Palco Giratório: a arte de novos olhares por todo o Brasil
04 junho 2016 às 11h26

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Realizado em diversas cidades, o festival de teatro, executado desde 1998, entra em cartaz em Goiânia com diversas obras de arte

“Pode ser só vida
Pode ser só sorte
Pode ser” — Grupo Carmin
Yago Rodrigues Alvim
Importante projeto de difusão e intercâmbio de Artes Cênicas no cenário cultural brasileiro, o Palco Giratório propõe a circulação dos mais variados gêneros de espetáculos que traduzem tradição e contemporaneidade nos palcos; isto, desde 1998. Em 2016, o Serviço Social do Comércio (Sesc), que realiza o festival, dá continuidade a uma programação que integra espetáculos, oficinas, mesas-redondas e palestras em diversas cidades brasileiras. E já há tempos, Goiânia tem a sorte de receber a arte dos Palcos que abre novos olhares.
Em uma programação estendida, os espetáculos — selecionados por meio de uma curadoria que prima pelas diferentes expressões artísticas e modos de criação — tem valores de entrada acessíveis a todo o público. Muitas das cias, a exemplo do Grupo Maicyra Leão, de Sergipe, realizam oficinas; os sergipanos já ministraram a oficina “Perfomagem”, no início do mês.
Em junho, ficam em cartaz os espetáculos “Lágrimas de Guarda Chuva”, do Grupo Arte & Fatos do CAC/PUC-Goiás, por meio do projeto integrado Intercâmbio Palco Giratório; e “Jacy”, do Grupo Carmin, do Rio Grande do Norte. Em junho, “O Rato”, da Pivete Cia de Arte paranaense, alegra a criançada; e, em agosto, a também paranaense Cia Pão Doce de Teatro apresenta “A Casatória C’a Defunta”. Em setembro e outubro, o Palco tem sequência com os espetáculos “Bendita”, da Cia baiana Sino e “Adaptação”, do Grupo brasiliense Teatro de Açúcar, respectivamente.
“Jacy”, do Grupo Carmin (RN), um dos melhores espetáculos de 2015
Aclamado pela mídia nacional como um dos melhores espetáculos do ano de 2015, o espetáculo “Jacy”, do grupo potiguar Carmin, tem apresentação única em Goiânia, por meio do Palco Giratório. A peça fica em cartaz na terça-feira, 14 de junho, às 20h, no Teatro Madre Esperança Garrido.
Dirigido pelo também dramaturgo Henrique Fontes, a peça conta a história real de Jacy. Nascida em 1920, ela teve seus pertences encontrados em 2010 em uma frasqueira abandonada em Natal. Tragicômico, o espetáculo fala do abandono de idosos, da política e do desenfreado crescimento urbano.
Hoje, Jacy chegaria quase aos 100 anos. Escrita pelos filósofos Pablo Capistrano e Iracema Macedo e com dramaturgia de Fontes, a peça é vivida pela atriz Quitéria Kelly e conta ainda na equipe com o cineasta Pedro Fiuza e o produtor Daniel Torres. “A investigação feita, a partir dos vestígios encontrados na frasqueira, revelaram fatos curiosos que têm ligação direta com a história de Natal e do Brasil desde a segunda guerra mundial, passando pela ditadura militar e o atual quadro político do Rio Grande do Norte”, diz Fontes.
A mulher vê sua vida e histórias jogadas no lixo e denuncia, assim, o descaso com os mais velhos, refletindo o devir das cidades que também envelhecem. Na capital potiguar, Jacy morre sozinha aos 89 anos, embalando os versos que “Pode ser só vida/Pode ser só sorte”.