Por Euler de França Belém
Podem existir ações coletivas promovidas pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, mas nestas ações coletivas não serão levados em consideração prejuízos individuais
Felippe Mendonça
Sempre que uma tragédia é anunciada, vítimas lotam a caixa de mensagens de advogados com dúvidas das consequências jurídicas do evento ocorrido. Neste triste episódio de Mariana, Minas Gerais, o número de pessoas afetadas é assustador, pois a terra deslizada, contaminada por resíduos tóxicos da mineradora, percorreu longa distância, afetando gravemente a vida de moradores de cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, causando danos que vão desde a desvalorização imobiliária, até lesões graves de direitos fundamentais.
Moradores de Colatina, no Espírito Santo, por exemplo, questionaram se podem processar a empresa causadora do evento, pois o abastecimento de água da cidade foi comprometido e agora a empresa fornece a eles, por dia, tão somente quatro garrafinhas de água potável de 500 ml cada, por pessoa, obrigando-os a enfrentar longas filas para receber essa “graça”.
A quantidade de água prontamente fornecida pela empresa é muito inferior à necessidade real de cada pessoa. A empresa levou em consideração, aparentemente, a quantidade que o corpo humano precisa diretamente, ou seja, o quanto precisamos beber por dia. Entretanto, o preparo de alimentos e a higiene também necessitam de água. É fácil perceber que esse reparo emergencial que a empresa causadora do estrago faz não é suficiente para atender a população de Colatina. Isso sem analisar outros danos causados.
Deste evento trágico nascem consequências jurídicas múltiplas, fazendo com que a empresa seja responsável pelos danos causados ao meio ambiente e também aos danos causados às pessoas que vivem nas regiões afetadas.
É comum, entretanto, as pessoas acharem que as consequências jurídicas de um ato são tratadas todas juntas, num único processo. Na crendice popular, como o Ministério Público já está atuando para exigir a responsabilidade criminal de danos ao meio ambiente, automaticamente a questão dos reparos aos danos individuais também estariam sendo tratados neste mesmo processo. Ou seja, esperam uma solução que venha do poder público, sem levar ao poder público o que precisam que seja reparado.
É claro que podem existir ações coletivas promovidas pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública para atender aos prejuízos de danos causados à coletividade, mas nestas ações coletivas não serão levados em consideração prejuízos individuais que possam ser diferenciados.
Por exemplo, uma pessoa que necessita de um cuidado maior com a higiene pessoal em decorrência de alguma enfermidade não sofre o mesmo dano que outra que não tem essa enfermidade, pois a lesão ao direito à saúde é maior para ela do que para o resto. Em eventual ação coletiva promovida pelo Ministério Público ou pela Defensoria um caso como este não seria tratado.
Portanto, cabe, sim, a cada vítima de uma tragédia não natural buscar o poder judiciário para exigir a reparação aos seus danos pessoais. Os danos dos indivíduos, se mal avaliados, podem aparentar serem ínfimos, por exemplo, se observar tão somente a falta de água e quantificá-la pelo custo do galão que os moradores de Colatina estão tendo que comprar. O valor devido pela empresa para reparo seria ínfimo, mas existem diversos outros prejuízos a serem analisados, como a desvalorização imobiliária, os danos morais e os lucros cessantes.
Os imóveis das regiões afetadas despencaram de valor, pois todos querem deixar suas casas em busca de um lugar não destruído pela tragédia e evidentemente ninguém está disposto a pagar o valor que antes era praticado no mercado imobiliário. A análise deste dano é individual - cabe aos proprietários de imóveis buscar a informação do valor de suas casas antes e depois da tragédia para pedir em juízo que a empresa compense o dano causado.
O dano moral existe quando um direito fundamental é cerceado, pois isso afeta a pessoa em um abalo psicológico que pode gerar consequências futuras. Parece-me evidente a existência de danos morais nesta tragédia, pois gera inúmeras restrições a direitos fundamentais dos indivíduos, como, por exemplo, as decorrentes pela falta d´água.
Já os “lucros cessantes” ocorrem quando alguém deixa de lucrar com a sua atividade normal em decorrência do evento danoso. É o caso, por exemplo, dos pescadores, dos proprietários de restaurantes e hotéis, dentre outros.
É preciso levar ao conhecimento destas vítimas um brocardo jurídico: “o direito não socorre aos que dormem”. Portanto, se ficarem parados esperando uma solução vinda do Ministério Público ou do próprio judiciário (e este é inerte), dificilmente serão indenizados na quantia que merecem.
Felippe Mendonça é advogado no escritório MGRS Advogados Associados; professor de Direito Constitucional da FMU; professor e assistente da coordenação do curso de pós-graduação em Direito Constitucional e Administrativo da EPD; doutorando e mestre em Direito do Estado pela USP e especialista em Direito Constitucional pela ESDC.

Escreveu “Chico Melancolia”, premiado pela Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, e biografias de Moisés Santana e Americano do Brasil
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O deputado do PTB ficou de dar uma resposta entre domingo e segunda-feira
O deputado federal Jovair Arantes, do PTB, é cotado para ser o presidente da comissão que conduzirá o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, do PT.
Jovair Arantes recebeu a sondagem diretamente do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB. Eles são aliados e amigos.
Há, como se sabe, dois PTBs: o de Cristiane Brasil (filha de Roberto Jefferson) e o de Jovair Arantes. O de Cristiane Brasil é frontalmente contrário ao governo de Dilma Rousseff. Já o de Jovair Arantes compõe com o governo. Por isso, ao receber o convite, o deputado goiano mostrou-se reticente, mas deve apresentar um posicionamento entre domingo e segunda-feira.
Jovair Arantes, expert em Congresso Nacional, sabe que poderá sair consagrado ou chamuscado. Mas em política é preciso correr risco. É assim que se cresce.

[caption id="attachment_53726" align="aligncenter" width="620"] Secretária Raquel Teixeira, Manoel Xavier, Paulinho de Jesus e o secretário Leonardo Vilela | Fotos: Jornal Opção / reprodução / Lailson Damásio[/caption]
Que o governador Marconi Perillo vai fazer algumas mudanças em sua equipe é praticamente certo, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016. Possíveis candidatos a prefeito ou a vereador, por exemplo, tendem a antecipar a saída.
Os principais articuladores do governo detectaram falhas em algumas áreas. Por exemplo: o segundo escalão é praticamente um secretariado, mas, ao menos em três secretarias, não tem funcionado com eficiência. Há “subsecretários” que, como não se sentem responsáveis pelas pastas — que têm titulares acima deles —, estariam acomodados. A reforma administrativa pode começar tentando resolver este gargalo.
Há pelo menos dois secretários que preocupam o governo. A secretária da Educação, Raquel Teixeira, é uma gestora decente e não é incompetente. Porém, de meninos da pré-escola a doutores da universidade, todos sabem que não está empolgada com o principal projeto do governo Marconi Perillo: a escolha de organizações sociais para gerir as escolas do Estado. A impressão que passa é que está sendo empurrada e, até, indo para o matadouro. Sua hesitação fragiliza, aqui e ali, a adoção do projeto. Ela quer deixar o governo? Não. O tucano-chefe quer defenestrá-la? Também não. Cobra-se, porém, mais motivação. Marcos “Tucano” das Neves poderia ser o seu substituto? Consta que planeja deixar o governo.
João Furtado é cotado para a Casa Civil, em substituição a José Carlos Siqueira. Manoel Xavier é uma das cartas para o Detran (Paulinho de Jesus iria junto). Leonardo Vilela estaria mais motivado a ocupar cargo de conselheiro no Tribunal de Contas dos Municípios do que com a Secretaria da Saúde. É sério e competente, mas parece ter perdido a motivação.
Há pelo menos quatro secretários apontados como intocáveis: José Eliton, do Desenvolvimento Econômico; Vilmar Rocha, das Cidades e Meio Ambiente; Thiago Peixoto, de Gestão e Planejamento; e Ana Carla Abrão Costa, da Fazenda.

[caption id="attachment_53724" align="aligncenter" width="620"] Alcides Rodrigues e Paulo Garcia: o prefeito petista pouco tem a ver com o ex-governador, pois é mais ativo, moderno e começa a deslanchar | Fotos: Jornal Opção[/caption]
O ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende está numa fase de muitas reuniões com aliados e potenciais aliados. Passou da fase de “ouvir muito” e agora está falando o que pensa de pessoas e do processo político. Na sua interpretação, o PMDB precisa lançar candidato forte em Goiânia — quer dizer, ele próprio (“os japoneses do PMDB são mais japoneses do que os japoneses dos ‘outros’”, brinca um ex-deputado federal) — para chegar com alguma chance na disputa das eleições de 2018.
Mas a conversa mais curiosa do peemedebista-chefe foi captada por um irista — que a transmitiu ao Jornal Opção. Iris Rezende estaria dizendo que, em 2010, cometeu um erro de avaliação política crucial: no lugar de postar-se como oposicionista radical ao governador Alcides Rodrigues, que estava muito desgastado, acabou por se aproximar e deixou de criticar sua gestão.
Naquele momento, quando se poderia apontar Alcides como parte do ciclo do PSDB de Marconi Perillo, o peemedebista perdeu-se, interpretando os fatos de maneira equivocada, e acabou se tornando “sócio” de um governante que ninguém queria mais. Alcides saiu do colo de Marconi Perillo e “explodiu” no colo de Iris Rezende. Configurou-se que Marconi iniciava, então, um novo ciclo e o peemedebista fazia parte do ciclo de Alcides. Indiretamente, Iris Rezende “renovou” Marconi ao se associar com o que a população percebia como velho e superado, Alcides.
Baseando-se no exemplo de Alcides, Iris Rezende está dizendo aos seus aliados que vai se manter afastado de Paulo Garcia, ficando na expectativa de que o prefeito seja interpretado como aliado não dele, e sim de Marconi Perillo. Mas há um problema: o peemedebista está subestimando o petista, que pouco tem a ver com Alcides, que terminou o governo arrastando-se. Paulo Garcia, depois de uma fase ruim, está se recuperando — pouco a pouco começa a ser visto como um gestor que trabalha e faz obras criativas e de interesse duradouro — e pode se transformar, no longínquo outubro de 2016, um dos protagonistas das eleições.

[caption id="attachment_25984" align="alignright" width="620"] Agenor Mariano é teleguiado? | Foto: Jornal Opção/Arquivo[/caption]
O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, ficou calado durante quase três anos. Quem visitava a prefeitura chegava a pensar que não falava, tal o mutismo. De repente, Iris Rezende colocou pilha e o jovem peemedebista destrambelhou a falar — desagradando até aliados. Há inconsistências em seu discurso. Ele garante que não tem cargos na prefeitura, mas tem vários. Menciona a erosão da Marginal Botafogo, mas, se o problema não é recente, por que não se manifestou antes, dando sugestões?
Na questão do reajuste do IPTU, Agenor Mariano, fazendo política, é claro, omite que o aumento atinge apenas a classe “A”.
A imagem que está se cristalizando é que Agenor Mariano é um político que não tem opiniões próprias — daí o silêncio de quase três anos — e que é teleguiado pelo titereiro Iris Rezende. A explosão recente está pegando mal, dado o fato de que estava tentando construir a imagem de um político ponderado e civilizado. Agora, quando fala, deixa a impressão de que está descabelando, que está numa fase aguda de piti ou histeria.

[caption id="attachment_53722" align="aligncenter" width="620"] Magda Mofatto e Magal Foto: Mantovani Fernandes[/caption]
A deputada federal Magda Mofatto está organizando uma mega estrutura com o objetivo de disputar mandato de senadora em 2018. A líder do PR é atuante e presente junto às bases.
Para se fortalecer em Caldas Novas, a parlamentar pode bancar um candidato que não seja o prefeito Evandro Magal. Por enquanto, sugere que apoia o postulante do PP. Mas, dependendo do quadro político em 2016, pode apoiar outro candidato.
A hesitação de Magda Mofatto tem sentido. Porque a tendência é que, na disputa de 2018, Evandro Magal apoie o senador Wilder Morais, presidente do PP, e o governador Marconi Perillo para o Senado — deixando a “companheira” na chapada. Por isso, antecipando a puxada de tapete, a deputada federal pode deixá-lo na chapada dois anos antes.

[caption id="attachment_53720" align="alignright" width="300"] Daniel Antônio[/caption]
Acompanhado do amigo Renato Bernardes, do PP, o ex-prefeito de Goiânia Daniel Antônio conversou com um repórter do Jornal Opção. Ele contou que, aos 75 anos, toma cinco comprimidos por dia, um deles para hipertensão. “Mas estou forte e ‘sacudido’”, sublinha. “Sou feliz. O PT, ao montar um esquema para roubar o dinheiro do povo, transformou o Brasil num país infeliz. É muito duro ter de aguentar a ‘cambada’ petista, que passou a vida de dedo em riste acusando políticos de outros partidos das maiores iniquidades.”
Entretanto, o tema preferido de Daniel Antônio não é Dilma Rousseff e Lula da Silva, e sim Iris Rezende. “Tenho pena do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. As gestões de Iris são assim: o peemedebista produz dívidas em série, deixa obras para o sucessor pagar e depois sai dizendo que as contas estavam em dia. Além disso, como está acontecendo agora com o gestor petista, um homem decente, Iris é dado à perseguição pessoal. O primeiro vice-prefeito dele era Gabriel Elias Neto, grão-mestre da Maçonaria. Iris chegou a proibi-lo de entrar na Prefeitura de Goiânia.”
Quando foi eleito prefeito de Goiânia, em meados da década de 1980, “contra a vontade de Iris”, Daniel Antônio conta que “penou” muito. “Como eu era uma voz independente e não me subordinava ao cacique político, fui perseguido e atrapalhado — os iristas só faltaram dizer que incendiei Roma, como chefe de Nero. O ICMS da prefeitura da capital caiu muito quando Iris era governador de Goiás. O fato é que Iris temia meu crescimento político e, como não conseguia mandar na minha gestão, decidiu me destruir. O cacique é especializado em destruição, não em construção.”
Depois de ser afastado da prefeitura, acusado de cometer irregularidades, Daniel Antônio sublinha que, desde o início, entendeu que se tratava de uma perseguição movida por Iris Rezende, que “influenciava a imprensa para inflar as denúncias”. “Apesar da perseguição implacável, nada provaram contra minha gestão e acabei voltando à prefeitura, mas Iris conseguiu o que queria — destruir uma carreira política promissora. Em um ano e três meses, e depois em mais 105 dias, construí 93 salas de aula, fez o mercado central e comecei a preparar a emancipação de Senador Canedo. Mas o irismo tentou apagar minha história, que é a história de um político popular.”
Daniel Antônio frisa que Paulo Garcia precisa ficar atento. “Iris conspira o tempo todo contra quem não o segue caninamente, sempre nos bastidores, e pondo alguém para dizer aquilo que não tem coragem de expor publicamente. Sei que Paulo Garcia é conceituado e, por isso, precisa esclarecer como encontrou o cofre da prefeitura.”
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Prefeito Paulo Garcia discursa durante evento no Curitiba III | Foto: Marcello Dantas / Jornal Opção[/caption]
Na opinião de Daniel Antônio, e sua linguagem é reproduzida na íntegra, sem eufemismo, “Iris ‘sacaneou’ o governador Henrique Santillo, na segunda metade da década de 1980”. O ex-prefeito frisa que, “como era muito ligado ao presidente José Sarney, de quem era ministro, Iris ‘sacaneou’ Santillo o tempo inteiro. Quando do acidente com o césio 137, em vez de ajudar o governador goiano, Iris decidiu prejudicá-lo. Os iristas espalharam, inclusive com o apoio de parte da imprensa, que Santillo estava construindo um hospital em Ribeirão Preto, quando todos sabiam, inclusive Iris, que era tudo mentira. Santillo era um político íntegro, um homem inatacável”.
Na opinião de Daniel Antônio, Iris Rezende é um político monotemático. “Conheço todas as suas táticas, que são poucas. Ele sempre instrumentaliza alguém, como agora faz com o vice-prefeito Agenor Mariano, para atacar um político que, até há pouco, caso de Paulo Garcia, era seu aliado. Se um político contraria Iris, minimamente que seja, se torna, de um dia para o outro, seu inimigo figadal.”
Há uma “diferença crucial” entre Iris Rezende e Marconi Perillo, na interpretação de Daniel Antônio. “Marconi é um político perceptivo, jamais perde o respeito e o carinho por seus aliados, enquanto Iris só admite ‘cordeiros’ ao seu lado. Todos aqueles que questionam seu poder, ainda que não seja de maneira radical, é perseguido e excluído do grupo. Torço para que o jovem deputado federal Daniel Vilela sobreviva à fúria do coronel do PMDB. Iris é um político do ‘mal’ travestido de político do ‘bem’.”
Para Daniel Antônio, Iris Rezende “é um político limitado, sem cultura, por isso não conseguiu se inscrever na política nacional. Iris sempre foi um político de província, nada tem de cosmopolita. Marconi Perillo, pelo contrário, discute de igual para igual com qualquer político nacional. O jovem tucano modernizou Goiás e se modernizou. Ele conhece o mundo, não se esconde em fazendas do Xingu. Por isso digo que está pronto para disputar a Presidência da República. É firme, lúcido e tem a malícia necessária a todos os políticos que se consagram nacionalmente. Depois do quarto mandato, não resta outra alternativa: deve participar, de maneira mais ativa, da política nacional. Observe-se que a crise econômica está instalada em todo o país, mas em Goiás é menor, porque Marconi fez a lição de casa, enxugando a máquina estatal, tendo coragem de enfrentar o populismo caboclo”.
Ao término da entrevista, Daniel Antônio disse que não está filiado a nenhum partido político. “Mas pode escrever que, como derrotou Iris três vezes, vingando-me, Marconi é, hoje, meu herói político. Portanto, pode anotar que sou ‘filiado’ ao PMP, quer dizer, Partido do Marconi Perillo. Esclareço que não sou candidato a mais nada. Sou um observador distanciado da política, daí minha independência e meu rigor ao fazer certos julgamentos. Por fim, sugiro que Paulo Garcia faça como Daniel Vilela: reaja aos ataques diretos e indiretos, por intermédio de esbirros, de Iris Rezende. O cacique peemedebista só é corajoso com os que não reagem.”

[caption id="attachment_46273" align="aligncenter" width="620"] Deputado estadual Lissauer Vieira[/caption]
Pesquisas sobre a disputa eleitoral de Rio Verde sugerem que, no momento, há uma polarização entre Heuler Cruvinel, do PSD, e Paulo do Vale (se puder disputar), do PMDB.
Motivo: estão há mais tempo propagando que são “candidatos”, quer dizer, são os nomes mais conhecidos. Porém, quando se discute perspectiva de crescimento — e considerando que há indícios de que Heuler Cruvinel e Paulo do Vale têm um teto e, para ganhar, precisam de um “plus” que, no momento, não têm —, há uma surpresa: o nome do deputado Lissauer Vieira surge como uma espécie de fenômeno.
Na medida em que é apresentado como candidato, em que se sabe que tem o apoio da base do prefeito Juraci Martins, o parlamentar aparece como o pré-candidato que tende a deslanchar. Noutras palavras, é possível que seja o único capaz de romper a polarização, surgindo como fato novo, e assim ganhar as eleições.
É cedo para afirmações peremptórias, mas o fato é que Lissauer Vieira, por ser jovem e não ter desgaste pessoal, pode ser visto como a alternativa.

[caption id="attachment_47363" align="aligncenter" width="620"] Ilézio Inácio Ferreira e Júnior Friboi: os sócios do megaempreendimento | Foto: Henrique Alves[/caption]
O desgaste do Nexus em Goiânia, gestado por irregularidades, como um Estudo de Impacto de Vizinhança supostamente falsificado — que está sendo investigado pelo Ministério Público —, pode atrapalhar, em larga medida, a expansão dos negócios da Construtora Consciente, de Ilézio Inácio Ferreira, e da JFG Empreendimentos, de Júnior Friboi, tanto em Goiás quanto em outros Estados. Reputação é fundamental para quem negociar em praças desconhecidas.
Não há a menor dúvida de que Ilézio Inácio e Júnior Friboi são empreendedores competentes. Mas os problemas com o Nexus — shopping, hotel, salas comerciais e torre corporativa — sugerem, do ponto de vista da sociedade, que os empresários não respeitam as leis. Sugerem, sobretudo, arrogância e, até, cinismo.
Ilézio Inácio precisa desenvolver a consciência de que as palavras devem ter sentido verdadeiro, não podem tão-somente enfatizar lugares-comuns, escondendo, por vezes, inconsistência e, quiçá, inconsciência. Uma construtora que tem o nome de Consciente tem o dever de trabalhar estritamente dentro das leis, com Estudos de Impacto de Vizinhança e de Trânsito absolutamente sérios e transparentes.
Os gigantes às vezes começam a cair por causa de “pequenos” problemas e deslizes (como a suposta falsificação do Estudo de Impacto de Vizinhança). Ilézio Inácio por certo lembra-se que a Encol chegou a ser a maior construtora do Brasil e uma das maiores, senão a maior, da América Latina. E quem fala da Encol hoje? Só advogados e magistrados.

[caption id="attachment_40741" align="aligncenter" width="620"] Ex-prefeito de Anápolis Ernani de Paula[/caption]
O ex-prefeito de Anápolis Ernani de Paula esteve com o governador de Goiás, Marconi Perillo, na semana passada, e conversaram sobre política nacional e local. O líder do Pros em Anápolis relatou ao tucano-chefe que pretendia disputar mandato de vereador, mas que, ante o vazio político no município, pode disputar a prefeitura. “Marconi sugeriu que devo disputar mesmo e que é preciso ‘perseguir’ os sonhos.” Amigo de Aécio Neves e de Pimenta da Veiga, o político nascido em São Paulo, como Henrique Santillo e Adhemar Santillo, pretende ajudar Marconi Perillo no estabelecimento de um projeto político nacional.
Ernani de Paula, que mantém interlocução frequente com o empresário Marcelo Limírio, sogro do deputado federal Alexandre Baldy, do PSDB, é peremptório: “Estou convicto de que Baldy será candidato a prefeito de Anápolis porque percebe a cidade como trampolim para, adiante, disputar o governo do Estado. Ele me disse que será candidato e que não abre mão disso. Dado o fato de ter estrutura, num momento de crise e em que o financiamento da campanha será por pessoa física, está com a faca e o queijo nas mãos”.
Alexandre Baldy, segundo Ernani de Paula, já teria acertado o apoio de 12 partidos. “Procede que há partidos que não somam muito, mas cria-se um efeito psicológico de que o apoio é muito amplo. Além disso, quanto mais candidatos a vereador, mais se tem força eleitoral”, frisa o pré-candidato do Pros. “A diferença entre eu e Baldy é que tenho mais experiência, não piso mais em pau podre.”
No momento, Ernani de Paula está conversando com todos os pré-candidatos. “Falei com o vereador Fernando Cunha, mas não me parece que está com ‘pinta’ de candidato a um cargo majoritário. A tendência é que apoie a candidatura de Baldy.”
Quanto ao prefeito João Gomes, Ernani de Paula julga que o eleitorado vai avaliá-lo como integrante do PT. “O PT queima hoje até seus melhores candidatos. Outro problema é que João Gomes não conseguiu superar, em termos de gestão, a imagem do prefeito anterior, Antônio Gomide, o que enfraquece sua candidatura à reeleição. Para fortalecer sua imagem talvez trabalhe a ideia de que é mais empresário do que político.”
Frederico Jayme seria, na opinião de Ernani de Paula, “um excelente nome para a disputa. Mas não tem articulando na cidade”. José de Lima, avalia o ex-prefeito, não tem viabilidade eleitoral — estaria apenas se cacifando para a disputa de 2018. “Se candidato, o que vai dizer aos eleitores sobre o fato de que seu irmão é líder do governo na Câmara Municipal?”
Ernani de Paula sublinha que não subestima Carlos Antônio, que está deixando o Solidariedade. “Mas, se tem vários cargos na prefeitura, como vai criticar o prefeito João Gomes na campanha? O eleitor pode não entender. Na sexta-feira, 4, pela primeira ele falou mal da presidente Dilma Rousseff. Por que só agora? Soa como ‘oportunismo’. Visitei-o em seu escritório político. Cerca de 100 estavam na porta do escritório, sugerindo clientelismo, prática política antiga e superada. De qualquer forma, é preciso admitir que as pesquisas de intenção de votos apontam que não se trata de um candidato fraco.”
Sobre a política nacional, Ernani de Paula é enfático: “Assisti ascensões e quedas. A queda do PT é uma espécie de ruína do Império Romano esquerdista. Não há escapatória. O partido saiu do Paraíso, chegou ao Purgatório e está a caminho do Inferno. O único problema é que o PT não é Beatriz e, portanto, não tem um Dante Alighieri para guiá-lo; consequentemente, dificilmente escapará do, digamos, inferno astral”.
Máquina de fazer política, equiparável ao ex-deputado federal Luiz Bittencourt (PTB) — tanto que há quem o chame, em Anápolis, de Ernani “Bittencourt” de Paula —, o ex-prefeito parece ter o dom da ubiquidade. Agora, pôs no ar o site Anápolis 24 Horas (www.anapolis24horas.com.br) e vai inaugurar o Escritório de Políticas Públicas Henrique Santillo.
No plano nacional, Ernani de Paula frisa que as coisas estão feias para Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. “O candidato do PSDB a presidente da República será Aécio Neves. Anote e me cobre depois. Seu vice pode ser o governador Marconi Perillo. O PT não tem escapatória: terá de bancar Lula da Silva. Só tem ele. Não tem outra alternativa. Ciro Gomes e Marina Silva devem disputar e são competitivos.”

[caption id="attachment_27736" align="aligncenter" width="620"] Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção[/caption]
Há uma briga de foice no escuro no PMDB para saber quem vai ser vice de Iris Rezende na disputa para a Prefeitura de Goiânia. O favorito do peemedebista-chefe é Agenor Mariano. Mas Bruno Peixoto articula dia e noite, às vezes até de madrugada, para ser o vice. Aos que sugerem que o ex-prefeito não confia na sua independência e em relação ao governador Marconi Perillo, rebate que seu pai é irista desde criancinha.
Na opinião de um deputado, a disputa para ser vice de Iris Rezende é praticamente uma campanha à parte. “Se Agenor Mariano se apresenta como o ‘favorito de Iris”, Bruno tende a se apresentar como o favorito do partido”, afirma um deputado.
Quanto ao vice ser indicado pelo DEM, o mesmo deputado ressalta: “Se o senador Ronaldo Caiado disser que o vice vai ser do DEM, se fizer a imposição, Iris nem vai discutir — aceita na hora. Mas o que sei é que Caiado não vai impor nada, esperando, muito mais, o apoio do irismo para ele disputar o governo de Goiás em 2018”.