De acordo com a Serasa Experian, provedor de crédito, o número de produtores no Brasil que solicitaram recuperação judicial triplicou no segundo trimestre de 2024, em comparação com 2023, saltando de 34 para 121. Vale destacar que os produtores de soja representam a maior parte dessa estatística, com 53 pedidos.

Entre as principais razões para esse aumento estão o elevado custo dos juros, a desvalorização das commodities, a queda dos preços dos grãos e os custos mais altos de produção, devido ao aumento do preço dos insumos. Apenas no primeiro trimestre do ano passado, 86 produtores solicitaram recuperação judicial.

A crise não afeta apenas os produtores, mas também as empresas do setor agropecuário. Dados da Serasa Experian indicam que o número de empresas desse setor que recorreram à recuperação judicial também aumentou. Em 2024, 82 negócios buscaram esse recurso no primeiro trimestre, mantendo o índice do ano anterior. Este é o maior número registrado desde 2018.

Um exemplo notável dessa situação é a AgroGalaxy (AGXY3), uma das maiores fornecedoras de insumos agrícolas do Brasil. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial, o que gerou um alerta no mercado e evidenciou os desafios enfrentados pelo agronegócio em um cenário de clima adverso, valorização do dólar e juros elevados. Desde então, as ações da companhia caíram mais de 20%.

Astúlio Inácio Costa, produtor de soja e milho em Jataí (GO), é mais um a integrar essa lista. O produtor solicitou proteção contra credores com o objetivo de reestruturar suas dívidas, que somam R$ 190 milhões. Entre seus principais credores estão o Banco do Brasil, o Sicoob e o Bradesco.

Embora o número de pedidos de recuperação judicial por produtores rurais pessoas físicas tenham caído 50,4% no terceiro trimestre de 2024 em comparação com o trimestre anterior (totalizando 106 casos entre julho e setembro), conforme dados da Serasa Experian, o volume registrado ainda é consideravelmente maior do que o observado em anos anteriores.

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