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Atriz brasileira que trabalhou com Federico Fellini morre de câncer

A atriz e cantora Vanja Orico, apontada como musa do “ciclo do cangaço”, morreu, aos 85 anos, de câncer, na quarta-feira, 28, no Rio de Janeiro. A atriz e cantora trabalhou com os cineastas brasileiro Lima Barreto e o italiano Federico Fellini. Vanja Orico é uma das mais destacadas intérpretes da música “Mulher rendeira” (https://www.youtube.com/watch?v=I9kHUL1LV7Y), tema do filme “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto. Ela atuou nos filmes “Lampião — O rei do cangaço” (1963) e “Jesuíno Brilhante — O Cangaceiro” (1973). Com Fellini, Vanja Orino trabalhou em “Mulheres e Luzes” (1950). Nesse filme, canta a música “Meu Limão meu limoeiro” (https://www.youtube.com/watch?v=76FhUnonvx0). Adolfo Rosenthal, seu filho único, a dirigiu no média-metragem “Maria da Graça”.

Por que Gustafsson perdeu para Anthony Johnson? Porque pensou que estava enfrentando Jon Jones

Não pretendia comentar, nem brevemente, a luta ou quase luta entre o americano Anthony “Rumble” Johnson, atleta de altos e baixos, e o sueco Alexander Gustafsson. Porém, como os craques Rayana Caetano, Rafael Teodoro, Ricardo Spindola e Carlos Willian, embora mais qualificados para comentar lutas de MMA, ficaram silentes e vários amigos do Facebook praticamente exigiram que eu desse uma palavrinha a respeito, estou aqui, mais uma vez, discutindo a 17ª arte (o boxe é a sétima, um pouco acima do cinema). A pergunta é: por que Gustafsson perdeu? Fica-se com a impressão de que somos, para usar um termo Frankenstein, impactados mais pela derrota do que pela vitória? A pergunta apropriada deveria ser outra: “Por que Johnson ganhou?” Por que preferimos a primeira indagação? Porque as pessoas estavam de olho muito mais em Gustafsson, que supostamente, segundo o próprio Johnson, derrotou Jon Jones e, segundo os fãs do sueco, teria sido garfado pelos jurados. Pois o problema de Gustafsson talvez seja exatamente Jon Jones. É possível que tenha visto em Johnson apenas uma escada para voltar a se aproximar do excepcional campeão. Ele parece ter subido ao octógono não para lutar contra Johnson, e sim para participar de um simulacro de treino com vista a pegar o rei da categoria meio-pesado. A cachola do sueco parecia estar longe. Parecia ter se preparado mais para enfrentar Jon Jones do que Johnson. Na luta contra Jon Jones, Gustafsson sacou com mestria o jogo do oponente americano, por isso batia e escapava. Só começou a perder quando cansou-se, porque movimentou-se de maneira excessiva pelo octógono, e aí Jon Jones aproximou-se e começou a bater forte e a metralhar o sueco com seus cotovelos-metralhadoras. O repertório do americano é vasto e, se o oponente se cansa, adeus: o pau come. Como dizem os comentaristas do canal Combate, ele “passa o carro”, quer dizer, atropela o oponente. De olho em Jon Jones, mas, tendo de lutar contra Johnson, Gustafsson parece ter se esquecido que seu adversário é um pegador mortal. O jogo apropriado era jabear e mantê-lo a distância, até cansá-lo. Como não fez de maneira precisa o jogo das escapadas, para deixar Johnson com os braços pesados e o fôlego curto, o sueco tornou-se um alvo fixo, quase um saco de pancadas. Aí, como nocauteador atroz, Johnson o pegou e não lhe nenhuma chance. O erro de Gustafsson, um bom lutador mas nada excepcional, talvez tenha sido treinar e preparar sua cabeçorra para enfrentar Jon Jones, e não Johnson, um pegador. Parece impossível que seus treinadores tenham cometido este erro? É provável que o erro não tenha sido do técnico ou do técnicos, e sim do próprio sueco — que já estava de olho no título e, claro, na grana. Imagine um campeão meio viking nos Estados Unidos, uma espécie de Greta Garbo do octógono. O sujeito, se brincar, ainda vai parar em Hollywood. O que fará Gustafsson daqui pra frente? Não sei, porque não tenho bola de cristal, mas possivelmente enfrentará Daniel Cormier e, se vencer de maneira convincente — Cormier é outro Johnson, um pouco mais versátil —, talvez seja colocado no octógono para lutar contra o vencedor da batalha entre Jon Jones e Anthony Johnson. Como acredito que o campeão vai derrotar o desafiante — atacando Johnson de maneira incisiva, mas usando a envergadura para evitar seu boxe fatal —, entre 2015 e 2016 o sueco estará de volta ao octógono para enfrentar Jon Jones.

Jornais e portais nem falam da série Felizes para sempre? Só querem mostrar a nudez de Paolla Oliveira

Quando cachorros e macacos aparecem em filmes não tem mais para ninguém — nem para a mocinha, especialmente se estiver vestida. O mesmo ocorre quando atrizes bonitas são mostradas nuas em filmes, peças de teatro e séries de televisão. Os olhos de todos — inclusive e, quem sabe, sobretudo dos jornalistas — voltam-se para as cenas de nudez. A bela Paolla Oliveira (acima), de “corpo escultural”, disseram jornais e portais na quarta-feira, 28, aparece seminua na série “Felizes para sempre?”, de Fernando Meirelles, exibida pela TV Globo. Mega-Sena acumulada? Joaquim Levy, o arauto do caos, divulgando outra má notícia? Que nada! Só deu Paolla Oliveira, com “com dois eles”, explicou um jornal, corrigindo um internauta. Paolla Oliveira (que muitos chamam de “Paôla”, mas a pronúncia é “Páula” mesmo, como se faz na Itália) “brilha”, sugeriram, como a garota de programa Danny Bond (o autor da série não podia ser mais “criativo”, pois a jovem é, na série, uma “matadora”). De “luxo”, avisaram, talvez com água na boca, os jornalistas que escreveram as reportagens. Convocada para “melhorar” as relações entre um casal, representado por Maria Fernanda Cândido e Enrique Diaz, Danny Bond participa, com certa volúpia, quem sabe — num realismo que melhora a realidade, é possível —, de um “ménage à trois”. Uma internauta, mais realista do que os textos dos jornais, escreveu: “A mulher quer salvar o casamento e chama a Paolla Oliveira?” De fato, não dá pé. Fica-se com a impressão de que quer se “salvar” é do marido — empurrando-a para a Bond girl. Por que os jornais deram tanto espaço para a série, quer dizer, para a fotografia de Paolla Oliveira com uma calcinha preta minúscula? Por nada, não. Só para atrair audiência. E o Jornal Opção? Para não ser hipócrita, seguiu pela mesma seara. Ah, e a série? E alguém se importa com isso se tem a Paolla Oliveira para olhar?! A série, se levada ao DVD, deve mudar de nome: “Paolla Oliveira — Nua para sempre”. É mais realista e, mesmo, imaginativo.

Fidel Castro, que não rejeitou acordo com EUA, recebe Frei Betto. Liberalização à vista? Quem sabe

Pelo menos seis brasileiros são considerados “fidelistas” em Cuba: Lula da Silva, Dilma Rousseff, José Dirceu, Chico Buarque, Fernando Morais e Frei Betto. “Fidel e a Religião” (de 1985) resulta de uma longa entrevista feita pelo dominicano brasileiro Frei Betto. O livro se tornou best seller internacional. Em Cuba, entre crentes e ateus, se tornou uma espécie de bíblia. Cada resposta de Fidel Castro é um “versículo”. Na quarta-feira, 28, o jornal mais importante do País, o “Granma” — porta-voz do Partido Comunista Cubano, quer dizer, da família Castro —, noticiou, com destaque, novo encontro entre Fidel Castro, de 88 anos — consta que com lapsos de memória, quase demenciando —, e Frei Betto, da Igreja Católica. O encontro entre Fidel Castro e Frei Betto ocorreu na terça-feira, 27, em Havana (por questões de saúde, o longevo ditador não sai mais de Cuba). “O companheiro Fidel e o destacado intelectual brasileiro Frei Betto sustentaram na tarde de ontem [terça-feira] uma conversa amistosa, durante a qual abordaram variados temas nacionais e internacionais”, sublinha o “Granma”. Quais temas depreende-se que sejam segredo de Estado. “O encontro se desenvolveu num clima afetuoso, característico das amplas e fraternais relações existentes entre Fidel e Betto”, acresceu o jornal. Cubanos sugerem que, embora muito doente e meio desconectado da realidade, Fidel Castro ainda é a autoridade suprema da Ilha. Raúl Castro, antes de tomar alguma decisão importante, visita o homem que liderou a Revolução de 1959 e lhe pede orientações sobre quais caminhos trilhar. Tolo aquele que acreditar que a aproximação com os Estados Unidos tenha se dado única e exclusivamente pela boa vontade de Raúl Castro e por sugestão do papa Francisco, da Igreja Católica. Na segunda-feira, 26, Fidel Castro disse que não rejeita acordos, como o feito recentemente com os Estados Unidos, que provavelmente colocará fim ao embargo econômico — que, na prática, só existe porque Cuba não tem dinheiro para comprar mercadorias no mercado internacional (quem tem, como o Irã e a Rússia, burla quaisquer embargos) —, mas frisou que permanece “desconfiado” do velho “inimigo”. Washington, mais maleável, viu a fala de Fidel Castro como um “sinal positivo”. Uma porta aberta, quase escancarada. Fidel Castro, como discípulo mais de Maquiavel e Hobbes do que de Marx (que, como as obras de Fernando Henrique Cardoso, não serve para o dia a dia da política e da economia), sabe que não se arromba portas abertas. Aposta-se que o estabelecimento de relações abertas entre Estados Unidos e Cuba com Fidel Castro ainda vivo — acreditava-se na suspensão do embargo tão-somente depois de sua morte (o embargo é um dos fatores responsáveis pela longevidade da dinastia Castro no poder) — tende a contribuir para liberalizar, aí de modo definitivo, o regime pós sua morte. Raúl Castro, visto como um “duro” devido à sua história como executor-mor da Revolução, é interpretado pela diplomacia internacional como menos culto do que o irmão, porém mais maleável a um sistema menos fechado. A tese de uma mini-China no Caribe é de Raúl Castro, não de Fidel Castro. Curiosidade: as pernas de Fidel Castro parecem mais finas do que de hábito.

Wilson Silvestre é nomeado para a diretoria de Monitoramento de Comunicação em Brasília

O jornalista Wilson Silvestre, ex-Jornal Opção e ex-“O Popular”, tomou posse no cargo de diretor de Monitoramento de Comunicação do governo do Distrito Federal na sexta-feira, 23. Wilson Silvestre trabalhou, nos últimos quatro anos, como gerente setorial de comunicação da extinta Secretaria de Agricultura do governo de Goiás. “Trabalhar com o competente Antônio Flávio Camilo de Lima foi uma grande experiência. Trata-se de um executivo bem informado e preparado”, frisa. Em Brasília, o jornalista mantém ligações com o deputado federal eleito Rogério Rosso (PSD) e com o senador Gim Argello (PTB). Em Goiás, é ligado, politicamente, ao governador Marconi Perillo (PSDB) e ao deputado federal Vilmar Rocha (PSD). [Foto do Facebook do jornalista]

Morre de infarto chefe de redação do Estadão. Era filho de Nertan Macedo, que escreveu sobre Goiás

O chefe de redação de “O Estado de S. Paulo” no Rio de Janeiro, José Luiz Alcântara, de 65 anos, morreu de infarto na segunda-feira, 26. Ele trabalhou quase 15 anos no jornal, foi repórter do “Jornal do Brasil” e chefe de reportagem e de redação de “O Dia”. José Luiz Alcântara deixa um filho, Maurício, e a mulher Lívia Ferrari. O jornalista era filho do escritor e jornalista Nertan Macedo, que escreveu um livro sobre as mortes no tronco em Dianópolis, no início do século 20, em Goiás (hoje Tocantins). A história é a mesma que foi romanceada por Bernardo Élis em “O Tronco” e analisada por Osvaldo Póvoa e pelo juiz Abílio Wolney (atua no Poder Judiciário goiano). [Fotografia do Portal dos Jornalistas]

Para além do tédio, tendo à vista Jorge Braga e Paulo Garcia, vivamos o direito de sorrir, sem censura

Adalberto de Queiroz Numa crônica que poderia classificar como aguda, o escritor Otto Lara Resende dizia que todos temos “direito ao tédio”. Seu argumento — se isso é matéria de preocupação do cronista (decisão que deixo para especialistas) — vem de tecer o curto fio da meada com Afonso Arinos, Drummond, até chegar a Paul Valéry (síntese): “Les événements m’enuient” (Os acontecimentos me entediam). “Ou me chateiam, na tradução livre”, diz o Otto em sua página de 1991. — “Outro dia me apanhei bocejando de tédio diante da televisão”, diz o cronista que era do tipo insone. É o bastante em matéria da Razão para me fazer refletir sobre como outro grande — o poeta gaúcho Mario Quintana traduzia esse tédio. E sobre a política (a realidade) o que tens a dizer, poeta? — teria lhe perguntado um jovem repórter. — Ah, eu nada tenho a ver com ela. Só estou imerso na realidade. É tudo. E se não foi exatamente isso que disse o poeta gaúcho, assim é que me entrou o dito memória adentro; sendo o caldo que me resta na memória, e com o qual desejo levar o leitor, agora, a pensar sobre o episódio de nosso alcaide contra o humorista (Garcia versus Jorge Braga — prefeito vs. humorista de O Popular). (...) Ah, sim, agora recuperei os versos do Quintana: Soneto V Eu nada entendo da questão social. E faço parte dela, simplesmente... E sei apenas do meu próprio mal, Que não é bem o mal de toda a gente,   Nem é deste Planeta... Por sinal Que o mundo se lhe mostra indiferente! E o meu Anjo da Guarda, ele somente, É quem lê os meus versos afinal... (...) E este cronista-blogueiro, poeta-menor, imerso que está nessa coisa chamada realidade política, vê na crônica de Otto uma acuidade, uma agudeza notável, que a faz tornar viva. Viva no justo momento em que o partido do nosso prefeito municipal tenta impor ao país sua vontade de controlar a imprensa, surge uma polêmica que intitulei “Garcia versus Braga”. E assim sinto-me como o Quintana (aquele diante da questão social), ou como o Otto Lara Resende (este diante da pena-de-morte). Semelhante a tantos outros, diante da mesmice da discussão sobre censura em nosso país (e alhures): “Dessa discussão não nasce Luz, só perdigotos" (O.L.R.) . E, portanto, a crônica de Otto se reedita, pois, morro de tédio. Afinal, “le monde est frivole et vain, tant qu’il vous plaira. Pourtant, ce n’est point une mauvaise école pour un homme politique", afirmava o escritor Anatole France em outro contexto. Sou forçado a concordar que “Ah, o mundo — o mundo é frívolo e vão, de tal modo que até ao choro pode nos levar. No entanto, não é de modo algum má escola para um homem político...”. Veja, sr. prefeito, aonde nos leva a escola do mundo. E se a algum leitor, a quem a política não tenha destituído ainda o senso de humor (e espero que nunca detenha o direito) de rir ou chorar; se para esse leitor persiste válida a crença de que uma charge não pode nos fazer entrar em choque com a crença maior nos valores da democracia, repito: o tédio não ataca nem por tão pouco o riso se aplaca... Vivamos o direito de sorrir e chorar, sem censura! E mesmo que pareça “off-topic”, finalizo recomendando (re)leitura de um texto famoso (agora reabilitado por Daiana, em administradores.com) intitulado “Mensagem a Garcia” — algo que só um herói (como diz a Daiana no blog linkado — “...o herói é aquele que dá conta do recado: que leva a mensagem a Garcia! - seja humorista ou anônimo portador de u’a mensagem importante. Porque Braga não é Rowan, o alcaide só tem Garcia no sobrenome, mas a história vale a pena pelo que nos ensina sobre valores hoje tão ausentes — “Mensagem a Garcia” é uma expressão corrente, para designar uma tarefa muito difícil e espinhosa, mas que é absolutamente necessária, e precisa ser realizada de qualquer maneira, sob risco de grandes perdas para a empresa”. +++++ Post-Post.: Aos advogados do alcaide, ressalto que, em princípio, trata-se o último de texto não-censurável, pois que corre mundo em diversos idiomas, de autoria de Helbert Habbard (1899). Confira: http://bit.ly/1Jz9Lei. Adalberto de Queiroz é poeta.

Charge de Jorge Braga é até ingênua. Mas reação de Paulo Garcia e Cileide Alves é exagerada

ChargeNa edição de domingo, 25, de “O Popular”, o chargista Jorge Braga publicou um cartum no qual dois homens dialogam. Um deles diz: “Dizem que a Prefeitura de Goiânia está uma zorra”. Outro explica o motivo da crise: “Culpa do sargento Garcia”. Atrás dos dois “críticos” está o Zorro, o inimigo figadal e desastrado do Zorro — daí o uso, pelo cartunista, da palavra “zorra”. O prefeito Paulo Garcia (PT) reagiu de maneira indignada, possivelmente sem refletir a respeito de que um “quadrinho”, como um charuto, às vezes pode ser tão-somente um quadrinho — sem intenções malévolas por trás. No Twitter, depois de voltar a responder seus críticos, Paulo Garcia escreveu: “Desculpem o desabafo. Penso que quem mereceria um pedido de desculpas pelo exagero seria eu por parte da direção do veículo. Tudo tem limite”; “Somente agora tive tempo de ver a charge de O Popular de hoje (ontem). Fora de contexto, uma vez que a cidade vive sem nenhuma excepcionalidade”; “Com todo respeito que merece o cartum me parece matéria encomendada e desrespeitosa. Aliás, conduta que tem ultrapassado o limite do razoável”. Nas entrelinhas, mais do que nas linhas, Paulo Garcia está acusando alguém — possivelmente o governador Marconi Perillo ou o presidente da Agetop, Jayme Rincón — de manipular o chargista. Não parece ser o caso. Tanto que a cúpula do “Pop” esclareceu que o trabalho “expressa a opinião do chargista e que o jornal preza pela liberdade de manifestação e expressão”. É possível que um editor — ou editora — tenha pedido a charge. Porém, como está assinada, a responsabilidade é mesmo de Jorge Braga. A rigor, charges são mesmo exageradas, mas a de Jorge Braga, no caso, é até ingênua e leve. A gestão de Paulo Garcia de fato é mal avaliada, embora o prefeito não seja tão desastrado quanto o sargento Garcia — e moralmente é, até o momento, inatacável. A manifestação do prefeito talvez tenha sido mais desproporcional do que a charge em si e chamou a atenção ainda mais para o suposto problema de que “a prefeitura de Goiânia está uma zorra”. Se não está, no lugar de buscar motivos ocultos na charge, o prefeito deveria ter mostrado porque a cidade, ou a prefeitura, não está uma “zorra”. Porém, o fato de ser desproporcional, não significa que a manifestação do prefeito não é legítima. É. Na democracia, pelo menos, as partes que se sintam agredidas têm o direito de se defender. Ele o fez. Talvez tenha cometido algum exagero, mas tem o direito de defender sua administração e, também, sua pessoa. A reação da editora-chefe do “Pop”, Cileide Alves, parece tão ou mais exagerada do que a do prefeito. A jornalista, em geral ponderada, disse que a reação de Paulo Garcia segue na “onda antichargistas”. Trata-se de uma referência ao atentado à redação do jornal “Charlie Hebdo”, de Paris. Não há comparação. O prefeito rebateu uma crítica, expressando sua opinião — até exigindo uma retratação indevida —, mas em nenhum momento exigiu a cabeça (real ou metaforicamente) do chargista Jorge Braga. O que Paulo Garcia deveria fazer de verdade era rir da charge, como todos certamente fizeram e fazem, inclusive seus aliados. Se tivesse rido, se não tivesse visto um conspiração — possivelmente, inexistente —, a repercussão da charge de Jorge Braga teria sido bem menor. Quem deu repercussão à crítica, mais bem humorada do que ranzinza, não foi nem o jornal e nem Jorge Braga, e sim o prefeito, seu maior vulgarizador.

Joffre Rezende, o médico que escrevia e lia almas

Iúri Rincón Godinho Joffre Marcondes de Rezende morreu hoje e será enterrado amanhã (27 de janeiro), no Jardim das Palmeiras. Era simplesmente uma das cinco pessoas vivas mais importantes na medicina goiana e um dos últimos pioneiros de Goiânia — chegou à capital em 1954. Fundador da "Revista Goiana de Medicina", ex-presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia e um médico que escrevia fácil e corretíssimo, melhor que muito jornalista — deixou vários livros e artigos. Extremamente culto, sempre me apoiou. Quando em 2003 lancei a "História de Medicina em Goiás", pacientemente me orientou. Quando fui curador do Museu da Medicina, mandou um cheque para ajudar na obra sem avisar e sem pedir nada. Quando lancei a revista Medicina em Goiás, revisava e aceitou ser diretor da publicação. Explorei muito o Joffre. Não apenas profissionalmente. Uma vez fui atacado por uma dor de estômago que ninguém descobria. Endoscopia, colonoscopia, antiácido, comprimido verde, comprimido vermelho. Nada. Depois de passar por uma legião de gastro acabei no consultório do Joffre na Clínica do Aparelho Digestivo, ao lado Castrois Hotel. Mostrei todos os exames. Os remédios. Sem se alterar ele me passou um tranquilizante. Tomei uma semana. Sarei. Joffre lia a alma das pessoas, assim como faz seu contemporâneo Luiz Rassi. Dizia-me (ele não aceitava que eu começasse as frases com pronome possessivo) que de cada 10 doentes, nove não tem nada. Elogiava o que chamava de minha "capacidade de trabalho". Sempre sério, sorria poucas vezes. Recebeu em vida todas as láureas profissionais e acadêmicas. Até o último momento manteve seu olhar vívido e interessado em tudo ao seu redor. Um olhar de cientista, um olhar severo. Um olhar, acima de tudo, humano. Iúri Rincón Godinho é publisher da Contato Comunicação.

Morre Joffre Rezende, uma lenda da medicina brasileira

Morreu na segunda-feira, 26, em Goiânia, uma lenda da medicina brasileira (e não apenas goiana): o gastroenterologista Joffre Marcondes de Rezende (foto acima), de 93 anos. Ele era um dos maiores estudiosos mundiais da doença de Chagas. Joffre Rezende nasceu em Piumhi, em 19 de maio de 1921, e mudou-se para Goiânia em 1954. Ele foi professor da primeira turma de Medicina da Universidade Federal de Goiás e fundador da “Revista Goiana de Medicina” e seu primeiro editor. Editou-a durante 45 anos. É também o criador da biblioteca da Faculdade de Medicina. Era um professor do estilo enciclopedista, segundo ex-alunos. Autor de livros e artigos, Joffre Rezende era um sábio. Escrevia muito bem e sabia mais português do que muitos gramáticos. Seus textos são primorosos. No livro “Memórias de Nossa Gente”, editado pelo médico Hélio Moreira, há um excelente ensaio-biográfico sobre Joffre Rezende. Hélio Moreira escreve: “O Dr. Joffre Marcondes de Rezende é uma figura cuja imagem de homem culto ultrapassou os limites das suas circunstâncias; no entanto, sua personalidade extremamente reservada não tem permitido que a coletividade goianiense e, por extensão, a brasileira, o conheça na sua intimidade. Gostaria de exemplar o que estou afirmando com um simples fato: em 2009, ano em que se comemorava o centenário da descoberta da doença de Chagas, a Fundação Oswaldo Cruz/Editora publicou um livro que é um marco na literatura médica brasileira; foram selecionados para figurar nesta edição os 15 mais importantes artigos publicados nos últimos 100 anos a respeito do assunto — doença de Chagas, incluindo neste rol os do próprio descobridor da doença em 1909; para nosso orgulho, um dos artigos da lavra do Dr. Joffre foi um dos escolhidos; apenas para reforçar o valor desta seleção, sabemos que até 1999 haviam sido publicados, somente no Brasil, cerca de 10.100 artigos sobre a doença de Chagas. Dr. Joffre comentou este fato com poucos e mais próximos amigos, nada foi divulgado em Goiânia a este respeito!". Hélio Moreira, que sabe das coisas, está certo: Joffre Rezende era um grande médico, um mestre dos superiores e um homem de vasta cultura. Um humanista em tempo integral — sábio, civilizado e discreto. [A fotografia acima é da Universidade Federal de Goiás]

Morre Aloysio Campos da Vaz, o médico que criou a excelência do Hospital Sarah Kubitschek

“Alguém com domínio da técnica sem uma visão humanista torna-se uma pessoa perigosa”, disse o médico que reinventou o atendimento ortopédico, num hospital público, a partir de Brasília

Sai em fevereiro a biografia de Divaldo Franco, o sucessor de Chico Xavier

A jornalista Ana Landi, segundo a revista “Veja”, vai lançar, em fevereiro, a biografia do médium Divaldo Franco, de 87 anos, apontado como sucessor do médium dos médiuns, Chico Xavier. Lauro Jardim, da coluna “Radar”, afirma que Franco sustenta que se comunica “com os espíritos desde os 4 anos”. Ele já psicografou 300 livros e “adotou 700 crianças e jovens”. No texto de Ana Landi, publicado abaixo, fala-se em mais de 600 órfãos. Divaldo é o sucessor de Chico Xavier? Pai adotivo de mais de 600 órfãos, Divaldo Pereira Franco é considerado o maior médium do país. Especialistas creem que total de simpatizantes do espiritismo supere 30 milhões Ana Landi O Brasil é a nação com o maior número de seguidores do espiritismo, doutrina criada no século 19 por Allan Kardec, que teve em Chico Xavier sua maior expressão no país. Segundo o Censo 2010 do IBGE, cerca de quatro milhões de pessoas são espíritas. O número é considerado subestimado, pois o instituto considera apenas quem se afirma especificamente kardecista. Especialistas acreditam que o total de simpatizantes do espiritismo supere os 30 milhões. O cenário, no entanto, era muito diferente no início da década de 1930, quando, em uma Feira de Santana (BA) provinciana e predominantemente católica, as primeiras visões começaram a amedrontar o pequeno Divaldo Pereira Franco. Algumas visões eram terríveis. Por vezes tão cruéis, que o menino só conseguia dormir se refugiando na cama dos pais, de mãos dadas com a mãe, dona Ana. Outras, mais amorosas, tentavam consolá-lo ou enviar recados. Uma das primeiras a se identificar foi a avó dele, Maria Senhorinha. O espírito apareceu para o menino de 4 anos, pedindo que chamasse a filha. Divaldo não sabia o significado da palavra avó ou avô. Todos haviam morrido antes de seu nascimento. Dona Ana também não conheceu a mãe, morta por complicações no  parto. Mas o filho insistiu e ela o levou correndo à casa de uma irmã mais velha, Edwirges. Lá, a tia pediu a descrição da mulher que apareceu para Divaldo e ele a descreveu com detalhes. Desse momento em diante, Divaldo ganhou o apoio irrestrito da mãe. Com o pai, as coisas não foram fáceis. Durante anos, o homem simples,  comerciante de fumo, teve um único aliado para fazer o filho parar de falar com os mortos: um chicote feito de cipó de goiabeira. Como tudo começou O primeiro contato de Divaldo com o espiritismo foi em 1944. Mal tinha se recuperado de uma tragédia familiar envolvendo o suicídio da irmã Nair, ele enfrentou novo golpe. Um de seus irmãos, José, morreu vítima de um aneurisma. Em poucas horas, Divaldo deixou de andar e uma paralisia o deixou preso à cama por mais de seis meses.  Quem o curou foi uma famosa médium de Salvador, Ana Ribeiro Borges. Assim que o visitou, ela viu que o problema era espiritual. Seria reflexo da presença perturbadora de José. Aturdido pela morte inesperada, o moço estaria preso ao único na casa portador de mediunidade ostensiva. No mesmo dia, Divaldo voltou a andar. A partir daí, Divaldo iniciou suas atividades como espírita e não parou mais. Mudou-se para Salvador (BA) e abraçou em tempo integral a doutrina e as ações de caridade por ela pregadas. Em maio, ao completar 86 anos, celebra também mais de 65 anos ininterruptos dedicados à população carente e à atividade mediúnica. O médium já fez quase 15 mil palestras no Brasil e em 64 países lá fora. Psicografou mais de 250 livros que, juntos, venderam 10 milhões de exemplares. Nunca ficou com um único centavo das vendas. A renda é doada, em cartório, à sua maior obra: a Mansão do Caminho, entidade beneficente fundada há 60 anos, em Salvador. O complexo, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, fundado em 1947, tem 83 mil metros quadrados, mais de 50 prédios e atende diariamente a quase 5 mil crianças e jovens de famílias de baixa renda do bairro Pau da Lima, um dos mais carentes e violentos da capital baiana.Tem creche, escolas de ensino fundamental e médio e cursos complementares. Mantém ainda moderno centro de parto normal e laboratório de análises clínicas. Toda essa estrutura emprega mais de 300 funcionários e 400 voluntários em caráter permanente. Acolhimento de órfãos O trabalho assistencial de Divaldo começou no centro da cidade, com o recolhimento de órfãos. Centenas foram chegando, jogados às portas da instituição. Com o tempo, a casa ficou pequena. Com a ajuda de colaboradores, Divaldo e Nilson de Souza Pereira, seu braço direito, compraram o terreno de Pau da Lima, à época um grande aterro sanitário. Ali, construíram tudo praticamente com as próprias mãos. As crianças continuaram chegando. Divaldo adotou, em seu nome, mais de 600. E elas continuam chegando. (Texto extraído do site: http://irmasheila.blogspot.com.br/2013/03/divaldo-sucessor-de-chico.html)

PVC desmaia ao vivo durante apresentação de programa da Fox Sports. Virose e desidratação

Durante o programa “Rodada Fox”, da Fox Sports, no sábado, 24, o jornalista Paulo Vinicius Coelho, PVC, desmaiou ao vivo. Depois do susto, o apresentador Gustavo Villani esclareceu que PVC luta contra uma virose e teve queda de pressão. “Ele teve uma queda de pressão, perdeu estabilidade e teve uma queda no estúdio. Menos mal que não foi nada grave. A gente pode garantir que está sendo devidamente atendido aqui”, afirmou Villani. Ao final do programa, PVC reapareceu e disse que havia se desidratado. “Estou com uma virose e desidratado. Junto com o calor, me fez perder o centro de mim por um instante. Mas estou bem. Amanhã tem jogo, Cruzeiro x Shakhtar, e eu tô nessa. Juro”, disse.

Historiador Marco Antônio Villa adere à crítica panfletária aos governos do PT?

[caption id="attachment_26790" align="alignleft" width="250"]Livro de oportunidade e superficial escrito por um historiador gabaritado Livro de oportunidade e superficial escrito por um historiador gabaritado[/caption] Marco Antônio Villa é um dos historiadores mais brilhantes de sua geração. Pesquisa seus temas de maneira exaustiva e escreve bem, numa linguagem que, sem perder a disciplina acadêmica, o rigor com os dados, é inteligível para além dos campi universitários. “Vida e Morte no Sertão — História das Secas no Nordeste nos Séculos XIX e XX” e “Canudos — O Povo da Terra” são livros memoráveis, vazados numa prosa de escritor. “A História das Constituições Brasileiras”, embora sintético, tem seu valor, explicando, de maneira didática, as principais características de cada Carta Magna e o significado em seu tempo. “Jango — Um Perfil” é uma análise contundente do presidente João Goulart. Nada comparável à solidez de “João Goulart — Uma Biografia”, de Jorge Ferreira. Mas é um bom livro. Porém, de repente, os livros de Villa perderam densidade. Não que sejam ruins ou desonestos. Não são. Mas o historiador rigoroso parece que, encantado pelo discurso liberal de seus “parceiros” na revista “Veja”, se tornou um “cruzado”. Digo “pa­re­ce” porque ainda estou avaliando suas obras. “Um País Partido — 2014: A Eleição Mais Suja da História” é seu último livro. O objetivo de um título é “vender” reportagens e livros. Só que, no caso, o título é por demais abrangente. Claro que se trata da história do Brasil, mas isto não aparece na capa. O principal problema é que a obra não prova, comparando todos os períodos da história do País, que as eleições de 2014 foram as mais sujas “da história”. Fica-se com a impressão de que Villa escreveu uma reportagem, até apressada, e não um livro de história. “Década Perdida — Dez Anos de PT no Poder” não é um livro ruim, mas, de novo, parece mais uma reportagem, talvez um ensaio (ou artigo) longo, do que um exame detido dos anos petistas. A obra apresenta os problemas “criados” pelo PT no poder, tanto políticos quanto econômicos, para não incluir os morais, mas um economista e um cientista políticos atentos certamente, examinando a análise de Villa e os dados do período, não concluirão que a década foi (inteiramente) perdida. É possível que concluam que, apesar de tudo, o País avançou, em vários campos, e não apenas no social. É provável que o “ensaio” de Villa seja tributário, ao menos em parte, das análises da revista “The Economist”. Faltam elementos para conclusões taxativas. Pesquisas nuançadas e distanciadas são escassas e faltam análises detidas, menos engajadas, a respeito dos governos do tucanato e do petismo. O que há são textos de combate político-ideológico. Esta nota é uma ressalva de um leitor que respeita a massa crítica reunida por Villa, mas lamenta uma certa superficialidade nos trabalhos recentes. Sua obra abriu espaço para um certo tom panfletário.

O marqueteiro brasileiro que elegeu sete presidentes da República em vários países

livro_1qUIbeLuiz Maklouf Carvalho, um dos mais experimentadores repórteres brasileiros e autor de livros importantes na área de história — sobre a Guerrilha do Araguaia e a respeito do PT —, lança pela Editora Record a obra “João Santana — Um Marqueteiro no poder” (252 páginas). Trata-se de um perfil biográfico. Duda Mendonça “fabricou” o primeiro Lula, revestindo sua imagem e ideias de certa modernidade, tornando o mais clean e contemporâneo. Mas quem consolidou Lula da Silva, sobretudo depois do desastre do mensalão, foi o marqueteiro e jornalista João Santana, que arrancou o ex-presidente das cinzas e, até, de uma suposta depressão (ou pelo menos melancolia). A segunda missão de João Santana era transformar um poste, Dilma Rousseff, numa candidata a presidente da República aceitável e “comprável”. Por ser inflexível — consta que, pessoalmente, é incorruptível (certas corrupções são mais morais do que financeiras) —, durona e intelectual, a petista era resistente ao trabalho do marqueteiro. Aos poucos, sob pressão e orientação de Lula da Silva (espécie de pai postiço para a presidente), foi aceitando ser moldada, ou ligeiramente “construída”. O resultado é que, embora não tenha se tornado muito simpática, tornou-se mais palatável e foi eleita e reeleita presidente. É provável que João Santana tenha cristalizado, sobre toda a lama pisada e repisada pelo PT e seus aliados, uma espécie de imagem de esfinge para Dilma Rousseff. Com habilidade, firmou a ideia de que se trata de uma política séria — aliás, mais técnica do que política — e não contaminada pelo lodaçal do petrolão. A fama de João Santana alastrou-se pela América Latina e ele fez campanha em outros países. O estelar baiano parece ter tomado a fama de mago do marketing político de Duda Mendonça.