Para produtores de soja de Goiás, preços atuais e juros altos podem prejudicar economia do Brasil em 2025, apesar de safra recorde

22 fevereiro 2025 às 21h00

COMPARTILHAR
A safra de grãos em Goiás para 2024/2025 promete ser a maior da história, com uma estimativa de produção superior a 19 milhões de toneladas, segundo o Instituto para Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag). O aumento expressivo em relação à safra anterior, que registrou pouco menos de 17 milhões de toneladas, se deve principalmente à expansão da área plantada e às condições climáticas favoráveis. Esse crescimento reforça a posição do estado como um dos principais produtores de soja do Brasil, ocupando a terceira colocação no ranking nacional.
Apesar do cenário positivo em termos de volume de produção, os produtores enfrentam desafios que vão além do campo. O aumento na oferta global de grãos, impulsionado por colheitas expressivas no Brasil, Argentina e Estados Unidos, tem pressionado os preços para baixo. Além disso, questões econômicas, como taxas de juros elevadas e dificuldades no acesso ao crédito, têm preocupado os agricultores, que veem sua margem de lucro cada vez mais reduzida.
Outro fator de preocupação para o setor agropecuário é o impacto das condições climáticas adversas, que já comprometeram parte da produção. Chuvas excessivas e episódios de granizo afetaram a produtividade em diversas regiões, levando alguns produtores a revisarem suas expectativas para a safra. Esse contexto evidencia que, apesar da safra recorde, o agronegócio goiano ainda enfrenta desafios estruturais e conjunturais que exigem atenção e planejamento.

O Jornal Opção ouviu produtores e instituições que representam o setor agrícola para entender a realidade de quem realmente produz soja em Goiás. Veja a seguir os depoimentos
Produtores de soja
Evandro Vilela aponta desafios na safra de soja e alerta para dificuldades do setor
O presidente do Sindicato Rural de Jataí e produtor de soja, Evandro Vilela, afirmou que a safra deste ano não irá superar as expectativas iniciais. Segundo ele, fatores climáticos como chuvas excessivas e granizo comprometeram a colheita e a produtividade.

“A expectativa nossa era bem boa, de uma safra recorde este ano, mas infelizmente isso não está se concretizando. Já temos mais de 50% das áreas colhidas, e as condições climáticas adversas, como chuvas de granizo e volumes acima do normal, têm prejudicado a colheita”, explicou.
O produtor ressaltou que, além do impacto do granizo, as chuvas constantes dificultam o trabalho no campo e fazem com que a soja passe do ponto ideal de colheita. “Quando isso acontece, a planta perde peso e a umidade aumenta, acarretando prejuízos ao produtor rural”, alertou.
Desafios também na segunda safra
A segunda safra, de milho, já teve início em Jataí, mas também enfrenta dificuldades. “Já começamos com problemas, como chuvas de granizo que prejudicaram o desenvolvimento inicial da cultura. Além disso, estamos plantando um pouco fora da janela ideal, que se encerra em 20 de fevereiro. A partir de agora, cada dia que passa a produtividade tende a cair, devido à redução do fotoperíodo”, afirmou Vilela.
Ele enfatizou que a expectativa inicial era de uma produção recorde, mas os eventos climáticos podem comprometer esse resultado. “Há muita soja pronta para ser colhida que ainda está no campo. Cada dia de atraso significa perda de peso e qualidade. Estimamos que, para cada ponto percentual de umidade que cai abaixo de 14%, haja uma redução de aproximadamente 1,5% no peso da soja”, disse.
Preços abaixo do esperado
Além dos desafios climáticos, o produtor rural também enfrenta dificuldades com os preços. “Hoje, estamos vendendo a soja a valores próximos aos do ano passado, mas com custos muito mais elevados. O aumento do preço dos combustíveis, por exemplo, impactou o frete em até 15%”, destacou.
Ele também alertou para o impacto da inflação nos custos de produção. “A soja do ano passado já não estava remunerando bem, e este ano a situação está ainda pior. Se considerarmos as perdas causadas pelo clima e o aumento nos custos, a margem de lucro do produtor está comprometida”, pontuou.
Endividamento e preocupação com o futuro
Diante desse cenário, muitos produtores podem enfrentar dificuldades financeiras. “O produtor que não tem dívidas de safras anteriores pode conseguir atravessar esse período. Mas aqueles que já estavam endividados terão ainda mais dificuldade”, alertou Vilela.

Ele apontou um aumento nos pedidos de recuperação judicial no setor e destacou que isso também afeta as empresas que financiam a safra. “Se os produtores deixam de pagar, essas empresas também acabam entrando em recuperação judicial. Isso afeta todo o setor, pois muitas dessas empresas são responsáveis por financiar o plantio. Com menos crédito disponível, a próxima safra pode ser ainda mais difícil”, alertou.
Cenário político e futuro do setor
Para Vilela, o atual cenário político no Brasil não é favorável ao agronegócio. “O governo não tem dado suporte suficiente ao produtor rural, especialmente no acesso a financiamentos. Os bancos exigem um histórico financeiro impecável, e qualquer pendência impede o acesso ao crédito rural”, criticou.
Ele também expressou preocupação com o impacto desse cenário sobre a produção de alimentos. “Se o produtor não consegue financiar sua safra, ele sai do mercado. Isso reduz a oferta de produtos, o que pode levar ao aumento dos preços no varejo, afetando toda a população”, concluiu.
Produtor destaca desafios e potencial do agronegócio em Chapadão do Céu
O produtor de soja e presidente do Sindicato Rural de Chapadão do Céu, Thomás Peixoto, ressaltou que a região goiana é privilegiada para a produção agrícola, mas enfrenta desafios relacionados a infraestrutura, política econômica e acesso ao crédito.
“Chapadão do Céu está acima de 800 metros de altitude, com terras vermelhas e argilosas. Temos um grupo seleto de produtores altamente tecnificados e capacitados, que investem pesado na produção”, afirmou Peixoto. Segundo ele, a produtividade da região é um termômetro do setor agropecuário em Goiás. “Se um dia Chapadão do Céu estiver produzindo mal, a situação no estado deve estar muito crítica.”

Apesar do potencial produtivo, Peixoto criticou a falta de investimentos em infraestrutura. “Estamos entre os dez municípios mais ricos do estado e não temos logística adequada. Para o norte, sentido Mineiros, as condições são piores que estrada de chão. O Oeste é todo de estrada de terra. A melhor rota ainda é para o Mato Grosso do Sul.”
Impacto da economia e política no agronegócio
O produtor também comentou sobre as dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor. “Os custos de produção são altos e, em anos de baixa remuneração, precisamos de alta produtividade para sobreviver. O mercado é cíclico, e estamos saindo de um ciclo de baixa. As perspectivas para os grãos são boas, mas há muitas incertezas.”
Peixoto demonstrou preocupação com o cenário político e econômico nacional. “O governo federal gasta mais do que arrecada e, em vez de cortar custos, aumenta impostos. O agronegócio sempre acaba sendo alvo. O governo não transmite segurança para quem produz, nem para a classe baixa, média ou alta.”
Crédito e impacto na expansão do setor
O acesso ao crédito é outro entrave. “Produzir um hectare de soja custa entre R$ 5 mil e R$ 6 mil. Um produtor médio que planta de 500 a 1.000 hectares precisa de até R$ 6 milhões em capital. Com juros acima de 15%, a soja não tem remunerado o suficiente para cobrir esse custo.”

Para Peixoto, isso reflete na falta de investimentos no setor. “Se pudesse, o produtor transformaria seu patrimônio em dinheiro e aplicaria no banco. O risco da atividade é alto. Nos últimos anos, muitos investiram pesado achando que a alta da soja seria permanente, mas os preços despencaram.”
Perspectivas para o futuro
Mesmo com os desafios, Peixoto reforçou o compromisso dos produtores em manter a produção. “Nosso papel é continuar produzindo, pois, muita gente depende do agro. Mas o cenário político e econômico pode levar a um desaquecimento do setor.”
Ele também apontou uma mudança no comportamento dos produtores. “Nos últimos anos, todos estavam acelerando, expandindo, contratando. Agora, com a incerteza econômica, o freio está sendo puxado. Já vemos mais gente buscando emprego, coisa que não acontecia há dois anos.”
Por fim, Peixoto alertou para os impactos da instabilidade política no setor produtivo. “A insegurança jurídica assusta o empresariado. Empresas sendo bloqueadas, jornalistas e políticos perseguidos, isso tudo gera desconfiança. O produtor não tem medo de investir, mas ele só investe quando sente que pode confiar no futuro do país. Por isso, hoje, ele pisa no freio e espera antes de dar o próximo passo.”
Apesar de uma boa produtividade na safra de soja, os produtores enfrentam dificuldades devido ao alto custo do crédito, segundo Eduardo Peixoto, agricultor do município.
“A produtividade está sendo muito boa, e o preço está razoável”, afirmou Peixoto. No entanto, ele destaca que o acesso ao crédito se tornou um dos principais desafios do setor. “O crédito está muito caro. O percentual de empréstimo está muito alto, e o agricultor que está alavancado está tendo dificuldade para pagar”, explicou.

O cenário de oferta global também impacta o mercado. “Nós estamos sujeitos à oferta, e o mundo tem uma produção elevada. Quem tem os pés no chão está bem, mas quem está alavancado está mal”, avaliou Peixoto.
Segundo o produtor, o preço da soja caiu significativamente nos últimos anos. “Já tivemos anos com a saca a R$ 180. Hoje está R$ 120. Caiu muito. Quem está muito alavancado está enfrentando dificuldades, porque o crédito está escasso e caro”, disse.
Peixoto explica que estar alavancado significa ter assumido dívidas além da capacidade de pagamento. “É quando o produtor dá um passo maior que a perna. Pegou muito dinheiro no banco e agora está tendo problema para pagar. Está endividado”, detalhou.
Além do crédito, a infraestrutura precária também preocupa os produtores. “O que a gente mais depende é de infraestrutura. Precisamos de estradas melhores, com menos problemas. Tem muito prejuízo com caminhões quebrando, por exemplo”, pontuou.

Sobre o papel do governo, Peixoto acredita que os bancos oficiais oferecem melhores condições de crédito do que os bancos privados. “No geral, não está fácil para o produtor. Tem que estar bem ajustado para não ter problemas. Muita gente está pedindo recuperação judicial”, concluiu o agricultor, que cultiva 5.000 hectares na região.
Produtor de Rio Verde diz que os altos preços dos insumos e a queda no preço da soja, é um desafio
A safra de soja em Rio Verde, Goiás, deve se manter dentro da média esperada pelos produtores. Segundo José Roberto Brucceli, produtor da região, a produtividade deve girar em torno de 66 sacas por hectare. “A média do estado é essa, e os produtores esperam colher nesse patamar”, afirmou.

Entretanto, apesar da estabilidade na produção, os preços da soja preocupam. “Os preços estão muito achatados. Hoje, aqui em Rio Verde, a saca está em torno de R$ 114. Descontando impostos e taxas, cai para R$ 107”, explicou Brucceli. Ele atribui essa queda à alta oferta do grão no mercado global. “O produtor brasileiro se empolgou quando a soja chegou a R$ 170 em 2021 e 2022. Abriram-se muitas novas áreas de cultivo, e agora estamos colhendo 165 milhões de toneladas, contra os 140 milhões de 2020”, destacou.
O aumento da produção também ocorreu fora do Brasil. “A safra foi excelente na Argentina, Uruguai, Paraguai e nos Estados Unidos, que teve a melhor colheita dos últimos 10 anos”, acrescentou Brucceli. Com estoques reguladores elevados, os preços da soja naturalmente recuaram.
Por outro lado, os custos de produção não seguiram essa mesma tendência. “Os insumos continuam caros, e o dólar alto impacta diretamente. Como tudo é dolarizado, os fertilizantes e defensivos seguem pesando no bolso do produtor”, ressaltou. Esse cenário tem levado muitos agricultores a dificuldades financeiras. “A agricultura hoje é um péssimo negócio. Se o ano for excelente, você empata. Se tiver qualquer problema, o prejuízo é certo”, lamentou.
Brucceli também destaca que muitos produtores estão endividados. “Precisamos de vários anos bons para equilibrar as contas, mas isso é difícil. Quando há alta produção, os preços caem. Quando os preços são bons, falta produção. Nunca andam juntos”, observou. Ele citou o caso do Rio Grande do Sul, que enfrenta dificuldades climáticas consecutivas. “Parece uma praga. Faz mais de cinco anos que não conseguem colher uma safra boa.”
A alta taxa de juros também agrava a situação. “O juro elevado consome o capital do produtor. Muita gente está entrando em recuperação judicial, o que nunca foi tão comum como agora”, afirmou Brucceli. Ele também criticou a condução econômica do país. “O governo está perdido, e a tendência é de piora no cenário econômico, o que impacta diretamente a agricultura.”
Sobre a ferrovia Norte-Sul, que poderia trazer ganhos logísticos para os produtores, Brucceli demonstra ceticismo. “A ferrovia é uma ferramenta a mais, mas não tem concorrência. A Rumo é a única operadora e cobra apenas 5% a menos que o frete rodoviário. Se houvesse mais empresas operando, a história seria diferente”, criticou.
Diante desse cenário, os produtores de soja seguem tentando equilibrar produção, preços e custos para manter a sustentabilidade do negócio. “No geral, a situação está ruim. O produtor está endividado e sem perspectivas de melhora rápida”, concluiu Brucceli.
Xico Trindade, analista comercial do Grupo Faedo, de Rio Verde
Xico Trindade, analista comercial do Grupo Faedo, de Rio Verde, apontou alguns fatores que têm influenciado o mercado agrícola neste início de safra. Ele afirmou que “o preço está sendo pressionado pela oferta que está vindo dessa safra e da safra 23/24”. Apesar de a safra ter sido difícil, com condições adversas para a produção, Trindade explicou que “teve também uma produção grande de soja, então ainda tem estoque da safra passada”, o que acaba “pressionando os preços para baixo nesta safra”.
Sobre a questão do crédito, ele destacou que a situação não é fácil para o produtor: “Está bem caro com a Selic só subindo nas últimas duas reuniões do Copom, então isso acaba pressionando o juro e tendo impacto lá na ponta para o produtor”. Embora algumas empresas estejam oferecendo crédito, ele adverte que “está caro ainda esse crédito, não é um crédito subsidiado”.

Trindade também comentou sobre a importância do terminal em Rio Verde, destacando que “foi uma coisa que beneficiou bastante a região”, com a capacidade de movimentar mais de 3 milhões de toneladas por ano. “O volume de movimentação é muito grande, e a cidade e a região como um todo estão no meio de um corredor logístico”, completou. Ele mencionou que esse terminal movimenta “em torno de R$ 1 bilhão de reais por ano”, o que representa um impacto significativo na economia local.
Quanto à política econômica, o analista observou que a alta dos juros reflete a incerteza fiscal do atual governo, o que impacta diretamente nas decisões do Copom. “Os juros estão subindo por conta dessa incerteza, e já são três reuniões seguidas de aumento”, afirmou Trindade. Ele apontou que em dois meses, a taxa subiu dois pontos percentuais, o que tem gerado um impacto considerável para o setor produtivo.
Por fim, sobre a produção, Trindade trouxe uma visão positiva sobre o desempenho deste ano. “Os campos de produção estão bem bonitos, e a produção está muito boa em comparação com o ano passado”, comentou, acrescentando que “a superoferta vai pressionar os preços para baixo”. No entanto, ele acredita que essa superprodução possibilitará uma maior geração de caixa, embora os preços estejam mais achatados.
Chuvas favorecem safra de soja em Quirinópolis, mas preços preocupam produtores
O produtor de soja Ângelo Rodrigues Piloto, que cultiva a oleaginosa no município de Quirinópolis, avaliou a safra atual como positiva, apesar dos desafios do mercado. Segundo ele, as chuvas foram constantes ao longo da temporada, favorecendo a produtividade da lavoura.
“O ano foi muito chuvoso, apesar de ter começado a chover um pouquinho mais tarde que o comum aqui. Normalmente, as chuvas iniciam em meados de setembro, mas, neste ano, vieram apenas em outubro. De lá para cá, não tivemos nenhum veranico expressivo que pudesse baixar a produtividade da soja”, afirmou Ângelo.
De acordo com ele, os rendimentos estão acima da média. “As colheitas até agora foram muito boas, com produtividades acima de 70 e 80 sacas por hectare”, disse. No grupo de produtores ao qual pertence, a expectativa é de uma produção total de 70 mil sacas, um volume 20 mil sacas maior do que o do ano passado.

Preços baixos preocupam
Mesmo com o bom volume colhido, os preços da soja têm sido motivo de atenção para os agricultores. “Como a oferta de soja aumentou devido ao clima favorável, os preços não reagiram e continuam baixos desde o ano passado. Aqui na região, a soja está sendo precificada em torno de R$ 115 a saca. Já tivemos picos de R$ 180 a R$ 190”, pontuou Ângelo.
No entanto, ele considera que a alta produção compensa, em parte, os valores reduzidos. “Para ser bem sincero, é melhor um ano em que produzimos bem e o preço não vai tão bem, do que o contrário. Quando a produção é baixa e o preço sobe, não adianta muito, porque não temos o que vender”, explicou.
Insumos e estratégia para 2025
Outro fator que tem pesado no planejamento dos produtores é o custo dos insumos. Segundo Ângelo, os fertilizantes tiveram um aumento significativo. “No ano passado, conseguimos comprar adubo com preços bons. Mas agora, o fósforo e o potássio subiram entre 30% e 40%. Para a próxima safra, precisamos esperar o momento certo para não fazer um mau negócio. O dólar também está alto, e isso impacta bastante.”

Questionado sobre o cenário para 2025, o produtor acredita que ainda é cedo para prever uma redução de área plantada. “Para isso acontecer, teríamos que ver uma combinação de preços muito baixos e insumos muito caros. Mas não acredito que o Brasil, e principalmente nossa região, vai diminuir a área de soja. Pelo contrário, acho que pode até aumentar.”
Infraestrutura e dificuldades logísticas
Além dos desafios com custos e preços, Ângelo destaca a deficiência na infraestrutura da região como um dos principais entraves ao escoamento da safra. “Vamos sofrer muito na segunda quinzena de fevereiro e em março para transportar a produção do Centro-Oeste. A oferta de armazéns é precária, e as rodovias continuam ruins. Temos algumas estradas de terra e até trechos asfaltados em péssimas condições.”
O frete é outra preocupação. “Os custos já estão subindo. A falta de infraestrutura pesa diretamente no preço do transporte”, alertou.
Por outro lado, ele ressalta a importância das ferrovias e hidrovias para reduzir as dificuldades logísticas. “O terminal rodoferroviário de Rio Verde e o hidroviário de São Simão são fundamentais para nossa região. Sem eles, estaríamos em uma situação ainda mais delicada. Mas precisamos melhorar os acessos a esses terminais”, destacou.
Crédito e investimentos
Outro ponto de preocupação é o acesso ao crédito para o setor. “Os bancos e as revendas que costumam financiar a produção estão com juros muito altos, acompanhando a Selic. O momento econômico do país não está favorável para investimentos”, explicou.
Para ele, a solução é cautela. “Não podemos ter pressa para fazer um negócio ruim. O produtor precisa analisar bem antes de fechar compras para a próxima safra. No ano passado, os melhores momentos para comprar insumos foram em fevereiro e março. Depois disso, os preços só subiram. Este ano, a estratégia tem que ser ainda mais cuidadosa.”

Com a combinação de altos custos e dificuldades logísticas, a expectativa é que os desafios para os produtores de soja continuem nos próximos meses. Enquanto isso, Ângelo e outros agricultores seguem atentos ao mercado e ao clima para garantir uma boa rentabilidade na safra.
Leia também:
Quem são e de onde vieram os grandes sojicultores de Rio Verde, Goiás
Conheça a história da cooperativa que abriu o Cerrado para o agro e revolucionou a economia
Número de pedidos de recuperação judicial de produtores rurais triplicou em 2024