Cirurgia plástica: a era das intervenções responsáveis
23 abril 2015 às 11h24
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Passou o tempo da beleza a todo custo. Cuidar da aparência para elevar a autoestima é decisão que deve ser pensada em criteriosos debates entre médico e paciente
Antônio Teixeira
Com os mestres da cirurgia plástica mundial, incluindo aqui um de meus mentores, Ewaldo Bolívar, e o papa da especialidade, Ivo Pitanguy, durante o recente XVI Simpósio Internacional em São Paulo, tivemos a oportunidade de participar de evento simultâneo sem precedentes no Brasil, o Body Contour. Esta fusão nos proporcionou uma nova e moderna proposta de cursos com temas focados na cirurgia do contorno facial e corporal: dorso, panturrilha, glúteo, culote, além de implantes. O formato provou que no Brasil hoje os profissionais são capazes de abordar, de forma educativa e didática, temas de vanguarda quando o assunto é a estética corporal e facial, através de procedimentos seguros compartilhados por professores escolhidos nos melhores centros de formação do mundo e detentores de técnicas apuradas para dividir conhecimento. Experiência única.
Com os ensinamentos do Body Contour, atualmente é possível definir a silhueta com intervenções menos invasivas. É claro que isso demanda um bom planejamento e indicação da técnica adequada para cada paciente. Assim, conseguiremos minimizar as cicatrizes e disfarçá-las até. Mas é sempre bom lembrar que cirurgia plástica sem cicatriz não existe. O que todo cirurgião foca é na cicatriz de boa qualidade, que será amenizada com o passar do tempo, com a aplicação do laser Spectra, por exemplo.
Outra valorosa novidade foi a transmissão, ao vivo, durante todo o dia, de novas e modernas técnicas, a exemplo da lipo HD, a lipoaspiração de alta definição. Trata-se de uma lipoescultura na qual o médico aproveita a própria gordura do paciente para esculpir os músculos da região trabalhada, conferindo uma aparência bem mais definida à musculatura. O interessante é que a maioria dessas intervenções pode ser feita aqui mesmo em Goiânia com a aplicação das técnicas mais aprimoradas apresentadas nos eventos da especialidade.
E, neste ano que começou com grandes eventos na área da cirurgia plástica, tive também a oportunidade de participar da Jornada de Brasília, onde presidi mesa sobre plástica pós-bariátrica; tema polêmico que divide opiniões. Qual o tempo que deve ser respeitado entre esse tipo de cirurgia e a plástica para retirada do excesso de pele? A conclusão mais acertada é aguardar um intervalo médio de dois anos para que possa ocorrer a perda e estabilização do peso adequado. E isso varia de paciente para paciente, lembrando ainda que se o candidato à cirurgia estiver com anemia, for diabético ou hipertenso, deve estar com as suas taxas muito bem controladas.
E se depois da plástica pós-bariátrica o paciente voltar a engordar? Vai depender de cada caso. Todo paciente que foi submetido a uma cirurgia de obesidade tem que se cuidar e seguir um rigoroso programa de reeducação alimentar, caso contrário tudo terá sido em vão. A manutenção do resultado depende do paciente. Só cabe a ele manter o peso estável e a boa forma, observar o tipo de pele e as características hereditárias.
Outro assunto que não sai de pauta em acontecimentos dessa natureza é a segurança na realização das cirurgias plásticas, uma vez que não são raros os casos de pacientes às vezes até mutilados por causa de procedimentos irresponsáveis. Aqui, é sempre bom ressaltar, vale o bom senso: o cirurgião não deve realizar vários procedimentos de uma só vez, aumentando muito o tempo da intervenção e, consequentemente, dos riscos que podem virar complicações que levam à morte, não raras vezes. A leitura que fazemos é que se foi o tempo da beleza a todo custo, imediata. Cuidar da aparência para elevar a autoestima é decisão que deve ser pensada em criteriosos debates entre médico e paciente; afinal, a responsabilidade é de ambos.
Antônio Teixeira é cirurgião plástico.
[A pintura acima, “Susana e os Velhos”, de 1610, é de Artemisia Gentileschi]