Tim Cook mostra o museu de grandes novidades da Apple
26 março 2019 às 08h57
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Eventos da Apple, tradicionalmente, mobilizam a imprensa especializada e ganham repercussão mundial. Tornou-se icônica a figura de Steve Jobs de camiseta preta, calça jeans e tênis assombrando o mundo com suas máquinas maravilhosas: Ipod, Iphone, Ipad, Macs, App Store, e por aí vai.
O visual minimalista de Jobs tinha uma função: nunca chamar mais a atenção do que os produtos da empresa que fundou ao lado do xará Steve Wozniak. A mágica funcionou por anos. A Apple lançou dispositivos que mudaram o mundo – e isso não é exagero –, impactaram mercados consolidados, como o da música, que teve de se reinventar, e criaram o jeito de ser do século 21.
Mas, ao lançar seus novos produtos nesta segunda-feira, 25, a empresa reforçou um questionamento que vem de algum tempo: será que a Apple perdeu a capacidade de inovar? Essa é a questão de bilhões de dólares – que foi exatamente o que a levou a romper a casa do 1 trilhão de dólares.
Ideias alheias
Quando subiu ao palco para mostrar os lançamentos da Apple, o CEO Tim Cook abriu um museu de grandes novidades. O catálogo continha um serviço de streaming de vídeos, um aplicativo agregador de notícias, um serviço de games por assinatura e, dando uma guinada em direção à pré-história, um cartão de crédito. Foi a sinalização de que a intenção é reforçar a prestação de serviços.
Nos últimos anos, a Apple tem se especializado em agregar ideias alheias (o que é normal no mundo da tecnologia, mas que contraria o DNA da gigante do Vale do Silício). Foi assim com o celular de tela grande, com câmera dupla e resistente à agua, com o smartwatch. Há muito, também, os Iphones deixaram de ser as melhores opções do mercado de telefonia móvel.
A Apple ainda é uma marca que encanta os fanboys, sempre dispostos a pagar mais caro por produtos que nem sempre são superiores. Continua tendo devices de alta qualidade e tenta sempre vender a ideia de que suas soluções para questões já resolvidas são melhores que as da concorrência.
Mas o marketing e a retórica não estão mais convencendo tanta gente. O mercado estima que a Apple diminuiu entre 20% e 30% as encomendas do Iphone Xs Max e do Iphone XR, equanto reforçou as vendas de modelos menos atuais, como o Iphone 8 e 8 Plus, que têm preços menos proibitivos.
No segundo semestre, a Apple realiza seu principal evento do ano. Mas os sites especializados não apostam um Iphone 3GS que Tim Cook conseguirá tirar algum coelho da cartola.