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Carol Majewski chegou ao seu apartamento acompanhando de dois homens, que roubaram dinheiro, notebook e outros pertences do repórter
A polícia sabe que dois homens podem ter assassinado, a facadas, o jornalista Carol Majewski, de 52 anos, no domingo, 14, no centro de Porto Alegre. Os criminosos levam notebooks, dinheiro e duas mochilas do profissional, que prestava serviço para a OAB-RS e trabalhou como repórter do “Zero Hora”.
A câmara do edifício onde morava o repórter mostra que ele chegou acompanhado de dois homens e, mais tarde, os homens desceram. O corpo foi encontrado pelo filho do jornalista na segunda-feira, 15.
A polícia sugere que se trata de latrocínio e que os criminosos conheciam Carol Majewski.
A família e amigos dizem que Carol Majewski era uma pessoa reservada. Era muito dedicado ao pai, de 87 anos.

“Pensar dói”, costumava dizer Geraldo Faria Campos. Sua forma de ensinar português e sua atitude humanizadora na relação com seus alunos o fizeram mestre inesquecível de gerações

[caption id="attachment_37759" align="aligncenter" width="620"] | Foto: Divulgação[/caption]
Conhecida por seus posicionamentos polêmicos e conservadores, a apresentadora Rachel Sheherazade ganhou as atenções na semana passada por dar um basta aos apupos dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em suas redes sociais. Tudo começou na quinta-feira, quando, diante do assédio dos “bolsominions” – apelido dado aos militantes mais radicais do pré-candidato –, a jornalista publicou, em sua página no Facebook: “Convido os seguidores de Bolsonaro, Lula ou quaisquer outros ‘messias’ a desfazerem amizade e deixar minha página limpa. De nada!”. A presença do nome do petista foi quase retórica, já que ela é considerada uma das principais desafetas da esquerda. O recado, então, tinha sido dado à militância do candidato da extrema-direita, o que causou espanto e revolta.
Muitos desacreditaram de que a autoria da postagem teria sido dela. Mas vieram outras: “Melhor ‘já ir’ vazando!”; “Estou amando as "manifestações" dos eleitores bolsonarianos. Continuem vomitando sua essência. Facilita e muito minha faxina!”; “Faxina no face a todo vapor! Continuem se manifestando para que meus administradores possam localizá-los. De nada!”; “Aviso aos Bolso hatters (sic). Fazendo o favor de descurtir a página. Tem gente boa querendo amizade e faltam vagas!”; “Em homenagem aos bolsominions que insistem em seguir minha página, todos os dias publicarei matérias sobre seu malvado favorito!”.
Sheherazade e Bolsonaro viviam em constante troca de elogios desde 2014, quando ela, diante da repercussão do caso de um menor preso a um poste por suspeita de furto, chegou a sugerir a “adoção de bandido” aos defensores dos direitos humanos. O deputado a defendeu no plenário e a amizade virou apoio mútuo.
O pivô da ruptura seria o namorado da jornalista, Matheus Farias Carneiro, ligado ao PSDB. Meses atrás, o filho do deputado e vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC), o acusou de usar Rachel “trampolim”, causando uma tensa discussão pelo Twitter. O fato é que está cada vez mais reduzida a lista de nomes da imprensa que levantam a bandeira de Jair Bolsonaro.

[caption id="attachment_114702" align="aligncenter" width="620"] Oprah Winfrey, Catherine Deneuve e Danuza Leão: militância da primeira recebe críticas das outras duas[/caption]
Durante a cerimônia do Globo de Ouro, a segunda premiação mais importante do cinema norte-americano, a apresentadora Oprah Winfrey deu voz ao protesto das atrizes presentes, que vestiram preto como forma de alertar para os assédios sexuais – Hollywood viveu, em 2017, uma sequência de denúncias de abusos que alvejaram o produtor Harvey Weinstein, o diretor e roteirista James Toback e atores consagrados como Dustin Hoffman, Steven Seagal e Kevin Spacey – este acusado de “conduta sexual inapropriada” por pelo menos 24 homens. Boa parte dos casos vem na esteira do movimento MeToo (“eu também”, em inglês), que provocou o reexame de situações alegadas de assédio sexual do passado e que tinham como foco figuras poderosas.
Do outro lado do Atlântico, a atriz francesa Catherine Deneuve provocou polêmica ao dizer que as vítimas, na verdade, eram os homens – tanto americanos como franceses – que teriam sido demitidos “somente” por “terem tocado num joelho, tentado roubar um beijo, falado coisas ‘íntimas’ durante um jantar profissional ou enviado mensagens de conotação sexual a uma mulher que não lhes correspondia”. No Brasil, a jornalista Danuza Leão considerou o Globo de Ouro “um grande funeral”. E acrescentou: “Toda mulher deveria ser assediada pelo menos três vezes por semana para ser feliz”.
Não se pode dizer que sejam declarações de pessoas imaturas. Danuza tem 84 anos e Deneuve, 74. Viveram todas as experiências possíveis como personalidades ligadas ao mundo do cinema, da arte e da comunicação. Ao mesmo tempo, ganharam, pela idade, um certo salvo-conduto para dizer o que realmente pensam. E disseram.
Resta saber: a quem servem as declarações da artista e da jornalista? Provavelmente há exageros e até mentiras absolutas entre as denúncias que alcançam atores, diretores, jogadores – o atacante Robinho foi condenado por estupro na Itália – e outras personalidades famosas. Isso não tira o peso do que há de real, chocante e traumatizante no uso e abuso da relação desigual de poder – seja físico, hierárquico ou financeiro – com vistas a benefícios sexuais.
Quem mais sai perdendo são as pessoas cuja voz fica amordaçada e anônima, longe dos palcos e holofotes: são as domésticas, as secretárias, as estagiárias. Aí está o grande desserviço que Danuza e Deneuve prestaram.
Em dois jogos transmitidos quase que simultaneamente pelo canal Sportv, dois erros crassos dos locutores fariam estremecer Ary Barroso e Fiori Gigliotti, mestres da arte de narrar futebol. O primeiro falou em “montação” do time, para, logo depois, corrigir para a palavra correta, “montagem”; na partida “vizinha”, praticamente no mesmo horário, seu colega de emissora explicava o que estava determinando o “saturamento” da equipe. Da mesma forma, ele retificou o termo para “saturação”. Em geral, o nível dos profissionais da imprensa esportiva nacional – apresentadores, narradores, comentaristas e repórteres – é satisfatório em relação à língua pátria. Até por isso, dois deslizes em seguida chamam a atenção. Menos mal que tenha sido em um torneio de menor apelo, a Copa São Paulo de Futebol Júnior.
É fato que a Rádio 730 tem como carro-chefe a programação esportiva, desde o tempo em que ainda se chamava Rádio K do Brasil, dirigida pelo hoje vereador Jorge Kajuru. Ao mesmo tempo, a emissora tem certamente a grade jornalística entre as que operam em AM. Por trás disso, a competência do diretor de jornalismo, Petras de Souza, que há anos comanda os trabalhos. Desde as 7 horas da manhã, o ritmo da redação mostra uma variedade de abordagens, seja do estúdio ou em externas, que é de longe a mais dinâmica entre as emissoras e chega a rivalizar com a Rádio CBN FM – com o detalhe de que o conteúdo é apenas local. Por outro lado, a Rádio Difusora de Goiânia vive momentos difíceis com a recente saída de profissionais que estavam há muito tempo em seus microfones. É o caso de Laerte Júnior – seu diretor de jornalismo desde os anos 80 –, Cleide Rocha e Humberto Aidar.

No cenário de tensão entre extremos ideológicos, o cantor não tem avaliado seu valor real como artista: tornou-se uma bandeira a ser atacada ou defendida

[caption id="attachment_114183" align="alignright" width="768"] Os sempre flagrados Neymar e Bruna, ou simplesmente “casal Brumar”[/caption]
Bem a seu estilo, o jornal-tabloide “Extra” publicou: “Bruna Marquezine e Neymar são ‘flagrados’ juntos em barco”. O uso do termo policialesco induz a pensar que namorar é crime ou escândalo, pelo menos em relação a certos casais. Outros jornais repercutiram a notícia também por esse viés. Alguns veículos da imprensa esportiva chegaram a debater se a enésima retomada do relacionamento entre os dois famosos vai influenciar no desempenho do craque, afetando as perspectivas da seleção brasileira na Copa do Mundo. É uma discussão inócua, mas, já que se está nela, será que não poderia afetar também “para melhor”? Cada país tem sua corte – não necessariamente a corte que merece – e a brasileira dispõe de Neymar, Anitta, Ivete Sangalo e a estrela do momento das telenovelas globais.

[caption id="attachment_114180" align="alignright" width="377"] Fogos do réveillon em Copacabana, vistos de cima do Corcovado: “Jornal Nacional” opta por edição “festiva”[/caption]
A virada do ano é notícia? Se é, de que forma? E com que nível de importância dentro de uma edição? No dia 1º de janeiro, o principal telejornal do País usou seu nobre horário para destacar as festividades pelo Brasil inteiro – por ordem de importância, Rio de Janeiro (Copacabana), São Paulo (Avenida Paulista) e o resto depois – e por todo o mundo – Nova York, Tóquio, Paris, Londres. De 42 minutos, apenas 18 foram utilizados com algo além de depoimentos sobre o ano que passou, projetos para o que acaba de começar, fogos, música, gritos e multidões concentradas.
Não que não seja importante registrar aquilo que se tornou um ritual. Se para o correr do tempo da natureza nada mudará com a completude de mais um giro de um planeta em torno de uma estrela, no imaginário das pessoas o “ano novo” é o nascimento de novas possibilidades, de refazer a vida, mudar hábitos – tudo aquilo que, na maioria dos casos, dura duas semanas, porque não há nada mais complicado a um ser vivente do que mudar sua rotina.
Talvez fosse o caso de preencher o tempo com amenidades por conta da carência de fatos relevantes ocorridos no primeiro dia de janeiro. Mas não foi o caso. O ano começou com o líder da Coreia do Norte, Kim Yong-un, dizendo que tinha um botão nuclear ao alcance das mãos, em sua mesa, insinuando que poderia atacar os Estados Unidos quando assim quisesse; no Amazonas, um ex-governador – José Melo (Pros) – teve de passar o réveillon na cadeia; houve um tiroteio na Favela da Rocinha nas primeiras horas do dia; e, à tarde, ocorreu o massacre na penitenciária de Aparecida de Goiânia.
Tudo isso foi noticiado pelo telejornal? Sim, mas com muito menos profundidade do que os temas mereceriam. Em tempos de grande interação, o jornalismo declaratório (como sempre se caracterizou o do JN quando não há interesses da empresa envolvidos) já é em si algo pobre; com pouco espaço, se torna nulo. Em suma: grande parte do “Jornal Nacional”, em termos de conteúdo, serviria bem melhor aos programas matinais da TV Globo. A primeira edição do ano se encaixaria perfeitamente na voz de Fernando Rocha e Mariana Ferrão no “Bem Estar”.
Para quem gosta de telejornal em emissora aberta, o melhor é esperar um pouco mais tarde e mudar de canal para ter ganho de qualidade: o “Jornal da Cultura”, da TV Cultura, que começa às 21h15, tem bons comentaristas para discutir os principais temas.
Em momentos de crise, é preciso pensar fora da caixa – até em relação ao sistema prisional.
Com a crise no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na semana passada, voltou ao centro do debate na imprensa local o tamanho da influência das facções do crime organizado no Estado. Até que ponto o Primeiro Comando da Capital (PCC) ou o Comando Vermelho (CV) estariam “dando as cartas” nas ações que ocorrem tanto dentro como fora dos presídios goianos?
Em meio a toda a crise, o conteúdo dos diários goianos se mostrou apegado a encontrar pistas ou indícios de que esses grupos estariam por trás dos fatos ocorridos, que levaram à morte pelo menos nove detentos e podem ter causado também a morte de dois agentes penitenciários.
É importante saber com que grau está a “contaminação” do sistema pela ação dessas organizações? Talvez, mas, muito mais urgente é buscar quem possa apresentar soluções para o drama que só piora. Um jornalismo mais apurado procuraria a abordagem do tema por acadêmicos e pesquisadores em geral: será que não há nada sendo produzido cientificamente, no Brasil ou no exterior, que possa representar uma solução ou ao menos um paliativo para o quadro caótico? A imprensa deve ter também o papel de abrir o leque e trazer novas perspectivas para a discussão.
Não importa quando você ler este texto: acesse qualquer grande portal da imprensa na internet, abra o jornal preferido, ligue a TV no horário nobre ou ligue o rádio do carro naquela emissora que só “toca” notícia. A impressão que você vai ter é de que o Brasil entrou em parafuso. O título deste texto pode dar a ideia de que há uma busca de um jornalismo “Pollyanna”, de fazer o “jogo do contente”. Existe uma crítica sobre o jornalismo, segundo a qual a profissão sobrevive de más notícias. Talvez isso seja o filão de programas policiais, mas um jornalismo que deveria ir além disso.
Um grande portal nacional da imprensa esportiva pegou uma notícia de um renomado diário espanhol sobre Philippe Coutinho, o craque brasileiro do Liverpool, e a editou em português, mas sem citar a fonte. Mais grave ainda: a tradução ficou muito semelhante à publicada em um perfil no Facebook. Plágio e ausência de créditos são práticas infelizmente corriqueiras na internet, mas não se espera que ocorram tendo, como protagonistas, empresas gigantes da comunicação.

[caption id="attachment_114174" align="alignright" width="640"] Reprodução[/caption]
O ex-diretor-executivo da Central Globo de Esportes, Marco Mora, de 71 anos, morreu na quarta-feira, 4. Mora tinha 71 anos e estava internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista. Ele esteve na TV Globo de 1972 a 2015, quando se aposentou – antes da emissora, havia trabalhado na TV Tupi, desde 1965. Foi editor de novelas, diretor do “Esporte Espetacular”, diretor de eventos e, finalmente, diretor-executivo da Central Globo de Esportes. A causa da morte foi fibrose pulmonar, gerando insuficiência respiratória e falência múltipla de órgãos.

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