Por Editor

Um dos filmes lusófonos do festival, "Colo" estreia sem o louvor da crítica internacional
[caption id="attachment_87303" align="aligncenter" width="620"] "Colo" não conquistou a crítica internacional, que abandonou a exibição[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
A lusofonia este ano bateu um recorde no Festival Internacional de Cinema de Berlim — são 18 filmes brasileiros e portugueses nas diversas competições. E nesta quarta-feira, 15, foi a vez do longa-metragem da cineasta portuguesa Teresa Villaverde, "Colo", ser exibido.
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O filme mostra a repercussão da crise econômica numa família portuguesa, deixando claro o por quê do nome do longa, que, entre coisas quer dizer afeto. Villaverde justifica dizendo que falta também afeto no casal e filha do seu filme.
Para ela, a crise não é só econômica, mas envolve igualmente um clima de falta de comunicação, porque se de um lado gera o desemprego, outras pessoas são obrigadas a acumular empregos, faltando-lhes tempo para curtir a família.
Em "Colo", o desemprego leva o pai ao desespero e a filha não avalia a gravidade da crise vivida pela família, onde até a luz é cortada por falta de pagamento. Filmado na maior parte do tempo nos interiores e sem muita luz, "Colo" transmite a sensação de falta de perspectivas de seus personagens.
Villaverde permanece fiel aos filmes de cenas longas que sempre caracterizam as produções portuguesas — uma exceção deste estilo apareceu há quatro anos, quando o estreante em Berlim, "Tabu", de Miguel Gomes, mostrou uma agilidade ainda rara no cinema português.
Embora o tema de "Colo" seja dos melhores, o que a crítica chamou de "silêncios", os planos fixos demorados e a falta de movimento em contraposição às cenas mais rápidas da moderna cinematografia, não foram bem recebidos pela crítica internacional que abandonou a projeção e não foi à coletiva para a imprensa.
Comercialização
Resta a questão da pronúncia do português da antiga metrópole, diferente da maneira mais aberta própria do "brasileiro", que dificultará sempre a comercialização dos filmes portugueses no Brasil, o mesmo não ocorra com os filmes brasileiros em Portugal, haja visto o sucesso das telenovelas da Globo. Ocorre praticamente o mesmo com os filmes canadenses, cuja pronúncia é fiel ao francês antigo, geralmente exibidos com legendas nas exibições na França. Talvez por influência das telenovelas, a pronúncia portuguesa nas antigas colonias é mais próxima do "brasileiro". Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Interanacional de Cinema
Festival Internacional de Cinema é um festival de preocupações políticas e, por isso, filme de Aki Kaurismaki é um dos favoritos ao Urso de Ouro
[caption id="attachment_87227" align="aligncenter" width="620"] "O outro lado da esperança", filme de Aki Kaurismaki, assume o favoritismo ao Urso de Ouro ao defender os refugiados sírios na Europa com uma bela filmagem[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
O cineasta finlandês Aki Kaurismaki fez uma clara defesa dos refugiados no encontro com a crítica, chegando a elogiar a chanceler Angela Merkel, "a única política que se mostrou realmente interessada pelos refugiados", criticando a minoria finlandesa que insiste em estigmatizar os estrangeiros e mesmo a agredi-los fisicamente.
Pouco antes, seu novo filme, "O outro lado da esperança", tinha sido exibido para a crítica, sendo recebido com aplausos. O filme conta a história de duas pessoas diferentes, cujas vidas se cruzam num determinado momento.
A primeira é Khaled, refugiado sírio que consegue chegar à Europa, via Grécia, faz enormes caminhadas com outros refugiados, depois de a Hungria ter fechado suas fronteiras. Com a confusão gerada, acabou perdendo de vista sua irmã, que fugira com ele da Síria. Chega à Finlândia de navio, escondido no compartimento de carvão.
Vai rapidamente se apresentar à polícia para pedir o estatuto de refugiado. Entretanto, o serviço de imigração rejeita sua demanda sob o pretexto de não haver perigo e nem clima de guerra em Alepo, onde vivia. Por ironia da sorte, nesse mesmo dia o telejornal finlandês mostra Alepo sendo bombardeada com mortes de civis.
O outro personagem é um empresário finlandês deixando o ramo das confecções para homens para se dedicar ao setor de restaurantes. É quando encontra Khaled, imigrante clandestino, e o emprega no restaurante, pagando a um especialista a fabricação de um documento de residente provisório.
"Eu gostaria de poder mudar o mundo", disse Kaurismaki para a crítica. "Mas meus filmes são contribuições muito pequenas, por isso me contento em tentar mudar os finlandeses. A participação de todos é importante porque, se tivesse sido maior nos anos 30, poderia ter evitado a Segunda Guerra".
No ano de 1490, a região de Sevilha, na Espanha, vivia em paz até ser criada a lei para se expulsar árabes e judeus, disse Kaurismaki referindo-se à decretação da Inquisição. Até pouco tempo, havia na Europa uma posição clara em defesa dos valores humanitários, mas isso começa a desaparecer com o surgimento da intolerância".
Kaurismari informou também ter mudado seu projeto de uma trilogia sobre os portos. "Será uma trilogia sobre os refugiados". Diante da força das imagens do novo filme de Aki Kaurismaki, e levando-se em conta ser Berlim um Festival de preocupações políticas, "O outro lado da esperança" está entre os favoritos ao Urso de Ouro.
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

"Uma Mulher Fantástica", filme do diretor chileno Sebastián Lelio, traz à tona novamente a discussão sobre o preconceito ao mostrar a história de uma transsexual
[caption id="attachment_87129" align="aligncenter" width="620"] Marina, personagem da atriz transsexual Daniela Vega, traz à tona no Festival de Berlim o debate sobre preconceito e sobre os tempos conservadores vividos pelo mundo atualmente[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
"Será que os espectadores estão preparados para ver um filme com transsexual? Eu acho que não", diz o cineasta chileno Sebastián Lelio, realizador do filme que é uma provocação até no título: "Uma Mulher Fantástica". A mulher do filme, que é amante de um empresário que morre subitamente de um aneurisma, é interpretada colombiana Daniela Vega, transsexual.
Sebastián Lelio é conhecido em Berlim, pois ganhou o Urso de Prata de melhor interpretação feminina com seu terceiro filme, "Glória". Para ele, fazer filme com personagem principal feminino é alguma coisa intuitiva, fora a fascinação e a atração provocada por filmar alguém diferente de sua condição masculina.
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Assim como em "Glória", a mulher fantástica Marina é do gênero forte, marcante e autossuficiente, como definiu a atriz Daniela Vega. No filme, a personagem é vítima de acusações e perseguições da família do amante falecido, por ser algo diferente dentro dos conceitos admitidos, visto que, tendo nascido homem, se transformara numa mulher, bela mulher por sinal. Marina é uma transsexual, fazendo parte, portanto, do catálogo de rejeições dos conservadores. E isso inclui não apenas pessoas, como religiões e mesmo países.
Durante a entrevista com a crítica, o cineasta Sebastián Lelio aproveitou para se pronunciar em favor das diferenças sexuais. "Nosso mundo ocidental parece ser mais civilizado e defende uma bandeira humanista que aceita nossas diferenças inclusive sexuais, mas as famílias conservadoras talvez não estejam preparadas para aceitar a inclusão dos transsexuais dentro da família".
E, diante do ressurgimento do populismo, mesmo sem citar Donald Trump, Sebastián Lelio coloca uma questão atual: "Como sociedade global, vivemos um momento delicado, diante da contracorrente que ameaça fazer recuar todos os avanços por nós obtidos nos últimos tempos. Que mundo estamos construindo: um mundo de muralhas e guetos ou um mundo de inclusão e vida comum? Assistimos atualmente ao choque dessa colisão de forças e de energias. E o resultado dirá para onde iremos, não só no Chile mas no mundo inteiro, sobre os amores possíveis e impossíveis. Meu filme não pretende dar uma resposta para tudo, mas quer saber qual será a reação dos espectadores".
Na linha das provocações, a atriz Daniela Vega, respondendo a uma resposta sobre qual seu próximo papel, responde: "Gostaria de viver o papel de uma mulher grávida".
Qual a história do filme "Uma Mulher Fantástica", que irá provocar reações e escândalos? Um empresário de 57 anos, Orlando, tem um caso de amor com Marina, mulher transsexual, com quem vive e pela qual rompeu o casamento legal. No aniversário de Marina, bem mais nova, depois de uma comemoração no restaurante e de terem se amado, Orlando acorda de noite se sentindo mal, acaba rolando pela escada e, embora levado ao hospital com urgência, morre.
Marina não é aceita como uma normal amante de Orlando, cuja família lhe impede mesmo de ir à cerimônia do enterro. Num encontro no qual Marina entrega a chave do carro de Orlando à esposa legal, esta lhe fala que a opção de Orlando poderia ser considerada uma perversão. Mesmo a polícia considera Marina suspeita pela morte do amante.
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Longa biográfico dirigido pelo inglês Stanley Tucci agrada pela autenticidade da caótica vida do pintor e escultor italiano
[caption id="attachment_87071" align="alignright" width="300"] Alberto Giacometti, no filme[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
Mais um filme biográfico em Berlim. Depois do biopic sobre o guitarrista Django Reinhardt, foi a vez do pintor e escultor suíço Alberto Giacometti. Dirigido pelo inglês Stanley Tucci, o filme "Último Retrato" (Final Portrait) é baseado num livro de depoimento pessoal do escritor e crítico de arte americano James Lord.
Foi o próprio Giacometti quem desejou fazer um retrato a óleo do escritor, que passou a frequentar o ateliê do pintor na expectativa de precisar posar no máximo uma semana. Entretanto, e foi isso que levou Stanley Tucci a fazer o filme, a pintura era sempre interrompida pelas razões mais diversas, obrigando James Lord a adiar seu retorno a Nova York e a ficar muito tempo em Paris.
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Isso teve, porém, um resultado positivo, pois o escritor e crítico se tornou um assíduo frequentador do ateliê do artista, um hiperativo e excêntrico, além de fumante inveterado, que interrompia frequentemente suas atividades, não conseguia terminar suas obras por vício de perfeição, e não dava nenhum valor ao dinheiro recebido por seus desenhos, pinturas e esculturas, deixando somas importantes em qualquer lugar do ateliê dentro de simples envelopes. Nesse mesmo caos eram colocadas suas obras. Bem diferente, portanto, de Picasso e Salvador Dalí, conhecidos por catalogarem suas obras e saberem negociá-las por altos preços.
Admirador de mulheres, Giacometti mantinha uma relação tumultuosa com sua esposa e, nos seus últimos anos de vida, tinha uma relação afetiva com uma prostituta, Caroline, com a qual era pródigo em matéria de presentes, oferecendo mesmo um carro esporte, enquanto sua esposa se queixava de ter apenas um casaco. O artista tinha também o hábito de interromper subitamente seu trabalho para ir ao bordel, onde era conhecido e bem recebido.
"Último Retrato" é um dos melhores filmes do início do Festival, filmado com duas câmeras móveis e que contou com a colaboração de um pintor admirador de Giacometti para garantir o máximo de autenticidade na decoração do ateliê reconstituído.
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Novo procurador-geral de Justiça diz que é preciso coibir o contato dos presos condenados com o exterior e que é preciso agir de forma racional e sistemática nos presídios para que eles não se tornem faculdades do crime

O diretor nega, mas "T2" mais parece uma sequência para as aventuras vividas em 1996
[caption id="attachment_86892" align="aligncenter" width="620"] T2 é uma continuacão de "Trainspotting"? Danny Boyle nega essa suspeita, mas de fato parece[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
Eles formavam uma quadrilha, porém Mark Renton partiu com as 16 mil libras de um tráfico de heroína. Vinte anos depois, Renton retorna da Holanda a Edimburgo e reencontra Spud, Sick Boy e Begbie, em situações diversas e muito perigosas.
"T2" é uma continuacão de "Trainspotting"? Seu diretor, Danny Boyle, nega essa suspeita, porém, a impressão é de um retorno dos quatro para reviverem, num contexto diferente, as aventuras que excitaram jovens hoje quarentões.
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"Não é uma sequência, mesmo porque o clima da época de 'Trainspotting' era outro, tudo mudou, e seria impossível reeditar, com o mesmo impacto, as aventuras do passado", diz Danny Boyle, o diretor e criador, que não precisa provar nada, pois já embolsou até um Oscar com "Slumdog Millionaire".
Mesmo assim, não se pode evitar os comentários maldosos dos que veem os amadurecidos jovens de outrora como num exercício de come-back no estilo dos Rolling Stones. Porém, não se pode negar, o filme tem música, movimento, fotografia, cenas, enfim, tudo de bom, mesmo para os jovens de agora que nunca viram o primeiro "Trainspotting".
A atriz búlgara Anjela Nedyalkova contou, no encontro com a imprensa, ter visto essa primeira versão quando bem adolescente e não ter gostado de certas cenas chocantes. Agora participante do "T2", ela viveu Veronika, a esperta garota que soube convencer o grupo a criar um grande bordel com sauna em Edimburgo, mas fugiu para Sofia com as 100 mil libras obtidas para execução do projeto, deixando seus amigos sem nada e obrigados a viverem novas aventuras.
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Único filme americano na competição internacional do Festival de Berlim, "O Jantar" levanta discussões sobre racismo, pobreza e falta de políticas públicas
[caption id="attachment_86884" align="aligncenter" width="620"] Filme de Oren Moverman mostra discussões durante um jantar de família, que foi usado por atores e diretor para traçar um paralelo com posições polêmicas do novo presidente dos EUA[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
O filme "O Jantar” (The Dinner), com Richard Gere e Laura Linney nos papéis principais, embora servido num restaurante de alta classe com o maitre apresentando cada prato, acaba sendo indigesto aos convivas. Este, que é o único filme americano na competição internacional do Festival de Berlim, tem o seguinte enredo:
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Logo depois de servida a entrada e enchidos os copos com bom vinho, dois irmãos com suas esposas vão colocando sobre a mesa um recente problema criado por seus filhos, dois adolescentes, que, a exemplo do ocorrido já algumas vezes em Brasília e em Porto Alegre, talvez também em outras cidades brasileiras, atearam fogo e provocaram a morte de uma indigente que, enrolada num cobertor, tentava dormir numa cabine destinada a um aparelho para retirada de dinheiro.
O gesto deliberado provocou gargalhadas nos dois garotos da alta classe norte-americana — o pai de um deles é político e deve se apresentar como candidato a governador —, que aproveitaram para filmar com o celular a luta da mulher contra as chamas.
Assim, enquanto o jantar avançava, a mãe de um dos rapazes defendia seu filho, colocando a culpa na mulher sem teto por ter assustado os garotões. O mesmo fazia a outra mulher, que era a segunda esposa do futuro candidato a governador (Richard Gere) e, embora não fosse a mãe, defendia o rapaz com ardor — ela também era a madrasta de uma menina e de um filho adotivo negro adolescente, deixados pela primeira esposa que abandonara a família para fazer meditação na Índia.
Bem antes da sobremesa, sabe-se que o filho adotivo, que não participara do crime, conseguira colocar na internet o vídeo do irmão e do primo criminosos, tendo rejeitado uma oferta em dinheiro feita pelo primo para ficar quieto.
Enfim, depois do digestivo, o irmão do candidato a governador, que é psicótico, tenta quebrar a cabeça do sobrinho adotivo negro, que tinha colocado o vídeo do crime na internet. Por fim, a esposa do personagem de Richard Gere o ameaça com o divórcio, caso ele denuncie os culpados, como pretende, numa entrevista com a imprensa.
E o enredo do filme serviu de comparação durante a entrevista coletiva do diretor Oren Moverman e do ator Richard Gere, conhecido por posições claras em defesa dos direitos humanos e que esteve, na quinta-feira, 9, com a chanceler alemã Angela Merkel. Eles afirmaram que o egoismo e a defesa dos próprios interesses apresentados pelo filme são paralelos à ideologia pregada pelo novo presidente americano Donald Trump.
Richard Gere foi mais longe e ressaltou ter havido nos EUA um aumento de atos violentos e agressões racistas desde a campanha eleitoral de Trump, dizendo que os dirigentes que provocam o medo nas pessoas são responsáveis por incitar crimes terríveis.
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

Filme do diretor francês Étienne Comar conta a história de Django Reinhardt, um dos grandes guitarristas europeus dos anos 1940 e 1950
[caption id="attachment_86817" align="aligncenter" width="620"] Filme conta a história de Django Reinhardt, mas não se trata de um longa biográfico comum, pois cola a história do guitarrista ao contexto das perseguições contra os ciganos pelo regime nazista | Foto: Roger Arpajou[/caption]
Rui Martins
Especial para o Jornal Opção, de Berlim
"Django", que abriu o 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim, não é um filme biográfico típico. Étienne Comar, seu realizador, preferiu colar a imagem de Django Reinhardt no contexto das perseguições contra os ciganos, alvos do mesmo extermínio projetado pelos nazistas contra os judeus. Aliás, é um dos raros filmes a tratar do assunto.
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Django Reinhardt foi um dos grandes guitarristas europeus dos anos 1940 e 1950, tendo tocado com os grandes nomes do jazz americano e feito uma tournée com Louis Armstrong pelos Estados Unidos.
Apesar de ter dois dedos atrofiados em consequência de um incêndio, Django era um virtuoso da guitarra. Com sua banda, ele tocava swing, blues e principalmente jazz, tendo sido um ícone da música popular em Paris, na época da Ocupação. No seu momento de maior prestígio, sentindo-se ameaçado por ser cigano — nascido na Bélgica, quando seus pais viajavam pela Europa em roulottes —, decidiu fugir para a Suíça.
O filme deixa em suspenso se Django foi ou não acolhido pelos suíços, em 1943, mas o diretor Éttiene Comar falou de uma rápida acolhida, seguida de um retorno à França, para a cidade de Toulon, onde possuía parentes. Em Toulon, Django permaneceu incógnito, mas retornou a Paris, depois da Libertação, quando compôs um Réquiem para seus irmãos ciganos, composto para órgão, orquestra e coro.
Essa composição foi executada apenas uma vez, em Paris, e dedicada a todos os ciganos massacrados pelos nazistas. A maior parte da partitura se perdeu, mas Étienne Comar obteve uma reconstituição para as cenas finais do filme com fotos de ciganos mortos nos campos de concentração nazistas.
E essa história de perseguição étnica, num momento de guerra, se reveste de grande atualidade. Ao ver os ciganos perseguidos, os espectadores se conscientizam de que hoje o mundo revive um momento de guerra e perseguição, gerador de centenas de milhares de refugiados.
A história se repete, sendo interpretada por outros líderes mundiais no papel dos mesmos personagens. "Django" não é um filme de entretenimento porque pode provocar má consciência nos espectadores. Fechar a Europa e as Américas aos refugiados? Quem quer ter hoje o papel de Hitler, na nova encenação do drama vivido pela humanidade nos anos 1930? Qual será o papel escolhido por Donald Trump?
Rui Martins está em Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema

O 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim começa mostrando ser um evento que reúne discursos favoráveis à política alemã pelos refugiados Rui Martins Especial para o Jornal Opção, de Berlim O 67º Festival Internacional de Cinema de Berlim começa nesta quinta-feira, 9, com o filme francês "Django", de Etienne Comar. O festival deste ano terá um recorde de filmes brasileiros em exibição, sendo um goiano, além de um na competição internacional de longas-metragens ("Joaquim", de Marcelo Gomes), e outro na competição internacional de curtas ("Estás vendo coisas", de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca). Este Festival é francamente engajado, por decisão de seu diretor Dieter Kosslick, em favor da política alemã pelos refugiados. Talvez por isso, os filmes das diversas mostras filmes sejam claramente antirracistas e anticolonialistas. É o caso do filme brasileiro "Joaquim", que mostra a figura de Tiradentes, o primeiro rebelde contra os portugueses pela independência; do filme "Vazante", de Daniela Thomas, que revive o tempo da escravidão no Brasil, em Minas Gerais, na exploração das minas de pedras preciosas; de "Django", o filme da abertura, que mostra o cigano perseguido pela SS nazista; e do filme do haitiano Raoul Peck, "Não sou o teu negro", inspirado na vida de James Baldwin, um libelo contra o racismo nos Estados Unidos.
T2 Transpotting
Será que Did Renton criou uma família e comprou uma lavadora de carros como terminou o primeiro filme de Danny Boyle? O festival de Berlim dará a resposta logo no segundo dia do Festival com o retorno de Ewan McGregor. A expectativa é grande e a crítica estará mobilizada para reservar seu lugar na primeira exibição e será ainda mais difícil achar um lugar na grande sala onde Danny Boyle e Ewan McGregor falarão com a imprensa.Aki Kaurismäki e Volker Schlöndorff
Outro retorno importante será o do finlandês Aki Kaurismäki, na terça-feira, 13, com seu novo filme "O outro lado da esperança", que é um conto talvez utópico sobre a amizade entre um refugiado sírio que, depois de viver rejeitado nas ruas de Helsinki, na Finlândia, é descoberto pelo dono de um restaurante, que lhe dá cama, comida e trabalho. O cineasta alemão Volker Schlöndorff também está de volta a Berlim, mas sem um tema social, embora continue criando dentro do universo do seu amigo suíço, já falecido, Max Frisch, que o inspirou no filme "Homo Faber". "De volta a Montaulk" é o novo filme de Schlöndorff na competição internacional e que é focado nos problemas amorosos de um escritor com a inspiradora da personagem do seu novo livro. Haverá ainda um filme francês de Martin Provost, "Parteira", com a veterana atriz Catherine Deneuve. O filme da atriz portuguesa Teresa Villaverde, convertida em cineasta com seu filme "Colo", mostra, também na competição internacional, uma família sofrendo as consequências da crise econômica. O presidente do júri da competição internacional é o cineasta holandês Paul Verhoeven, que com outros seis especialistas da Alemanha, Tunísia, México, Islândia, Estados Unidos e China distribuirão os Ursos de Ouro e de Prata. Rui Martins é convidado do Festival Internacional de Cinema de Berlim
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