018, o primeiro semestre teve os menores registros de precipitação pluviométrica desde 1994. Os números do primeiro bimestre de 2019 apontam para a possibilidade de que a situação fique ainda pior.

Contingência
Diante dos dados disponíveis até agora, as autoridades do setor, os organismos colegiados e o setor produtivo já se mobilizam no sentido de se preparar um plano de contingência – a exemplo do modelo adotado em 2018, quando os efeitos da seca foram menos graves que os sentidos na crise hídrica de 2017. Vários encontros foram feitos, um deles, na quinta-feira, 14.

A maior preocupação é com a Bacia do Rio Meia Ponte, a mais importante do Estado, por abastecer aproximadamente 50% da população, distribuídas em 39 municípios. Em janeiro, a vazão do rio no ponto de capitação da Saneago foi menor em todos os dias do mês, no comparativo com o mesmo período do ano passado. No dia 26 de janeiro de 2018, por exemplo, a vazão foi de 20,5 metros cúbicos por segundo; em 2019, foi de 5,51 metros cúbicos por segundo na mesma data.

De acordo com o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte, Fábio Camargo, a situação é a pior da história. “Pior que 2017”, diz, lembrando da crise de abastecimento daquele ano, quando faltou água em vários municípios por períodos prolongados.

Segundo Camargo, se as projeções se confirmarem, será necessário tomar medidas mais rigorosas que as de 2018, quando o Comitê - composto pelo governo, Saneago, usuários como Celg, Federação da Agricultura e Pecuária (Faeg), Federação da Indústria (Fieg) e sociedade civil - tentou evitar que o colapso se repetisse.

Na oportunidade, foram criados níveis para atuação na bacia, que iam de alerta (menos de 10 mil litros por segundo) a crítico 3 (menor ou igual a 6 mil litros por segundo). Para cada nível, o Comitê definiu um tipo de providência: da realização de campanhas de conscientização à suspensão dos volumes outorgados.

Além disso, a emissão de novas autorizações para uso de água foram suspensas. No pior momento da estiagem, a outorga de uso foi fixada em 50% da quantidade autorizada. A medida vigorou de junho a dezembro, quando as chuvas se intensificaram.

Paralelamente, a Saneago instalou medidores eletrônicos do nível de água nos pontos de captação. A extinta Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima), hoje Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), intensificou o combate ao uso irregular. De acordo com o ex-secretário Hwaskar Fagundes, na época a fiscalização encontrou vários pontos de captação irregular de água ao longo da Bacia do Meia Ponte.

Com a quantidade menor de chuvas este ano, a vazão do Meia Ponte chegou a apenas 4 mil litros por segundo em alguns dias, mesmo estando ainda fora do período de estiagem. Por isso, Camargo propõe que os limites para atuação sejam ainda mais rigorosos. É o que tem sido discutido nas reuniões dos grupos técnicos.

Principal uso do Meia Ponte
é para abastecimento urbano

O principal uso da Bacia do Meia Ponte, cerca de 80%, é para o abastecimento urbano, por meio da Saneago. A empresa diz que monitora diariamente os mananciais e envia os relatórios para a Semad. A secretaria, por sua vez, informou, ao Jornal Opção, que o comitê trabalha na definição dos níveis de atuação na bacia (vazões críticas), aos moldes do que foi realizado no ano passado, só que contemplando o prognóstico mais desfavorável deste ano.

A expectativa é que o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, divulgue nos próximos dias quais serão as providências para que não falte água na torneira dos goianos - ou que essa falta tenha o menor impacto possível.