Por A.C. Scartezini

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Troca na Petrobrás não animou o mercado nem seguiu perfil de antes

A remoção de Aldemir Ben­di­ne da presidência do Banco do Brasil para o comando da Petrobrás não seguiu aquele perfil de vulto financista do mercado privado que o ministro da Fazen­da, Joaquim Levy, procurou no mercado privado. Com apenas dois dias de busca, Levy não deve ter encontrado um nome expressivo que se dispusesse a enfrentar a petroleira no estado atual. Pelo currículo que leva do banco, Bendine tende mais a criar problemas. Com a escolha de Bendine, as ações da petroleira caíram nove por cento na bol­sa. Não recebeu do mercado a­quela confiança que a presidente Dil­ma desejou. Em compensação, ele não deve cria resistência a imposições de Dilma na empresa. Entre os 10 membros do conselho de administração que homologou sua indicação, Bendine recebeu três votos contra, vindos de José Mon­forte, representante de acionistas preferenciais; Sílvio Sinedino, em nome dos funcionários da empresa; e de Mauro Cunha, pelos acionistas minoritários. Cunha anunciou seu voto como um protesto contra intervenções do governo na petroleira. Há seis meses, a própria presidente Dilma se negou a transferir Bendine par a direção do BNDES por causa de um escândalo em torno das relações dele com Val Mar­chiori, uma vistosa loura que apresenta programas para socialites em televisão de São Paulo voltado à exaltação da ostentação de luxo e riqueza. É comum o casal voar junto dentro e fora do país. No destino, hospedam-se no mesmo ho­tel, mas pedem quartos separados. Bendine é investigado pelo privilégio que concedeu a uma empresa da amiga em financiamento do Banco do Brasil: Ele aproveitou uma linha de crédito subsidiado do BNDES e financiou R$ 2,7 milhões a Marchiori com quatro por cento de juro ao ano - abaixo da inflação. Há ainda dúvida sobre a capacidade de a empresa da amiga em gerir o dinheiro e pagar a dívida.

O grilo falante não deixa a consciência de Dilma esquecer Lula, que se achega a Zé Dirceu

Com a inspiração lulista de sempre, Gilberto Carvalho retoma a fidelidade ao antigo líder, que tenta atrair o apoio da presidente rumo a 2018 [caption id="attachment_27441" align="aligncenter" width="620"]José Dirceu: antes foi o mensalão, agora também suspeito no petrolão |  Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil José Dirceu: antes foi o mensalão, agora também suspeito no petrolão | Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil[/caption] Há um mês, o companheiro Gilberto Car­valho deixou o batente no Planalto, onde a presidente Dilma não o quis mais. Mas ele continua a ser o grilo falante que procura acordar a consciência de Dilma com alertas para se lembrar de Lula, que está quieto naquele momento, mas atento ao que se passa. Hoje, a acariciar a nova candidatura presidencial em 2018 com apoio da sucessora. Mesmo fora do governo, Carva­lho continua a zelar pelos interesses de Lula junto ao poder. Ao longo do ano passado, o companheiro fez contraponto a momentos em que a presidente esteve em evidência. Foi assim na Copa do Mundo, quando Carvalho, ainda secretário-geral do Planalto, corrigiu a ideia da chefe sobre a origem social da hostilidade que ela sofreu nos jogos. Em janeiro, foram duas intervenções do companheiro, sempre com a cobertura de Lula. Logo no dia dois, Carvalho rompeu a placidez com que Dilma assumiu o segundo mandato sem dar bola aos interesses do ex-presidente. Ao repassar a Se­cre­taria-Geral ao dilmista Miguel Ros­setto, Carvalho, indignado, soltou aquele grito de guerra dirigido a sujeito oculto: — Nós não somos ladrões! Nós não somos ladrões! A mira lulocarvalhista era a presidente em pessoa. Ela que não se fizesse de ingrata, não isolasse Lula para não se contaminar com a mancha do petrolão que, com a cumplicidade de Dilma, instalou-se na Petro­brás no antigo governo há dez anos, mas avançou pelo dilmismo. Estão todos no mesmo barco. Dilma que não queira se blindar, como diz hoje o petismo. A corrupção acaba de voltar à pauta. O segundo passo de afirmação lulista, em janeiro, veio há uma semana. Carvalho se antecipou, na noite de segunda-feira, à reunião de Dilma com o novo ministério no dia seguinte. Em encontro com a militância do PT, na sede do partido, o grilo falante retomou o estigma da corrupção que pesa sobre o poder petista: — Eles querem nos levar para as barras dos tribunais. O envolvimento do Zé, agora de novo, é tudo na mesma perspectiva. O grilo Carvalho se referiu ao companheiro Zé Dirceu, que liderou a operação do mensalão e agora retorna ao palco com o petrolão. Quatro dias antes da fala do grilo aos militantes, a Justiça quebrou o sigilo bancário e fiscal da empresa de consultoria de Dirceu depois de apurar que ela re­cebeu pagamentos de em­preiteiras comprometidas com o petrolão. A menção de Carvalho a Dirceu é simbólica. Significa que Lula procura se reaproximar de seu ex-chefe da Casa Civil no primeiro mandato presidencial. Restabelecer a velha parceria no bojo, agora, de uma parceria atenta aos movimentos de Dilma no governo. A ordem lulista é evitar que a corrupção afaste o PT de novo mandato presidencial, que teria Lula como candidato. A trama lulista procura reabilitar Dirceu, que estava no ostracismo desde a condenação, como mensaleiro, a quase oito anos de cadeia, agora convertida em prisão domiciliar. Como não passa pela cabeça de Dilma, nem vagamente, uma parceria com Dirceu, Lula seria o único a articular-se com Zé, cujo carisma junto à militância está em repouso, mas ainda deve ser produtivo. Cabe nisso um aviso à presidente: Dilma que se cuide, pois Lula e Zé Dir­ceu estão de olho. É visível a insatisfação das bases do PT com a guinada conservadora do segundo go­verno da companheira. A militância sindical está nas ruas do país. Há cam­po para Lula e Dirceu semearem.

“Eles querem nos levar para as barras dos tribunais”, advertiu Carvalho. Eles quem?

[caption id="attachment_27437" align="aligncenter" width="620"]Gilberto Carvalho, o grilo-falante de Lula: “Nós não somos ladrões” | Marcelo Camargo/ Agência Brasil Gilberto Carvalho, o grilo-falante de Lula: “Nós não somos ladrões” | Marcelo Camargo/ Agência Brasil[/caption] A partir dos anos 70 da ditadura, o advogado José Costa se elegeu sucessivamente deputado federal por Alagoas, desde o velho MDB, sob o impacto de uma palavra de ordem pichada nos muros das cidades: “Contra eles, Zé Costa!” Quem eram eles? Não precisava afirmar. Seria até temerário tentar explicar aquilo na ditadura. O universo imaginário de cada pessoa é povoado por fantasmas, vultos malignos que sobressaltam diariamente o portador. Cada eleitor que aplicasse o alerta de Zé Costa aos demônios que infernizam a vida pessoal do indivíduo, às antipatias íntimas da pessoa eleitora. Na mensagem de Gilberto Carvalho aos militantes petistas, extensiva a quem mais se expôs à repercussão da fala do companheiro lulista, “eles” são mais do que a oposição institucional ao governo Dilma, instalada em partidos. “Eles querem nos levar para as barras dos tribunais”, discursou o companheiro Gilberto Carvalho aos militantes do PT. Eles quem? Todos os que se opõem aos rumos do poder petista 12 anos depois de sua instalação com Lula. A mira está na oposição em geral, não apenas aquela sustentada em partidos. Eles são todos os insatisfeitos com a gestão da presidente Dilma, mais aqueles que condenam Lula pelo aparelhamento que vai além do governo e contamina o Estado. Associação que se estende aos empreiteiros que se aliaram ao PT para o saque da Petrobrás e, neste momento, alegam que foram pressionados por petistas em busca do projeto de poder infinito do partido. “A leitura que se impõe diariamente na cabeça do nosso povo é esta de que a corrupção nasce conosco e por isso não temos condição de continuar governando o país”, queixou-se Carvalho de que a resistência ao PT está fazendo a cabeça da sociedade – certamente com apoio da mídia, à qual o companheiro não se referiu por gentileza. Como anotou a repórter Fer­nanda Krakovics, na opinião de Carvalho há um aparelhamento amplo para bloquear o poder do PT: “Tem uma central de inteligência disposta a fazer o ataque definitivo ao Partido dos Trabalhadores e nosso projeto popular. Não vamos subestimar capacidade deles para nos criminalizar, nos identificar com o roubo para nos chamar de ladrão, para tentar impingir em nós uma separação definitiva em relação à classe média, para tentar nos isolar e inviabilizar, em 2018, a candidatura do Lula.” Nisso, Carvalho condenou empreiteiros que, hoje, defendem-se com a alegação, por advogados, de que não foi de empresas a iniciativa de corrupção, que o emissário de Lula não aceita: — São empresas que se unem e corrompem funcionários de uma estatal para auferir lucros, fazer lavagem de dinheiro. E as empresas que contribuem aos partidos com dinheiro? “A contribuição política é apenas um pequeno capítulo do grande crime que é todo o processo de acerto com empresas que fazem seu cartel, como fizeram no metrô de São Paulo e fazem na Petrobrás”, Carvalho estendeu a acusação ao PSDB paulista e admitiu roubo na petroleira. No fim da fala, o companheiro procurou resgatar Dilma para o lulismo Abriu uma porta à reconciliação com a presidente. Solici­tou aos militantes que não façam restrições em público ao governo, “para não colocar água no moinho da oposição”. Pediu paciência com a política econômica da presidente. O que mais Dilma poderia desejar dos lulistas?

Se aceitar a pressão para mexer no comando da Petrobrás, o Planalto perderá força

[caption id="attachment_27430" align="aligncenter" width="620"]Graça Foster: Petrobrás desmancha na corrupção, mas Dilma confia nela | Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil Graça Foster: Petrobrás desmancha na corrupção, mas Dilma confia nela | Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil[/caption] A concepção estratégica da presidente Dilma para manter a companheira Graça Foster o na presidência da Petrobrás inclui a cautela em não conceder ao mercado, interno e externo, uma demonstração de fraqueza que esvazie sua autoridade pessoal na gestão da crise econômica nos próximos anos. Porém, é na qualidade de gestão que a questão se complica. Dilma se viu constrangida a aceitar que Foster divulgasse no balanço do terceiro trimestre do ano passado, improvisado pela Petrobrás sem passar por auditoria externa, o prejuízo de R$ 88,6 bilhões, que não se atribui apenas ao roubo do petrolão. O dinheiro perdido inclui resultados de má gestão da petroleira. O problema é que os grandes projetos petroleiros não são geridos propriamente na empresa, mas no Planalto desde a era Lula. O petrolão nasceu com ele em 2004, quando saiu a nomeação do amigo Paulo Roberto Costa a diretor de Abastecimento da Petro­brás com a missão de abastecer o caixa do PP, PT e outros partidos aliados ao governo. A má gestão de investimento levou Foster a anunciar, no meio da semana, a redução da injeção de dinheiro em quatro refinarias idealizadas por Lula quando presidente. Entre elas, a complicada Abreu e Lima em Pernambuco, fonte de roubos do petrolão. Foi idealizada como uma parceria bolivariana com a então Venezuela do companheiro Hugo Chávez, que deu calote. Como prometeu Foster, agora a exploração de petróleo deve ser reduzida ao “mínimo necessário”. A falta de grana e a desvalorização da Petrobrás têm a ver com isso, mas, junto, cairá o roubo provocado por má gestão. Além disso, coloca-se em dúvida a viabilidade da exploração do pré-sal, que levou Lula e Dilma a imaginarem fontes poderosas de dinheiro. Toda a má gestão já compromete a autoridade de Dilma perante os mercados – o externo sabe de tudo o que acontece por aqui, inclusive por causa da concorrência. A presidente leva consigo, na crise de autoridade, o projeto de poder do PT, que se alimenta no vigor financeiro de programas sociais que arrecadem votos infinitamente. É nisso que Lula pensa quando se esforça para evitar, há um ano pelo menos, que Dilma se afaste dele enquanto estiver no Planalto. Há a preocupação do ex em participar da gestão que garanta ao PT a permanência no poder depois de 2018. Inclua-se o poder como fonte da geração de dinheiro para a política. Há uma ironia nisso. Lula quer estar próximo de Dilma, sua sucessora por escolha dele, para o próprio voltar ao palácio na primeira oportunidade, em 2018. Dilma se afasta de seu antigo patrocinador para não ser devorada pela liderança dele. Ela deseja ter uma via de trânsito própria que lhe assegure autonomia política. Considera-se amadurecida para a vida própria. Como efeito, a disputa entre ambos por autoridade coloca o PT numa via inferior, pelo menos como as coisas estão. O partido acompanha o embate entre duas lideranças ou personalidades sem ter a oportunidade de dizer o que prefere. Os petistas dispõem de mecanismos internos de consulta, mas são lentos. Dilma e Lula têm pressa. A ação dos dois líderes converge numa concepção de poder: a Petrobrás é muito poderosa para ser administrada profissionalmente, ter autonomia de gestão. A importância da companhia, na concepção dos dois, está na oportunidade que oferece a negócios político-ideológicos. Nisso, convém a Dilma manter a companheira Graça Foster na direção da empresa. Elas se entendem.

Flagrantes da intervenção do governo a favor do PT na eleição a presidente da Câmara

Mesmo que a presidente Dil­ma faça de conta que não está nem aí, que o problema é do Congresso, ela poderá ser a perdedora hoje na eleição a presidente da Câmara. O fato é que a pressão do governo para derrotar a candidatura do deputado pouco confiável Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, recorda as intervenções da ditadura militar no Congresso. Nem a cara de paisagem de Dil­ma combina com o empenho do Planalto a favor da candidatura do companheiro Arlindo Chi­na­glia, petista de São Paulo. Há um mês, ela empossou companheiro gaúcho Pepe Vargas como secretário de Relações Institucio­nal, o operador político que trouxe para perto de si no palácio. Três semanas depois, Vargas pousou em Curitiba num jatinho da FAB. Ele disse a repórteres que esteve ali para tratar de energia elétrica. Então, no último domingo, o articulador político foi ao Paraná conversar sobre eletricidade. Não deixou de ser verdade. Vargas se reuniu com dois políticos. Um deles, o companheiro Jorge Samek, presidente da usina de Itaipu. Vargas pediu a Samek que usasse a força da usina para convencer o PP a votar em Chinaglia na Câmara. Ao lado, estava o novo deputado Ricardo Barros, eleito pelo PP paranaense. Há dois anos, Barros renunciou a secretário estadual de Indústria e Comércio depois que gravações do Ministério Público o flagraram orientando um funcionário da prefeitura de Maringá a fazer um acordo entre empresas que disputavam uma licitação. Era irmão do prefeito, Silvio Barros. Outro gaúcho que a presidente levou para o palácio há um mês, Miguel Rossetto, nomeado secretário-geral, fez parceria com Vargas na pressão. Ambos usaram dados do Planalto para informar à campanha de Chinaglia quais deputados indicaram pessoas para trabalhar no governo federal. Daí, veio corpo a corpo em cima dos deputados apontados. Outra ação de ministros. Na quarta-feira, cinco participaram de um almoço com Chinaglia e dirigentes do PP, PR e PRB. Pressionaram os três aliados a não cederem votos a Eduardo Cunha. Além de Vargas, compareceram Ricardo Berzoini (Co­municações), do PT; Gil­berto Kassab (Cidades), do PSD; Gilberto Occhi (Inte­gração Nacional), do PP; e Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), do PR.

Nova semana promete mais sobressalto, e silêncio de Dilma fica sem prazo para acabar

A confirmação pela Engevix de que o petrolão é um supermensalão, a volta de Dirceu ao palco e o cerco do procurador Janot a políticos colaboram para a mudez

A temporada de caça aos petroleiros e o papel esperado dos atores no novo julgamento

Ministro Teori Zavascki, relator do petrolão: será que ele vai aliviar para o lado do governo, sacrificando a ética?

O cerco a políticos íntimos do petrolão pode apressar a ocupação da vaga no Supremo

[caption id="attachment_26944" align="alignright" width="620"]Procurador-geral Rodrigo Janot: encaminhando os processos ao Supremo | Foto:  Fellipe Sampaio/ SCO/ STF Procurador-geral Rodrigo Janot: encaminhando os processos ao Supremo | Foto: Fellipe Sampaio/ SCO/ STF[/caption] A certeza de que o petrolão envolverá o julgamento de políticos e autoridades surgiu em 19 de dezembro, mas chegou ao público apenas 33 dias depois, na última quarta-feira. Estava, então, na divulgação do despacho em que o ministro Teori Zavascki reconheceu que o caso envolve clientela especial a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, onde o ministro trabalha. Ao homologar o pedido de delação premiada do doleiro Alberto Youssef, Zavascki examinou a papelada encaminhada pela Procu­radoria-Geral da República e justificou em seu despacho: “Dos documentos juntados com o pedido é possível constatar, efetivamente, há elementos indicativos, a partir dos depoimentos (do réu Youssef) do possível envolvimento de várias autoridades, detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive parlamentares federais, o que atrai a competência do Supremo Tribunal Federal.” Várias autoridades, inclusive parlamentares federais. Talvez por isso mesmo, Zavascki não se interessou pela divulgação de seu despacho no Supremo, onde desembarcou há dois anos por indicação da presidente Dilma. Ele assumiu dois dias antes que 2012 acabasse, sabendo que teria férias até fevereiro: chegou em 29 de dezembro. A ligeireza lhe permitiu acesso ao processo do mensalão, para estudar o caso no recesso de janeiro e depois ajudar no julgamento de embargos infringentes, então instrumento abandonado pelo tribunal, a partir de fevereiro. Seu voto ajudou na reabilitação da infringência e, com ela, a redução da pena de mensaleiros do PT. Bem, naturalmente, o procurador-geral da República, Rodri­go Janot, conhecia a anotação de Zavascki, até porque lhe cabe encaminhar processos petroleiros ao Supremo, onde o relator do escândalo, Zavascki, seleciona as matérias de competência do tribunal e remete o restante à Justiça Federal. Como janeiro chega ao fim, a procuradoria anunciou, na última terça-feira, a abertura da temporada de caça aos políticos e autoridades envolvidas. Divulgou a relação de procuradores do Ministério Público Federal que cuidará dos acusados VIPs. No dia seguinte, vazou o despacho de Zavascki que reconheceu a existência da clientela especial do caso. O silêncio do relator depois de aprovar a delação de Youssef informa o óbvio: a falta de interesse em dar publicidade ao caso, nem mesmo como satisfação ao público. Ao mesmo tempo, ficou claro que ele não poderia ignorar a presença de autoridades e políticos governistas enredados no escândalo. A discrição dele foi boa para Dilma, que, enquanto isso, safou-se de pressão para indicar gente de confiança como ocupante da vaga no Supremo, aberta há seis meses com a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa. Entre 2012 e 2013, ela virou o jogo do mensalão no tribunal e evitou a condenação rigorosa de mensaleiros petistas. Agora, a divulgação da programação de caça pelo procurador Janot expõe a presidente Dilma a uma nova onda de pressão dos companheiros do PT e dos partidos aliados que aderiram ao governo. Um jogo de pressão e contrapressão com contornos diferentes nos tapetes do poder, agitados pela nova composição do governo, mais a renovação no comando do Congresso. Nesse ambiente, a nova onda de pressão tem a ver com a ansiedade dos governistas e empreiteiras em torno da vaga aberta no Supremo. Seja quem for, o indicado será estratégico no julgamento dos políticos e partidos, mesmo que os governistas contem hoje com a simpatia da maioria da casa. A posição do tribunal terá reflexo nos julgamentos de primeira instância.

Liminar de Lewandowski derrubou no Supremo a proibição de acesso aos inquéritos

[caption id="attachment_26941" align="alignright" width="620"]Presidente do STF, Ricardo Lewandowski: segredo “não se afigura razoável” | Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF Presidente do STF, Ricardo Lewandowski: segredo “não se afigura razoável” | Foto: Carlos Humberto/ SCO/ STF[/caption] No mesmo dia em que uma fonte anônima comunicou à im­prensa o reconhecimento do ministro Teori Zavascki de que autoridades e políticos estão envolvidos no petrolão, o presidente do mesmo Supremo Tri­bu­nal Federal, Ricardo Lewan­dowski, concedeu liminar a Carlos Alberto Costa e Silva para ter acesso ao inquérito da Lava-Jato e saber qual é a acusação contra ele. Naquela quarta-feira, a liminar de Lewandowski estabeleceu que os advogados de Costa e Silva, pre­so por participação no petrolão, poderão ter acesso a um dos inquéritos em tramitação junto ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, “exclusivamente nas passagens e relatos que lhe digam respeito, a fim de se preservar o caráter sigiloso das investigações em andamento”. Justificou Lewandowski a concessão porque o segredo “não se afi­gura razoável”. Aceitou o argumento da defesa de Costa e Silva sobre a súmula vinculante 14, on­de o Supremo assegura aos advogados de denunciados “acesso amplo aos elementos de prova” relacionados ao exercício de defesa. Os advogados alegaram ainda que o cliente e colega foi preso em novembro com base apenas numa denúncia feita em depoimento da contadora Meire Bonfim Poza, que atendia o doleiro Alberto Youssef e decidiu colaborar com a investigação da Lava-Jato. Ela afirmou que foi ameaçada em telefonema de certo “Edson”, que seria Costa e Silva. A reclamação de Costa e Silva, também advogado, alegou que, ao ser interrogado, o preso “prestou relevantes esclarecimentos à autoridade policial, colaborando com as investigações”. A seguir, foi liberado ao vencer o prazo da prisão temporária. Em Curitiba, o pedido de vista do inquérito policial foi recusado. Houve então o recurso ao Supremo. Segundo a Polícia Federal, Costa e Silva se apresenta como “auxiliar” de empreiteiras que pagam propinas na Petrobrás em troca de encomendas. Atua em São Paulo e possui acesso a Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC Engenharia e também preso pela Lava-Jato. Em 2003, atuou com destaque na venda de sentenças do então juiz federal João Carlos da Rocha Mattos.

A estranha pressa do Planalto em defender Graça contra os procuradores da República

Entre um mandato e outro, alguma coisa já mudou nas duas primeiras semanas do novo governo: Dilma falou menos e deixou que ministros se expressassem

Ao jogar Lula contra a presidente, Marta ameaça a revanche contra os dois em São Paulo

[caption id="attachment_26261" align="alignnone" width="620"]Alexandre Padilha: candidato bancado por Lula fracassou em São Paulo | Foto: Euza Fiúza/ABr Alexandre Padilha: candidato bancado por Lula fracassou em São Paulo | Foto: Euza Fiúza/ABr[/caption] A quase dois anos das eleições municipais em 2016, a senadora e ex-ministra Marta Suplicy caminha com determinação para ser candidata a prefeita, sobretudo, contra o PT em São Paulo. Quanto à chance de ser eleita contra o PSDB que domina o Estado há 20 anos e tem mais quatro pela frente, ainda é cedo para se prever. Mas Marta poderá se aliar aos tucanos, é claro, para abater o PT rumo a 2018. A fúria com que a senadora pediu demissão à presidente Dilma como ministra da Cultura, em novembro, confirma-se no estardalhaço da entrevista que concedeu há uma semana. A fala continua a ecoar por conta da força das palavras, mais os desdobramentos visíveis na tessitura da manifestação. Há dois meses, Marta apresentou sua carta de demissão a Dilma. A presidente a leu, devolveu e pediu que a ministra esperasse sua volta de uma reunião econômica em Doha, capital de Qatar. Mal a companheira colocou os pés no avião presidencial, a ministra mandou entregar a carta no Planalto. Agressivo, o documento incluía um desafio à presidente recém-reeleita: “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.” Agora, veio a entrevista à repórter Eliane Cantanhêde em que Marta Suplicy joga Lula contra Dilma, confirma suas manobras para convencer o ex a lançar-se candidato a presidente contra reeleição da companheira no ano passado, critica a assessoria presidencial e a direção do PT, e determina a todo o aparelho petista: — Ou o PT muda ou acaba. A explosão de Marta apresenta como estopim a escolha do desafeto Juca Ferreira a ministro da Cultura, último pouso da senadora na Espla­nada, onde ocupou antes o Turismo depois da reeleição de Lula. Mas o desenho da fala na entrevista expõe o projeto pessoal de voltar a disputar postos majoritários em São Paulo sem ser pressionada a ceder a vaga a companheiros. À procura de um novo partido, Marta tem um trunfo: pode surfar no massacre que o PT sofreu no Estado com a derrota do companheiro inexperiente Alexandre Padilha, bancado por Lula. Em terceiro lugar, com apenas 18,2% dos votos, Padilha ajudou a abrir o caminho à reeleição de Geraldo Alckmin, que garante aos tucanos 24 anos de poder contínuo no Estado. Agora desponta a eleição a prefeito. A força de Marta está na capital. Ali, o frustrado Padilha recebeu ralos 7% dos votos a governador. Na campanha, a então ministra da Cultura tentou ajudar. Numa carreata, subiu num caminhão para ficar ao lado de Dilma e do candidato, mas o presidente do PT, Rui Falcão, mandou apear e subir no caminhão que vinha atrás. O troco da senadora em Falcão veio na entrevista. “O Rui traiu o partido”, fulminou Marta sem explicação. Ao longo do ano passado, a discreta, mas real, pressão interna no partido para lançar Lula contra Dilma não tocou Falcão, que hoje assume posições, no PT, mais dilmistas do que lulistas. É um dos sintomas de esvaziamento de Lula, que não pode mais se impor sozinho. Apesar de tudo, a falta de respaldo pelo ex é mais uma garantia de que o PT não acolheria nova candidatura de Marta a prefeita. Ela, que nunca contou com Dilma, embora fosse sua ministra – na verdade, nem queria contar, preferiu ser alguém à parte e por isso apoiou a volta do lulismo ao poder.

O caminho da senadora para castigar os donos do PT que não lhe dão a atenção devida

[caption id="attachment_26258" align="alignnone" width="620"]Senadora Marta Suplicy entorna o caldo no PT e busca jogar Lula contra Dilma em nome de seu projeto | Foto: Gervásio Baptista/Agência Brasil Senadora Marta Suplicy entorna o caldo no PT e busca jogar Lula contra Dilma em nome de seu projeto | Foto: Gervásio Baptista/Agência Brasil[/caption] Se Lula conseguir reeleger, em São Paulo, o impopular prefeito Fernando Haddad, a quem elegeu em 2012 numa das preterições a candidaturas da senadora Marta Suplicy, poderá aliviar o prejuízo que sofreu com o vexame da derrota de seu candidato a governador pelo PT, Alexandre Padilha, em outra preterição à ex-ministra da Cultura. O desempenho precário do PT, em São Paulo, no universo das eleições do ano passado, desde a presidencial, ajuda a minar o poder do ex-presidente perante o Planalto. O tucano Aécio Neves recebeu 64% dos votos dos paulistas, contra 36% para Dilma. Veja-se que a reeleição poderia cair ali: a diferença, no país, a favor da presidente sobre Aécio foi de 3,28%. Por isso, a prefeitura paulistana tem tudo para ser a prioridade municipal de Lula no próximo ano. Ele, que precisa de duas coisas: mostrar força ao Planalto rumo a 2018; e atender à gana pessoal contra sucessos eleitorais tucanos. Ainda mais neste momento em que o PSDB tem a garantia de visto de permanência por 24 anos contínuos no Palácio dos Bandeirantes. Aí entra o fator Marta Suplicy. Se ela sair mesmo candidata a prefeita por outro partido ou apoiar algum concorrente para participar da derrota da reeleição de Had­dad, terá uma revanche e tanta. Contra Lula e Dilma, os donos do PT, que não gostam dela, embora o ex mantenha relações pessoais com a companheira. Mais na frente, na eleição presidencial, se o candidato da presidente for o paulista Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, Marta terá mais uma razão para estar do outro lado. “Mer­cadante é o inimigo”, comunicou na entrevista que concedeu há uma semana: “Mercadante mente quando diz que Lula será o candidato em 2018. Ele (Mercadante) é candidatíssimo e está operando nessa direção desde a campanha (2014), quando houve um complô dele com o Rui (Falcão, presidente do PT) e o João Santana (marqueteiro do Pla­nal­to) para barrar Lula.” Ainda sobre o ex, referência direta da senadora na entrevista para paparicar o companheiro e hostilizar Dilma, Marta definiu a posição dele no poder central desde a reeleição da sucessora: — O Lula está fora. Total­mente fora. E o que Lula tem a ver com a fala da ainda companheira Marta Suplicy que tenta aprofundar o desencontro político entre ele e Dilma? Nada a ver. Nem interessa a Lula procurar mais conflito com a sucessora, pois o seu plano para retomar o Planalto em 2018 precisa do apoio de Dilma, que não parece animada com o projeto do companheiro. A entrevista de Marta apoia-se em Lula para fustigar a presidente. Até com incoerência relativa, pois foi o ex-presidente quem torpedeou a ideia da companheira em ser candidata do PT a prefeita em 2012, quando preferiu Haddad. O mesmo filme que se repetiu no ano passado: Lula cortou a vontade de Marta em ser candidata ao governo, ficou com Padilha. Mas o que é incoerência relativa, no jogo político? No caso atual de Marta, é oportunismo com dose de cinismo. Ela valoriza Lula para se desforrar de Dilma. Atrevida, Marta, ministra da Cultura no ano passado, desafiou a presidente que a nomeou e procurou Lula com insistência para estimular o ex a ser candidato contra a reeleição da outra companheira.

A conta de luz de Dilma caiu na real, dois anos depois daquela festa de janeiro de 2013

Na última quarta-feira, completaram-se dois anos desde que a presidente Dilma assegurou a promessa de uma redução média de 20,2% na conta de luz. “No início de 2013, a conta de luz ficará até 16,2% mais barata para as residências e até 28% para as indústrias, dependendo do nível de tensão”, prometia dois meses antes, quando comemorou: — Será a maior redução nas tarifas de energia elétrica já registrada no Brasil. Naquele novembro de 2012, em seu programa de rádio, a presidente passou a afirmar que, todos os meses, a conta de luz se tornaria uma prova impressa de “menos gastos para as famílias e mais competitividade para nossas indústrias, que poderão oferecer produtos mais baratos para toda a população”. A promessa se tornou possível em 14 de janeiro de 2013, com a publicação da sanção de Dilma à lei que renovou as concessões de distribuição e geração de eletricidade que venceriam a partir deste 2015. Turbinada pela concessão de subsídios fiscais do governo a empresas da área, a nova lei, prometeu, derrubaria o preço da conta de luz e estimularia o consumo de outros produtos. Nove dias depois, a presidente comemorou em cadeia nacional com televisão e rádio. “Com essa redução de tarifa, o Brasil, que já é uma potência energética, passa a viver uma situação ainda mais especial no setor elétrico”, contava com a queda do custo da energia e o aumento da produção elétrica: “Esse movimento simultâneo nos deixa em situação privilegiada no mundo. Isso significa que o Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata, significa que o Brasil tem e terá energia mais do que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo.” A queda do governo na real estava impressa em uma entrevista do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nos jornais da última quarta-feira — outro 14 de janeiro, mas diferente do anterior porque, agora, aconteceu apenas duas semanas depois da posse de Dilma em novo mandato presidencial. O ministro anunciou que chegou o momento do “realismo tarifário” na conta de luz. A realidade passou a surgir com força na cobrança da eletricidade desde a reeleição da presidente em outubro, mas deve se tornar mais dramática ao longo deste ano. Na avaliação da equipe do Ministério da Fazenda, deve subir em torno de 30% desde janeiro a dezembro. Com isso, haveria o impacto de 0,9% na inflação medida pelo IPCA. Se o governo espera que a inflação anual não passe do teto da meta de 6,5%, o choque elétrico na da conta pode queimar 7,2% desse limite. É o preço que a equipe econômica paga pelo corte do subsídio de R$ 9 bilhões que iria para o setor elétrico neste ano. O ministro Levy parece estar preparado para colocar o dedo na tomada. O realismo tarifário conta com alguma concessão à inflação neste primeiro ano de novo governo. O lucro seria político. A incolumidade das contas públicas poderia significar pontos ganhos na conquista de confiança pela nova política econômica, como no corte de subsídio. Dilma? Não diz nada. Porém, o novo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, recomendou moderação aos consumidores. “Não é racionamento”, tentou acalmar os clientes da eletricidade. “Ela existe, mas é cara”, argumentou a respeito da nova bandeira tarifária, sistema que cobra mais caro de quem consome mais. Ele quer que cada um planeje o seu consumo para pagar menos na conta. l

O desinteresse de Lula pela posse sinalizou o início do patrulhamento do novo governo

A falta de presença maior do ex na festa da sucessora foi um protesto contra a guinada à direita, que inclui a redução de sua influência no poder

O roteiro de afirmação lulista perante o Planalto incluiu aquele “Nós não somos ladrões”

Em quem pensava o lulista Gilberto Carvalho quando, depois de passar 12 anos na chefia, entregou o comando da Secretaria-Geral da Presidência ao dilmista Miguel Rossetto com afirmação de que “não somos ladrões”? Era mais um recado de Lula para erguer o moral do partido? Não deixa de ser. Recapitulemos a fala de Car­valho, por si já reiterada naquele momento: “A política é feita para servir. Estou muito feliz porque a imensa maioria dos nossos companheiros, dos nossos ministros, dos nossos assessores trabalha aqui por amor, trabalha aqui para servir. Nós não somos ladrões. Nós não somos ladrões.” Defendeu os companheiros que então atuavam no palácio, é óbvio. Mais tarde Carvalho afirmou que se dirigia ao tucano Aécio Neves, que, em entrevista à televisão em 30 de novembro, qualificou sua derrota para Dilma na corrida presidencial: “Na verdade, eu não perdi a eleição para um partido político, eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras, patrocinadas por este grupo político que aí está.” Então ele iria esperar 32 dias para responder a Aécio? Ora, Carvalho é safo. Acostumado a lidar com a imprensa e a política, sabe que ambas operam com a atualidade, onde os fatos podem envelhecer rapidamente se não forem mantidos em evidência. Mas, ao mesmo tempo, sabe dar recados no momento em que Lula considera necessário. Nas circunstâncias dos últimos dias, Carvalho participou da afirmação lulista por espaço no poder. Livrou a cara de Lula, que pouco influenciou Dilma nos últimos anos, está insatisfeito com a sua cota no novo ministério e não quer ser isolado como se o Planalto, entre tantos escândalos, não quisesse se contaminar pelo lulismo. [caption id="attachment_25838" align="alignleft" width="310"]Ministra Kátia Abreu: choque aberto com petista Ananias | Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil Ministra Kátia Abreu: choque aberto com petista Ananias | Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil[/caption] Sobretudo, a fala se dirigia ao palácio atual, deixada por um representante da velha equipe. Um gesto de afirmação do PT como aquele outro fato que se seguiu quando o companheiro Patrus Ananias, ao assumir o Ministério da Reforma Agrária, investiu contra a colega Kátia Abreu, que passou a ocupar poder paralelo no Ministério da Agricultura. Quatro dias depois do discurso de Carvalho, veio Ananias em defesa da reforma agrária. “O direito de propriedade não pode ser inquestionável, em nosso tempo, que prevalece sobre os demais direitos”, respondeu a uma afirmação da colega que considerou ultrapassada a reforma generalizada para a distribuição de terras. Na véspera, Kátia Abreu afirmou em entrevista que a reforma “tem de ser pontual”, pois “latifúndio não existe mais, mas isso não acaba com a reforma”. Então ela justificou um novo modelo de ação com as terras: “Há projetos de colonização maravilhosos que podem ser implementados. Agora, usar discurso velho, antigo, irreal para justificar reforma agrária? A bancada vai trabalhar sempre, discutir, debater.” A menção da ministra ao trabalho da bancada ruralista no Congresso pegou mal. Soou como ameaça. Ananias deve ter se sentido desafiado, pois, em seu discurso posterior, insistiu que “não se trata de negociar o direito de propriedade uma conquista histórica e civilizatória”: — E sim de adequar o direito de propriedade aos outros direitos fundamentais. Enfim, a convivência entre ministros no novo governo promete. Outros choques virão, pelo menos enquanto uma banda do partido se motivar à luta quando sentir que Lula está inquieto. Nessa progressão, só faltaria Lula se lançar candidato contra o gosto de Dilma em 2018. Quanto à área rural, saiba-se que bancada ruralista lembrada pela ministra é maior do que a petista.