Opção cultural
"Guerra Civil" é um filme com selo de qualidade Marvel e que inicia muito bem a fase 3 da Marvel nos cinemas, entregando tudo que você espera dele: comédia + ação + drama + 2 cenas pós-créditos
Ana Amélia Ribeiro
Especial para o Jornal Opção
Histórias voltadas para família, uma dose de aventura, uma pitada de drama, cenas pós-créditos, e o elemento X: alívio cômico. Assim surgiu o Universo Cinematográfico Marvel (MCU – sigla em inglês), em 2008, com o primeiro filme da saga Homem de Ferro. Após 8 anos e 13 filmes lançados, a franquia MCU tem uma das melhores arrecadações da história dos cinemas: mais de 9 bilhões de dólares no mundo todo. E a tendência é aumentar esse número, com o lançamento do filme “Capitão América: Guerra Civil” (GC) nos cinemas — estreou na quinta-feira, 28 de abril.
A franquia MCU é dividida em 3 fases distintas, com 6 filmes para desenvolver a trama central de cada etapa. Guerra Civil é o pontapé inicial da fase 3, mas antes de abordar a terceira etapa, vamos falar dos outros 12 filmes que precederam a “GC” nos cinemas.
Fase 1: avante, Vingadores!
A primeira fase do MCU começa em 2008 com o filme do gênio, bilionário, playboy e filantropo “Homem de Ferro”. O filme dirigido por Jon Favreau e protagonizado por Robert Downey Jr., foi um sucesso de crítica e público. O longa, além de mostrar que Tony Stark é capaz de montar uma armadura usando apenas sucatas dentro de uma caverna no meio do deserto do Oriente Médio, é também responsável por introduzir a agência secreta S.H.I.E.L.D, representado pela a figura do Agente Coulson — personagem criado especificamente para o cinema, interpretado por Clark Gregg, e que tem como incumbência reunir os heróis espalhados pelo mundo. Outro filme também de 2008, mas com pouca representatividade e muito conflito no Universo Cinematográfico Marvel, foi “O Incrível Hulk” chegou às telonas dirigido por Louis Leterrier e protagonizado por Edward Norton. O longa marca a recuperação dos direitos do personagem pela Marvel, mesmo que ainda exista o conflito entre a Disney e a Universal por conta da distribuição do filme. Aliás, por causa desse desentendimento, nenhuma das duas empresas pode produzir longa metragens solos do Hulk. Outro problema que a Marvel teve que encarar foi Edward Norton, que não quis dar continuidade ao personagem; para seu lugar, foi chamado o ator Mark Ruffalo. Um adendo importante de ser mencionado é que a Marvel enfrenta problemas com direitos de personagens há algum tempo, pois em 1990, durante uma grave crise financeira, quando a editora pediu concordata, ela cedeu os direitos de franquias como X-Men, Quarteto Fantástico, Demolidor e Homem-Aranha para outros estúdios. Somente há pouco tempo ela conseguiu um acordo com a Sony e trouxe de volta o cabeça de teia para o MCU, além de ter o seriado do Demolidor produzido pela Netflix. Mas, voltando à primeira fase do MCU, em 2010 chega aos cinemas o segundo filme do privatizador da paz mundial, Homem de Ferro, mais uma vez dirigido por Jon Favreau e protagonizado por Robert Downey Jr. O filme marca a entrada de dois personagens importantes para o desenrolar da trama: Natasha Romanoff, a Viúva Negra, vivida pela lindíssima Scarlett Johansson, e Nick Fury, interpretado pelo experiente Samuel L. Jackson, responsável pelas articulações para criação da Iniciativa Vingadores. [caption id="attachment_64978" align="alignright" width="300"]
Loki[/caption]
Em 2011, chega aos cinemas os primeiros filmes do Deus do Trovão e do Sentinela da Liberdade: “Thor” e “Capitão América: o Primeiro Vingador”. Enquanto Thor, interpretado por Chris Hemsworth, se passa nos dias atuais e é responsável pela apresentação do vilão, que todo mundo ama odiar, Loki, vivido por Tom Hiddleston — o causador dos ataques em Manhattan, em “Os Vingadores” (2012) —, em “Capitão América”, Chris Evans, interpreta um soldado rejeitado que participa de um experimento para se tornar um “supersoldado” durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a batalha final contra o Caveira Vermelha, Steve Rogers cai no mar e, devido à pressão e à profundidade, acaba congelado. Ele acorda muitos anos depois na base da S.H.I.E.L.D.
Depois de apresentar todos os personagens principais, em 2012 chega aos cinemas “Os Vingadores”, para encerrar a primeira fase do MCU. Dirigido por Joss Whedon, o filme bateu recordes de bilheteria. Os eventos do longa acontecem depois que Loki reaparece roubando o Tesseract e controlando as mentes do agente Clint Barton (Jeremy Renner), e o consultor físico Dr. Erik Selvig (Stellan Skarsgård).
Depois da invasão, Nick Fury convoca a Iniciativa Vingadores para salvar a Terra de Loki e da ameaça alienígena Chitauri, que ajuda o Deus da Trapaça a dominar a Terra em troca do Tesseract. Com a invasão acontecendo em Manhattan, a S.H.I.E.L.D. decide enviar um míssil para combater a invasão alienígena. Com isso, o Homem de Ferro agarra o míssil e lança na nave-mãe dos Chitauri, fazendo com que o exército alienígena seja destruído no exato instante em que os heróis conseguem fechar o portal, evitando assim a morte de milhões de pessoas e salvando a Terra. No final do filme, cada herói segue seu caminho e Loki é levado de volta para ser preso Asgard por Thor. É dessa forma que se encerra a primeira fase do MCU.
Fase 2: a “queda” dos Vingadores
A segunda fase do MCU começa com o último filme da trilogia do “Homem de Ferro”, o filme é de 2013 e é dirigido por Shane Black. O longa trás para as telonas um Tony Stark traumatizado com os acontecimentos de Manhattan e percebe que é só um homem com uma armadura de alta tecnologia. É uma película que se desenvolve bem, e tem uma premissa bacana, mas que é decepcionante por conta do vilão Mandarim. Nesse filme fica claro que a Marvel tem um problema na hora de recriar seus vilões para o universo cinematográfico. É um longa-metragem muito fraco se comparado aos outros filmes, porém, consegue ser melhor que “Thor: O Mundo Sombrio”, também lançado em 2013. O segundo filme do Deus do Trovão, apesar de ter como vilão o elfo negro Malekith, quem rouba a cena é Loki. Nessa fase, a Marvel começa a lançar dois filmes por ano: em 2014 estreou “Capitão América: Soldado Invernal” e “Guardiões da Galáxia”. A franquia, protagonizada por Steve Rogers, é a mais sólida dos filmes da Marvel e é um filme bastante empolgante; a película é dirigida pelos irmãos Anthony e Joe Russo. Em um filme cheio de coreografia de lutas, e com Sentinela da Liberdade enfrentando seu passado, o longa apresenta dois novos personagens importantes para a sequência de “Vingadores 2: Era de Ultron” e “Capitão América: Guerra Civil”: são eles o veterano de guerra Sam Wilson, o Falcão, e o mercenário treinado pela H.I.D.R.A, o Soldado Invernal. [caption id="attachment_64976" align="alignleft" width="300"]
Guardiões da Galáxia[/caption]
Em 2014, “Guardiões da Galáxia” chamou atenção por ser diferente, pois, apesar de seguir a fórmula de sucesso da Marvel no cinema, vai na contramão de tudo que foi produzido até então no MCU. O filme, dirigido por James Gunn, conta a história de um grupo de “super-heróis” até então desconhecidos do grande público (isto é, pessoas que não são fãs de quadrinhos). A película, que tem a melhor trilha sonora, conta a história do Senhor das Estrelas, Peter Quill (Chris Pratt), que une forças com Groot, uma árvore humanóide (Vin Diesel), o guaxinim Rocket Racoon (Bradley Cooper), Gamora (Zoe Saldana), e Drax, o Destruidor (Dave Bautista). Juntos, eles lutam para proteger um orbe que contém uma das Joias do Infinito contra vilão Ronan, da raça kree, que é um servo de Thanos.
Em 2015, estreou “Os Vingadores: A Era de Ultron”, um bom filme, com bons diálogos e novamente dirigido por Joss Whedon. O ápice do longa acontece em Sokovia, onde os Vingadores têm que impedir que a inteligência artificial Ultron — criado por Tony Stark, a partir da inteligência artificial encontrada na Joia do Infinito no cetro de Loki — levante grande parte da cidade em direção ao céu, com a intenção de lançá-la ao chão para causar a extinção global.
Juntamente com o herói Visão — a inteligência artificial J.A.R.V.I.S. que ainda está funcionando depois de ser atacado por Ultron — e os gêmeos Maximoffs (Pietro, que tem super-velocidade, e Wanda, que possuí telecinésia), os Vingadores “salvam” Sokovia. Porém, esses acontecimentos ainda irão repercutir bastante no futuro. Já no final do filme, Viúva Negra e Capitão América começam a treinar o que mais tarde serão chamados de Novos Vingadores. São eles: Máquina de Combate, Feiticeira Escarlate, Visão e Falcão.
Mas a grande surpresa de 2015 ficou nas mãos de “Homem-Formiga”, seguindo a linha de “Guardiões da Galáxia”: não existem heróis desconhecidos. O filme conta a história de Scott Lang (Paul Rudd), um criminoso que se vê envolvido em uma disputa de poder e que coloca em risco a segurança global. Na trama, o recém-saído da cadeia Scott Lang precisa ajudar o cientista Hank Pym (Michael Douglas) a impedir que o CEO inescrupuloso de sua empresa (Corey Stoll) crie um exército de homens do tamanho de formigas, desequilibrando o poder mundial.
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Homem Formiga[/caption]
A produção do filme foi um pouco conturbada, perdeu o diretor popular entre os fãs Edgar Wright (de “Scott Pilgrim Contra o Mundo”) e passou para as mãos de Peyton Reed. Só a Marvel para conseguir fazer um filme de sucesso de um super-herói “solo”, que só funciona em equipe nos quadrinhos. Um longa que consegue equilibrar comédia, ação e drama no bom estilo MCU, com personagens principais e coadjuvantes engraçadíssimos.
Fase 3: a ascensão dos Novos Vingadores
Enfim, no dia 28 de abril deste ano, estreou a nova fase do MCU: “Capitão América: Guerra Civil” (GC), o filme funciona como uma espécie de continuação da franquia de Vingadores, mostrando os integrantes do grupo pressionados por causa dos efeitos colaterais causados por suas ações, e se veem numa encruzilhada: ou passam a ser supervisionados pela ONU, ou encerram suas atividades de super-heróis. Opiniões diferentes causam uma divisão na equipe e, para piorar, o Soldado Invernal é envolvido em um atentado terrorista, o que os coloca em rota de colisão uns contra os outros. [caption id="attachment_64974" align="alignleft" width="300"]
Homem Aranha[/caption]
Depois de 12 filmes, a franquia MCU dá um salto importante, apesar de ser uma película que segue a formula mágica de sucesso, é um filme sólido que analisa a existência de super-humanos e as consequências de suas ações. Com a direção dos irmãos Anthony Russo e Joe Russo, nós temos um Tony Stark mais reflexivo e um Capitão América mostrando porque é considerado o Sentinela da Liberdade. E o filme não foca apenas na briga dos dois personagens, pois os coadjuvantes roubam a cena, literalmente. É incrível a forma como os irmãos Russo conseguiram trabalhar isso, apesar de ter uma história principal pesada, cheia de conflitos, eles conseguiram apresentar novos heróis sem atrapalhar o desenvolvimento da trama.
A película marca a entrada histórica do Homem-Aranha para o MCU, que depois de uma trilogia e um reboot feitos pela Sony, ele chega em grande estilo em “GC”. Tom Holland é simplesmente incrível como Homem-Aranha, não tem outra forma de descrever a atuação dele. Ele chega no filme para ser a “arma secreta” do Tony Stark, e é um dos destaques na principal cena de ação do longa, sem falar nas cenas de alívio cômico que ele protagoniza. Porém, ele é um personagem que dispensa apresentações.
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Pantera Negra[/caption]
Não sei como, mas a Marvel sempre consegue provar que não existem heróis desconhecidos. Em “GC”, ela apresenta um novo personagem: Pantera Negra (Chadwick Boseman). Uma palavra para descrever o personagem: EXCEPCIONAL! Sim em caixa alta, porque ele tem a mesma relevância na trama que o Homem-Aranha; tem diálogos bons, cenas de lutas memoráveis. O rei de Wakanda é feroz e mostra que não está ali de brincadeira.
O ponto baixo do filme, novamente, é o vilão Helmut Zemo, que poderia ter qualquer outro nome. É muito fraco e mal aproveitado, mas é um vilão típico da Marvel e que de certa forma funciona, porque ele conseguiu o que vilões de outros filmes — por exemplo, Ronan, Malekith, Monge de Ferro, Jaqueta Amarela e Caveira Vermelha — não conseguiram: obter êxito nos seus planos de destruir os super-heróis. Ele é um ser humano, sem dinheiro, sem poderes extraordinários, e seu único objetivo é destruir o Império dos Vingadores; e ele consegue. Ele deixa sua marca e cicatrizes que ainda vão ter reflexos no futuro de MCU.
Se você ainda não assistiu a “Capitão América: Guerra Civil”, corra para o cinema; é um bom filme com selo de qualidade Marvel. É um longa que entrega tudo que você espera do MCU: comédia + ação + drama + 2 cenas pós-créditos.
Ana Amélia Ribeiro, jornalista, fã de quadrinhos incondicional, DCnauta, Marvete e muito apaixonada pela Turma da Mônica
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Foto: Divulgação[/caption]
Entre 2 e 7 de maio, Goiânia recebe o festival de teatro Razões para Sonhar”. Em sua 2ª edição, o evento propõe uma programação voltada para bebês, adolescentes e crianças. São dez espetáculos que acontecem em sete diferentes locais da cidade. Na segunda-feira, às 12h, o Espaço Sonhus Teatro Ritual vira palco do “Txuu-Looso, Raio de Sol” da cia Theatro Arte e Fogo. Na terça, às 14h, o Sesc Centro recebe a Cia Flor do Cerrado com “O Pequeno Príncipe”. Quarta e quinta, em horários diversos, a Anthropos apresenta “Despertar da Primavera”, também no Sesc. Na sexta, às 20h, o palco é da cia Arthur Arnaldo (SP) com “Coro dos Maus Alunos”; e no sábado, às 16h, da cia La Casa Incierta, com “A Geometria dos Sonhos”. Ainda tem programação descentralizada que você confere na página do Facebook do festival. Os valores das entradas são diversos.
A fim de celebrar a diversidade e incentivar os intercâmbios culturais, potencializando a influência latina no Brasil, a Fósforo Cultural em parceria com a Difusa Fronteira abre a temporada 2016 do projeto La Bomba Latina, que acontece desde 2010, quando foram promovidos shows em Goiânia e Córdoba. A primeira edição do ano conta com o show do Francisco, El Hombre, que foi destaque no Bananada de 2015. A apresentação será na terça-feira, 3 de maio, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG). Com entrada franca, o show tem início às 20h. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria antecipadamente, a partir das 14h.
Na terça-feira, 3 de maio, as artistas plásticas Fabiana Queiroga e Filomena Gouvêa realizam a abertura da exposição “Entre Dois Olhares”, na Vila Cultural Cora Coralina. Em cartaz até 31 de maio, a mostra reúne trabalhos que revelam o corpo através de olhares das artistas; um jogo de transparências e sobreposições do corpo enquanto lugar de transição, memória e afeição. “Entre Dois Olhares” tem curadoria do artista plástico e professor da UFG Zé César. O vernissage começa às 19h e a entrada é franca.
- Por meio do Drops Vaca Amarela, projeto do festival goiano que acontece em setembro, costumeniramente, a Banda Mais Bonita da Cidade volta a Goiânia para uma apresentação no Teatro Sesi. - Com abertura do grupo de indie rock Components, a banda paranaense apresenta o show registrado em seu primeiro DVD. - Os ingressos de 1º lote custam R$ 15, a meia, e podem ser adquiridos on-line. O show tem início às 20h do sábado, 7 de maio.
LIVRO
Eu Sou o Peregrino
Romance de estreia do renomado roteirista britânico Terry Hayes, “Eu sou o Peregrino” é uma jornada épica contra um inimigo implacável.
Autor: Terry Hayes
Preço: R$ 59,90
Intrínseca
MÚSICA
Encontros
Zé Nogueira se junta a Arthur Dutra para explorar novas sonoridades através de temas nacionais de Villa-Lobos, Tom Jobim, Milton Nascimento e Jacob do Bandolim.
Intérprete: Zé Nogueira
Preço: R$ 29,90
Som Livre
FILME
Dias de Amor
Com uma incrível trilha sonora, o longa, numa mistura de comédia e drama, conta a história das amigas Andy e Liv, que se reúnem para espalhar as cinzas do pai de Andy.
Direção: Drew Denny
Preço: R$ 29,90
Europa Filmes
Festival começa às 19 horas de hoje (29/4) com entrada gratuita e tem com atração principal da noite o cantor pernambucano Otto
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Reprodução/Tumblr[/caption]
Raí Almeida
Especial para o Jornal Opção
Eu gosto de histórias curtas. Estas pequenas narrativas que costuram retalhos de vida nas frestas das horas; elas são como pequenas epifanias, sem relação obrigatória ao livro de Caio Fernando Abreu, que nos envolvem com tamanha força que, se durassem mais tempo que o necessário, nos sufocariam.
O mais fascinante, no entanto, é que elas são, acima de tudo, discretas. Costumam passar despercebidas. A gente se acostuma a ignorá-las e, por mais que estejam bem na nossa frente, não as enxergamos. É como um piscar dos olhos; você pisca e nem nota que aconteceu.
Vivemos com medo do relógio. Tememos que o tempo corra mais depressa do que possamos acompanhar e, na correria, tropeçamos em um cotidiano repetitivo e cada vez mais desgastante que nos engessa. Tornamo-nos insensíveis às peculiaridades que estão ao nosso redor.
Outro dia, fui ao barbeiro, o mesmo que vou desde que chovia em Goiânia, e o encontrei imensamente infeliz. Era quase fim do experiente de uma sexta-feira particularmente quente; uma fila de clientes aguardava atendimento e sua mulher havia pedido que ele fosse buscar o filho na escola que, por sinal, fica no mesmo quarteirão da barbearia.
Quando o sino bradou, lá foi o barbeiro contrariado por deixar os clientes esperando. De volta à barbearia, o menino disse ao pai que havia descoberto o que queria ser quando crescesse. Ao que o barbeiro perguntou com um desinteresse visível, o garoto respondeu que queria ser pintor de céu.
O barbeiro ocupado, bailando tesouras sobre os cabelos ralos de um homem de meia idade, não deu muita atenção. Eu, por outro lado, fiquei curioso com o desejo profissional do menino. Não pude evitar, perguntei-lhe por qual motivo ele queria pintar o céu.
Respondeu despreocupadamente que o desagradava ver o céu ser, quase sempre, azul ou preto. Isso faz com que as pessoas pensem que só têm duas opções na vida. Que coisa extraordinária a se pensar, perguntei-me como não me ocorrera antes. Fui embora.
No entanto, antes de chegar em casa, um desconhecido me cumprimentou. Era um senhor que estava agarrado às grades do portão, e mesmo sem nunca tê-lo visto, cumprimentei de volta, simpaticamente.
Curiosamente, ele não ficou satisfeito. Quis saber de mim, como eu estava; sem saber bem o que dizer, disse que estava bem. É o que todos dizem, respondeu ele amarrando a cara numa expressão de avô quando repreende o neto.
Disse-me que houve uma época em que as pessoas conversavam, importavam-se com o que o outro tinha a dizer. Mesmo que fosse um completo estranho. No que eu o ouvia, uma menina de uns treze anos escancarou a porta da frente da casa, caminhou em direção do portão como quem vai à guerra. Essa é minha neta, apresentou ele, ela veio me proibir de falar com você. Não leve para o lado pessoal, ela faz isso o tempo todo.
A menina sorriu para mim mais como uma obrigação do que por gentileza. Enquanto ela arrastava o avô pelo braço para dentro de casa, senti que também era puxado para fora de uma realidade paralela à nossa. Fui embora.
Às vezes, essas histórias podem ser mudas, mas cheias de significados, como o sorriso de um estranho na rua; vez ou outra, são barulhentas, como quando alguém canta seu amor debaixo do chuveiro. Outras vezes, são fortes como os abraços que afastam a saudade ou singelas como receber flores. Seja como for, são inúmeras. Cada uma com beleza e identidade única e, acima de tudo, são completamente desejosas de serem percebidas.
Bora descobrir quais as músicas mais escutadas pela equipe do Jornal Opção desta semana? Só dar play! Beyoncé – All Night BEYONCÉ - All Night//LEMONADE (Lyrics paroles... por mousic499 Beyoncé – Hold Up Hold Up (visual oficial) por videosvinface Beyoncé – Sorry BEYONCÉ - Sorry//LEMONADE (Lyrics paroles... por mousic499 Futuro – Mistério Guns N' Roses – I Used to Love Her Muse – Uprising Pearl Jam – Rearviewmirror Sebadoh - The Freed Pig The Neighbourhood – Daddy Issues
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Divulgação/Sesc Centro[/caption]
Da terça-feira, 26, ao sábado, 30, a cia goiana Pulo do Gato Arte e Comunicação apresenta o espetáculo “MilkShakespeare” nos palcos do Sesc Centro. Salvo na sexta-feira, em que acontece o show de Grace Carvalho, o teatro recebe a pela que conta a história do General Ricardo.
Prisioneiro de guerra, ele vive sob os cuidados dos enfermeiros Horário e Ana. Em busca de liberdade, os personagens se debatem na jaula dos próprios valores e crenças, em um duelo de vida e morte, onde ambas figuram como uma condenação eterna.
A apresentação celebra o aniversário de 400 anos de morte de William Shakespeare. “MilkShakespeare” arranca das tragédias clássicas uma tragédia própria, humana e contemporânea.
Serviço
Espetáculo “MilkShakespeare”, da cia Pulo do Gato Arte e Comunicação (GO)
Dias 26, 27, 28 e 30 de abril
Horário: 20h
Entrada: R$ 15, a inteira, e R$ 5, comerciários e dependentes
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Cartola e a mulher, Dona Zica | Foto: Reprodução[/caption]
Francisco Kleber Paes Landim
Especial para o Jornal Opção
O saudoso e excelente compositor e cantor carioca Ciro Monteiro possuía o apelido de formigão. Tal apelido foi cunhado em razão do insaciável apetite que possuía. Ciro possuía a conhecida fome pantagruélica; comia muito mesmo, era um guloso.
Aos sábados, era comum a Dona Zica, então esposa do grande compositor Cartola, preparar aquela feijoada. E a feijoada dela era um banquete dos deuses, simplesmente arrebatadora, deliciosa. Ciro era o primeiro a aportar na casa de Cartola e Dona Zica. Chegava bem cedinho, ficava bebericando e só saia por volta das 15 horas.
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Ciro Monteiro, o formigão | Foto: Reprodução[/caption]
Em um desses almoços, para variar, comeu feito um glutão. Ao terminar o almoço, foi diretamente ao banheiro.Pouco depois, atravessou a sala e começou a suar frio. Ficou morrendo de medo de ser a morte. Encostou-se na parede e ali ficou se lamentando do mal súbito. Um menino que se encontrava no almoço percebeu a situação e foi correndo avisar pra Dona Zica.
“Dona Zica, o formigão tá passando mal lá na sala. Tá friozim e suando.”
Imediatamente, Dona Zica, preocupadíssima com a situação, correu ao quintal, onde plantava ervas e colheu algumas para fazer um chá digestivo para o formigão. Em poucos minutos, estava feito o chá e Dona Zica se dirigiu à sala com a xícara em mãos e, logo, ofereceu ao Ciro: “Tome que vais ficar bonzinho com esse chá”.
Sem titubear, Ciro emendou de cara: “Ué, Zica, só o chá mesmo? Não tem nenhuma bolachinha pra acompanhar?”.
Ciro Monteiro - Falsa baiana
Realizado no dia 30 de abril, a 7ª edição do projeto reitera o crescimento de marcas autorais em Goiás; evento antecede as compras para o Dia das Mães [gallery type="slideshow" size="full" ids="60384,60386,60385"] A fim de proporcionar uma tarde de compras sem o tumulto dos shoppings e, assim, agradar as mães, a Feiríssima, um dos eventos mais importantes no segmento da economia criativa e de produtos de arte e cultura de Goiás, realiza mais uma edição na Vila Cultural Cora Coralina. Na tarde do dia 30 de abril, você aproveita o melhor da arte, moda, artesanato, fotografia, decoração, design e gastronomia desta 7ª edição. A Vila Cultural vira um ponto de encontro artístico, aliando economia e cultural. Você curte ainda o Engroove, um evento musical realizado pelo projeto Discompasso, que leva para feira os DJs Pri Loyola e Angelo Martorell. São mais de 40 expositores com produtos autorais que reiteram as novas formas de consumo consciente. “Nosso objetivo é sempre valorizar e apoiar a economia criativa local e sendo um espaço para pequenos produtores que, como nós, que amam o que fazem”, diz o coordenador da Feiríssima Flávio del Lima. Serviço Feiríssima Dia Das Mães Data: 30 de abril Horário: a partir das 14h Local: Vila Cultural Cora Coralina Entrada Franca
