A conta de luz de Dilma caiu na real, dois anos depois daquela festa de janeiro de 2013
17 janeiro 2015 às 10h47
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Na última quarta-feira, completaram-se dois anos desde que a presidente Dilma assegurou a promessa de uma redução média de 20,2% na conta de luz. “No início de 2013, a conta de luz ficará até 16,2% mais barata para as residências e até 28% para as indústrias, dependendo do nível de tensão”, prometia dois meses antes, quando comemorou:
— Será a maior redução nas tarifas de energia elétrica já registrada no Brasil.
Naquele novembro de 2012, em seu programa de rádio, a presidente passou a afirmar que, todos os meses, a conta de luz se tornaria uma prova impressa de “menos gastos para as famílias e mais competitividade para nossas indústrias, que poderão oferecer produtos mais baratos para toda a população”.
A promessa se tornou possível em 14 de janeiro de 2013, com a publicação da sanção de Dilma à lei que renovou as concessões de distribuição e geração de eletricidade que venceriam a partir deste 2015. Turbinada pela concessão de subsídios fiscais do governo a empresas da área, a nova lei, prometeu, derrubaria o preço da conta de luz e estimularia o consumo de outros produtos.
Nove dias depois, a presidente comemorou em cadeia nacional com televisão e rádio. “Com essa redução de tarifa, o Brasil, que já é uma potência energética, passa a viver uma situação ainda mais especial no setor elétrico”, contava com a queda do custo da energia e o aumento da produção elétrica:
“Esse movimento simultâneo nos deixa em situação privilegiada no mundo. Isso significa que o Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata, significa que o Brasil tem e terá energia mais do que suficiente para o presente e para o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo.”
A queda do governo na real estava impressa em uma entrevista do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nos jornais da última quarta-feira — outro 14 de janeiro, mas diferente do anterior porque, agora, aconteceu apenas duas semanas depois da posse de Dilma em novo mandato presidencial.
O ministro anunciou que chegou o momento do “realismo tarifário” na conta de luz. A realidade passou a surgir com força na cobrança da eletricidade desde a reeleição da presidente em outubro, mas deve se tornar mais dramática ao longo deste ano. Na avaliação da equipe do Ministério da Fazenda, deve subir em torno de 30% desde janeiro a dezembro.
Com isso, haveria o impacto de 0,9% na inflação medida pelo IPCA. Se o governo espera que a inflação anual não passe do teto da meta de 6,5%, o choque elétrico na da conta pode queimar 7,2% desse limite. É o preço que a equipe econômica paga pelo corte do subsídio de R$ 9 bilhões que iria para o setor elétrico neste ano.
O ministro Levy parece estar preparado para colocar o dedo na tomada. O realismo tarifário conta com alguma concessão à inflação neste primeiro ano de novo governo. O lucro seria político. A incolumidade das contas públicas poderia significar pontos ganhos na conquista de confiança pela nova política econômica, como no corte de subsídio. Dilma? Não diz nada.
Porém, o novo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, recomendou moderação aos consumidores. “Não é racionamento”, tentou acalmar os clientes da eletricidade. “Ela existe, mas é cara”, argumentou a respeito da nova bandeira tarifária, sistema que cobra mais caro de quem consome mais. Ele quer que cada um planeje o seu consumo para pagar menos na conta. l