Pesquisadora desmonta farsa de “Os Protocolos dos Sábios do Sião”
30 dezembro 2017 às 22h10
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Hadassa Ben-Itto diz que nunca houve nenhuma reunião de judeus para traçar um plano para dominar o mundo
“Os Protocolos dos Sábios do Sião” são uma farsa — todos sabem. Mas há quem ainda acredite nas suas aleivosias. Publicados em 1903, como de fossem factuais, escandalizaram e, ao mesmo tempo, mesmerizaram parte do mundo. O que se diz lá, de maneira viperina, influenciou, em larga medida, pogroms na Rússia e noutros lugares, além de ter influenciado o nazista austríaco Adolf Hitler, que governou a Alemanha de 1933 a 1945 e mandou matar 6 milhões de judeus. Os judeus seriam responsáveis por uma articulação para controlar o mundo. Verdade? Mentira pura. Entretanto, muitos acreditaram (e ainda acreditam) na estória.
Como desmitificar “Os Protocolos dos Sábios do Sião”? Há um livro de qualidade, “A Força da Mentira — A Grande Farsa de ‘Os Protocolos dos Sábios de Sião’” (Educ, 480 páginas, tradução de Miriam Sanger), da pesquisadora polonesa Hadassa Ben-Itto, radicada em Israel.
Juíza em Israel, durante 31 anos, Hadassa Ben-Itto decidiu estudar, de maneira detalhada, as minutas de uma reunião que teria sido organizada por judeus com o objetivo de dominar o mundo. De cara, mostra que a reunião jamais ocorreu e, portanto, as anotações são falsas.
Discutir fatos, aquilo que aconteceu, é a missão de pesquisadores, notadamente de historiadores. Mas como discutir factualmente a respeito do que foi simplesmente inventado. Numa entrevista à “Folha de S. Paulo”, em novembro de 2017, Hadassa Ben-Itto pergunta: “O que fazer quando os fatos são pervertidos? A única solução é dizer a verdade”.
O site da Livraria Cultura (da família judia Herz) comercializa o livro “Os Protocolos dos Sábios do Sião” (Renovatio Livros, 192 páginas), com o subtítulo “O plano de dominação global mais audacioso da história”. A obra é tratada como um documento histórico, quando não o é.