Opção cultural

Pastor dono da igreja, astuto que era, começou a trabalhar o campo vagarosamente, semeando palavras aliciantes, e o rebanho de dizimistas foi crescendo, crescendo... O homem bamburrou com a burrice dos fiéis. Ficou muito rico

A autora portuguesa confere à obra seu olhar poético e peculiar, criando uma atmosfera em que a poesia assume relevância na adjetivação da paisagem e dos ambientes

Sua poesia extrapola barreiras e as imagens falam diretamente ao que temos de mais humano. E, depois de perder um braço, reaprendeu a escrever com a outra mão

Estar ciente do ocorrido (abusos infantis nas mais variadas ordens) não é uma tarefa fácil e sem preço a pagar. Esse é o perigo de estar lúcido

O desembargador Luís Cláudio Veiga Braga disse: “Hélio Rocha não morreu, apenas ausentou-se”. Luiz Vagner Jacinto, magistrado aposentado, homenageou o jornalista
A Academia Corumbaense de Ciências, Letras, Artes e Música (Ac-clam) ficou com seu auditório lotado E o motivo do grande número de pessoas foi uma homenagem póstuma prestada a um filho ilustre da cidade: o jornalista Hélio Rocha, cujo amor pelas letras veio de seu pai, Benedito Odilon Rocha. A sessão foi presidida pela presidente Ana Ruth Fleury Curado.

Ao contrário do filho, que transitou apenas no mundo das letras, Benedito Odilon Rocha foi músico (tocava saxofone e clarinete) e era compositor. Exceto o Hino Nacional, todas as músicas executadas na sessão da saudade voltada a Hélio Rocha foram executadas pela Corporação Musical 13 de Maio, que, em maio deste ano, completou 134 anos, o que a torna a banda mais antiga de Goiás e uma das mais antigas do país.
Coube a Luiz Vagner Jacinto, magistrado aposentado e membro da Ac-clam, o discurso da entidade. Ele é primo em segundo grau do mágico escritor do realismo fantástico José J. Veiga, também corumbaense, assim como Bernardo Élis: único goiano a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Luiz Vagner discorreu longa e pormenorizadamente sobre a trajetória de Hélio Rocha. E isso numa linguagem palatável. Mencionou trechos de alguns jornais que fizeram matéria após a morte do homenageado na sessão da saudade. Um deles é o Jornal Opção, numa matéria publicada em 5/3/2024 e assinada pelo jornalista Euler de França Belém, da qual citou um trecho: (Hélio Rocha) “um humanista que sempre queria o melhor para todos; um biógrafo que escrevia com o máximo de clareza, como um cronista e com a sapiência de um Edward Gibbon. Uma enciclopédia pré-Google, dada sua extraordinária habilidade de se lembrar de tudo e de todos, tornando-se uma fonte de informações dos demais jornalistas quando queriam saber o que não aparecia no portal de buscas”.

O desembargador Luís Cláudio Veiga Braga, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Goiás, após cumprimentar os integrantes da mesa, conduziu seu discurso de modo poético. Disse que não estava no evento movido de tristeza.
Em sua justificativa, Luiz Cláudio Veiga Braga recorreu ao poema “A Mário de Andrade Ausente”, de autoria de Manuel Bandeira: “Num poema que Bandeira escreveu ao grande amigo e poeta Mário de Andrade, disse: ‘Mário não morreu, Mário apenas se faz ausente. Hélio não morreu, apenas se faz ausente’”.
Em seu poema Manuel Bandeira diz: “Você não morreu: ausentou-se”. Os versos finais de Bandeira se encaixaram perfeitamente no propósito do discurso do desembargador em relação ao homenageado: “Saberei que não, você ausentou-se. / Para outra vida? / A vida é uma só. / A sua continua. / Na vida que você viveu. / Por isso não sinto agora a sua falta”.
Também tiveram a palavra o jornalista Bruno Rocha (filho de Hélio Rocha), que falou em nome da família, o ex-deputado federal Vilmar Rocha, o jornalista Valterli Guedes, que, além de comparecer como presidente da Associação Goiana de Imprensa (AGI), também representou o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, o promotor de justiça Jales Mendonça.

Os dois amigos lutaram em Tombstone, no duelo no curral OK, um dos mais célebres dos filmes de faroeste. Holiday era primo da autora do livro “E o Vento Levou”

Platão, discípulo de Sócrates, não tinha simpatia pelos poetas, achava-os nocivos à sociedade; em “A República”, ele expulsa os vates de Kallipolis, cidade idealizada, em que as artes deveriam trilhar o caminho ético-político

Com o melhor acervo de Goiânia, a Livraria Palavrear organiza sua feira de livros na quinta-feira. O show de jazz será na quarta-feira

Lista traz opções para todos os gostos, desde comédias românticas a thrillers de mistério, passando por adaptações literárias e releituras modernas da mitologia grega

O romance é daqueles livros nos quais os acontecimentos relatados pelo protagonista vão se desenrolando rapidamente, capítulo a capítulo, com surpresas e reviravoltas

“Não me considero um poeta. Escrevo poemas, o que é diferente. Falta-me, do poeta, essa procura consciente por uma obra”

Em nova obra, o prosador e poeta conta uma história de amor sem final feliz e reconstitui mais um episódio da rica história do Maranhão

Surgido como um produto tecnológico fruto da revolução industrial, o cinema transformou-se em arte após muitas críticas à sua existência em seus primeiros anos, em especial à sua natureza voyeurística, aproximando-se mais de peep shows e espetáculoscircenses do que de uma experiência propriamente estética. No princípio, mais do que contemplar, buscava-se vigiar e espiar, e os donos das primeiras salas de cinema pouco se importavam com a elevação do meio rumo à arte uma vez que seus bolsos estavam constantemente cheios.
Conforme inúmeras mudanças aconteceram no curtíssimo espaço de tempo que foram as décadas iniciais do século XX, entre as quais o crescente desinteresse por um meio que perdia sua novidade e, em contrapartida, o surgimento de uma linguagem cinematográfica estadunidense originada por D. W. Griffith, percebeu-se que a relação observacional do espectador para com a tela não deixou de existir. Pelo contrário, houve uma significativa mudança em como a audiência olhava para as imagens, especialmente quanto àquilo que buscava imaginar a partir dos 24 quadros por segundo. Conforme o inesperado deixou de ser inédito, o cinema viu-se na obrigação de transformar-se em sentimento.
Nesse sentido, conforme as audiências amadureciam lado a lado com o próprio cinema, urgia a criação de obras que falassem e dialogassem com as complexidades emocionais dos indivíduos que compravam ingressos e lotavam salas pelo mundo. Mundo esse que se tornava cada vez mais sombrio e cruel. Assim, entre as décadas de 1930 e 1950, a Sétima Arte consolidou-se, mais do que somente na relação de indivíduos para com o espaço em um recorte temporal de movimento, como 24 sentimentos por segundo. Sob essa ótica, nenhum cineasta é tão sentimental, completo, simultaneamente clássico e moderno como Nicholas Ray.
Falar de Nicholas Ray é falar de um olhar muito raro para com a própria sociedade estadunidense. Um olhar acusatório perante a sociedade enquanto simultaneamente afaga os excluídos e busca entender as vítimas das garras de um sistema econômico que não poderia interessar-se menos pelo que é ser humano. Surge assim Johnny Guitar, lançado em 1954 buscando olhar para um dos períodos mais violentos da história dos Estados Unidos.
Centrado na luta de Vienna, magistralmente interpretada por Joan Crawford, dona de um saloon que recebe os indesejados da região, contra as pessoas de bem que buscam apossar-se de suas terras, Johnny Guitar, intitulado graças ao personagem misterioso de mesmo nome interpretado por Sterling Hayden,é, para além de um filme genial, uma narrativa profundamente funcional em sua simplicidade. Mais do que isso, éuma obra-prima em que cada gesto é muito mais que um mero ato, mas sim uma confirmação simbólica de um olhar estético perante um gênero de muitas contradições que é o western, em um tempo no qual o mero ato de existir era uma pulsão de violência.
Pode-se chamar essa obra de anti-western, western definitivo, melodrama disfarçado de western, western camp... o que importa é que se trata de um dos (muitos) filmes definitivos do cineasta americano definitivo. Daquele que é, provavelmente, o gênero americano definitivo. Feito por um cineasta que, em um gênero profundamente problemático quanto ao trato das mulheres, posiciona duas personagens femininas como fios condutores da trama, isso ainda com alguns traços sutis e intertextuais de homoerotismo. Um cineasta que, em uma época de perseguições políticas cegas, coloca o establishment como o grande vilão da obra, em sua perene busca enquanto artista por defender os indefensáveis perante o olhar hegemónico e representar os esquecidos e não pertencentes. Há algo mais triste e comum do que simplesmente não pertencer?
Para além de um dos mais clássicos usos do tecnhicolor, Ray eleva seu uso corriqueiro da linguagem para além de suas costumeiras resoluções cénicas em um plano geral/conjunto mais alongado e, a posteriori, um contraplano mais próximo e mais um plano de descrição para um uso quase espiritual da luz. Uma luz muito chapada, onipresente e controlada que ilumina todas as ações quando há embates e que, quando o amor se revela, é reduzida a um mero recorte dos rostos a se fundirem e, quando o amor se finda momentaneamente, a luz natural quase estourada a mostrar como, naquele ambiente e naquela junção de espaços, não há nada nativo para além da violência.
Nicholas Ray foi, desde sempre, alguém com um viés social muito forte e que, ainda assim, por saber que é um artista, propõe muito mais um olhar estético e poético através de imagens-símbolos do que resoluções sociais. Não só por trabalhar em um período de censura arraigada em Hollywood, mas por compreender muito bem o papel do artista e a inutilidade da arte em si. E o final não poderia ser mais artístico. É a completa subversão em forma de romance. É um olhar sobre uma sociedade doente a partir de um dos mais belos olhares estéticos já feitos em celuloide. Afinal, não é para isso que existe o cinema?

Bosque dos Buritis é um diamante verde no coração de Goiânia. A biodiversidade por lá é rica. Há um porém: no interior da sua mata, existem alguns bichos que utilizam certos cantinhos de lá para fazer sexo e ainda deixam esses locais poluídos de preservativos usados e outros resíduos, que, de modo algum, deveriam ser deixados no parque

A poeta e a palavra se transubstanciam no mesmo cálice da poesia, conseguem a unicidade e nos oferecem em comunhão e em sacrifícios que purificam o profano