Por Rodrigo Hirose

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É hora de repensar o modelo de financiamento do transporte

Em meio à polêmica envolvendo o Passe Livre Estudantil, cujo número de alunos atendidos o governo estadual quer reduzir de 85 mil para 22 mil, um assunto tem passado ao largo das discussões sobre o transporte coletivo público. Em gestação nos órgãos gestores, a criação de fontes alternativas de financiamento do sistema na Região Metropolitana precisa deixar de ser tabu e deve ser debatida com clareza, coragem e com o mínimo de contaminação de interesses políticos e financeiros.

Atualmente, o sistema é quase que exclusivamente bancado pela tarifa paga pelos usuários. O governo estadual subsidia com isenção de ICMS sobre o combustível e com repasses para cobrir o déficit oriundo do Passe Livre Estudantil. As demais gratuidades (idosos, militares, funcionários dos Correios, deficientes, etc) são complementadas pelo preço da passagem – que também paga pela manutenção dos abrigos e terminais de integração. A estimativa é de que todos esses gastos representem cerca de 40% do valor final da tarifa. Ou seja, R$ 1,72 de R$ 4,30 são usados para cobrir as gratuidades e para fazer investimentos em manutenção.

De acordo com o senso comum, essa seria a lógica. Paga quem usa. Contudo, no mundo desenvolvido, não é assim que funciona. Para que a tarifa não seja tão alta e que haja recursos para melhoria do sistema, em praticamente todos os países avançados há algum tipo de fonte alternativa de financiamento do transporte coletivo público.

Conforme publicado no Jornal Opção, nas principais cidades europeias o subsídio governamental (que, em última análise, é bancado pelos tributos e taxas pagas por toda a sociedade) cobre de 46% (em Amsterdã) a 74% (em Praga) do valor total das tarifas. Isso ocorre porque existe uma visão que valoriza o coletivo sobre o individual. É assim que as sociedades avançadas funcionam.

E de onde vêm esses recursos para subsidiar o valor da passagem? As possibilidades são muitas, mas o caminho mais comum é que o transporte individual arque com esses custos, seja com parcela do valor do licenciamento anual, seja com destinação de taxas incidentes sobre estacionamentos particulares e públicos e combustíveis. Em alguns países, inclusive, há cobrança de pedágio urbano.

No caso do município de Goiânia, há duas medidas que poderiam, ao mesmo tempo, auxiliar na rotatividade das vagas de estacionamento público e servirem de fonte para melhoria do transporte coletivo: a ampliação da Área Azul, que, segundo estudo da Secretaria de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT) poderia chegar a 20 mil vagas (hoje são apenas 2 mil, em Campinas e no Centro); e a adoção do parquímetros, projeto já aprovado na Câmara de Vereadores mas nunca colocado em prática.

No caso de Goiás, os técnicos que trabalham no tema calculam que seria necessário algo em torno de R$ 200 milhões por ano em fontes extratarifárias. Esse valor seria o suficiente para segurar o valor da passagem e ter algum recurso para investir em novos abrigos, na melhoria dos terminais e na frota.

Porém, esse não é um tema fácil de lidar. Ao longo do tempo, o usuário desenvolveu uma desconfiança nos gestores e nas empresas que exploram o serviço. E não sem razão. Desde que a atual concessão entrou em vigor, em 2008, a tarifa subiu de R$ 2 para R$ 4,30. É um aumento de 115% no período. Bem acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 77%.

Já o proprietário de automóvel particular dificilmente engoliria mais uma taxa ou aumento naquelas que já paga anualmente, como o IPVA, o licenciamento e o seguro obrigatório. Afinal, se ele não enxerga os tributos que paga anualmente retornarem em forma de ruas em boas condições e sinalização de trânsito adequada, como convencê-lo de pagar um pouco mais para que o transporte coletivo público seja beneficiado?

Os desafios para fazer uma proposta dessas vingar são muitos. Mas os benefícios também. Um transporte coletivo melhor significa um trânsito mais racional, menos perda de dinheiro em deslocamento, menos poluição. Enfim, mais qualidade de vida nas cidades.

Cabe aos gestores conquistarem a confiança da população. E cabe a toda a sociedade estabelecer uma cultura na qual o interesse coletivo seja mais importante que o individual.

Ibaneis enfrenta a crise e começa a mostrar a cara do governo

Governador do Distrito Federal busca ações criativas para contornar o rombo financeiro e fazer a máquina pública funcionar

Goiânia integra projeto-piloto de Moro para combate à violência

Ministro da Justiça e da Segurança Pública anunciou municípios nesta quarta-feira, 15. Critério foram os elevados índices de homicídio

[caption id="attachment_184635" align="alignnone" width="620"] Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil[/caption]

Goiânia integra a lista de cidades que farão parte de um projeto-piloto do Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta, concebido pelo ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 15. Além da capital goiana, estão incluídas Ananindeua (PA), Cariacica (ES), São José dos Pinhais (PR) e Paulista (PE).

Segundo o ministro, o critério de escolha das cidades é a alta taxa de homicídios por 100 mil habitantes. De acordo com o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, as taxas dos municípios selecionados, em 2017, foram: Ananindeua, 68,2/100 mil; Paulista, 47,4/100 mil; Cariacica, 42,3/100 mil; São José dos Pinhais, 40,1/100 mil; e Goiânia, 33,6/100 mil. A média brasileira, naquele ano, foi de 30,3 por 100 mil.

O projeto prevê ações conjuntas entre forças federais (Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal), estaduais (polícias Civil e Militar) e municipais (Guardas Civis). Além da repressão em bairros considerados violentos, o governo federal pretende que sejam levadas políticas públicas das três esferas.

Moro, contudo, não divulgou metas de redução da criminalidade. “É algo [sobre o qual] não se pode ter um prognóstico absoluto. Vão ser realizadas medidas tendentes a reduzir essa criminalidade de maneira significativa”, disse o ministro, em entrevista coletiva.

WhatsApp é invadido por espiões e pede para todos os usuários atualizarem aplicativo

Empresa confirmou vulnerabilidade que pode atingir todos os dispositivos que utilizam a ferramenta de comunicação instantânea

[caption id="attachment_184217" align="alignnone" width="620"]Ataque ao WhatsApp Reprodução / WhatsApp[/caption]

O WhatsApp informou, na segunda-feira, 13, que todos os mais de 1,5 bilhão de usuários estão vulneráveis a invasão de seus dispositivos. Segundo a empresa, hackers encontraram uma vulnerabilidade que permite a instalação de programas espiões (spyware) e acessarem informações contidas nos aparelhos.

A empresa solicitou que todos os usuários atualizem o aplicativo para a versão mais recente. Também pediu que eles mantenham o sistema operativo durante todo o dia, como medida de proteção.

O Facebook, que é proprietário do WhatsApp desde 2014, informou que os espiões atacaram números específicos, não se tratando, portanto, de um ataque em massa. A empresa não informou quantos usuários foram efetivamente atingidos.

O spyware era instalado após a realização de uma chamada de áudio para o número alvo, mesmo que a ligação não fosse atendida. O problema atingiu tanto usuários de IOS (sistema operacional da Apple) quanto de Android (do Google).

Globo cai na zoeira da internet e humilha goleiro Sidão ao vivo

Em votação claramente manipulada, jogador do Vasco é escolhido Craque do Jogo e protagoniza cena constrangedora com a repórter Júlia Guimarães

Reprodução Rede Globo

Em um domingo de poucos gols, bom público e futebol mediano, o destaque da quarta rodada do Campeonato Brasileiro ficou para a exposição humilhante do goleiro Sidão, do Vasco. O jogador, que defendia o Goiás há até poucos dias, foi escolhido Craque do Jogo pelos internautas que acompanharam o jogo contra o Santos pela Rede Globo.

Ocorre que a votação havia sido manipulada por um movimento de zoeira nas redes sociais, já que o goleiro havia falhado no primeiro dos três gols santistas.

Na saída de campo, a cena mais constrangedora da tarde reuniu Sidão e a repórter da Globo Júlia Guimarães. A jornalista, ao aproximar-se do jogador, não disfarçou o incômodo com a situação: “Sidão, eu vou ter que te entregar o troféu craque do jogo. Foi uma votação feita apenas por torcedores na internet. É um jogo complicado para você, uma partida muito difícil, mas... É, fica aqui esse troféu para você”. Sidão apenas abaixou a cabeça e deixou o gramado.

Casagrande pede desculpas

O assunto rapidamente tornou-se o mais comentado do Twitter. A maioria dos internautas atacou a Globo, pela falta de sensibilidade. O ex-jogador Casagrande, que é comentarista da emissora, pediu desculpas ao goleiro e chamou o prêmio de ridículo.

O Vaso emitiu nota oficial criticando a Rede Globo. “O Club de Regatas Vasco da Gama repudia a exposição equivocada, constrangedora e desnecessária do atleta Sidão em rede nacional ao fim do jogo contra o Santos, em uma infeliz entrada ao vivo para a entrega de um prêmio que evidentemente não representava o espírito proposto”, diz a nota do clube.

A assessoria de imprensa de Sidão também se manifestou. Por meio de nota, pediu respeito ao jogador e disse repudiar “com veemência a atitude tomada ao final do jogo na transmissão da Rede Globo”. O próprio Santos se solidarizou com o goleiro vascaíno. “Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé. Manda essa tristeza embora. Basta acreditar que um novo dia vai raiar. Sua hora vai chegar!”, escreveu o clube.

Globo muda critérios para a premiação

Após a repercussão negativa, a Rede Globo anunciou que mudará os critérios para escolha do Craque do Jogo. Já na próxima rodada da Copa do Brasil, os comentaristas da emissora participarão da escolha. A Globo também pediu desculpas a Sidão. “Reconhecemos que a entrega do troféu não foi adequada na ocasião e agradecemos a educação de Sidão no momento de tensão”, diz nota.

A jornalista Júlia Guimarães, coadjuvante involuntária da cena, usou o Twitter para se desculpar. “Tenho consciência tranquila de que Sidão sabe o respeito que tenho pelo profissional e pela pessoa que é”.

Socorro financeiro da União será uma terapia de redução de danos para Goiás

Para frustração do governador Ronaldo Caiado, governo federal empurra com a barriga a apresentação do socorro aos Estados

A semana que passou não foi das mais alvissareiras para o governador Ronaldo Caiado [DEM-GO]. Animado no início, o democrata saiu frustrado da reunião do presidente Jair Bolsonaro com os governadores, no Palácio do Planalto, na quarta-feira, 8. A expectativa do governador goiano (e de seus colegas dos outros Estados) era sair com a proposta do Plano de Equilíbrio Financeiro (PEF) em mãos, mas os governadores deixaram o encontro quase sem nada.

A única coisa que eles obtiveram do Governo Federal foi o compromisso de que o plano seria enviado ao Congresso no dia seguinte, quinta-feira, 9. Contudo, a promessa mais uma vez não foi cumprida. Ainda na quinta-feira, o ministro Paulo Guedes disse a um grupo de governadores do Nordeste que iria mandar a proposta para a Câmara dos Deputados nesta semana. A conferir.

Ao sair do encontro de quarta-feira, Caiado não escondeu a irritação. Disse que a não apresentação do Plano Mansueto, como ficou conhecido o Plano de Equilíbrio Financeiro, frustrou e constrangeu os governadores. Coincidentemente ou não, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que batiza o projeto, não compareceu a um evento em Goiás, na tarde do mesmo dia, organizado pelo Governo do Estado.

Se já estava frustrado na quarta-feira, imagina-se o estado de espírito de Caiado na quinta, quando o anúncio do pacote de socorro aos Estados foi novamente adiado. O ministro da Economia, Paulo Guedes, amenizou a situação, prometendo para essa semana o tão esperado plano.

A programação do Governo Federal é que os detalhes do Plano Mansueto sejam mostrados, primeiro, para os secretários da área econômica dos Estados. É que o Planalto quer evitar mais desgastes e, para tanto, pretende afinar o discurso com os governadores antes de enviar um texto para o Congresso. Tudo que os articuladores políticos de Bolsonaro querem evitar é mais um cabo de guerra com deputados e senadores.

Aposta na ajuda federal

Caiado tem motivos para preocupação. Antes mesmo de tomar posse, o democrata delimitou sua estratégia de atuação na busca ajuda do Governo Federal para amenizar os problemas de caixa de Goiás. A agenda do governador tem sido tomada, desde janeiro, por viagens constantes a Brasília, em busca de apoio financeiro.

Reportagem publicada pelo Jornal Opção em 10 de março já alertava para o risco dessa aposta. O Governo Federal também tem seus problemas de caixa. Políticos e especialistas em contas públicas ouvidos pelo jornal comentaram que dificilmente Caiado conseguiria alguma coisa em Brasília. O tempo está passando e a tese parece ter sentido.

Primeiro, Caiado jogou todas as fichas na inclusão de Goiás no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). O governador assinou decreto de calamidade financeira, adiou o pagamento da folha salarial de dezembro e convidou técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional para conhecerem de perto das contas do Estado.

Contudo, apesar de todos os pesares, a STN concluiu que o diabo não era tão feio como fora pintado pelo democrata. Goiás, segundo o órgão do Governo Federal, não se enquadrava nos critérios para ingressar no RRF.

Sem possibilidade de ser incluído no regime, o Governo de Goiás começou a articular ferozmente, com apoio de outros Estados que passam pelas mesmas dificuldades, uma alternativa de ajuda do Governo Federal. Foi aí que nasceu a ideia do Plano de Equilíbrio Financeiro, que é uma espécie de RRF Nutella.

No PEF, a União torna-se fiadora de empréstimos obtidos pelos Estados em instituições financeiras. O mercado avalia que há muita gente interessada a se tornar credora nesse tipo de operação, que, por ter o aval federal, torna-se de baixíssimo risco. Inclusive bancos estrangeiros poderiam participar do jogo – bancos públicos ficariam fora.

A estimativa é de que aproximadamente R$ 40 bilhões ficarão disponíveis para os Estados que se enquadrarem nos critérios do PEF. Caiado gostaria de mais e, por isso, segue investindo em viagens a Brasília para que o valor seja aumentado. 

Governos terão de apertar o cinto

Para ter acesso a essa linha de crédito, os governos estaduais terão de apertar os cintos. A quantia a ser liberada depende do tamanho do arrocho que cada governador está disposto a fazer. As medidas passam por enxugamento da máquina estadual, adiamento de concursos, contenção do crescimento da folha de pagamento do funcionalismo.

A rigor, porém, o PEF não significa uma solução para os problemas de ordem financeira dos Estados brasileiros. Ele representa apenas um alívio momentâneo e, se não servir de pontapé para medidas realmente estruturantes, pode representar apenas o adiamento do colapso.

Em linhas gerais, o Plano Mansueto funciona como uma terapia de danos reduzidos. Em uma analogia com a economia doméstica, é como uma dona de casa que um empréstimo consignado para pagar o rotativo do cartão de crédito. Ela conseguirá pagar uma conta imediata e a trocará por outra com taxas de juros mais cômodas, mas estará apenas rolando o montante da dívida para depois.

De nada essa manobra resolverá, caso a mesma dona de casa continue saindo todas as noites para restaurantes, gastando com roupas de grife e rodando por aí com um carro que está acima de sua real condição econômica. Se ela não aproveitar a folga no orçamento obtida com o crédito novo para ajustar as contas, a falência virá, mais cedo ou mais tarde.

Há 20 anos, União fez pacote semelhante

Essa história não é nova. Entre os anos de 1997 e 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso renegociou as dívidas dos Estados por 30 anos com juros subsidiados. Na época, o pacotão somava R$ 100 bilhões. Em 2016, no governo Michel Temer, a União aceitou espichar os pagamentos por mais 20 anos. Nas contas do Tesouro Nacional, esse novo adiamento custou R$ 106 bilhões. Menos de três anos depois, novamente os governadores estão com os pires nas mãos.

Durante o seminário “Como resolver a crise dos Estados?”, promovido pelo jornal Valor Econômico, secretários da Fazenda e economistas admitiram que o Plano Mansueto representa um alívio, mas não uma solução. A Secretaria da Economia de Goiás, Cristiane Schmdit, disse durante o evento que o plano não é uma bala de prata. “Se algum Estado está pensando que a solução está aí, não é verdade”, disse a secretária.

Caiado perdeu o primeiro bote de socorro do governo federal, o Regime de Recuperação Fiscal. Agora se movimenta para tentar embarcar no segundo, o Plano de Equilíbrio Financeiro. O risco é que ele seja pequeno demais para tanta gente necessitada e que todos morram abraçados na praia.

 

Governo retoma manutenção da ponte de Porto Nacional

Previsão da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto) é de que o trânsito de veículos pequenos será liberado em 30 dias

Equipe da Ageto trabalha na Ponte de Porto Nacional | Foto: Ageto
Equipe da Ageto trabalha na Ponte de Porto Nacional | Foto: Ageto

Enquanto não ocorre a nova licitação por parte da Secretaria de Estado da Infraestrutura, Cidades e Habitação (Seinf), nem a liberação de recursos para a construção de uma nova ponte pela Caixa Econômica, o Governo do Tocantins optou por começar os serviços de manutenção da ponte interditada sobre o Rio Tocantins, na Rodovia TO-255, em Porto Nacional.

A Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto) iniciou os trabalhos pela remoção do concreto danificado nas pistas de rolamento na segunda-feira, 6. Uma outra equipe também iniciou os trabalhos de reconstrução das tampas de concreto dos caixões, que já foram submetidas à limpeza interna. Por sua vez, as passarelas de pedestres também estão recebendo novos blocos de concreto como piso.

Técnicos da agência estimam que, em 30 dias, a ponte esteja liberada para o tráfego de veículos de pequeno porte. Outros serviços também fazem parte da manutenção, tais como a reestruturação e a impermeabilização do pavimento; a substituição das juntas de dilatação; a recuperação das passarelas de pedestres com reposição das placas de fechamento; a revitalização da iluminação e da sinalização da ponte; a construção de pórticos restritivos nos acessos da ponte e a instalação de equipamentos de monitoramento de velocidade.

Segundo informações do engenheiro responsável pela manutenção, Domingos Aguiar dos Santos, após a remoção de todo o concreto danificado na pista de rolamento, as equipes completarão a revitalização geral da ponte.

Fundo pode mudar o transporte coletivo público na Região Metropolitana

Proposta prevê a criação de fontes alternativas de financiamento do sistema, tirando peso das costas do usuário que paga as tarifas

Crise na saúde se arrasta sem sinal de chegar ao fim

Problemas vão desde a paralisação do serviço de UTIs terrestres até a falta de medicamentos e outros produtos básicos

Foto: Reprodução

Há cerca de uma semana, o Jornal Opção noticiou com exclusividade a paralisação dos serviços de ambulâncias de UTI Terrestres, por parte da empresa recentemente contratada, inclusive, em caráter precário e emergencial. Sem receber há quatro meses, a prestadora de serviços notificou o Estado do Tocantins acerca da impossibilidade de continuar executando os serviços. A consequência não poderia ser outra: pacientes sem atendimento, doenças agravadas e, como não poderia deixar de ser: mortes. Uma em Arraias e outra em Augustinópolis.

A saúde no Estado do Tocantins passa por maus bocados e não se resume ao escândalo do lixo hospitalar em Araguaína. A contenda acerca da carga horária dos médicos, a falta de medicamentos, órteses, próteses, cirurgias, leitos de UTI, ambulâncias não são suficentes para fazerm o governo reconhecer que a pasta está mal gerida. Entretanto, o governo estadual insiste em afirmar que o incêndio teve as chamas debeladas. Pura “fake news”. O caos permanece, numa espécie de “tudo dantes como no quartel de Abrantes”. 

Caiado acerta ao cortar comissionados, mas esse é o menor problema da folha

Crescimento vegetativo da despesa com pessoal, que foi de 5% no primeiro quadrimestre, compromete a capacidade de investimento do Estado

Crescimento da folha de pagamento em Goiás
Os custos com servidores comissionados e temporários caíram no primeiro quadrimestre, mas subiram com efetivos e inativos

O governador Ronaldo Caiado enviou, na semana passada, a segunda etapa de sua reforma administrativa à Assembleia Legislativa. A intenção do Governo, além de reorganizar a estrutura governamental, é diminuir os gastos. A análise da folha de pagamento, no entanto, revela que, no fundo, qualquer iniciativa esbarrará em um entrave insuperável: hoje, o contribuinte goiano (e o brasileiro, em geral) paga impostos para bancar os salários do funcionalismo e despesas de custeio da máquina pública.

Mesmo antes da segunda etapa da reforma, Caiado já havia cortado em 25% os gastos com servidores comissionados (de R$ 103 milhões, no primeiro quadrimestre de 2018, para R$ 76 milhões, no mesmo período de 2019). A economia foi possível graças ao não preenchimento de aproximadamente 2 mil cargos em comissão sem vínculo.

Ocorre que o corte entre os servidores comissionados tem muito mais efeitos políticos e moralizadores que práticos. Dentro da composição da folha de pagamento do Estado, os funcionários sem vínculo representam cerca de 2,5%. Por isso, mesmo uma diminuição significativa, como a feita pelo Governo, impacta relativamente pouco nas contas.

Reajustes, data-base e planos de carreira inflam a folha

Vejamos: a folha de pagamento do primeiro quadrimestre de 2019, comparada ao mesmo período de 2018, está 5% maior. Isso ocorre porque há o crescimento vegetativo, composto por reajustes salariais, pagamento de data-base e Planos de Cargos e Remunerações de várias categorias. A maior parte desses reajustes foi concedida no segundo semestre do ano passado.

Quatro categorias impulsionam o crescimento vegetativo da folha: efetivos, aposentados, pensionistas e militares reformados. No período comparado, a folha delas subiu 4,8%, 9,9%, 8,7% e 17%, respectivamente. Juntas, elas significaram mais R$ 266,6 milhões a mais nos gastos públicos. Anualizada, a conta chega a R$ 800 milhões.

A consulta ao Portal da Transparência do Governo de Goiás revela que a gestão atual tem atuado onde é possível. Foram feitos cortes nas folhas dos comissionados sem vínculo (menos 25,7%), dos efetivos em cargos comissionados (menos 6,2%), dos estagiários (menos 3,3%) e dos temporários (menos 6,7%). Ao todo, são R$ 244 milhões a menos em quatro meses. Mas esse esforço é anulado pelo aumento aos servidores de carreira.

Dessa maneira, o Governo acaba com pouca margem de manobra. Servidores efetivos são concursados, têm seus direitos garantidos e as reivindicações por melhorias salariais são legítimas, como as de quaisquer trabalhadores. Conforme disse em conversa com o Jornal Opção a secretária da Economia de Goiás, Cristiane Schmidt, é preciso repensar o modelo de Estado que o Brasil precisa para os próximos anos. “Hoje, não há dinheiro para fazer política pública”, afirmou.

Funcionalismo e dívidas consomem
97% dos recursos do tesouro estadual

Segundo cálculos da secretária, Goiás gasta por volta de 84% dos recursos do erário com pagamento de pessoal. Juntando-se o serviço da dívida e precatório, a conta salta para 97%. Somem-se aí as despesas com custeio e não é preciso ser um especialista em economia ou contas públicas para ver que sobra muito pouco para novos investimentos.

Além de comprometer a capacidade de empreender do Estado, a folha de pagamento do funcionalismo goiano costumeiramente esbarra nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O último Relatório de Gestão Fiscal que detalha esse dado é de dezembro de 2018. Ali, aponta-se que a folha compromete 44,34%.

Esse índice está abaixo dos limites da LRF (que é de 48,6%). Porém, ele camufla o que realmente se gasta com o funcionalismo. É que, em 2017, o então governador Marconi Perillo aprovou as Emendas Constitucionais 54 e 55, que tiraram dessa conta os pensionistas e os encargos com Imposto de Renda.

Essa alteração legislativa tem sido adotada por vários governos como alternativa para não caírem nas punições da Lei de Responsabilidade Fiscal. Entre outras coisas, ela demonstra a dificuldade de controle dos gastos com pessoal, de forma que eles inviabilizem qualquer administração.

Sociedade não recebe políticas públicas

Ao incluir os pensionistas e o Imposto de Renda na soma, o comprometimento somente com a folha salarial chega a 84% da receita do tesouro estadual, segundo a secretária da Economia. "A sociedade que está pagamento meu salário não tem escola, não tem estrutura hospitalar, nada", diz Cristiane Schmidt.

Uma mudança recente lançou um complicador a mais para o Estados fecharem suas contas conforme a LRF. Em reunião realizada no dia 25 de abril, a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) alertou os secretários estaduais de Saúde sobre duas portarias da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) que incluem servidores de Organizações Sociais (OS) como despesa de pessoal. Em Goiás, praticamente todos os hospitais estaduais são geridos por OS, o que fará que os limites da LRF sejam extrapolados independentemente das emendas constitucionais 54 e 55.

Insatisfeitos, vereadores trocarão base de Paulo do Vale por grupo de Lissauer

Presidente da Assembleia Legislativa prepara candidato para concorrer com o emedebista, de quem é adversário político, em 2020

Paulo do Vale (MDB) e Lissauer Vieira (PSB): embate programado para 2020

Insatisfeitos com a paralisia em relação a algumas questões administrativas e com o tratamento recebido, um grupo de vereadores de Rio Verde prepara o desembarque da base do prefeito Paulo do Vale (MDB).

O destino deles será o grupo ligado ao presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira (PSB), que prepara um candidato para disputar as eleições municipais em 2020.

Na contabilidade de aliados de Lissauer, quatro ou cinco vereadores trocarão de lado. Dessa forma, a oposição a Paulo do Vale na Câmara formará a maioria, com 14 vereadores.

Com a Batalha de Winterfell, Game of Thrones entra para a mitologia pop

Após nove anos, saga chega à reta final e entra na categoria das grandes referências da cultura pop, como Star Wars e Senhor dos Anéis

Maisie Williams, a Arya Stark de Game of Thrones
Maisie Williams, a Arya Stark de Game of Thrones | Foto: HBO / Divulgação

Após nove anos, a série Game of Thrones entra, definitivamente, para a galeria de clássicos da cultura pop. Assim como Star Wars, Matrix e Senhor dos Anéis, a saga inspirada na obra de R.R. Martin entrega uma mitologia levada a sério pelos fãs, que deixará um legado por longos anos.

O terceiro episódio da oitava temporada, The Long Night, exibido pela HBO na noite de domingo, 28, acelerou o coração dos fãs que curtem adrenalina. Ainda que o excesso de escuridão tenha incomodado, não faltaram belas coreografias de luta, agonia pela iminência de uma morte, suspense e apelo visual (a cena em que as espadas flamejantes dos dothrakis se apagam uma a uma é belíssima).

Já para aqueles que se viciaram na série por causa do roteiro surpreendente e do desapego (e até certa crueldade) em relação aos personagens mais carismáticos, a última temporada pode estar sendo um tanto frustrante – como já havia sido a sétima. Para esse segundo grupo, talvez os três últimos episódios tragam algum alento, ao retomar o foco nas intrigas em torno do Trono de Ferro.

A expectativa em torno da Batalha de Winterfell era enorme. Afinal, a saga passou por um intervalo de dois anos, a produção prometeu a maior batalha jamais realizada na televisão e o episódio foi o mais longo da série. Desde a primeira temporada, a chegada do Rei da Noite foi sendo construída, primeiro a conta-gotas e, ao longo do tempo, em forma de torrente.

https://www.youtube.com/watch?v=ksTqLXLUvQ4
Teaser do quarto episódio da oitava temporada de Game of Thrones

Personagens se despedem de forma heroica

Era o momento de o dique explodir. O episódio dois da oitava temporada já havia sinalizado que chegara a hora da despedida de alguns personagens cativantes. Contudo, ao contrário do que se acostumou a ver, as mortes, dessa vez, não foram indignas (como a de Ned Stark logo no primeiro ano), nem chocantes e inesperadas (como a de Lady Stark).

Sor Jorah, Theon, Beric Dondarrion, Melissandre e Lady Lyanna encontraram a morte de forma redentora e heroica. Na reta final, Game of Thrones parece não ser tão revolucionária assim – ainda que os três episódios finais possam mudar completamente essa percepção.

Em termo de ação, a Batalha de Winterfell foi de tirar o fôlego. Mas a própria série já havia entregado melhores, como a Batalha de Água Negra e, especialmente, a Batalha dos Bastardos. Tanto em Blackwater quanto em Battle of de Bastards, a fronteira entre o bem e o mal não era tão delimitada quanto em Winterfell.

Porém, esses detalhes estão longe de estragar GoT. Ao contrário, o maior mérito da série é exatamente servir um cardápio que agrada tanto o telespectador que busca um entretenimento, digamos, mais “cabeça”, quanto o que deseja apenas sentar-se no sofá com um copo de guaraná e um balde de pipoca.

A saga ainda tem três episódios, mas já deixa saudades.

“Caiado se preparou para ganhar a eleição, mas não para governar”

Talles Barreto não chega a ser uma voz que clama no deserto da Assembleia Legislativa. Mas, em uma casa que ensaia alguma independência, mas que já caminha para acomodar-se junto ao Palácio das Esmeraldas, segue sendo um dos mais críticos ao governador Ronaldo Caiado (DEM).

Barreto defende o legado dos governos anteriores, do qual fez parte, mas, na entrevista que segue abaixo, a autocrítica ao próprio partido é menos rigorosa que os ataques que faz à atual gestão. "Estou na oposição e tenho de fazer oposição", justifica. Entre outros assuntos tratados com a equipe do Jornal Opção, o deputado tucano também deixa escapar o desejo de disputar a eleição de prefeito em Goiânia.

Euler de França Belém – O processo eleitoral do PSDB começou com quatro candidatos: Jardel Sebba (ex-deputado), Lêda Borges (deputada estadual), Carlão da Fox (prefeito de Goianira) e o sr. Esta semana, a situação se afunilou em torno do nome do prefeito de Trindade, Jânio Darrot, que não era candidato. O que houve para que ocorresse essa mudança?

Todos os candidatos, com seu perfil, têm boas intenções. A minha é de inovar o partido, que precisa reavaliar o projeto de 2018. Perdemos as eleições, isso foi um recado. Não tenho dúvida de que um dos maiores erros do PSDB foi tomar decisões de cima para baixo. Faltou ouvir as bases, os prefeitos. Também sou um dos responsáveis por esse processo.

Coloquei-me como candidato à presidência do partido com foco nessa inovação e para valorizar o legado do período do Tempo Novo, sob o comando do governador Marconi [Perillo]. Ninguém vai destruir as pontes e rodovias que construímos, as bolsas universitárias que transformaram a vida de muita gente, o melhor autódromo do Brasil, o Centro de Excelência. O PIB [Produto Interno Bruto] que, em 1998, era R$ 20 bilhões hoje é de mais de R$ 240 bilhões. Isso é história, serviço prestado e transformação.

O Estado estava em 18º no ranking nacional [de competitividade] e hoje é o 9º. Foram criados os polos industriais de Anápolis e Aparecida de Goiânia, que transformaram essas regiões. O Tempo Novo não era de uma pessoa, mas de um grupo político. É importante valorizar esse legado, mas é preciso saber o que o partido ainda pode fazer por Goiás.

Carlão da Fox e Jânio Darrot disputam presidência do PSDB em Goiás

Quando se perde uma eleição, é natural ocorrer uma fragmentação do partido, pessoas saírem. Então, temos de buscar um novo processo. O PSDB vai mudar nacionalmente, com o [João] Dória [prefeito de São Paulo] ou o Bruno Araújo [senador de Pernambuco] à frente. Para 2022, teremos candidatos com potencial até mesmo para a Presidência da República.

O PSDB tem uma história. Mesmo com a reformulação do partido, talvez com um novo nome, é um grupo que ajudou a mudar o Brasil e Goiás.

Portanto, tentamos chegar a um consenso, que ainda acho possível. O Jânio Darrot mostrou ser um nome viável. Só que ainda não foi possível chegar a um consenso e ainda tivemos o surgimento de um novo candidato, o deputado Célio Silveira, que é o único deputado federal que temos no partido, o maior cargo que temos hoje.

Não tenho dúvida de que o Jânio Darrot, pelo prefeito que é, um empresário de sucesso, uma pessoa de postura ética ímpar. Mas não é por isso que iríamos impô-lo. Ao contrário, fico feliz que, mesmo com todo o desgaste, o partido ainda consegue ter grandes nomes para disputar a presidência. Foram registradas duas chapas [de Jânio Darrot e de Carlão da Fox], mas estamos fazendo todo o esforço para unificá-la.

O partido não pode ter uma disputa interna, senão entrará em uma fragmentação ainda maior. Por isso estamos buscando a unidade, para que tenhamos um presidente que trabalhe de uma nova forma, para fortalecer o PSDB para 2020 e 2022.

"Nós perdemos as eleiçoes em primeiro turno. O recado foi dado e temos de fazer quais foram nossos erros"

Rodrigo Hirose – Nacionalmente, o PSDB enfrenta uma disputa entre os chamados cabeças-brancas e os cabeças-pretas, que não é necessariamente uma questão de idade, mas de caras e ideias novas. Aqui em Goiás a discussão é a mesma?

Não exatamente, mas o PSDB precisa de uma renovação. Aqui em Goiás, nós perdemos a eleição no primeiro turno. Tem algo de errado. O recado foi dado e temos de fazer essa avaliação, descobrir quais foram nossos erros. Se não tivesse havido erros, não teríamos perdido. Em São Paulo, o PSDB ganha as eleições há mais de 30 anos.

O legado do partido deve ser preservado, mas ao mesmo tempo, exige-se um novo perfil. Quem quiser sair do partido, que saia. E a conversa com o Jânio Darrot é nesse sentido.

Muitos acham que o Vecci não fez um bom mandato como presidente do PSDB, mas eu discordo. Ele trabalhou muito pelo PSDB, melhorou muito a organização do partido e foi importantíssimo nas políticas públicas do Governo. Mas, na presidência de um partido, há erros e acertos. O que precisa ser feito é diminuir os erros e ampliar os acertos.

Para não ter a disputa interna, continuaremos conversando para construir o consenso.

Euler de França Belém – Quem ouve o sr. falando pode ficar com a impressão de que o partido fez tudo certo e que quem errou foi o eleitor. O partido não fará uma autocrítica?

Essa autocrítica, estamos fazendo. Erramos nas decisões de cima para baixo, na escolha das parcerias. Erramos e muito.

Euler de França Belém – O ex-governador José Eliton foi uma escolha errada para a disputa da reeleição?

"O José Eliton foi uma escolha errada, não tinha o perfil para ganhar as eleições"| Foto: divulgação

Acho que sim. Naquele momento, ele não tinha o perfil para ganhar as eleições. Se o partido tivesse ouvido as bases e escolhido outro nome, talvez tivéssemos condições de ao menos disputar com mais força.

Euler de França Belém – Mas ele, o José Eliton, não representava esse perfil do não político?

Havia outras opções. O Otavinho [Otávio Lage de Siqueira Filho, ex-prefeito de Goianésia], por exemplo, era um nome novo que poderia ter sido trabalhado.

A perda do PP e da deputada Flávia Morais foi outro erro muito grande. Insisti muito em ter o partido conosco.

Euler de França Belém – E por que o PSDB perdeu o PP?

Porque não quis dar o espaço que o PP exigiu na chapa. Historicamente o PP sempre esteve conosco. Outro erro foi a briga do Vilmar Rocha para a suplência do Marconi no Senado.

"Não vou falar em soberba por parte do PSDB, mas criou-se um excesso de confiança"

Euler de França Belém – O tempo em que o PSDB ficou no poder fez com que o partido passasse a usar uma viseira que o impediu de enxergar a realidade?

Acredito que sim. Não vou falar em soberba, que é uma palavra muito agressiva, mas criou-se um excesso de confiança.

Euler de França Belém – A impressão que se tem é que o PSDB avaliou que elegeu um poste, o Alcides Rodrigues, e achou que poderia eleger uma pedra, o José Eliton.

É mais ou menos isso, mas cada um com características diferentes. O José Eliton é um homem do bem e tem sua história, mas tinha dificuldade em interagir [com o eleitor]. O Alcides interagia. Quando se vai para um processo eleitoral, é preciso se popularizar.

Euler de França Belém – O governador Ronaldo Caiado está tentando fazer um ajuste fiscal. Como o sr. o avalia?

Até agora ele não apresentou nada. A única coisa que chegou à Assembleia Legislativa foi o aumento porcentual do Protege [Fundo formado que recebe aportes oriundos dos incentivos fiscais]. Foi uma medida tomada sem discussão com o setor produtivo, que, não fosse uma ação do PSDB, iria aumentar os encargos sobre produtos como o milho e outros grãos.

"Até agora Caiado não apresentou nada. Todos os projetos que enviou para a Assembleia foram impensados"| Foto: Governo de Goiás

Todos os projetos do Governo que chegam na Casa são impensados, sem estudos com o devido zelo. As medidas são questionadas e ele muda. Até agora, não teve coragem de enviar a reforma administrativa – tomara que essa demora seja porque estão estudando o melhor projeto.

O Governo criou cinco secretarias e extinguiram as secretarias extraordinárias. Mas não criou orçamento para as novas pastas e teve de enviar pedido de suplementação de R$ 300 mil para cada uma. Esse valor é uma brincadeira, em poucos dias terão de mandar outro pedido de suplementação.

O Governo fica fazendo colchas de retalhos. A suplementação para pagar a Educação foi feita quatro vezes. Houve o período de transição para fazer os estudos necessários e não chegar [despreparado] como chegou.

O Caiado fez uma opção de não pagar [a folha do funcionalismo] de dezembro e pagar janeiro. Se quisesse, poderia ter incluído no orçamento e feito o pagamento. Não haveria problema nenhum. Ele pensou que assumiria só o que viria após a posse, mas ele assume o Estado inteiro.

O governador não quis assumir responsabilidades que são do Estado.

"Foi um equívoco do governador não pagar dezembro, mandar anotar contas do funcionalismo na caderneta, mandar coraçãozinho para as pessoas que protestavam"

Rafael Oliveira – Foi uma opção política não pagar dezembro?

Claramente. Foi um equívoco não pagar dezembro, mandar anotar na caderneta a conta de quem não recebeu, mandar coraçãozinho para as pessoas. O Caiado se planejou para ganhar o Governo, mas não para governar o Estado. Está batendo cabeça.

Rodrigo Hirose – O sr. acha que o governador não conseguiu encaixar quadros técnicos capazes de elaborar esses projetos antes de enviá-los à Assembleia?

É começo de Governo. Mas, por exemplo, o projeto que retirava a AGR [Agência Goiana de Regulação] da CDTC [Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos] não havia passado pelo Gabinete Civil.  A matéria já estava na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] e foi retirada. Houve algo que não foi planejado.

O Caiado é uma pessoa honesta, mas tem de se organizar [para governar]. O Governo está perdido.

Os secretários de fora não têm interação [com os deputados]. Cada secretário trouxe seis, oito, dez [auxiliares de fora]. Eles não tiveram responsabilidade na eleição do governador e não chegam com espírito coletivo, mas apenas com intensão de fazer o melhor para sua pasta. No Governo, todos têm de se dedicar pelo conjunto.

Euler de França Belém – Para ser justo, o sr. percebe algum secretário que está deslanchando?

De forma alguma.

Euler de França Belém – O secretário de Saúde, Ismael Alexandrino Júnior, está indo bem?

Só se for no Instagram dele. O Materno-Infantil está sendo matéria [jornalística] em nível nacional. Não estou falando que [Caiado] pegou  o Estado bem, mas Governo é superação diária. Consegue-se superar as dificuldades trabalhando. O Governo fica olhando demais para o retrovisor e batendo o tempo todo. Tem de olhar para frente.

Rodrigo Hirose – O sr. diz que os secretários que vieram de outros Estados não interagem com os políticos daqui. Mas, como os secretários “caseiros” estão se comportando nesse sentido?

O grande problema talvez seja do comandante, que tem de se organizar, definir prioridade. Em quatro meses de Governo, não há referência em nenhuma pasta.

O Governo tentou acabar com o Jovem Cidadão, fez uma nova licitação e a mesma empresa que prestava o serviço foi a vencedora, com valores praticamente iguais. Isso tudo após causar um trauma nas famílias dos jovens do programa.

Rodrigo Hirose – O Governo renegociou com a Organização Social (OS) que administra o Hospital Geral de Goiânia (HGG) por um valor abaixo do que era pago. Essa não é uma medida positiva?

Todo Governo tem de fazer ajuste e isso é correto, mas tem de ser de forma planejada. No caso do Pró-Cerrado, deveria fazer a licitação sem afetar a continuidade.

Quando o governador Marconi assumiu no primeiro mandato, sabia que uma grande referência do Governo Maguito Vilela era a entrega de cestas básicas. Ele evoluiu, criou um cartão que levou dinheiro para o interior. Isso é planejamento.

Nesse Governo, não vemos qualquer coisa planejada. Não sei o Caiado vai aprender a governar governando.

Euler de Franças Belém – A Renda Cidadã e a Bolsa Universitária estão mantidas?

A Renda Cidadã não está sendo pago, inclusive o cadastro está sendo refeito.

Quanto à Bolsa Universitária, o Governo passado deixou alguns valores que não foram pagos e o atual Governo está tentando acertá-los. Essa é outra matéria que poderia ter sido alvo de estudos durante a transição, para que fossem feitas mudanças que melhorassem o programa.

Era isso que a população esperava: ações evolutivas. Não há problema de modificar os programas, deixar sua marca. O PMDB deixou um legado, o PSDB também. O Caiado tem de construir o seu.

É muito cedo, mas o começo do Governo foi muito ruim, está muito aquém do esperado.

Euler de Franças Belém – A UEG (Universidade Estadual de Goiás) corre riscos?

A UEG não tem orçamento suficiente para se manter. Em virtude de uma lei anterior, mas que nunca foi utilizada, o Governo atual contingenciou os recursos da universidade, que tem apenas R$ 200 milhões para o ano, o que não é suficiente. O Governo precisa decidir qual política terá para a UEG.

A política pública é o Governo quem define, ele ganhou a eleição para isso. Há cursos em andamento, não dá para cortar recursos dessa forma.

Rodrigo Hirose – O sr. cobra muito planejamento do governo Ronaldo Caiado, mas ele alega que pegou um Estado quebrado. É possível planejar sem ter recursos?

Cristiane Schimidt, secretária da Economia | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

Engraçado é que o grupo do Caiado falava em déficit de R$ 6 bilhões, depois reduziram para R$ 5 bilhões, agora a secretária [de Economia, Cristiane Schimidt] fala em R$ 3,2 bilhões. A arrecadação de janeiro de 2019 chegou a mais de R$ 2 bilhões. Caiado saiu das eleições com um capital político muito grande e poderia ter proposto as adequações necessárias para organizar o Governo.

Ele tinha convicção que iria obter o Regime de Recuperação Fiscal e se esqueceu das outras ações. É aceitável, por exemplo, a Goinfra não ter diretor de manutenção até hoje? É um período chuvoso, as estradas estragam. Existe um fundo de manutenção das rodovias, com recursos do Detran.

Euler de Franças Belém – Mas a Goinfra está fazendo operações tapa-buracos.

Começou agora, já no fim do período chuvoso.

Euler de França Belém – No Governo Marconi também havia reclamação de rodovias ruins, a oposição mostrava.

Na campanha o Caiado nem falou sobre rodovias, porque elas estavam em bom estado de conservação. Houve momento em que o Governo passado se perdeu, até por falta de recursos, mas agora está faltando a manutenção básica do que se tem.

Euler de França Belém – Qual o conteúdo da reforma administrativa?

Um corte linear de 20% em pessoal, cargos de comissão, manutenção. Ele terá dificuldade [de aprovar].

Rafael Oliveira – O sr. disse que o Governo está batendo cabeça. É por isso que está tendo tanta dificuldade para montar a sua base? Os deputados temem o desgaste?

O melhor momento do Governo foi entre o dia 7 de outubro e 31 de dezembro. Nesse período, a expectativa era maior que o poder.

"As pessoas que andaram com o Caiado na campanha, como o Delegado Waldir e o José Nelto, estão reclamando"

Euler de França Belém – O sr. não acha que está exagerando nas críticas e que o Caiado está buscando fazer um Governo austero?

Quando havia apenas a expectativa sobre o Governo, o Caiado conseguiu aprovar o que quis na Assembleia. Depois que ele assumiu, as dificuldades vieram. As pessoas que andaram com ele estão reclamando, como os deputados federais Delegado Waldir (PSL) e José Nelto (Podemos), o senador Jorge Kajuru (PSB), os deputados estaduais Major Araújo (PRP), Iso Moreira (DEM) e Cláudio Meirelles (PTC). São parlamentares que estiveram com ele no processo eleitoral.

Rodrigo Hirose – O governador fez uma reunião há poucos dias no Palácio das Esmeraldas para solidificar a base. Foram 28 parlamentares, inclusive um do PSDB e outros que eram oposição.

O PSDB perdeu o Diego Sorgatto, que vai para o Governo. Ele tem nosso carinho, mas fez essa opção. O caminho natural é que ele busque novas alternativas partidárias para disputar a eleição [para prefeito] em Luziânia.

"O PSDB perdeu o Diego Sorgatto, que vai para a base do Governo. O caminho natural é que ele busque novas alternativas partidárias"

Rodrigo Hirose – Em Goiás, os Governos sempre tiveram maioria na Assembleia, formada até com certa facilidade. A tendência é isso se repetir?

Acredito que, para isso, o Governo terá de mudar muito, reavaliar a sua linha de atuação.

Rodrigo Hirose – Mudar a linha de atuação é atender aos pedidos de cargos feitos pelos deputados?

A base é instável, não consolidada. A PEC [Proposta de Emenda Constitucional] que apresentei, alterando a parcela do orçamento impositivo, foi motivada também por muitos deputados da base do governador.

Sei que essa PEC foi utilizada por muitos deputados para fazer pressão sobre o Governo, mas com o 1,2% para o orçamento impositivo, a Assembleia será fortalecida. Esse porcentual será dentro das vinculações constitucionais na Educação, Saúde e Ciência e Tecnologia. Então, não afeta o Governo e é uma forma de a Assembleia ter uma agenda positiva.

No Brasil inteiro a média do orçamento impositivo é de 1,2%. No Congresso, está sendo criada a imposição da emenda de bancada. Esse é o caminho que devemos tomar.

O orçamento impositivo, apesar de respeitar as emendas parlamentares, também é benéfico para o Governo, porque é ele que vai levar os recursos para os municípios.

Italo Wolff – Os deputados da base alegam que o porcentual de 1,2 não é factível, que o ideal é permanecer em 0,5% ou 0,75%.

Como não se os recursos estarão dentro das vinculações constitucionais e os investimentos são necessários? O Governo já é obrigado a fazer esses gastos. Já falei isso para o próprio governador.

O líder do Governo [Bruno Peixoto, MDB] é que fala isso [que o porcentual não pode ser pago]. É um pensamento retrógrado e pequeno.

Rodrigo Hirose – Do ano passado, quando o sr. era Governo, para cá, o sr. mudou de posição em relação ao orçamento impositivo?

Quando o orçamento impositivo foi discutido, eu não estava na Assembleia, estava no Governo, coordenando o Programa Goiás na Frente. Independentemente disso, não vou ficar olhando para trás, estou discutindo o hoje.

Nós evoluímos, tivemos uma eleição atípica para a presidência da Casa, mostramos força com a união dos parlamentares. Hoje o presidente Lissauer [Vieira] faz uma administração independente, mas como estadista, inclusive atendendo o Governo.

Rafael Oliveira – Há deputados que dizem que o tempo para montar uma base está acabando.

"O Governo terá uma base, mas que não votará matérias polêmicas com ele"

O Governo vai ter uma base, mas que não votará matérias polêmicas, com um possível aumento na alíquota da Previdência, por exemplo.

Rodrigo Hirose – Para usar uma metáfora futebolística, essa base será como aquele lateral veterano, que só sobe para o ataque na boa?

Só vai votar na boa. Quando o Governo enviar matérias polêmicas e difíceis para a Assembleia, muitos parlamentares terão dúvida em relação às suas votações.

Rodrigo Hirose – É mais fácil ou cômodo ser oposição que ser base?

Evidentemente, perdemos eleição e tenho de entender que tivemos ônus e bônus por fazer parte do Governo passado. O Caiado é um homem de bem, estive com ele por 12 anos. As minhas críticas são de gestão. Por isso, digo que o Governo tem de se reavaliar em todas as ações.

Rodrigo Hirose – Como está a relação do Governo com os municípios?

Muito ruim. Até o convênio que o Governo havia anunciado, de parceria [para conservação de rodovias] não deu certo e foi encerrado. A estrutura do Governo é muito grande, tem muitas ações, e o governador Caiado, que foi sempre um grande parlamentar, está muito aquém.

Italo Wolff – O sr., como membro das comissões de Organização dos Municípios e de Obras Públicas. Qual o feedback que o sr. tem tido dos municípios?

Essas comissões praticamente ainda não estão funcionando. Já a comissão de Educação, da qual sou presidente, tem tido sessões ordinárias. Já falamos com a secretária da Educação [Fátima Gavioli], nos reunimos com diretores de colégios, elaboramos as dez medidas para a Educação.

Rodrigo Hirose – E, sendo esse grande parlamentar, tendo construído uma sólida carreira parlamentar, tornando-se conhecido como um homem combativo, não é de se estranhar essa dificuldade em lidar com os deputados?

Até a oposição esperava um Governo mais produtivo, mais forte, com um secretariado melhor. Goiás tem a tradição de exportar cargos e não de importar. Em São Paulo, dois ex-ministros que são de Goiás estão na administração [Alexandre Baldy e Henrique Meirelles]. Goiás é o primeiro lugar no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], as referências são muito fortes.

"Nao tenho dúvida de que quem está ressuscitando a oposição [PSDB] é esse Governo"

Rafael Oliveira – Aparentemente, o Governo tenta a todo o tempo desconstruir o marconismo. Isso não pode ter efeito contrário?

Não tenho dúvida, quem está ressuscitando a oposição é esse Governo.

O que está errado tem de ser corrigido, mas há muita coisa correta feita nas gestões passadas. O atual Governo tem de parar de criticar e trabalhar. Só está olhando para o retrovisor e, se não olhar para a frente, o carro não vai andar.

Os 100 primeiros dias definem o que será o Governo, é o seu cartão de visitas.

Rodrigo Hirose – No Congresso, discute-se a criação da Região Metropolitana do Distrito Federal. Qual a sua posição sobre essa proposta?

Nós não temos recursos e é preciso analisar essa alternativa, que atinge não só Goiás, mas também municípios de Minas Gerais.

O crescimento do Entorno [do Distrito Federal] é muito grande e dificilmente o Governo de Goiás terá condições de dar o suporte necessário. Não tenho um conhecimento tão profundo desse projeto, já que não atuo tanto na região, mas o vejo como uma grande alternativa para ajudar a resolver os problemas locais.

Valparaíso, Águas Lindas e Novo Gama são cidades que explodiram [em número de moradores] em pouco tempo, chega gente de todo o País para servir de mão de obra para o Distrito Federal.

Compare-se com os municípios do Norte de Goiás, como Mara Rosa e Maralina, estão asfaltados, com praças bem cuidadas, esgoto. No Entorno, não tem nada disso, os problemas são bem específicos e a Região Metropolitana pode ser a solução.

Euler de França Belém – O PCC sempre atuou em Goiás, mas atualmente parece que essa presença aumentou. Em Caldas Novas, houve invasão em hospital, com servidores feitos reféns. O que está acontecendo?

"Tivemos um dos melhores secretários da Segurança Pública da História, o ex-governador Irapuan"| Foto: Jota Eurípedes

O governador, quando assumiu, disse que bandido em Goiás agora terá de fugir. Não funciona dessa forma e nem do dia para a noite. Tivemos um dos melhores secretários de Segurança Pública da história, o ex-governador Irapuan Costa Júnior. Um homem muito firme e correto, tivemos uma gestão importante.

O novo secretário [Rodney Miranda] tem de construir a confiabilidade de seus comandados, especialmente por vir de fora. Boas intenções eu percebo que tem, pois já ocupou esse mesmo cargo no Espírito Santo.

O Governo fica apresentando números, mas isso é muito pouco, essa não é a essência. A questão é muito mais séria em todo o Brasil, nós temos pouca formação [educacional], 14 milhões de desempregados. Esse é um problema social que não se resolve facilmente, não adianta falar que bandido vai fugir do Estado, está cheio de bandido aqui.

A polícia de Goiás e uma das melhores do Brasil, faz um trabalho excepcional. Foram contratados mais de 2 mil novos policiais no Governo passado, mas ainda não é suficiente e o Governo está com dificuldade de contratação.

Euler de França Belém – Como está a situação da Enel? É possível ela perder os incentivos fiscais?

No primeiro leilão para venda da Celg, a licitação foi deserta, porque a empresa tem um grande número de ações trabalhistas. No contrato da privatização, foi criada uma reserva de até 30% do ICMS para pagamento dessas dívidas – em 2018, o valor efetivamente utilizado chegou a 5%. Esse incentivo foi revogado por uma emenda do deputado Paulo César Martins [MDB].

É fato que a Enel não fez os investimentos devidos, há muito problema na oferta de energia. As manutenções são essenciais. A CPI [instalada na Assembleia para apurar a venda da Celg] já averiguou que a empresa não está fazendo esse trabalho. Ela evoluiu no Rio de Janeiro e no Ceará, mas não em Goiás.

"A Enel não fez os investimentos devidos e há muito problema na oferta de energia"| Foto: Divulgação

Euler de França Belém – O que foi feito com o dinheiro da venda da Celg?

Está publicado no Diário Oficial [do Estado] a aplicação de todos os recursos.

Rodrigo Hirose – A proposta do Governo de diminuir a abrangência do Passe Livre Estudantil, dando esse direito apenas aos estudantes de menor renda, é positiva?

Perde-se o objetivo do programa. Estamos falando de estudantes. Independentemente se estão em algum programa social como o Renda Cidadã, esse valor pode fazer a diferença para muita gente, até para ter uma alimentação melhor em sua escola.

Esse projeto ainda não chegou, mas da forma como foi divulgado, parece que vai cair para 20% o número de estudantes que utilizam.

Euler de França Belém – Mas não é importante diminuir o Estado, gastar menos em algumas questões?

Tenho um perfil mais liberal e poderia até concordar, mas, quando estamos falando de estudantes, temos de lembrar que o Brasil ficou muito para trás até de países como o Chile e a Argentina. É fundamental o Estado contribuir com a Educação, seja por meio do transporte escolar, seja pela Bolsa Universitária.

Qual será o impacto da retirada do Passe Livre em um estudante? O bilhete é usado exclusivamente para estudar, porque tem o horário de validade. O Passe Livre tem sua contribuição na formação dos alunos e não tem tanto impacto em termos de corte de gastos.

Euler de França Belém – O sr. é favorável à privatização da Iquego e da Metrobus?

Da Iquego, completamente. Ela está capengando há muitos anos, o que o Estado quer com isso?

A situação da Metrobus precisa ser estudada. O Estado e a Prefeitura de Goiânia querem entregar a empresa para a iniciativa privada e, no caso do Governo, tirar o corpo fora nas questões que envolvem a tarifa.

Ano passado, a AGR vetou três vezes os valores de aumentos propostos para a passagem. Por que tirar a responsabilidade dela sobre isso? Por que ela está incomodando. O Estado contribui, não cobra ICMS do combustível das empresas, então não pode ficar ausente das discussões sobre o preço das passagens. O que há é interesse do prefeito e do governador de entregar o serviço para os grupos que comandam no setor há muitos anos em Goiânia.

Euler de França Belém – O que está ocorrendo dentro da AGR? Diretores estão sendo retirados?

O Governo atual está buscando de todas as formas retirar as pessoas que foram eleitas no mandato anterior dos conselhos [estaduais]. Nem entro nessa questão, pois se a gestão acha que deve fazer, cabe a ela. Isso vai acabar até na Justiça.

Euler de França Belém – E o sr. é favorável a levar a Saneago para a Bolsa de Valores?

Sim. Acho, inclusive, que os municípios poderiam distribuir a água, ter linhas de créditos para investir em equipamentos, seria mais uma fonte de recursos para eles. A Saneago pode ficar com o fornecimento.

A Saneago é uma estrutura muito grande, há diretores ganhando R$ 50 mil por mês. Nesse ponto, o Estado tem de ser menor.

Euler de França Belém – O sr. é candidato a prefeito de Goiânia?

Sou político, tenho coragem [de ser candidato]. Tenho minha história em Goiânia, apesar da referência no São Patrício e Vale do Araguaia. Minha atuação na Assembleia vai ser fundamental para isso, vou dar minha visão administrativa sobre Goiânia e sobre o atual prefeito.

Não tenho dúvida de que temos time e gente. Estarei com 49 anos e tenho total disposição para enfrentar esse processo eleitoral. Politicamente estou amadurecendo, tendo mais experiência.

Euler de França Belém – A impressão é que Goiânia não precisa de prefeito, porque, se precisasse, teria um e atualmente não tem e a cidade está funcionando no piloto automático. O repórter do Jornal Opção Rafael Oliveira rodou a periferia e ficou surpreso com a quantidade de obras inconclusas. E o prefeito, após fazer caixa nos dois primeiros anos, vai fazer obras que dão visibilidade na classe média. O sr. acha que o eleitor mudou e não acredita mais nisso?

"Iris tem um estilo populista, faz obras para dizer que é um grande prefeito" | Foto: Livia Barbosa/Jornal Opção

É o estilo populista dele, fazer obras para dizer que é um grande prefeito. Mas o eleitor infelizmente ainda tem memória curta. Hoje a rede pública municipal de Saúde é uma infelicidade. Não tem maternidade, não tem posto de saúde funcionando, um Cais, faltam médicos especialistas.

O Iris já contribuiu muito com Goiás e com Goiânia, a dedicação dele já foi muito forte. A história dele está escrita, fez um papel bacana. Vejo a intenção dele de ser candidato novamente até como certo egoísmo.

Muitos novos líderes estão surgindo, com ideias novas, coragem, disposição e garra, além de requisitos básicos como honestidade. Eles podem ser testados, não podemos viver somente do passado dele [Iris]. Podemos voltar a ter a Goiânia que já tivemos.

Euler de França Belém – O Jardel Sebba acredita em uma grande frente contra o Caiado em 2022, com o MDB, PSDB, PP e o PTB. O sr. acha isso possível?

Não, ainda é muito prematuro fazer uma avaliação assim. Se as regras atuais forem mantidas, surgirão muitos candidatos. Não se pode mais fazer coligações proporcionais e isso praticamente obriga um partido a lançar um candidato majoritário.

E já há algumas definições. O próprio MDB do Daniel Vilela já demonstrou que não quer se aliar ao PSDB, coisa que eu mesmo já defendi.

Com viadutos e mutirões, Iris é tão candidato quanto sempre

Prefeito aposta no mesmo receituário que marca sua trajetória política; resta saber se o eleitor ainda se convence com os mesmos argumentos

Iris Rezende no mutirão do fim de semana em Goiânia | Foto: Jornal Opção
Iris Rezende no mutirão do fim de semana em Goiânia | Foto: montagem

No dia 16 de outubro de 1983, Goiânia foi palco de um evento histórico. Naquele dia, o então governador Iris Rezende liderou uma mobilização jamais vista no País e, acompanhado de milhares de auxiliares e populares, construiu mil casas populares, inaugurando a primeira etapa da Vila Mutirão.

Trinta e seis anos depois, Iris Rezende segue o mesmo. Neste final de semana, realizou mais um mutirão, desta vez na região Oeste de Goiânia. Contudo, ao contrário daquele mítico dia, as atuais edições limitam-se a levar açoes que deveriam ser rotineiras: coleta de lixo, limpeza de ruas, pintura dos meios-fios, cuidados básicos de higiene (como corte de cabelo) e, em parceria com o Estado, emissão de documentos.

O anacronismo do modelo é um reflexo do próprio gestor. Hoje, o que se vê pelas ruas de Goiânia, o que se ouve das pessoas e o que emerge das pesquisas em mãos de políticos e marqueteiros é um desgaste jamais vistos na vitoriosa carreira política de mais de meio século.

Quando foi derrotado por Marconi Perillo em 1998, Iris não teve suas qualidades de gestor contestadas. O que havia era um cansaço por parte do eleitor, que não suportava mais ver as mesmas figurinhas carimbadas dando as cartas no Estado e clamava por mudanças.

Hoje, está em xeque a imagem de bom administrador de Iris Rezende. Os buracos nas ruas, as falhas na coleta de lixo no início do mandato, a crise na saúde e a interminável obra do BRT corroem a fama do emedebista. As pessoas começam a pensar se não é chegada a hora de mudar.

Abraços e apertos de mãos

Ainda assim, na cabeça do decano, sempre é possível ir um pouco mais adiante. E, ainda que negue, a pouco mais de um ano e meio para as próximas eleições, Iris Rezende é candidatíssimo.

Neste fim de semana, o emedebista fez o que gosta: tomou um banho de povo no Mutirão. Abraçou, apertou mãos, tirou fotos. Contudo, quem acompanhou de perto percebe que, ainda que uma certa aura ainda o acompanhe, o entusiasmo das pessoas não é mais o mesmo. O eleitor de Iris envelheceu.

Com dinheiro no bolso, Iris lançou uma de suas estratégias prediletas. Está, como diz o jargão, transformando Goiânia em um canteiro de obras. Viadutos começam a ser construídos na região Sul de Goiânia, uma tentativa clara de agradar a classe média.

Enquanto isso, crianças morrem por falta de atendimento médico - conta que deve ser dividida com o Estado. O problema nao é de hoje, mas todos os analistas confirmam que a situaçao piorou quando Iris acabou com o atendimento pediátrico na rede Cais e o concentrou no Cais Campinas.

Agora, a Prefeitura corre para refazer o que não deveria ter sido desfeito. Abriu chamamento para contratação de pediatras para distribuir nas unidades de saúde das diversas regiões da capital. Talvez sem querer, assim a secretária Fátima Mrué está assumindo que errou quando desmantelou o atendimento nessa especialidade. Até agora, poucos pediatras mostraram interesse nas vagas ofertadas.

Derrota do PSDB serve de alerta para o emedebista

Resta saber se a estratégia dará certo mais uma vez. O eleitor, se ainda não se desapegou totalmente de seus ícones políticos, está mais arisco. As redes sociais (ambiente desconhecido pelo emedebista) estão aí para refrescar a memória dos eleitores.

A última eleição estadual só fortalece essa tese. Mesmo com um bilionário pacote de obras nos últimos dois anos, o chamado Tempo Novo sucumbiu fragorosamente nas urnas.

As pesquisas internas mostram uma enorme rejeição ao prefeito. Tanto que os partidos se assanham com a possibilidade real de tomar o Paço Municipal das mãos do emedebista e os atores políticos apostam em uma quantidade recorde de candidatos.

Pessoas próximas a Iris acreditam que o seu recall histórico seja o suficiente para alcançar ao menos 20% dos votos, o que lhe garantiria uma vaga em um hipotético segundo turno. Os demais apostam que quem chegar a essa etapa teria amplas possibilidades de vitória.

Falta um ano e meio para as próximas eleições. Para ter algum efeito, o pacote de obras de Iris tem de funcionar como um relógio. Atrasos, nessa altura do campeonato, serão fatais. Para ele, cada dia pode não ser um a mais, mas um a menos para que chegue competitivo a outubro de 2020.

Economia de Goiás com Previdência seria de R$ 11 bi, segundo Governo Federal

Proposta do ministro Paulo Guedes prevê um prazo de seis meses para que Estados e municípios se adequem após aprovação de PEC

Economia de Goiás na Reforma da Previdência

Após uma semana de polêmica por causa do sigilo sobre os dados da reforma da Previdência, o Governo Federal decidiu divulgar novas projeções de economia caso ela seja aprovada na íntegra. Projeção da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia indica uma redução de R$ 1,2 trilhão nos gastos com pensões e aposentadorias em dez anos. Desse valor, R$ 350,6 bilhões nos Estados.

Em Goiás, segundo os cálculos do Governo Federal, a economia seria de R$ 11,5 bilhões em dez anos. Do total, R$ 600 milhões seriam relativos à aposentadoria dos militares e R$ 10,8 bilhões com os demais servidores públicos estaduais.

A economia projetada leva em conta novas regras para o cálculo dos benefícios, como aumento na alíquota de contribuição e no tempo de atividade e idade, de acordo com a Proposta de Emenda Constitucional que tramita no Congresso. Entre as mudanças no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do servidor está a idade mínima de 62 anos para as mulheres e 65 para os homens, tempo mínimo de contribuição de 25 anos, tempo mínimo de serviço público de 10 anos e uma alíquota que pode chegar a 22%. Atualmente, em Goiás, a alíquota para o servidor é de 14,25%.

O Ministério da Economia estuda conceder um prazo de seis meses para que os Estados e municípios se adequem à nova Previdência, caso ela seja aprovada. A intenção ao divulgar os dados de economia é reforçar o apoio dos governadores à proposta. Em Goiás, por exemplo, o rombo anual chegará a R$ 2,5 bilhões ao ano, conforme antecipou o Jornal Opção.