Por Euler de França Belém
A eleição para a Prefeitura de Goiânia será realizada daqui a um ano e 9 meses, mas quem quiser se desincompatibilizar terá de deixar os órgãos públicos daqui a um ano e três meses e aquele que quiser se filiar a uma legenda ou trocar de partido tem de fazer nos próximos nove meses. Está tudo mais em cima do que parece. Na disputa de Goiânia, como um prenúncio da batalha eleitoral de 2018, praticamente todas as forças estarão em ação na capital. O governador Marconi Perillo (PSDB) deve bancar seu principal aliado, Jayme Rincón (PSDB), para prefeito. Júnior Friboi trabalha para emplacar a candidatura de Vanderlan Cardoso (PSB). Antônio Gomide, Rubens Otoni e Paulo Garcia deverão lançar Adriana Accorsi ou Humberto Aidar. Todos são do PT. Iris Rezende pode bancar Bruno Peixoto ou, sobretudo, Agenor Mariano. Os caciques, portanto, estarão em ação na capital. Porque, como uma espécie de cidade-Estado, Goiânia funciona como caixa de ressonância no Estado.
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, recorreu aos préstimos do empresário Júnior Friboi para que interferisse nas eleições para presidente da Câmara Municipal de Goiânia. Friboi tem certo apreço pelo petista-chefe, mas já havia se comprometido em apoiar Anselmo Pereira e cumpriu sua palavra. O problema do paulo-garcismo é que sempre parece chegar atrasado nas articulações políticas. Perde o timing com frequência.
O advogado Robledo Rezende, um dos políticos mais ligados ao empresário Júnior Friboi, deve ser candidato a prefeito de Porangatu, possivelmente pelo Pros. Ele é filiado ao PMDB, porém, como o partido terá candidato na cidade, o prefeito Eronildo Valadares, terá de procurar outra legenda. Robledo Rezende, articulador hábil e político moderado, afirma que o PMDB está rachado e tende a se dividir ainda mais. “Júnior está aguardando a marcha dos acontecimentos. Aqueles políticos que foram eleitos em 2014 querem, e muito, a sua permanência no PMDB, porque avaliam que, se o partido tem alguma organização hoje, deve muito ao seu trabalho em todo o Estado. Ele não quer e não vai deixar o partido, exceto se a situação ficar insustentável.
O empresário Júnior Friboi (PMDB) planeja a seguinte chapa para 2018: ele para governador e Daniel Vilela (PMDB) na vice. Falta combinar com o jovem deputado federal eleito, que também pretende disputar o governo do Estado, avaliando que o cavalo pode passar arreado na sua porta. Uma alternativa é uma chapa com Vanderlan Cardoso na vice de Friboi.
De um líder histórico do PSDB, que conhece como poucos as estranhas da Assembleia Legislativa: “Se o governador Marconi Perillo não botar para quebrar, sinalizando diretamente que seu candidato é Chiquinho de Oliveira, não tem saída: o deputado Helio de Sousa, hoje na presidência, será mantido no cargo, com amplo apoio. Acrescente-se que, se tem possíveis e ligeiras restrições com José Vitti, a Henrique Arantes e a Lincoln Tejota, nada instransponível, não há nenhuma grande restrição a Helio de Sousa, exceto ao fator de ele pertencer ao DEM do deputado federal Ronaldo Caiado”. O líder frisa que o governador Marconi Perillo adota o seguinte comportamento: “Marconi não gosta de perder. Portanto, se ficar evidente que Chiquinho não tem chance de ser eleito, ele apoiará Helio de Sousa tranquilamente, sem perder uma noite de sono”.
O médico Antônio Faleiros foi secretário da Saúde do governo de Goiás e, em seguida, deixou o cargo para disputar mandato de deputado federal pelo PSDB. Teve uma votação razoável, mas foi derrotado. Agora, deve voltar para o governo, mas não há cargo definido. Alguns setores da saúde defendem que o médico, tido como inovador na área, ao implantar o sistema das organizações sociais, reassuma a Secretaria de Saúde. O problema é que o governador Marconi Perillo não tem o hábito de retornar secretários para cargos que já ocuparam. Ele gosta de fazer remanejamentos, porque avalia que isto reoxigena a cabeça das pessoas. O grupo de Nion Albernaz e do deputado estadual Lincoln Tejota têm interesse no retorno de Faleiros.

O deputado estadual eleito Ernesto Roller garante que, se Adib Elias perder o mandato — devido a problemas com suas contas a respeito de quando era prefeito de Catalão —, o PMDB não perderá dois deputados. “Se o Adib Elias sair, o que não parece crível, eu continuarei eleito e assumirei o mandato de deputado, sem nenhum problema. O PMDB só perde uma vaga, não perde duas. Há quociente eleitoral suficiente para me sustentar como eleito.” Roller frisa que as contas de Adib Elias “foram aprovadas pela Câmara Municipal. Há jurisprudência no Supremo Tribunal Federal de que quem aprova as contas são as câmaras. O ministro Luiz Fux quer mudar isto, mas ainda não mudou”.
Ralph Vicente da Silva deve assumir, nesta semana, a Secretaria de Indústria e Comércio da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Substituto de Marcos Campos, é uma indicação da Associação Comercial e Industrial (Aciag) do município. Leia-se Osvaldo Zilli e Gilberto Sebba.
A objetividade do governador Marconi Perillo tem impressionado políticos, empresários e executivos de Goiás e do Brasil. Ele não deixa nada para amanhã — é tudo pra já — e não gosta de conversas improvisadas. Tudo tem de ser planejado, delineado com o máximo de clareza e precisão e por escrito.
O PMDB de Anápolis, segundo Frederico Jayme, pode lançar candidato a prefeito em 2016. “Temos nomes consistentes, como Aquiles Mendes (médico e ex-vereador), Max Lânio (médico), Ricardo Nabem (ex-vereador), Assef Nabem (ex-vereador) e Benjamin Beze (ex-vice-prefeito e empresário). São conceituados e têm condições de administrar a cidade com a mais alta qualidade”, afirma. Sobre cargos no governo: “Não estou interessado. Tanto que estou afastado do processo”.
O advogado Sebastião Ferreira Leite, o Juruna, procurou o vereador Elias Vaz e disse que vai trabalhar, ao lado do prefeito Paulo Garcia, para expulsar os vereadores Tayrone di Martino e Felisberto Tavares do PT. Hábil e experimentado, Elias Vaz recomendou moderação aos adeptos do paulo-garcismo. Porque mal acabaram de ter uma derrota política — perderam a presidência da Câmara Municipal e não conseguem aprovar a planta de valores — e já falam em expurgar políticos.
A situação do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), não é das melhores. O governo federal promete apoio, mas os recursos — vários milhões de reais — não chegam. O projeto Macambira-Anicuns parece a “cabeça de burro” enterrada da gestão do petista-chefe. A obra recomeça, mas não sai do lugar. Há quem acredite que a síndrome de Pedro Wilson acometeu o gestor e sua equipe. Para piorar a situação da prefeitura, além do ICMS em queda — a equipe paulo-garcista não faz um trabalho técnico competente para elevar o índice —, o prefeito enfrenta oposição da Câmara Municipal e da sociedade organizada e não consegue aprovar o aumento da planta de valores, consequentemente não pode elevar o IPTU da capital. A votação da planta está travada na câmara. Mesmo reduzindo o aumento de mais de 50% para 39,8%, Paulo Garcia não consegue aprová-lo. Porque falta-lhe o apoio até dos aliados. O que fazer. Há indícios de que, como o aumento não será aprovado, o prefeito pode retirar a proposta e fazer apenas a correção inflacionária.
Junin do Bom Sucesso (JBS), do Pros, pode ser eleito presidente da Câmara Municipal de Porangatu. A frente ampla que apoia Junin do Bom Sucesso inclui o presidente nacional do Pros, Eurípedes Júnior (o homem da Dilma Rousseff em Goiás, no bom sentido, quer dizer, o político), o deputado estadual Francisco Júnior (PSD), o ex-prefeito José Osvaldo e os advogados Robledo Rezende (PMDB) e Francisco Bento (PMDB), ambos ligados ao empresário Júnior Friboi. A chamada terceira via, se eleger o presidente da Câmara Municipal, chegará forte na disputa pela Prefeitura de Porangatu em 2016.
O prefeito Eronildo Valadares banca a candidatura do vereador Edmilson Domingos de Andrade, do PMDB. Um aliado afirma que, devido ao peso da máquina, o peemedebista-chefe aposta que vai eleger seu pupilo. Vale ressaltar que a oposição está organizada e mobilizada.
O principal líder do PSDB de Porangatu, o deputado estadual Júlio da Retífica, está abstendo-se de participar da disputa para presidência da Câmara Municipal. Júlio da Retífica está mais interessado em reorganizar o PSDB local para a disputa da prefeitura em 2016. Em 2014, ele ficou como suplente. Se for efetivado, vai bancar sua mulher, Gláucia Melo, para prefeita. Porém, se não assumir vaga na Assembleia — é praticamente certo que assumirá —, tende a disputar a prefeitura.