Por Redação

O poeta não se entrega a lamentos ou lamúrias. Apenas constata a tristeza da efemeridade humana, a insensatez da cultura predatória

Livro do autor galês conta um pouco da história do templo religioso católico que é a alma de Paris; expectativa agora é com o início da reconstrução

MDB realiza na tarde desta sexta-feira (24) encontro para consolidar apoio ao governador Ronaldo Caiado para concorrer à reeleição em 2022

Uma mulher é assassinada. O poeta e prosador Poe está próximo. Seria o escritor um assassino? Delegado o põe na cadeia

O presidente chocou os vermelhos na ONU por ter falado a verdade e por não se agachar diante de nenhuma potência

Todos os que têm a alma ligada aos seres que andam ou se plantam na terra se encantam com os trens do sertão. Sou assim e vejo sapiência nas desenvolturas do mato

Siglas estão prestes a dar últimos passos. União incomoda Palácio do Planalto

O homem cordial é, sem nenhum acréscimo significativo, o homem revoltado. Pois não há vida sem revolta

O objetivo é auxiliar as pessoas que não têm condições a se protegerem contra doenças virais, além de inibir a proliferação do vírus

Estudo foi feito em menor dose em 2.268 alunos do jardim de infância e crianças em idade escolar

A vereadora Gabriela Rodart (DC) e o político e youtuber goiano Gustavo Gayer vêm protagonizando nas redes sociais a ruptura na direita conservadora no Estado

Lendas. Fantasias de bem montados e luxuosos gabinetes, cujas vítimas são sempre contadas aos milhares de milhares

O presidente do Goiás foca em dar profissionalismo à gestão do clube, para o que teve de demitir até velho amigos

O eu poético comunica ao leitor a chamada emoção estética, tratando de transmitir um sentimento vago e pouco confortável que é a aproximação do fim de tudo
Adelto Gonçalves
A precariedade da vida ou a dor da partida — este é o tema de um longo poema de Iacyr Anderson Freitas que se lê em “Ar de Arestas” (Escrituras Editora, Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage-Funalfa, 2013), livro finalista do Prêmio Jabuti e semifinalista do Prêmio Portugal Telecom. Em quadras rimadas, com versos heptassílabos, trata-se de um peça que medita sobre a precariedade iminente do ser, sobrepujado pela manifestação da dor, que lhe é transfigurada “através da exploração sistemática de um sistema de símiles e metáforas”, como observou o crítico, contista, ensaísta e tradutor Paulo Henriques Britto em enriquecedor posfácio que escreveu para este livro.
É também um poema do qual se pode dizer “que se fecha em si mesmo, universo autossuficiente e no qual o fim é também um princípio que volta, se repete e se recria”, repetindo-se aqui uma frase do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (1914-1998) que está em “O Arco e a Lira” (1956). Tanto que, ao final do poema, o poeta recorre à imagem do ouroboros ou uróboro, símbolo antigo que representa a cobra comendo sua própria cauda, ou seja, do grego oura ou a cauda, e boros, de comer. [caption id="attachment_353038" align="aligncenter" width="620"]“Desse gênero de dor / – que é quando todas as lentes / voltam-se ao corpo, no ardor / de exterminar as serpentes / que o feriram sem perdão –, / desse gênero, dizendo / melhor, tipo ou modo, então, / não há margem nem adendo: / dele nada se transforma, / nada se cria, apenas / o corpo conhece a norma / de assumir as próprias penas, / de mirar-se num espelho / fraturado, eternamente. Ao centro, um ponto vermelho: o lugar onde a serpente / derramou toda peçonha. / Só tal lugar interessa, / o da dor, da dor medonha, / que ao corpo impõe sua pressa. / Como foi escrito acima: / dessa dor nada se cria. / Mesmo a morte se aproxima, / abatendo mais um dia.”

“Tudo retorna ao início, / a serpente engole a cauda / e, em suma, este exercício / correrá de lauda em lauda / sem ter fim. Antes fechar / a conta: ceifar o clero. / Nada sobrou no alguidar / – lida noves fora zero. / Quando a tortura termina, / eis que o tempo recomeça / a colher em cada esquina / os venenos da promessa. / Tal colheita quer que tudo / tenha na dor vida nova, / que a própria vida – seu ludo – / fique onde a dor se renova.”Iacyr Anderson Freitas (1963), nascido em Patrocínio do Muriaé-MG, é engenheiro civil e mestre em Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)-MG. Fez sua estreia na poesia em 1982, com a obra “Verso e palavra”. Desde então, publicou mais de vinte obras, tendo afirmado sua voz no cenário do Brasil contemporâneo, já com várias premiações, inclusive no exterior. Está presente em mais de 20 antologias publicadas no Brasil e no exterior, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França, Itália, Malta e Portugal. Com “Quaradouro” (2007), foi semifinalista do Prêmio Portugal Telecom), e com “Viavária” (2010), primeiro lugar no Prêmio Literário Nacional do PEN Clube do Brasil. Publicou três livros de ensaio literário: “Heidegger e a Origem da Arte” (1993), “Quatro Estudos” (1998) e “As Perdas Luminosas: Uma Análise da Poesia de Ruy Espinheira Filho” (2001). E dois livros de ficção: “O Artista e a Cidade”, álbum comemorativo dos 150 anos de emancipação política de Juiz de Fora (2000), e “Trinca dos Traídos” (2003). Em 2016, publicou “Estação das Clínicas”. Publicou ainda três livros de poemas para o público infanto-juvenil. Para enriquecer ainda mais a obra, este livro traz fotografias do jornalista, poeta e fotógrafo Ozias Filho, que foram obtidas em 6 de fevereiro de 2012, quando as cenas do poema foram traduzidas para a linguagem corporal do Laboratório de Movimento e Performance l'Mmoving, na Universidade de Lisboa, pela coreógrafa Marina Frangioia. E que foram registradas a uma época em que aqueles versos ainda eram inéditos. [caption id="attachment_353041" align="aligncenter" width="225"]


O projeto de Ayres propõe alteração da Lei 3.458/2019, que destina 50 por cento de vagas na rede de ensino superior estadual para os estudantes oriundos de escolas públicas