Por Euler de França Belém

[caption id="attachment_31799" align="alignright" width="620"] Iris Rezende e Paulo Garcia: daqui pra frente, o primeiro vai trabalhar para dissociar sua imagem da do segundo. Porém há apreço pessoal | Foto: Divulgação[/caption]
Peemedebistas não querem compor com o PT em Goiânia. É definitivo. Na semana passada, Iris Rezende costurava uma aliança para a capital que excluía o PT do prefeito Paulo Garcia. Dilema de Iris: tem um carinho especial por Paulo Garcia, o menciona como leal, mas não o avalia positivamente como prefeito. Dada a ligação pessoal, quase como se fossem pai e filho, o peemedebista-chefe não diz, frente a frente, o que pensa sobre sua gestão. Aos mais íntimos, Iris tem dito mais ou menos o seguinte: tudo, até aliança com Jorge Kajuru (PRP), menos com o PT. Chega-se a dizer que o PT deve bancar candidato, como Adriana Accorsi, para que possa defender o prefeito, e, com isso, deixar Iris livre para apresentar suas propostas e não ficar na defensiva.
Há quem diga, mesmo no PMDB, que não se rompeu com o PT devido aos cargos. É parcial mas não inteiramente verdadeiro. O rompimento não se deu, ainda, porque Iris pediu para esperar mais — em respeito ao amigo e aliado Paulo Garcia. Desvencilhar-se do prefeito petista não será fácil para o peemedebista — e acrescente-se que o próprio Paulo Garcia não quer o rompimento e insiste, nos bastidores, que Adriana Accorsi, sua pupila, deveria ser candidata a vice de Iris. Curiosamente, o decano peemedebista “aprova” a deputada, mas não a quer como vice porque ela leva Paulo Garcia para seu palanque.
Na semana passada, o Jornal Opção conversou, em off, com seis petistas, de proa e retaguarda. O repórter surpreendeu-se com o realismo repentino dos reds. Todos disseram que sabem que Iris não quer manter a aliança com o PT e que deve rompê-la entre maio e junho de 2016. Admitiram que estão “fingindo” que não sabem que o PMDB planeja romper com eles, no momento que julgarem oportuno. O que os petistas não querem fazer, sobretudo a tendência de Paulo Garcia, é dar o primeiro passo. Eles vão esperar, até a undécima hora, o PMDB romper. Até porque, sem o PMDB, o prefeito não consegue governar. Ele é a presidente Dilma Rousseff de Goiás.

[caption id="attachment_31789" align="alignright" width="620"] Cleovan Siqueira: Temer, Renan e Cunha querem o seu “escalpo” político | Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Comentário de um jornalista de uma revista de circulação nacional para um repórter do Jornal Opção: “O político mais odiado pelo PMDB do presidente do Senado, Renan Calheiros; pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha; e pelo vice-presidente da República, Michel Temer, é o goiano Cleovan Siqueira, criador do Partido Liberal”.
Na semana passada, o ex-deputado Cleovan Siqueira, com calma de seminarista e quase na surdina, encaminhou-se ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, e requereu o registro do PL. De repente, as bombas disparadas por Renan (não o francês, e sim o de Alagoas) e Cunha (sobrenome apropriado) começaram a ser disparadas. Os dois jamais haviam protestado quando outros partidos foram criados, mas explodiram e decidiram implodir o PL.
O motivo é quase prosaico: o temerismo, o renanismo e o cunhismo, “movimentos” que dirigem o PMDB como capitania hereditária, avaliam que a presidente Dilma Rousseff, convencida por Gilberto Kassab, estaria ajudando a criar o PL com o objetivo de enfraquecer o partido do qual o trio é “dono”. O PL atrairia políticos descontentes de outros partidos, como o PMDB, e, somado à força do PSD, se criaria, por assim dizer, uma espécie de partido (ou partidos) da Dilma.
O secretário de Gestão e Planejamento (Segplan), Thiago Peixoto (PSD), afirma que a tendência é que o presidente da Agetop, Jayme Rincón, seja o candidato a governador pelo PSDB. “Ele deu uma recuada, não com o objetivo de não disputar a eleição, e sim de priorizar as ações do governo estadual. Jayme, com sua capacidade de se concentrar, está focado na conclusão e inauguração de obras. Ele, como o governador Marconi Perillo, está cuidado da gestão.”
O deputado estadual Virmondes Cruvinel (PSD) sugere que a base governista lance dois candidatos a prefeito de Goiânia. “O PSDB poderia bancar Jayme Rincón, sem dúvida um candidato consistente, e o PSD poderia bancar seu candidato. Isto fortalece os dois partidos, cria alternativas e garante o segundo turno.” Quem poderia disputar pelo PSD? “O deputado Francisco Júnior é um nome sempre citado, mas eu também coloco meu nome à disposição do partido.”
[caption id="attachment_19112" align="alignleft" width="620"] Foto:Reprodução/Assembleia Legislativa[/caption]
O líder do PMDB na Assembleia Legislativa de Goiás, José Nelto, afirma que a casa “recebeu, na semana passada, um projeto pelo qual o governo do Estado vai retirar o quinquênio de todos os servidores públicos”.
O deputado José Nelto diz que as oposições vão trabalhar para que o projeto não seja aprovado. “Nós vamos resistir. Mas temos consciência de que o governo de Marconi Perillo tem maioria absoluta na Assembleia e, por isso, tem condições de aprovar qualquer projeto. O governo conta com o apoio de pelo menos 31 deputados — um verdadeiro rolo compressor.”
O projeto deve ser votado nos próximos 15 dias. “Os deputados começarão a discutir o projeto depois da Semana Santa. Até agora, os parlamentares têm poucas informações”, assinala José Nelto.
Deputados do PMDB pediram ao Ministério Público que investigue a informação de que o valor do contrato da Idtech no Hospital Geral de Goiânia (HGG) dobrou de um ano para outro. “Quatro aditivos custaram 169 milhões aos cofres públicos”, disseram parlamentares peemedebistas ao promotor Fernando Krebs.
O jornalista de um jornal nacional garante que uma bomba da Operação Lava-Jato vai explodir no colo de um importante político goiano. O político teria recebido um mensalão milionário — durante anos. A tendência é que seja cassado pela Câmara dos Deputados.

[caption id="attachment_31782" align="alignright" width="344"] Rogério Troncoso e Joaquim Guilherme: Morrinhos é uma cidade quase “pequena” para os dois adversários, quase inimigos[/caption]
O município de Morrinhos apresenta um quadro político heterodoxo. É mais fácil derrotar o prefeito Rogério Troncoso quando está no poder. O petebista é mais forte politicamente quando está fora do poder. É o paradoxo deste gestor eficiente e político relativamente frágil. Um político de trato pessoal mais diplomático — com imagem de gestor eficiente —, como o empresário Joaquim Guilherme, pode derrotar o prefeito.
Administrativamente, Troncoso vai bem. Politicamente, por ser inflexível no trato diário com políticos e com a população, vai mais ou menos. Joaquim Guilherme é, a rigor, o único que tem condições de enfrentá-lo de igual para igual.
De um tucano goiano: “Não é verdade que o PT está mais sujo do que ‘pau de galinheiro’. O PT é o verdadeiro galinheiro”. Mas o tucano lamenta: “O PT, que tinha uma imagem quase angelical, está colaborando para destruir todo o sistema partidário. Contaminou tudo com sua ganância excessiva pela manutenção do poder”.
O PTB de Goiânia está à cavaleiro quando o assunto são eleições de Goiânia. Pode apoiar qualquer um e pode deixar de apoiar todos. O PMDB está de olho gordo no passe de Jovair Arantes. As conversações já foram iniciadas, mas não há nada definido. O PT também segue de olho grande no deputado. A surpresa pode ser a candidatura do próprio Jovair Arantes, que não está descartada. Há o recall da eleição passada e há, entre os petebistas, o sentimento de que a população arrependeu-se de ter votado no prefeito Paulo Garcia e, agora, poderia votar no petebista.
De um tucano de bico longo, até longuíssimo: “Vanderlan Cardoso já fechou um acordo com o governador Marconi Perillo”. Um militante do DEM acrescenta: “Agora, o presidente do PSB está tentando justificar o injustificável. Bateu demais no governador Marconi, na eleição de 2010 e 2014, alinhando com Jorcelino Braga, e agora vai elogiá-lo? O eleitor pode se perguntar: ‘Em qual Vanderlan acreditar, no atual ou no anterior”.
Tucanos de Goiânia garantem: o presidente do PSB em Goiás, Vanderlan Cardoso, está em lua de mel com a alta cúpula do PSDB — leia-se o governador Marconi Perillo. Em certas rodas, as mais discretas, já se apresenta praticamente — não com palavras muito claras, é certo — como candidato do tucano-chefe a prefeito de Goiânia.
Na aproximação do empresário Vanderlan Cardoso com o governador de Goiás, Marconi Perillo, pesaram basicamente três coisas. Primeiro, o prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, muito próximo do tucano-chefe, trabalha em tempo integral pela convergência entre os líderes do PSDB e do PSB. Segundo, o presidente do PSC, Joaquim Liminha, é marconista e vanderlanista. Ele torce e trabalha pela aliança há anos. Terceiro a Assembleia de Deus está cada vez mais próxima do governador e aprova a aliança de Vanderlan com ele.
De um tucano erado: “Vanderlan Cardoso não sabe mais o que fazer. Não tem a confiança nem das oposições nem do governismo”. Mas um tucano, ainda que menos “erado”, afirma que as relações entre o governador Marconi Perillo e Vanderlan Cardoso “estão em bom termo”.
O ex-deputado Ozair José está disposto a pagar para ver. Mas, se até setembro perceber que o vereador Helvecino Moura vai puxar-lhe o tapete, troca o PT por outro partido. Acreditando que chegou a sua “vez”, Ozair José planeja ser candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia. Ele estaria disposto até mesmo a enfrentar Euler Morais, provável candidato do PMDB — bancado pelo prefeito Maguito Vilela.