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Carlos Amorim publica livro alentado sobre a Guerrilha do Araguaia

Layout 1“Araguaia — Histórias de Amor e de Guerra” (Record, 504 páginas), do jornalista Carlos Amorim, é um livro alentado sobre a Guerrilha do Araguaia, um dos temas do período ditatorial sobre o qual ainda se precisa esclarecer muitas coisas. A editora garante que se trata de “o mais completo e surpreendente livro sobre a organização mais importante da resistência armada ao golpe de 1964. Um livro que vai virar referência para historiadores e todos os interessados na história recente do Brasil”. Não li a obra, mas soa mais como publicidade, o que é natural, pois a editora tem mesmo de promover seus produtos. A Guerrilha do Araguaia é uma obra aberta, nada fechada, e será preciso muito mais pesquisas e livros para que se tenha uma compreensão mais abrangente do que efetivamente aconteceu na selva e nas pequenas cidades do Pará e de Goiás (hoje Tocantins) entre 1972 (e mesmo antes) e 1974 (e até um pouco depois). A obra que for apresentada como “bíblia” sobre o assunto amanhã poderá ser contestada, ao menos parcialmente, por novas pesquisas. O assunto Guerrilha do Araguaia, num primeiro momento, era “propriedade” do Partido Comunista do Brasil. Aos poucos, foi escapando ao controle do PC do B, incluindo versões dissidentes, como a de Pedro Pomar, e livros de pesquisadores não militantes (e também militantes). Entre os melhores estudiosos do assunto estão Romualdo Pessoa Campos Filho (militante do partido e doutor pela Universidade Federal de Goiás), Elio Gaspari, Myrian Alves, Eumano Silva, Taís Moraes, Hugo Studart (mestre e doutor com pesquisas sobre o tema), Luiz Maklouf de Carvalho e Leonencio Nossa.

Historiador lança biografia de Prestes, o mais celebrado comunista brasileiro

Daniel Aarão Reis é um dos maiores historiadores brasileiros. Seus livros sobre o golpe de Estado de 1964 e sobre a ditadura civil-militar resultam de pesquisas rigorosas e de uma interpretação inteligente e original. Ao contrário de outros estudiosos do período, sublinha que a ditadura não acabou em 1985. Altamente produtivo, mas sem deixar a qualidade cair, agora lança “Luís Carlos Prestes — Um Revolucionário Entre Dois Mundos” (Companhia das Letras, 576 páginas). Trata-se, pelo número de páginas, de uma obra alentada. Um sociólogo e jornalista brinca: “Não li e já gostei”. Com a brincadeira, o pesquisador quer dizer exclusivamente que a biografia de Prestes, dada a capacidade de Daniel Aarão Reis para pesquisar e interpretar, deve ser do balacobaco. Ao explicar Luís Carlos Prestes, um dos mais longevos políticos brasileiros — também foi militar (liderou a Coluna Prestes) —, Daniel Aarão Reis deve ter feito uma reconstrução minuciosa do século 20 e até de um pedaço do século 19. Prestes nasceu em Porto Alegre, em 1898, e morreu no Rio de Janeiro, em 1990 — aos 92 anos. O livro não chegou às livrarias, mas já pode ser pedido no site da Livraria Cultura.

Livro de repórter revela como Henrique Pizzolato, do mensalão, fugiu do Brasil

[caption id="attachment_19475" align="alignleft" width="342"]Layout 1 Livro conta como Henrique Pizzolato fugiu para a Argentina, daí para a Espanha, até chegar à Itália, onde foi preso[/caption] Há jornalistas de variados matizes. Há os que se consagram como editores e formuladores de ideias e artigos nas redações. Há os que se tornam gestores e são úteis ao desenvolvimento do trabalho dos colegas. E, finalmente, há aqueles que consagram todo o seu tempo e sua vida à reportagem. É o caso de Fernanda Odilla, repórter da “Folha de S. Paulo” em Brasília. O mensalão petista (o mensalão tucano não parece aguçar a ferocidade do reportariado patropi) parece um caso esgotado, para a maioria dos jornalistas, com os jornais e revistas requentando notícias e, aqui e ali, adicionando algum molho para torná-las up-to-date. Fernanda Odilla, com seu faro apurado, percebeu que, no caso de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, havia mais a contar. Pediu férias do jornal, mas não da profissão, e correu atrás da história da fuga — o cinema patropi e o italiano certamente vai contá-la, pois é tão extraordinária quanto as histórias da máfia do país de Roberto Saviano — do homem que contribuiu para azeitar a operação do mensalão. Espécie de Truman Capote de saia, Fernanda Odilla correu estradas no Brasil e noutros países, como Argentina e Itália, fez uma série de entrevistas e contou, em detalhes, a história da fuga no livro “Pizzolato — Não Existe Plano Infalível” (Leya Brasil, 320 páginas). É uma reportagem de fôlego e, sem moralismo, uma história do banditismo “esperto” nas entranhas do poder no Brasil.

Leitores percebem que O Popular está se tornando um jornal policial

O “Pop” está passando a impressão para seus leitores que se tornou uma espécie de “Daqui 2”. Numa busca frenética por leitores (está perdendo assinantes e seu público envelheceu), o jornal está priorizando o jornalismo policial. Repórteres categorizados estão sendo transferidos para a cobertura policial. Por sinal, o jornal cometeu um erro ao demitir os revisores. Porque o número de erros é crescente em suas páginas policiais. A quantidade de repórteres na área policial estaria assustando até a repórter policial-mor do jornal, Rosana Melo. Um repórter brinca e diz que ela “estaria com receio de perder o emprego”. Não perderá, claro, pois é a mais competente repórter policial do jornal. É a que tem as melhores fontes. Quando tira férias, a cobertura do jornal cai. Aliás, se dependesse dela, já estaria fora da redação há muito tempo. Porém, como sabe tudo do ramo, a editora-chefe Cileide Alves faz o impossível para mantê-la. O “Pop”, com sua história de jornalismo correto, não pode ganhar a pecha de jornal que, “se torcer, sai sangue”. Ao priorizar o jornalismo policial, o jornal está perdendo espaço nas áreas de política, economia e cultura.

Equipe da TV Record ganha Prêmio Allianz Seguros de Jornalismo. Herbert Moraes é um dos premiados

[Herbert Moraes, correspondente da TV Record em Tel Aviv, Israel] Jornalistas do “Jornal da Record” ganharam o Prêmio Allianz Seguros de Jornalismo, ao lado de profissionais do “Estado de Minas”, “O Tempo Online”, Gente Brasília BandNews FM, na categoria Sustentabilidade – Mudanças Ambientais. Os repórteres da TV Record, premiados pela série “O desafio da água” (telejornalismo), são: Rosana Teixeira, Ademir Salandin, Alberto Cunha, André Cunha, Ângela Canguçú, Catarina Hong, Cleisla Garcia (que trabalhou na TV Anhanguera), Edmar Dutra, Helena Vieira, Herbert Moraes (correspondente da TV Record em Tel Aviv e colunista do Jornal Opção), Jean Brandão, Jefferson Monteiro, Ludmilla Fontainha, Luís Gustavo, Nathália Bueno Caldas e William Silva. Profissionais do shopping Eldorado foram premiados na categoria Especial Comunicação Corporativa, devido ao case Projeto de Compostagem. Cristiane Segatto, da revista “Época”, Carol Rodrigues, da revista “Cobertura Mercado de Seguros”, Beth Koike, do “Valor Econômico”, e Taís Laporta, do iG, venceram na categoria Seguros.

Augusto Nunes diz que Leonardo Attuch recebeu dinheiro do doleiro Alberto Yousseff. Attuch nega

Documentos apreendidos pela Polícia Federal mostram a anotação do doleiro Youssef: ‘Leonardo Attuch 6×40.000,00′

Augusto Nunes
“No monitor de uma das meses (sic) havia um post it com a anotação‘Leonardo Attuch 11-950206533 6×40.000.00 24/02/2014′”, informa o trecho do relatório em que a delegada Paula Ortega Cibulski resume o que foi encontrado, num dos imóveis utilizados pela quadrilha de Alberto Youssef, por agentes da Polícia Federal incumbidos de cumprir o mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. No fim do texto reproduzido abaixo, datado de 17 de março de 2014, a delegada acrescenta que anexou ao relatório um registro fotográfico do documento que vincula o alvo principal da Operação Lava Jato ao blogueiro Leonardo Attuch, proprietário do site Brasil 247. foto-1 As letras e os algarismos que constam do anexo 3, confrontados com outras peças da montanha de documentos capturados pela Polícia Federal, revelaram que o próprio Youssef fez as anotações manuscritas que incorporam Attuch ao bando de políticos, governantes, empresários, funcionários públicos, além de indivíduos, que se apresentam como “jornalistas” envolvidos de alguma forma com um dos comandantes do mais portentoso propinoduto montado no Brasil desde o Descobrimento. foto São tantos os integrantes do esquema forjado para saquear a Petrobras que, como faz a CBF com os times de futebol, os responsáveis pelo esclarecimento dos crimes dividiram informalmente os investigados em duas categorias. Na série A figuram presidentes da República (embolados no G4), ministros de Estado, governadores, figurões do Congresso, megaempreiteiros, diretores da Petrobras e gatunos de alta patente. Na série B aglomeram-se empreiteiros e fornecedores menos graúdos, parlamentares do baixo clero, funcionários do segundo escalão e jornalistas estatizados ou arrendados pela organização criminosa. Compreensivelmente, a série A tem monopolizado tanto as investigações de campo quanto os interrogatórios de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, que toparam contar o que muito que fizeram ou sabem em troca dos benefícios da chamada delação premiada. Sorte de Attuch: a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal ainda não encontraram tempo para devassar as catacumbas da classe B. Mas chegará o dia em que as suspeitíssimas anotações manuscritas terão de ser elucidadas. O blogueiro costuma desperdiçar seu tempo com a edição de textos abjetos sobre jornalistas independentes, aos quais se seguem “comentários” que difamam, caluniam e afrontam a honra de quem ousa criticar o governo lulopetista. A prudência recomenda que suspenda o serviço sujo e procure a ajuda de um advogado especialmente imaginoso. Vai precisar de um álibi e tanto para escapar do enquadramento no Código Penal.  

Ivete Sangalo é lésbica e/ou bissexual? Biografia revela outra coisa. Confira

O livro sai em novembro, pela Editora Agir. Como é uma biografia autorizada, as histórias de seus muitos amores foram cortadas Sai em novembro a biografia (ou autobiografia) “Ivete Sangalo —  Pura Paixão: Minhas Histórias, Dicas, Rotinas e Inspirações” (Editora Agir), de Jorge Velloso (autor do texto final). Trata-se de uma "biografia autorizada"(ou uma autobiografia), tanto que o autor concorda com aquilo que nenhum biógrafo da categoria de Fernando Morais, Ruy Castro e Lira Neto concordariam: “O fato de hoje ela estar bem casada e ter formado sua própria família faz com que esse assunto [os antigos amores da cantora] não lhe pareça tão relevante. A ideia era que ela ficasse à vontade para relembrar as histórias que quisesse. Não que houvesse assuntos proibidos, mas era natural que só relembrasse de histórias que ainda façam sentido para ela”. Quer dizer que o casamento “amputa” parte da história da atriz? Só mesmo no Brasil tamanha desfaçatez pode ser dita sem que o repórter, no caso um jornalista do “Extra”, acrescentasse, de imediato, a palavra ridículo. A biografia, portanto, não é apenas autorizada — é mutilada. Quer dizer, só contém a versão de Ivete Sangalo e, mais, só aquilo que lhe interessa revelar. Ivete Sangalo namorou, entre os mais conhecidos, o nutricionista Daniel  Cady (com quem se casou e tem um filho), o empresário Marcelo Rangel, o apresentador de televisão Luciano Hulk, o músico Davi Moraes, o estudante Marcelo Valente, o dançarino Fábio Duarte, o empresário Marcus Braga, o modelo sérvio Andrija Bikic e o empresário Felipe Simão. A julgar por aquilo que publica o “Extra”, o livro é cauteloso e omisso. Mas discute a suposta homossexualidade de Ivete Sangalo. “Em algum momento das entrevistas ela falou sobre o assunto. O engraçado é que isso nunca foi uma questão. Ivete até brincou que assumir um relacionamento homossexual para um baiano não é exatamente algo difícil”, diz Jorge Veloso. Noutras palavras, Ivete Sangalo é heterossexual. Se não é difícil para um baiano assumir que é gay, ou que pelo menos que teve um relacionamento homossexual, Ivete Sangalo está sugerindo que, para ela, baiana, também não seria difícil. Não assume, portanto, porque sua paixão são homens, e não mulheres.  

Historiador lança biografia alentada do líder comunista Luiz Carlos Prestes

Ao examinar o mais conhecido comunista brasileiro, historiador faz também uma biografia do século 20

Goiânia já viveu outro surto de malária

Iúri Rincon Godinho Goiânia completou 81 anos na sexta-feira, 24. Na véspera do aniversário, a malária — uma doença que nem faz parte do vocabulário dos médicos da capital — aparece pela segunda vez entre os goianienses. E, por mais fantástico que seja, da outra vez que a enfermidade ameaçou também foi às portas de uma data importante, no caso o Batismo Cultural de Goiânia, em 1942. O caso não ganhou repercussão nos jornais, devido à censura imposta pelo Estado Novo, mas foi sério e serve de alerta para o que podemos enfrentar se o mosquito transmissor não for combatido. Em 1942 quem trabalhava na construção de Goiânia ainda vivia à margem do Córrego Botafogo — nada sobrou dessas primeiras casas. Naquele início de ano, de uma hora para outra, em menos de um mês, o contingente de operários caiu pela metade. As reclamações pelas faltas coincidiam: febre alta, calafrios intensos seguidos de ondas de calor, suor abundante, dor de cabeça e no corpo, falta de apetite, pele amarelada. Um cansaço ancestral que não permitia nem virar o pescoço. Depois da crise havia melhora mas tudo se repetia a cada dois ou três dias. O palco da Exposição de Goiânia, durante o Batismo Cultural, seria a Escola Técnica (hoje Instituto Federal de Educação, IFG). Mas a construção parara. A obra — como o Liceu, o Teatro Goiânia, o Palácio das Esmeraldas —, era monumental para a época. Um quarteirão de construção art déco ao lado do Bosque do Botafogo, em estilo de praça espanhola, com um pátio ao centro. Dos 200 trabalhadores locais, apareciam 30, 40. Pedro Ludovico Teixeira, interventor federal (o governador da época) desesperou-se. Como médico, suspeitou logo dos sintomas da malária e trouxe o colega recém-formado Aldemar de Andrade Câmara, para dar um jeito na situação. Aldemar sabia que a parte fácil seria cuidar dos doentes. Difícil saber onde nascia o foco. Para quem caísse de cama já existia no mercado a plasmoquina, do laboratório Bayer, um comprimidinho amarelo, pequeno. Os servidores humildes, não acostumados a engolir pílulas, acabavam vomitando até se acostumarem. Tratados os enfermos, Aldemar precisava controlar a epidemia. Procurou na construção da Escola Técnica pistas do criadouro do mosquito transmissor. Nada. Foi às casas dos operários, mas a distância das residências entre um doente e outro logo mostrou que o foco estava longe, provavelmente um lugar que o mosquito adorava: beira de rio. Mas qual? Depois de estudar cursos d´água e córregos, o médico Aldemar se concentrou no Meia-Ponte. De lá se retirava a areia para a construção da Escola Técnica. E o mesmo pedreiro que apanhava a areia a levava até a obra. Estava descoberto o foco e a epidemia foi controlada, apesar do atraso momentâneo da construção. Em 1942 como em 2014, o mosquito se aproveitou das condições tropicais da capital. Para sobreviver, precisa de regiões com temperaturas que não caiam a menos de 15 graus Celsius, de preferência onde a média seja 25 de graus. Só as fêmeas se alimentam de sangue humano — os machos vivem de seivas das plantas. A altitude também é importante. Na capital estamos a cerca de 700 metros acima do nível do mar e o transmissor raramente é ativo acima de 1.500 metros. Portanto, o palco para o mosquito sempre estará armado. Resta que aprendamos com a história a sermos atentos. Iúri Rincon Godinho, publisher da Contato Comunicação, é jornalista, escritor e pesquisador da história de Goiás.

Doleiro Alberto Youssef: fotografia mostra que está internado, bem e não corre risco 

O envolvido num escândalo de 10 bilhões de reais está internado num hospital de Curitiba

Doleiro foi envenenado e morreu? Polícia Federal e hospital dizem que ele está internado e bem

As redes sociais são excelentes para vulgarizar informações verdadeiras. Ao mesmo tempo, são úteis para propalar informações desencontradas e, mesmo, equivocadas. Qualquer sinal de fumaça é apresentado como resultado de um incêndio de grandes proporções. Como a esquerda, ao longo da história, tem cometido as maiores barbaridades, como matar e envenenar adversários (Stálin chegou a criar uma fábrica de venenos), acredita-se, ao menos nas redes sociais, que o doleiro Alberto Youssef foi envenenado. Mais: estaria morto e a notícia seria divulgada tão-somente depois das eleições. Falta lógica, das mais primárias, ao boato: por mais que tenha receio da língua do doleiro, que pode documentar a corrupção da Petrobrás – que envolve políticos do PT, do PMDB e do PP –, os petistas não são néscios. A morte do doleiro prejudicaria única e exclusivamente a candidata do PT, Dilma Rousseff. O jornal “Gazeta do Povo”, de Curitiba, relata que Alberto Youssef passou mal na carceragem da Política Federal, na capital do Paraná, no sábado, 25. “O hospital em que está internado o doleiro Alberto Youssef, em Curitiba, divulgou nota para informar que o paciente tem um quadro provável de angina instável, condição grave na qual o coração não é irrigado corretamente com sangue e que pode levar ao infarto”, relata o jornal. O jornal paranaense diz que “a nota não faz referência a qualquer agente externo que tenha levado à crise. Nas redes sociais, há uma intensa boataria de que Youssef fora envenenado na carceragem. Em nota, a Polícia Federal negou a suposição de envenenamento e lembrou que o doleiro tem histórico de doença cardíaca e que esta foi a terceira vez que ele teve um atendimento médico de urgência desde que foi preso”. Alberto Youssef “tem um histórico de doença cardíaca. Na nota do Hospital Santa Cruz, está relatado que ele teve dor torácica e um desmaio, mas que manteve os sinais vitais estáveis. Em nota, a Polícia Federal afirmou” no domingo, 26, que Youssef passou bem a noite e deve permanecer internado por pelo menos 48 horas, sob escolta de policiais federais”. A íntegra da nota do hospital: "Nota técnica Às 14:03 do dia 25/10/2014, a Central do SAMU regional metropolitano de Curitiba recebeu chamada para realizar atendimento do paciente Alberto Youssef, sendo realizado deslocamento de uma ambulância de suporte avançado de vida para realizar o atendimento e transporte, com escolta policial, até o Hospital Santa Cruz. O atendimento foi finalizado às 16:45. No momento do atendimento o paciente referiu dor torácica, sendo dois episódios ao repouso, associados a um episódio de síncope. Durante o atendimento encontrou-se consciente, lúcido e orientado, com dados vitais estáveis. Hipótese diagnóstica: Angina instável Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba/PR”

José Aldo e Chad Mendes fazem lutaço. Se fosse nos EUA, os jurados teriam dado empate

O americano Chad Mendes é um dos lutadores mais versáteis do UFC. Boxeia bem. Sua pegada parece de meio-pesado. O muay thai é eficiente. Luta no chão com rara habilidade. É rápido e bem condicionado fisicamente. Perdeu para o notável José Aldo, depois de uma luta, como dizem os comentaristas de MMA, “épica” (com algum evidente). Sim, foi uma grande luta. Um lutaço. Pancadas lá e cá. José Aldo saiu com o rosto inchado, mas lutou muito bem. Sobretudo, enfrentou um atleta duríssimo. Atletas parelhos às vezes se anulam. No caso, os dois travaram uma batalha extraordinária. Entrevistado, Chad Mendes não reclamou do resultado. Porém, se a luta tivesse sido realizada nos Estados Unidos, ou em um país neutro, possivelmente os jurados veriam mais um empate do que a vitória de José Aldo. Seria mais justo. O que fazer? Uma terceira luta, em 2015. Ao final, José Aldo, citando Romário (contra Edmundo), disse que na categoria dos penas a corte finalmente está completa: há o rei, o próprio José Aldo; o príncipe, Chad Mendes; e o bobo, o irlandês Conor McGregor.  

Apático e previsível, Glover Teixeira perde para Phil Davis

O brasileiro Júnior Cigano perdeu duas lutas para Cain Velasquez, na categoria dos pesos-pesados, porque é menos completo e complexo do que o americano. Cigano é mais lutador de boxe do que de MMA. É unidimensional. Glover Teixeira é o Cigano dos meios-pesados. Só luta em pé e é meramente um boxeador. Perdeu para Phil Davis porque é previsível, mais lento e com reflexos ruins. Não chuta e, se o faz, o chute passa longe do alvo. Não luta no chão com desenvoltura. Davis o venceu até em pé. É provável que tenha sido a luta mais fácil de Davis. Contra Jon Jones, muito melhor do que Davis, Glover lutou com um repertório um pouco mais amplo.

O pistoleiro brasileiro que matou 492 pessoas e não foi preso pela polícia e condenado pela Justiça

O jornalista e escritor Klester Cavalcanti conta a história de Júlio Santana, que matou quase 500 pessoas, entre elas a guerrilheira Maria Lúcia Petit, crianças, mulheres e o sindicalista goiano Nativo da Natividade (no mandato de Iris Rezende e Onofre Quinan). Ele feriu José Genoino, na Guerrilha do Araguaia “Só mato quando me pagam para matar.” Júlio Santana [caption id="attachment_18931" align="alignleft" width="350"]“O Nome da Morte” mostra que a realidade pode ser tão ou mais virulenta do que obras literárias. Fiódor Dostoiévski possivelmente ficaria interessado na história do assassino brasileiro Júlio Santana “O Nome da Morte” mostra que a realidade pode ser tão ou mais virulenta do que obras literárias. Fiódor Dostoiévski possivelmente ficaria interessado na história do assassino brasileiro Júlio Santana[/caption] O livro “O Nome da Mor­te — A História Real de Júlio Santana, O Homem que Já Ma­tou 492 Pessoas” (Editora Planeta, 245 páginas), do jornalista Klester Cavalcanti, ex-repórter da “Veja”, contém histórias impressionantes e muito bem-contadas. Persistente, Klester demorou sete anos para convencer Júlio Santana, o Julão, hoje com 60 anos, a relatar sua história. O assassino serial começou a matar aos 17 anos, ajudou a prender José Genoino Neto e matou Maria Lúcia Petit, na Guerrilha do Araguaia, em 1972. Mais tarde, matou, em Goiás, o sindicalista Nativo da Natividade e um homem não identificado no livro em Porangatu, Norte do Estado. Leitores menos atentos podem alegar que o repórter trata um “monstro” como se fosse um ser humano “normal”. É um engano. Se tivesse tentado mostrar Júlio Santana como “monstro”, primeiro, a história não teria sido contada; depois, a tentativa de demonização não seria útil para compreender a personagem que, apesar de tudo, é muito rica. Ao mostrar, mais do que demonstrar, Klester julga o assassino, ou melhor, o julgamento é a narrativa de sua história. O romance “Crime e Castigo”, do escritor russo Fiódor Dostoié­vski, conta a história de Raskól­ni­kov, o jovem que mata duas mulheres e tenta justificar os crimes filosoficamente. Mesmo sendo ficção, a história é espantosa. O livro de Klester prova que a realidade pode superar a ficção. Nem mesmo Dostoiévski, um escritor que tinha um instinto especial para descrever as misérias humanas, seria capaz de imaginar Júlio Santana. Raskólnikov é frango de granja perto de Júlio Santana. Aos 17 anos, Júlio Santana tinha 1,76m e era excelente atirador (“aos 11 anos, o garoto já conseguia acertar um animal ‘do outro lado do rio’”, o Tocantins, “a uma distância de cerca de 100 metros”). A família vivia do que pescava e caçava em Porto Franco, à beira do Rio Tocantins, no Estado do Maranhão. Em agosto de 1971, o jovem recebe a visita do tio Cícero Santana, de 31 anos, que dizia ser policial militar. Pistoleiro, Cícero havia sido contratado para matar Antônio Martins, o Amarelo. Marcos Lima, pai de uma garota de 13 anos que havia sido estuprada por Amarelo, pagou para Cícero liquidá-lo. Com malária, Cícero não tinha condições físicas de matar Ama­relo, mas, como já havia recebido parte da recompensa, decidiu convencer Júlio a substituí-lo. “Tio, eu não quero saber de nada disso. Eu não vou matar ninguém. Até agora, não consigo acreditar que o senhor está me pedindo um negócio desse. Quer que eu vire um assassino como o senhor? Deus me livre”, disse Júlio. Pressionado por Cícero, a quem admirava, Júlio aceitou matar Amarelo: “Está bem, tio. Eu vou fazer esse serviço para o senhor. Mas nunca mais me peça uma coisa dessas”. Mesmo assim, o garoto relutou. O tio insistiu: “Depois de matar Amarelo, é só você pedir perdão a Deus e Ele vai perdoar”. Aproveitando que o adolescente ficou confuso, Cícero continuou: “Deus perdoa tudo, Julão. (...) Amanhã, depois de matar Amarelo, você volta para casa e reza dez ave-marias e 20 pai-nossos. Assim, eu garanto que você estará perdoado”. Depois da conversa, Júlio seguiu para a mata e, após relutar muito, atirou em Amarelo, matando-o. Ao se encontrar com o tio, disse, profundamente abalado: “Só quero esquecer essa desgraça toda. E nunca mais venha conversar comigo sobre esse negócio de matar gente para ganhar dinheiro. Não quero nem ouvir falar nesse tipo de coisa”. Deitado numa rede, prometeu a Deus: “Nunca mais vou matar ninguém na minha vida, Senhor. Nunca mais”. Leia Mais: Livros fundamentais para entender a Guerrilha do Araguaia Assassinou Nativo da Natividade e foi roubado pelo tio pistoleiro Jovem matou guerrilheira do PC do B e atirou em José Genoino No garimpo de Serra Pelada, Júlio Santana matou quatro homens Livros fundamentais para entender a Guerrilha do Araguaia

Nadine Gordimer critica obsessão de escritores latino-americanos pela figura do ditador

[caption id="attachment_18925" align="alignleft" width="350"]Nadine Gordimer: a escritora percebe Jorge Luis Borges como sucessor de Kafka e diz que a literatura de Alejo Carpentier é maravilhosa / Foto: Berthold Stadler/Publico Nadine Gordimer: a escritora percebe Jorge Luis Borges como sucessor de Kafka e diz que a literatura de Alejo Carpentier é maravilhosa / Foto: Berthold Stadler/Publico[/caption] Numa entrevista a Jannika Hurwitt, da “Paris Review” (publicada no livro “Os Escritores — As Históricas Entrevistas da Paris Review”, Companhia das Letras, 327 páginas, tradução de Alberto Alexandre Martins e Beth Vieira), a escritora sul-africana Nadine Gordimer (1923-2014) acerta e erra sobre a literatura latino-americana. “O tema entre os escritores latino-americanos dignos de nota é o ditador corrupto. No entanto, apesar da repetição do tema, eu a considero a ficção mais excitante que está sendo escrita no mundo hoje em dia” (entre 1979 e 1980). Jannika Hurwitt pede que mencione quais escritores latino-americanos são mais interessantes. “Gárcia Márquez, é claro. Nem é necessário citar [Jorge Luis] Borges. Borges é o único sucessor vivo de Franz Kafka [o autor argentino morreu em 1986]. Alejo Carpentier era absolutamente maravilhoso. ‘O Reino Deste Mundo’ é um livrinho delicioso... é brilhante. Há também Carlos Fuentes, um escritor magnífico. Mario Vargas Llosa. E Manuel Puig. [...] Mas há sempre esse tema obsessivo — o ditador corrupto. Todos eles escrevem sobre isso; são obcecados por isso”. Não há o que contestar: os autores citados são do primeiro time e escreveram sobre ditadores. Algumas das estrelas do chamado boom latino-americano chegaram a se reunir para escrever sobre o assunto, mas não publicaram romances e contos apenas a respeito disso. Há as injustiças de praxe. Le­zama Lima (1910-1976), maior escritor cubano, não é mencionado. Nadine Gordimer concedeu a entrevista dois anos depois de sua morte. “Paradiso”, seu notável romance — Laurence Sterne certamente o leria com prazer —, não merece a mínima referência e seu tema não é o mesmo de alguns romances de García Márquez (“O Outono do Patriarca”) e Vargas Llosa (“Conversa no Catedral”). O uruguaio Juan Carlos Onetti, autor de “Junta-Cadávares” e “A Vida Breve”, é esquecido. Guimarães Rosa, autor de “Sagarana” e “Grande Sertão: Veredas”, não merece um comentariozinho. Ele morreu em 1967, doze anos depois da entrevista. O pesquisador alemão Willi Bolle diz que a opus magna de Guimarães Rosa é uma resposta literária à história do Brasil. Deve ser. Mas, para além de ser uma réplica histórica, é um romance no qual personagens, gigantes e, até, épicos, são rivais e, ao mesmo tempo, complementos da linguagem. Assim como a obra de Lezama Lima. Clarice Lispector, autora de uma obra cada vez mais valorizada no exterior, morreu em 1976, dois anos antes da entrevista. Com algum esforço, Nadine Gordimer poderia ter lido traduções dos quatro autores latino-americanos. É possível que, mais tarde, tenha lido autores brasileiros. Numa coletânea recente de seus ensaios e resenhas não encontrei referência à literatura patropi. Quando entrevistado, o americano Philip Roth, de 81 anos, tem o hábito de dizer que está relendo clássicos, raramente citando autores vivos, e lendo livros de história. Às vezes, menciona Saul Bellow, John Updike e Primo Levi, coincidentemente, todos mortos. Outros autores dizem a mesma coisa. Menos Nadine Gordimer: “Muitos escritores dizem que não leem outros escritores, os contemporâneos. Se é verdade, é uma grande pena”. Leitora apaixonada de D. H. Lawrence, Hemingway e Virginia Woolf, Nadine Gordimer afirma que, “em fases diferentes” de sua vida, foi “psicologicamente dependente de diversos escritores”. A tal angústia da influência citada pelo crítico Harold Bloom. [caption id="attachment_18927" align="alignleft" width="620"]Layout 1 Fotos: Wikipédia Commons[/caption] Ao escrever contos, a autora de “Uma Mulher Sem Igual” admite que sofreu forte influência de escritoras do Sul dos Estados Unidos. “Eudora Welty foi uma grande influência para mim.” É uma “contista sublime”. “Katherine Anne Porter me influenciou. Faulkner. Sim. Mas, outra vez, a gente mente, porque, tenho certeza de que, quando estávamos ensaiando o bê-á-bá da arte do conto, Hemingway deve ter influenciado todo mundo que começou a escrever no fim da década de 1940, como eu. Proust tem sido uma influência em mim, durante toda a minha vida — uma influência tão profunda que me assusta... não apenas nos meus escritos, mas nas minhas atitudes com relação à vida. Mais tarde vieram Camus, que foi também uma influência bem forte, e Thomas Mann, que passei a admirar mais e mais. E. M. Forster, quando era moça. E ainda acho ‘Passagem Para a Índia’ um livro absolutamente ma­ravilhoso, que não pode ser assassinado ao ser ensinado nas universidades.” O que a autora quis dizer? Não fica claro. Talvez, como Harold Bloom, temesse os estudos de gênero ou as interpretações politicamente corretas, que às vezes retalham e mandam para o ostracismo obras complexas mas que não cabem em alguns figurinos políticos, ideológicos e intelectuais. O choque cultural entre indianos e ingleses, exibido com mestria e abertura por Forster, pode ser interpretado de maneira simplista pelos policiais-acadêmicos do politicamente correto. Como Hemingway, com sua prosa telegráfica, influenciou a autora de “Beethoven era 1/16 Negro — E Outros Contos”? “Ah, através dos seus contos. A redução e também o uso do diálogo. [...] Os contos são uma excelente disciplina contra o excesso de palavas. [...] Hoje penso que uma grande falha nos contos de Hemingway é a onipresença da voz de Hemingway. As pessoas não falam por si mesmas, em seus próprios esquemas de pensamento; elas falam como Hemin­gway. O ‘disse ele’, ‘disse ela’ da o­bra de Hemingway. Cortei essas atribuições dos meus romances há mui­to tempo. Algumas pessoas se quei­xam que isso torna os meus romances difíceis de serem lidos. Mas não me importo. Simplesmente não consigo mais suportar disse-ele/disse-ela. E se não consigo fazer com que os leitores saibam quem está falando pelo tom de voz, os tor­neios da frase, bom, então fracassei.” O monólogo interior, tão caro aos escritores modernos, é utilizado por Nadine Gordimer. “Uma espécie de monólogo interior que fica pulando de um lado para outro, de diferentes pontos de vista. Em ‘O Amante da Natureza’, às vezes é Mehring falando de dentro de si mesmo, observando, e às vezes é um ponto de vista totalmente desapaixonado do exterior.” A entrevistadora sugere que há semelhança entre “A Filha de Burger” e o romance “Enquanto Agonizo”, de William Faulkner. Nada a ver, ressalva Nadine Gordimer. Os estilos são diversos. “Foi Proust quem disse que estilo é o momento de identificação entre o escritor e a sua situação. Idealmente isso é o que deveria ser — permitir que a situação dite o estilo.” O autor na maioria das vezes não é o melhor crítico de seus próprios livros. Mas alguns críticos costumam exagerar nas suas interpretações. Conor Cruise O’Brien, numa resenha de “A Filha de Burger”, ressaltou a arquitetura supostamente muito arrumadinha do romance. Nadine Gordimer discorda: “Muito pouco da construção é objetivamente concebido. Ela é orgânica, instintiva e subconsciente. [...] Não sei, antes de escrever, como vou fazer, e sempre receio não ser capaz de fazê-lo”. A morte é apontada como um tema obsessivo para a autora de “Tempos de Reflexão — 1990-2008” (ensaios e resenhas). “A morte”, diz, “é realmente o mistério da vida. [...] Dizemos que é terrível se as pessoas morrem jovens, e que é terrível se continuam a viver por tempo demais”. Jannika insiste para que a escritora discuta sexo e literatura. Mas Nadine Gordimer corta o barato da entrevistadora, pois considera os escritores como “seres andróginos”. “Em literatura, o sexo não importa; é a literatura que importa.” O que vale é a qualidade da prosa do autor, não se é homem ou mulher.