“Paulo Garcia precisa ficar atento porque Iris Rezende persegue quem não o segue caninamente”

05 dezembro 2015 às 13h27

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Acompanhado do amigo Renato Bernardes, do PP, o ex-prefeito de Goiânia Daniel Antônio conversou com um repórter do Jornal Opção. Ele contou que, aos 75 anos, toma cinco comprimidos por dia, um deles para hipertensão. “Mas estou forte e ‘sacudido’”, sublinha. “Sou feliz. O PT, ao montar um esquema para roubar o dinheiro do povo, transformou o Brasil num país infeliz. É muito duro ter de aguentar a ‘cambada’ petista, que passou a vida de dedo em riste acusando políticos de outros partidos das maiores iniquidades.”
Entretanto, o tema preferido de Daniel Antônio não é Dilma Rousseff e Lula da Silva, e sim Iris Rezende. “Tenho pena do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. As gestões de Iris são assim: o peemedebista produz dívidas em série, deixa obras para o sucessor pagar e depois sai dizendo que as contas estavam em dia. Além disso, como está acontecendo agora com o gestor petista, um homem decente, Iris é dado à perseguição pessoal. O primeiro vice-prefeito dele era Gabriel Elias Neto, grão-mestre da Maçonaria. Iris chegou a proibi-lo de entrar na Prefeitura de Goiânia.”
Quando foi eleito prefeito de Goiânia, em meados da década de 1980, “contra a vontade de Iris”, Daniel Antônio conta que “penou” muito. “Como eu era uma voz independente e não me subordinava ao cacique político, fui perseguido e atrapalhado — os iristas só faltaram dizer que incendiei Roma, como chefe de Nero. O ICMS da prefeitura da capital caiu muito quando Iris era governador de Goiás. O fato é que Iris temia meu crescimento político e, como não conseguia mandar na minha gestão, decidiu me destruir. O cacique é especializado em destruição, não em construção.”
Depois de ser afastado da prefeitura, acusado de cometer irregularidades, Daniel Antônio sublinha que, desde o início, entendeu que se tratava de uma perseguição movida por Iris Rezende, que “influenciava a imprensa para inflar as denúncias”. “Apesar da perseguição implacável, nada provaram contra minha gestão e acabei voltando à prefeitura, mas Iris conseguiu o que queria — destruir uma carreira política promissora. Em um ano e três meses, e depois em mais 105 dias, construí 93 salas de aula, fez o mercado central e comecei a preparar a emancipação de Senador Canedo. Mas o irismo tentou apagar minha história, que é a história de um político popular.”
Daniel Antônio frisa que Paulo Garcia precisa ficar atento. “Iris conspira o tempo todo contra quem não o segue caninamente, sempre nos bastidores, e pondo alguém para dizer aquilo que não tem coragem de expor publicamente. Sei que Paulo Garcia é conceituado e, por isso, precisa esclarecer como encontrou o cofre da prefeitura.”

Na opinião de Daniel Antônio, e sua linguagem é reproduzida na íntegra, sem eufemismo, “Iris ‘sacaneou’ o governador Henrique Santillo, na segunda metade da década de 1980”. O ex-prefeito frisa que, “como era muito ligado ao presidente José Sarney, de quem era ministro, Iris ‘sacaneou’ Santillo o tempo inteiro. Quando do acidente com o césio 137, em vez de ajudar o governador goiano, Iris decidiu prejudicá-lo. Os iristas espalharam, inclusive com o apoio de parte da imprensa, que Santillo estava construindo um hospital em Ribeirão Preto, quando todos sabiam, inclusive Iris, que era tudo mentira. Santillo era um político íntegro, um homem inatacável”.
Na opinião de Daniel Antônio, Iris Rezende é um político monotemático. “Conheço todas as suas táticas, que são poucas. Ele sempre instrumentaliza alguém, como agora faz com o vice-prefeito Agenor Mariano, para atacar um político que, até há pouco, caso de Paulo Garcia, era seu aliado. Se um político contraria Iris, minimamente que seja, se torna, de um dia para o outro, seu inimigo figadal.”
Há uma “diferença crucial” entre Iris Rezende e Marconi Perillo, na interpretação de Daniel Antônio. “Marconi é um político perceptivo, jamais perde o respeito e o carinho por seus aliados, enquanto Iris só admite ‘cordeiros’ ao seu lado. Todos aqueles que questionam seu poder, ainda que não seja de maneira radical, é perseguido e excluído do grupo. Torço para que o jovem deputado federal Daniel Vilela sobreviva à fúria do coronel do PMDB. Iris é um político do ‘mal’ travestido de político do ‘bem’.”
Para Daniel Antônio, Iris Rezende “é um político limitado, sem cultura, por isso não conseguiu se inscrever na política nacional. Iris sempre foi um político de província, nada tem de cosmopolita. Marconi Perillo, pelo contrário, discute de igual para igual com qualquer político nacional. O jovem tucano modernizou Goiás e se modernizou. Ele conhece o mundo, não se esconde em fazendas do Xingu. Por isso digo que está pronto para disputar a Presidência da República. É firme, lúcido e tem a malícia necessária a todos os políticos que se consagram nacionalmente. Depois do quarto mandato, não resta outra alternativa: deve participar, de maneira mais ativa, da política nacional. Observe-se que a crise econômica está instalada em todo o país, mas em Goiás é menor, porque Marconi fez a lição de casa, enxugando a máquina estatal, tendo coragem de enfrentar o populismo caboclo”.
Ao término da entrevista, Daniel Antônio disse que não está filiado a nenhum partido político. “Mas pode escrever que, como derrotou Iris três vezes, vingando-me, Marconi é, hoje, meu herói político. Portanto, pode anotar que sou ‘filiado’ ao PMP, quer dizer, Partido do Marconi Perillo. Esclareço que não sou candidato a mais nada. Sou um observador distanciado da política, daí minha independência e meu rigor ao fazer certos julgamentos. Por fim, sugiro que Paulo Garcia faça como Daniel Vilela: reaja aos ataques diretos e indiretos, por intermédio de esbirros, de Iris Rezende. O cacique peemedebista só é corajoso com os que não reagem.”