Opção cultural

Bailarinos da belga The Royal Ballet of Flanders, que se apresentaram na abertura do Festival Internacional de Dança de Goiás, contam do espetáculo e da estadia no país
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Yago Rodrigues Alvim
Nos últimos dias, a capital goiana tem recebido diversos artistas do Brasil e de muitos outros países. Coreógrafos e bailarinos, eles têm se apresentado no Festival Internacional de Dança de Goiás que contou, em sua abertura, com quatro coreografias dançadas pela belga The Royal Ballet of Flanders. O Opção Cultural conversou com alguns dos bailarinos e com o diretor de elenco, Gabor Kapin. Nas próximas linhas, você confere o bate-papo com Alexander Burton, Brent Daneels, Fiona McGee, Matt Foley, Nicola Willsda e Philipe Lens.
Do Canadá, Alexander já está há um ano na companhia de Antuérpia — uma das maiores cidades belgas e a maior da região de Flanders (“Flandres”, em português). Fiona, da Inglaterra, se dedica há dois anos; e, há mais tempo, quase quatro anos, integra o corpo de baile, a australiana Nicola. Brent e Philipe são da Bélgica. O americano de Virginia Matt foi convidado pelo diretor da companhia, a fim de compor, junto aos demais bailarinos — no Brasil, a apresentação contou apenas com 23 bailarinos — a peça “Fall”; ele se junta ao grupo na próxima estação.
Eis a conversa.
Há quanto tempo a companhia tem se dedicado às coreografias, aqui apresentadas?
Nicola — Já faz um ano que estamos ensaiando-as. Nós começamos a trabalhar em uma delas no fim do ano passado e a temos apresentado durante todo o ano; apresentamo-la em Amsterdã e em muitos países ao redor da Bélgica. E estamos muito felizes de trazer todas elas para o Brasil.
Como veem o espetáculo?
Nicola — Acredito que seja uma boa apresentação para quem não viu muitas danças; afinal, nós temos muitas partes clássicas, com pontas, por exemplo, e também muitas partes bem modernas. Existe, assim, uma variedade que o público pode ver — intercalam-se uma coreografia clássica e uma moderna; outra clássica e mais uma moderna. Dentre elas, cada um tem a sua favorita, e é bem diversa esta escolha. O público sempre apreende diferentes coisas do espetáculo.
Matt — É um espetáculo bem diverso. Ele é composto de elementos clássicos e contemporâneos que, ao se juntarem, representam completamente a dança e seu mundo, bem como a paixão e a versatilidade dos bailarinos.
[caption id="attachment_69996" align="alignright" width="300"] Retrato de "Faun", dueto interpretado pelos bailarinos Nicola Willsda e Philipe Lens | Foto: Rubens Cerqueira[/caption]
E qual a sua favorita?
Nicola — Eu gosto da parte que eu danço (risos). Ela se chama “Faun” e é do nosso diretor Sidi Larbi Cherkaoui. Uma de suas mais rápidas coreografias, “Faun” foi por ele criada há sete anos; e só algumas pessoas ao redor do mundo são autorizadas a dança-la. Portanto, é muito especial dança-la. É bem íntima e conta com uma canção do músico francês Claude Debussy. Eu também gosto da coreografia que se chama “Solo”, do Hans Van Manen, e que conta com três bailarinos. Ela é bem rápida, muito excitante e traz muita virtuosidade dos bailarinos; e o público é bem recíproco a isso.
Matt — A parte que mais gosto também é “Faun”, pelas qualidades da terra que ela traz e por como a música se entrelaça com a dança e com os corpos dos dois bailarinos.
Fiona — Eu danço a última coreografia, “Fall”, que também é do Cherkaoui. Ele a criou há um ano e é muito bom integra-la, pois ele conta com muitos bailarinos no palco e, por mais que a aqui apresentada seja uma versão menor, pois nem todos da companhia puderam vir para o Brasil, mostra uma qualidade de movimento diferente das demais coreografias que trouxemos. O público fica encantado com isso, com todos esses bailarinos, que transmitem uma sensação maravilhosa; e a música também é incrível. Eu também gosto muito da coreografia com os três bailarinos, que dura apenas seis/sete minutos e é muito excitante.
Alexander — Eu concordo com a Fiona, “Fall” é incrível — é a coreografia que eu danço. E, além dela, eu também gosto da primeira, “Four Schumann Pieces”, também do Manen, que é de 1975, e traz muita história.
Brent — Eu gosto muito da coreografia com os três garotos, a qual eu danço; e também de “Faun”.
Philipe — “Faun”, definitivamente. Traz-me toda uma sensação de outro mundo. Ela é incrível! Você entra em um transe, algo assim.
Como é fazer parte de uma companhia tão bem quista pelo mundo?
Nicola — Nós chegamos até aqui por dançarmos, dedicarmo-nos a dança já há um bom tempo; e é muito especial que o nosso grupo tenha chegado tão longe. Sentimo-nos abençoados por todos que puderam vir ao Brasil e se apresentar para um público tão distinto. É uma experiência incrível você viajar e ainda sair com seus amigos de trabalho, ter momentos de descontração, se divertir; isso acresce algo a mais ao trabalho, pois você se sente completamente privilegiado por viajar para um lugar tão longe e dividir o que você ama com essas pessoas e com o público, que é dançar.
Matt — A companhia é realmente maravilhosa. Ela reúne artistas de todos os cantos do mundo e, assim, tem um grupo muito especial. A Royal tem passado por uma transição nos últimos anos; claro, com isso sempre vem alguns contratempos; mas eu acredito que isso fez com que todos se fortalecerem no final. Ela tem trocado de diretores, e com essa mudança, vem uma nova visão artística da companhia. Tem passado de uma companhia de bale clássico para uma companhia contemporânea. Ainda assim, Larbi e Tamas Moricz (codiretor artístico) continuam realçando ambos os aspectos; eles têm destacado os elementos clássicos que constituíram a companhia e estendido uma amostra do lado contemporâneo também. A proposta deles é muito especial.
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Retrato de "Fall", peça interpretada pelos bailarinos Matt Foley e Acacia Schachte | Foto: Divulgação[/caption]
E o que estão achando do Brasil?
Nicola — É maravilhoso! (risos).
Fiona — É muito bom! Ontem mesmo, nós fomos a uma churrascaria e até bebemos caipirinha, que é uma bebida muito gostosa. Alguns da companhia vão conhecer o Rio de Janeiro, saber como é lá. Mas a atmosfera daqui, o clima, por exemplo, são muito bons.
Alexander — Conhecemos a equipe de apoio, de produção, a mídia e isso já nos deu essa atmosfera daqui, que é muito boa. Sentimo-nos muito bem-vindos — é legal se sentir assim (risos).
Matt — Tem sido incrível estar aqui. Em duas ocasiões diferentes, alguns locais nos escutaram, eu e outros bailarinos conversando em inglês, e começaram a conversar conosco; e a outra foi quando eu estava comprando uma maça e uma senhora me disse que ela não era tão saborosa quanto à outra, a qual ela comprou e me deu para provar. Foi muito doce da parte dela. A abertura e a generosidade que eu vivi foi muito emocionante.
Brent — É um mundo completamente diferente, na verdade; é diferente, mas de um modo bom. O clima, as pessoas...
Philipe — Você já foi à Bélgica? Então, é bem diferente. Você deve ser muito mais feliz por passar o inverno aqui (risos). A comida daqui, também, é deliciosa, aqui é cheio de cores; e, claro, as pessoas, que são adoráveis. Viajar assim abre a sua mente.

Paulista, Ricardo Amarante veio a Goiânia após anos dedicados ao balé na Europa. Despediu-se, aqui, como bailarino e segue, agora, com a carreira de coreógrafo

Tradutor estadunidense conta ao Opção Cultural sobre seu interesse no Brasil e revela que tem muitos projetos profissionais envolvendo a literatura brasileira

[caption id="attachment_70223" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
“Eu tô cansado de sofrer/Quero dançar, sentir calor/E poder só olhar o universo em torno de você/Brilhando em vida, sorrindo à toa/Só vibrando amor e paz/Sinto a noite, penso em você/Lembro como é bom amar”, embala a banda de reggae pop Natiruts. Formado em 1996, em Brasília, o grupo, que ganhou inicialmente o nome “Nativus”, vem a Goiânia em comemoração aos 20 anos de estrada e para o lançamento nacional do DVD “Reggae Brasil”. Com “Me Namora”, “Um Anjo do Céu” e demais sucessos no setlist, o Natiruts se apresenta na Esplanada do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) no sábado, 9 de julho. O ingresso custa R$ 35 e pode ser comprado virtualmente.

[caption id="attachment_9597" align="alignnone" width="620"] Shotgun Wives é headliner do evento | Foto: Divulgação[/caption]
Em comemoração aos 10 anos da Fósforo Cultural, o Centro Cultural Martim Cererê vira palco de mais uma festa do selo no sábado, 9 de julho. A “Julindie” vem muito bem acompanhada de diversas bandas da música independente goiana, além de quadrilha, comidas típicas e uma feira mix de vinis e bugigangas. A festa também conta com o palco “Falante Records e Casa da Música”, ambos apoiadores do evento, que recebe DJs e artistas do rap da capital. No line-up, Shotgun Wives, Ara Macao, Peixefante, Dogman, Components, Brvnks, Young Lights (BH), Lutre, Almost Down, Urumbeta do Espaço, Lorranna Santos, Sixxen e Sótão. A entrada custa R$ 5, até às 17h. A festa começa às 15h e vara noite adentro.

[caption id="attachment_69759" align="alignnone" width="620"] Foto: Reprodução[/caption]
Ao lado de sua Banda Z, o nordestino de Paraíba, Zé Ramalho, revisita grandes clássicos de sua carreira, como “Avohai”, “Frevo Mulher” e “Chão de Giz” na noite do sábado, 9 de julho, nos palcos do Jaó Music Hall, na capital goiana. Zé Ramalho é considerado um dos maiores nomes da MPB, colecionando prêmios em uma trajetória de parcerias ímpares. O cantor goiano Pádua faz o show de abertura. Ele interpreta suas canções de sucesso. Com início às 22h, o evento tem ingressos a R$ 40 (valor da meia-entrada).

[caption id="attachment_69757" align="alignnone" width="620"] Divulgação[/caption]
Entre a filosofia e o velho e bom papo furado, o Encontro Com(versado) está de volta com mais um debate sobre temas emergentes da produção e vivência artística.
No sábado, 9 de julho, Marcos Abranches, da cia paulista Vidança, se junta à provocadora e pesquisadora Luciana Ribeiro para uma bate-papo com o público.
Com uma contribuição voluntária, o Encontro será realizado na casAcorpO e tem início às 19h. O artista ainda apresenta na cidade o espetáculo “Corpos Sobre Tela”.

Livro
Com tradução de Cecília Rosas, a obra da bielorussa retrata uma história ainda não contada: a de quase um milhão de mulheres que lutaram na Segunda Guerra Mundial.
A Guerra Não Tem Rosto de Mulher
Autor: Svetlana Alexievich Preço: R$49,90 Companhia das Letras
Música
Gravado ao vivo, na Lapa, no Rio de Janeiro, “O Samba em Mim” é um registro ao vivo do fim da turnê do projeto “Coração a Batucar”
O Samba em Mim — Ao Vivo na Lapa
Intérprete: Maria Rita Preço: R$ 24,90 Universal
Filme
Premiada obra no Oscar 2016, o baseado em best-seller “O Quarto de Jack” conta a história de mãe e filho, que fogem após anos mantidos em cativeiro.
O Quarto de Jack
Direção: Lenny Abrahamson Preço: R$ 39,90 Universal Pictures
Sexta-feira, dia de? Isso mesmo, de conferir as músicas mais escutadas por cada um que integra a redação do Jornal Opção. Bora saber o que redatores, diagramadores e fotografo tem ouvido? Só dar play! 4 Non Blondes – What's Up Andrea Bocelli feat. Edith Piaf – La Vie en Rose Coldplay – Up & Up Emicida feat. Fabiana Cozza & Juçara Marçal – Samba do Fim do Mundo Funny Face – Bonjour, Paris Liniker – Zero Os Paralamas do Sucesso – Aonde Quer Que Eu Vá Sant & Marechal – O Tempo Passou The Heavy – Short Change Hero

Romancista e quadrinista Ademir Luiz dará a penúltima oficina da série promovida pela União Brasileira dos Escritores – Seção Goiás
[caption id="attachment_54176" align="alignnone" width="620"] Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
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Marcos Nunes Carreiro
A penúltima oficina de escrita criativa, da série promovida pela União Brasileira dos Escritores – Seção Goiás, acontece no próximo sábado, 2 de julho. O convidado é o historiador, romancista e quadrinista Ademir Luiz.
Ademir, que é professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), é doutor em História e pós-doutor em Poéticas Visuais e Processos de Criação. Em 2009, foi indicado ao Prêmio Capes de Teses. Como escritor, venceu o Prêmio Cora Coralina em 2002, o Troféu Goyazes em 2013 e o Prêmio Hugo de Carvalho Ramos em 2014.
Em 2015, recebeu a Medalha do Mérito Cultural, atribuída pelo governo do Estado de Goiás. No mesmo ano, lançou a Graphic Novel “Conclave”, em parceria com o ilustrador Rafael Campos Rocha. “Conclave” é fruto do pós-doutorado de Ademir. “Trata-se de uma versão retrabalhada”, explica.
Na UBE-GO, Ademir falará sobre “Literatura contemporânea e Graphic Novel”. Ele conta: “Vou abrir discutindo as relações entre literatura e quadrinhos. A base será o próprio conceito de ‘romance gráfico’. Ou seja, um romance, uma narrativa fechada, mas que usa recursos visuais”.
Quadrinhos são apenas para crianças? Ademir mostra que não. “Vou diferenciar as experiências do quadrinho industrial, autoral, norte-americano, europeu e brasileiro. Focarei em nossa tradição de charge para, a partir daí, discutir se quadrinhos podem ser chamados de literatura. Darei exemplos de HQs que podem ganhar o status de obras primas literárias, como ‘Watchmen’, ‘Cavaleiro das Trevas’, os brasileiros ‘Daytripper’ e os romances gráficos lançados por Maurício de Sousa.”
Sem deixar de falar de sua experiência, Ademir afirma que irá discutir se um escritor, seja de contos, romances ou poemas, pode escrever quadrinhos usando as técnicas narrativas que já conhece, ou se é preciso adquirir outras habilidades. Segundo ele, há quadrinhos simples, estilo “homem palito”, mas que são bastante inteligentes e focados no texto. “Eles mostram que é possível ‘fazer por si mesmo’”, relata.
As inscrições para a oficina de Ademir Luiz são gratuitas e as vagas limitadas. Os interessados devem se inscrever exclusivamente pelo site www.ubeoficinas.com.br.
Serviço
Oficina de Escrita Criativa
Data: 2 de julho de 2016
Local: União Brasileira dos Escritores – Seção Goiás | Rua 21 nº 262, no Centro, ao lado do Colégio Lyceu de Goiânia
Horário: 9h às 12h e 14h às 17h

[caption id="attachment_69595" align="alignright" width="300"] Divulgação[/caption]
Com auxílio dos também escritores Luiz de Aquino Alves Neto e Adalberto de Queiroz, Godinho analisou desde “Orchideas”, de 1928, a “Almofariz do Tempo”, de 2016
As capas de livros mais representativas da literatura goiana ganham agora um livro só sobre elas. Do jornalista Iúri Rincon Godinho, “100 Grandes Capas de Livros Goianos” será lançado na noite da quinta-feira, 30, na Casa de Cultura Altamiro de Moura Pacheco.
Fruto de uma pesquisa de três anos, Godinho contou com a ajuda de Luiz de Aquino Alves Neto e Adalberto de Queiroz. A obra analisa o mercado livreiro goiano, a evolução da indústria gráfica a chegada dos computadores e ainda o importante papel do concretismo e da arte urbana nas capas dos anos 1950 a 1970.
O autor mostra ainda que o estado nunca formou um “capista” e, assim, os artistas plásticos dominam a área desde a década de 1950. O estudo mostra, que até os anos 1960, os volumes eram impressos fora do Estado e os escritores quase nada opinavam sobre as capas. A capa mais antiga analisada é “Orchideas”, de Leodegária de Jesus, de 1928 — “foi impresso em tipografia com três cores, quando o habitual era apenas uma”, conta —; já a mais recente é “Almofariz do Tempo” (obra de 2016), de Cássia Fernandes, que teve a capa personalizada com temperos de cozinha.
Serviço
Lançamento “100 Grandes Capas de Livros Goianos”
Data: 30 de junho
Horário: 20h
Local: Casa de Cultura Altamiro de Moura Pacheco
Preço: R$ 50,00

Localizado na Cidade de Goiás, a Diocese guarda documentos de valor histórico como batismos, casamentos e óbitos dos séculos 18, 19 e 20
[caption id="attachment_69581" align="alignnone" width="620"] Reprodução/Iphan[/caption]
Tombado em 1978 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o imóvel do Arquivo Diocesano, da Cidade de Goiás, foi totalmente recuperado. Realizada na quinta-feira, 30, no próprio imóvel, a cerimônia de lançamento da obra contará com a presença do governador de Goiás, Marconi Perillo, do ministro da cultura, Marcelo Calero, e da presidente do Iphan, Kátia Bogéa, acompanhada ainda pelo diretor do PAC Cidades Históricas, Robson de Almeida, pela superintendente do Iphan-GO, Salma Saddi, e pela prefeita da cidade de Goiás, Selma Bastos.
Por meio do programa, foram investidos R$ 1,33 milhão nas obras de restauração do arquivo. O projeto incluiu a reestruturação do espaço externo para abrigar as instalações de um novo centro de pesquisa para a comunidade e também contextualizou o imóvel em seu ambiente urbano, evidenciando sua contemporaneidade. Assim, foram efetivadas ações como o posicionamento de um novo bloco, afastado do muro limite e próximo do edifício central, e a criação de acessos diferenciados para o público externo e interno.
[caption id="attachment_69580" align="alignright" width="300"]
Reprodução/Iphan[/caption]
Constam, dentre os arquivos, documentos de valor histórico como batismos, casamentos e óbitos dos séculos 18, 19 e 20, disponíveis para consulta pública. Com as obras, também fará parte da Diocese a documentação relativa ao bispado de Dom Tomás Balduíno, arquivos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra. O acervo se encontra, até então, no Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás. Já catalogado e higienizado nas condições ideais, o acervo será transferido em breve às novas instalações da Diocese.
Serviço
Entrega das obras de restauro do Arquivo Diocesano
Data: 30 de junho
Horário: 18h
Local: Arquivo Diocesano, Cidade de Goiás (GO)

[caption id="attachment_69536" align="alignnone" width="620"] Reprodução Tumblr[/caption]
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Na Terça Poética de hoje, caro leitor, você lê o texto endereçado de Rafael Iotti, "te escrevo logo", assim, miudinho mesmo. Iotti é de Porto Alegre. Quer participar do projeto “Terça Poética”, que versa suas tardes de terça-feira? É só enviar-nos seus poemas, através do e-mail [email protected]. Eis "te escrevo logo"!
Rafael Iotti
nos dias como hoje também penso
na distância, e mais do que isso
na ausência, por isso quando chegar
em casa a primeira coisa que vou fazer
depois de falar com os gatos é te escrever
ainda não sei bem o que, talvez sobre como parei
de beber e de tomar remédios, tu vai ficar
alegre, sim, eu espero, e agora enxergo as coisas
com mais clareza, sim, mas também com mais melancolia,
melancolia em tudo, eu vejo
onde antes era tristeza agora é só ardência
descobri que as coisas ardem mas não necessariamente ferem
quando o sol se põe tudo parece fazer sentido
pena ninguém enxergar como nós, eu penso,
porque às vezes tenho vontade de chorar
tu sabe, eu sempre disse isso, eu precisava encontrar
pelo menos outra pessoa pra ouvir essas bobagens
mas tu sabe que procurar é um hábito estéril
acho que numa fábula Esopo disse que o Bem tentou
se inserir no meio dos Maus, e portanto foi condenado a
sempre andar sozinho, é por isso que
o Bem demora tanto pra chegar, porque ele vai
de pessoa em pessoa, e eu espero
espero ávido por ele, por isso
te escrevo logo, que a ausência é uma
das ardências que dói mais

[caption id="attachment_69461" align="alignnone" width="620"] Foto: Divulgação[/caption]
Roberto Mello
Especial para o Jornal Opção
— Richard, Gere, o nome dele é Richard, como o teu, Gere. Ele também gosta dos japoneses, do Japão, contanto que fiquem lá, bem longe, porque acha que, no fundo, são racistas, não foi à toa que se associaram com os nazistas, e o medo que ele diz ter sentido quando viu, pelo cinema americano, a crueldade deles, se eles tivessem vencido a guerra, babau pros negros, ciganos, pardos e mulatos e comunistas e brancos e tudo o mais que não fosse pureza racial. Gere, o Richard entrou numas que podia te incorporar meio assim pela umbanda ou coisa parecida, e aí deu pra puxar os olhinhos, os seus olhinhos infantis como os olhos de um bandido — já dizendo a canção. Aí, o cara me diz que baixou o santo e que ficou incorporado, se bem que pra ele seria mais é encorpado porque suas mãos avultaram e ele de repente sentiu que elas andavam sozinhas nas curvas deliciosas de sua mulher que, pelo jeito, não desconfiava de nada, sem saber que estava trepando com um bandido chegado a mistificações quânticas. É, é isso mesmo, o cara é perfeccionista e gosta de ir fundo nas coisas. Não vê que ele procurou um professor de física daqueles que dizem que São Paulo, a cidade, é mera ilusão, que não existe, e aí perguntou pro teacher se era possível aquilo, transar com sua mulher como se fosse tu, Gere, e não só na ilusão do pensamento, mas na batatolina das coisas naquele entremeio de corpúsculo-onda, mais pra um, mais pra outra, a ponto do Chico Xavier dizer “com esses aí eu não me meto”, nem sei se isso é verdade, foi o que ele, Richard, me contou, depois que foi consultar o médium pra saber se sua mãe estava passando bem lá no além. Que, segundo ele, Richard, e o tal professor, também não existe mais, pelo menos daquele jeito que aprendemos no espiritismo ou no catolicismo, já que a essa altura do campeonato tudo dá no mesmo, que o além é bem aqui, do meu lado, no paralelo, que nem alelo da lua. Bom, mistifiquei, porque eu também não ia perder a chance; tem certeza que tua mulher não percebeu nada, perguntei, e aluí, no sentido goiano, que nem Bernardo Élis no seu Veranico de janeiro, abonado por Aurélio disse: “Falou, papudo — pensou o rezador sem aluir do lugar”, e eu não era nem rezador nem nada, se bem que pensando melhor a reza não é um teletransporte? mas eu só queria usar o verbo aluir que sempre me coçou o quengo, no sentido de arruinar a dialética do Richard, só que esse verbo é danado e quer dizer também sem se mexer, sem sair do lugar, e era como eu me sentia, teletransportado-fixo ali, ouvindo àquelas patranhas da cabeça de um infeliz pobre diabo que, pra fazer algum carinho na mulher, precisa de ti, Gere, fantasminha inoculado em celuloide na cabeça de um vagau jeca tatu cotia não. Mãos grandes e fortes de um gigolô bem prof cobrindo em toda a extensão “omnimodamente”, carteirou o desgraçado, a carne macia de sua mulher. Era um foder por procuração, Gere, mas quem sou eu para condenar o Richard, ou quem quer que seja depois da física quântica?
Roberto Mello é psicanalista

Pela primeira vez no Brasil, e com apresentação única, o The Royal Ballet of Flanders, da Bélgica, abre o evento que conta ainda com uma programação de competições e workshops