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Polícia Federal aponta elementos que indicam participação do ex-presidente na formulação da minuta golpista

Relógios e correntes de prata foram recuperados. Os suspeitos são considerados especialistas na modalidade criminosa

É curioso perceber que, dentre tantas acusações graves, o que pode levar Bolsonaro à prisão é o escândalo das joias sauditas.

Dina Boluarte foi vista com relógios da marca de luxo Rolex, supostamente não declarados por ela

Crime ocorreu no domingo, 3, após os criminosos invadirem a loja por meio de um buraco no teto

Defesa de Bolsonaro cobra que itens recebidos por outros ex-presidentes também sejam devolvidos

“O que eu sei até agora, que foi falado isso aí, não tem nada de corrupção do Bolsonaro”, afirmou advogado do ex-ajudante de ordens

Na última semana, a Veja publicou entrevista em que Bitencourt apontava Bolsonaro como o "mandante" do esquema de venda de joias

“A última vez que ganhei algo do tipo me rendeu o maior problema”, disse Bolsonaro

O ex-presidente negou enfaticamente as acusações feitas por Cid e reitera que jamais o instruiu sobre a venda de presentes recebidos durante visitas oficiais, especificamente ao Oriente Médio

Ex-presidente teria recebido em mãos valor em espécie do montante conseguido com a venda de joias nos Estados Unidos

A última sexta-feira, dia 11, começou em polvorosa. A Polícia Federal bateu ponto logo cedo no cumprimento de mandados de busca e apreensão contra pessoas do círculo íntimo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre eles o general Mauro Lorena Cid, ex-colega de Bolsonaro na turma de cadetes da Academia Militar de Agulhas Negras e pai de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Jair); Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, e Osmar Crivelatti, que também atuava como ajudante de ordens do ex-presidente.
O nome da operação, Lucas 12:2, faz jus ao objetivo dela. Trata-se de uma passagem bíblica que diz o seguinte: “Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido”. Dito e feito. Afinal, a exposição escancarada de um intrínseco esquema de venda de valiosos presentes – entre joias e esculturas - dados por nações estrangeiras ao Estado brasileiro pegou o Exército, o Parlamento e toda a população brasileira de calças arriadas.
Porém, quase três dias depois da operação ser deflagrada, Jair, que é sempre tão falante, um usuário tão assíduo das redes sociais, não disse uma sílaba sequer sobre a ação policial aos seus fiéis seguidores.
Mas afinal, o que há de se dizer? O que há de dizer quando uma mensagem trocada entre assessores do ex-presidente e interceptada pela polícia afirma, em tom de confabulação, que a ex-primeira-dama "sumiu" com um pacote de itens preciosos?
Como se referir ao fato confirmado na investigação de que um dos objetos vendidos, um relógio Rolex dado a Bolsonaro pelo rei da Arábia Saudita em visita oficial do ex-mandatário ao País em 2019, foi referido por Cid como "item nunca usado" em um e-mail enviado a um interessado no objeto?
Como explicar que a PF verificou que os valores obtidos nas vendas estilo “No precinho, pra levar agora” foram convertidos em dinheiro em espécie e entraram no patrimônio pessoal do ex-presidente, por meio de laranjas e sem uso do sistema bancário formal, fato que levou o órgão a pedir a quebra do sigilo bancário de Bolsonaro e sua esposa?
Existe um embaraço, um quase palpável desconcerto no ar. Talvez, não por haver fatos escandalosos vindos à tona – tal qual profetizado pela passagem bíblica que dá nome à operação da PF -, já que a gestão do ex-presidente foi marcada por denúncias gritantes que vão desde desmonte da PF até atraso proposital na negociação de aquisição de vacinas contra Covid. Mas, sim, pelo teor mesquinho, baixo, vexatório do cenário verificado na investigação policial: o de que o ex-presidente da República transformou o Planalto em uma barraquinha de camelô de metais preciosos.
Diante do quadro que se desenha, a mudez de Bolsonaro é compreensível. Levando em conta o quanto ele pode comprometer ainda mais seus aliados e comprometer a si mesmo, o silêncio de Jair é mais valioso que os kits de joias Chopard e as esculturas douradas que deveriam estar no acervo da União, mas que acabaram negociadas e vendidas por seus amigos.
Silence is gold, fellas.
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