Flagrantes da intervenção do governo a favor do PT na eleição a presidente da Câmara

31 janeiro 2015 às 11h10
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Mesmo que a presidente Dilma faça de conta que não está nem aí, que o problema é do Congresso, ela poderá ser a perdedora hoje na eleição a presidente da Câmara. O fato é que a pressão do governo para derrotar a candidatura do deputado pouco confiável Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, recorda as intervenções da ditadura militar no Congresso.
Nem a cara de paisagem de Dilma combina com o empenho do Planalto a favor da candidatura do companheiro Arlindo Chinaglia, petista de São Paulo. Há um mês, ela empossou companheiro gaúcho Pepe Vargas como secretário de Relações Institucional, o operador político que trouxe para perto de si no palácio.
Três semanas depois, Vargas pousou em Curitiba num jatinho da FAB. Ele disse a repórteres que esteve ali para tratar de energia elétrica. Então, no último domingo, o articulador político foi ao Paraná conversar sobre eletricidade. Não deixou de ser verdade. Vargas se reuniu com dois políticos. Um deles, o companheiro Jorge Samek, presidente da usina de Itaipu.
Vargas pediu a Samek que usasse a força da usina para convencer o PP a votar em Chinaglia na Câmara. Ao lado, estava o novo deputado Ricardo Barros, eleito pelo PP paranaense. Há dois anos, Barros renunciou a secretário estadual de Indústria e Comércio depois que gravações do Ministério Público o flagraram orientando um funcionário da prefeitura de Maringá a fazer um acordo entre empresas que disputavam uma licitação. Era irmão do prefeito, Silvio Barros.
Outro gaúcho que a presidente levou para o palácio há um mês, Miguel Rossetto, nomeado secretário-geral, fez parceria com Vargas na pressão. Ambos usaram dados do Planalto para informar à campanha de Chinaglia quais deputados indicaram pessoas para trabalhar no governo federal. Daí, veio corpo a corpo em cima dos deputados apontados.
Outra ação de ministros. Na quarta-feira, cinco participaram de um almoço com Chinaglia e dirigentes do PP, PR e PRB. Pressionaram os três aliados a não cederem votos a Eduardo Cunha. Além de Vargas, compareceram Ricardo Berzoini (Comunicações), do PT; Gilberto Kassab (Cidades), do PSD; Gilberto Occhi (Integração Nacional), do PP; e Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), do PR.