Opção cultural

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Filho de escritor, escritorzinho é

Em comemoração ao Dia das Crianças, o Jornal Opção convidou escritores ou, mais especificamente, seus filhos a escreverem pequenos contos e ilustrarem suas super ideias – que já adiantando, são para lá de inventivas. O resultado é um passaporte para o mais rico mundo da imaginação. Yago Rodrigues Alvim Sabe aquela história de “filho de peixe, peixinho é”? Na literatura, há alguns casos em que essa máxima se confirma. O escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, por exemplo, é filho de Erico Verissimo, autor de clássicos como “O Tempo e o Vento” e “Olhai os Lírios do Campo”. Célebre por seu olhar poético sobre o cotidiano, o múltiplo Fabrício Carpinejar é filho do também poeta Carlos Nejar. Já dois mestres do conto contemporâneo, Antônio Carlos Viana e Sérgio Sant'Anna, são pais de André Viana e André Sant'Anna, respectivamente. Na literatura internacional, há também escritores que seguiram à risca os passos dos pais. Os dois filhos do Nobel de Literatura John Steinbeck tornaram-se escritores. David Updike, autor e ilustrador de livro infantil, é filho do vencedor do prêmio Pulitzer, John Updike. Ao passo que o rei do terror, Stephen King, emprestou alguns de seus monstros para os romances e os contos do filho Joe Hill. Mas e agora quais serão os escritores que, no futuro, trilharão os mesmos caminhos dos pais? A gente já tem uma ideia.

A casa brilhante no fim da rua escura

[caption id="attachment_48034" align="alignleft" width="620"]Arquivo pessoal Arquivo pessoal[/caption] Arquivo Pessoal Na cidade, não havia luz elétrica. As ruas eram aquecidas por lampiões. O que nem sempre funcionava. A rua mais escura de todas tinha um nome esquisito: Rua Encurvada Para Dentro. O mais esquisito nem era o nome da rua, mas uma das casas que existia ali: diferente de todas as outras, era um pontinho brilhante no breu. Quem morava na casa? Uma senhora de 220 anos! Ela vivia sozinha. Todo dia saía com uma sacolinha –– o que tinha dentro? Nem pensem que eram moedas de ouro. Eram quase isso. A senhora escrevia histórias e, de porta em porta, saía para ensinar as crianças do povoado a ler –– usava as suas próprias criações, que eram contos de fada diferentes, que nunca antes ninguém conheceu. Na sacolinha, então, ela carregava as histórias. Mas por que de noite sua casa ficava brilhante? Ah, não há mistério nenhum nisso. A casa dela ficava brilhante, um pontinho de luz no breu, porque era nesta hora tardia que ela se sentava em sua mesinha e escrevia histórias. Por algum motivo não explicado ainda –– e aí está o mistério –– as palavras da senhora brilhavam na escuridão. Amelie Nina, 11 anos, e Anne Nina, 9 anos, são filhas de Claudia Nina.

Os sapatos mágicos

[caption id="attachment_48035" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Arquivo Pessoal Era dia de escola. Fred calçou os sapatos e sentiu cócegas. Ele bateu o pé três vezes e os sapatos começaram a voar levando Fred junto. De repente, Fred estava voando e lá de cima ele viu sua tigela de mingau ainda cheia! Fred foi parar em Dragolândia, um lugar com árvores marrons, já que o fogo dos dragões queimava o verde delas. O bom de ter os sapatos mágicos em Dragolândia era que ele voava e não precisava pisar no chão que queimava muito. Um dragão viu Fred e soprou fogo nele. Fred teve medo e bateu os pés para sair de lá. Bateu com tanta força que os sapatos o levaram dali para um alagado onde morava um monstro aquático. No meio de tanta água, os sapatos mágicos estragaram. Fred quis ir embora de lá e bateu os sapatos no chão, mas eles não voavam mais. Fred correu pra tentar achar o caminho de casa. Correu tanto que se cansou e deitou-se na grama para tirar um cochilo. Sonhou com um monstro aquático e um dragão. Quando acordou, ele olhou pros lados e não acreditou: ele estava na sua cama! Levantou-se e foi terminar a tigela de mingau, ainda cheia. Amelie Vidal Neves Hallam, 6 anos, é filha de Nara Vidal.

O prédio mais alto do mundo

Flavio Izhaki Desenho Anita Do lado da minha casa, estão cons­truindo o prédio mais alto do mundo. Ele é tão comprido que, à noite, beija as pernas das estrelas. Só que antes, lá era um parque de dinossauros. O meu amigo Darinho sabe tudo de dinossauros. E ele me contou que tem um cantinho da Terra que ainda tem dinossauros: os fósseis. Daqui a muitos anos, tenho certeza que vão achar muitos fósseis debaixo do novo prédio. Anita Viana Izhaki, quase 4 anos, é filha de Flávio Izhaki. [caption id="attachment_48038" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption]

Monstro friorento

[caption id="attachment_48039" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Alessandro Garcia_JoaoÀ procura da sua lanterna, João Baguinha foi olhar embaixo da cama. No escuro, viu uma luz amarela: mas era do olho do monstro de três cabeças. — Ei, o que você tá fazendo aí?, perguntou João Baguinha. — Eu estou com frio, disse o monstro. Correndo até sua mãe, João Baguinha contou sobre o monstro com frio embaixo da sua cama. Sua mãe deu um grito muito alto. O monstro, coitado, fugiu. Com frio e assustado. João Costa Garcia, 4 anos, é filho de Alessandro Garcia.

Meu amigo legal

[caption id="attachment_48041" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Katherine FunkeSabia, mamãe, que eu tenho um amigo todo feito de leite? De leite! Mas não por fora, só por dentro? Sim, sim! Ele mora no meu quarto. Tem braços fininhos e dorme de manhã, quando estou na escola. Ele é legal. Quando dorme, parece mais um tubarão e fica escondido debaixo da cama, para ninguém ver. É que quando ele está acordado, a gente faz muitas coisas. Daí, ele fica muito cansado, muito cansado mesmo, e se transforma em um tubarão para ninguém incomodar o sono dele. Quando eu vi esse meu amigo pela primeira vez, ele tinha entrado pela janela. Veio pelo vento, soprando ar, bem forte. Não, ele não tinha flauta, nem sabia assobiar, mamãe. Veio voando e sentou na minha cama. Apesar de ter entrado sem pedir licença, ele não é mau assim de ser mau, sabe? Não é que nem o lobo mau, não. E também não é um fantasma. Nem monstro! É só meu amigo. Ele gosta de brincar com os meus carrinhos. Às vezes, ele me acorda de noite para a gente brincar. Verdade! É muito legal, mamãe. Toda vez que eu fico com sede, ele tira um copo de leite bem gelado de dentro dele, bem do jeitinho que eu gosto! Izak Funke Themotheo, 3 anos e 2 meses, é filho de Katherine Funke.

A gaveta dos monstrinhos

Marcia Barbieri Daniel LopesDaniel, Márcia, Sofia e João mantinham a sete chaves a gaveta do segredo. Um dia houve uma visita inesperada e esta queria abrir a gaveta. Dentro dela havia monstrinhos minúsculos; contudo, eles cresceriam, assim eles tomaram uma precaução, colocaram um cadeado de ouro maciço. Porém, os monstrinhos foram crescendo, crescendo e crescendo e não era mais possível escondê-los. Eles se mudaram para um sítio deserto. Conforme aqueles seres foram crescendo tornaram-se membros da família. Marcia Barbieri Daniel Lopes família Todavia, o sítio foi tendo mais habitantes, então, eles deram uma pílula e os monstrinhos viraram humanos, mas existia um efeito colateral, o monstrinho caçula ficava muito nervoso, até que um dia ficou tão irado que queria destruir a família inteira. João foi obrigado a lutar com a armadura de libra, ele deu um golpe “Explosão do sol” e o monstrinho voltou ao normal. Por isso devemos respeitar quem é diferente, não tomar pílulas mágicas e nunca, nunca abrir nenhuma gaveta secreta. João Gabriel Lennon Barbieri Lopes, 9 anos, é filho de Márcia Barbieri e Daniel Lopes.

Poderes de fumaça

[caption id="attachment_48045" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Renato Tardivo FotoEm uma cidade legal, com muitas praias bonitas, chegou um caminhão com quatro pessoas que tinham o poder de soltar fumaça pelas pontas dos dedos. Então, uma dessas pessoas usou o seu poder para explodir o caminhão na frente de um policial e de outro homem. Das quatro pessoas, duas fugiram –– e o policial foi atrás delas. Uma pessoa morreu e a outra ficou presa nos destroços da explosão. O homem que estava fora do caminhão viu a pessoa presa e foi tentar salvá-la. Ele conseguiu. Logo depois de a pessoa ser salva, o policial voltou sozinho. A pessoa com poderes se assustou e fez o homem que a salvou refém. E disse: “Eu tenho esses poderes e não tenho medo de usar”. Nessa hora, saiu fumaça de seus dedos e a fumaça atingiu o homem que era feito refém. Então, esse homem passou a ter os mesmos poderes. Assim, ele se libertou e começou a usar os seus poderes para fazer o bem. João Hamilton Tardivo, 8 anos, é filho de Renato Tardivo.

O tapete que miava

André Timm GatoEra uma vez um homem que estava em sua casa. Um dia, ele ouviu um miau miau, levantou a ponta do tapete da cozinha e viu um gato que era diferente de todos os outros. Era todo colorido, do rabo até a cabeça. O homem se abaixou bem devagarzinho para ver o gato de perto, mas antes de conseguir dizer qualquer coisa, o danado saiu correndo. E o homem decidiu correr atrás. Lá fora, ele a­chou que o gato fosse ser atropelado quando atravessou a rua. Mas, ainda bem, ele deu um salto por cima do carro. E quando o homem olhou para os lados, procurando pelo bichano, nunca mais viu ele. E fim. Sofia Timm, 5 anos, é filha de André Timm. [caption id="attachment_48048" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption]

Leãozinho sapeca

[caption id="attachment_48049" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Sérgio Tavares e LauraEra uma vez um leãozinho muito sapeca. Um dia, a mamãe dele o levou para um museu de animais muito antigos. Chegando lá, ele viu um mastodonte e pensou que era um elefante. Aí, a mamãe dele explicou que era um animal do tempo dos homens da caverna. No dia seguinte, o leãozinho foi para a escola e contou para seus amigos sobre o museu. Todos gostaram e a professora decidiu levá-los no ônibus escolar. E o leãozinho fez a maior bagunça. Laura Batista Tavares, 5 anos, é filha de Sérgio Tavares.

A fábrica pensativa

[caption id="attachment_48051" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Paulino Júnior Vlad&PaulinoImagine só: Trabalhadores trabalhando, com fome e cansados, e pensando só em voltar para casa e bum! Das chaminés das fábricas começam a sair este pensamento em vez de fumaça preta, que chega a outros trabalhadores que também só desejam voltar para casa. Todos respiram este pensamento e bum outra vez! Todos estão em suas casas, na cama ou assistindo TV, não têm mais fome nem cansaço. Imagine um mundo assim! Pois este é o mundo da sua imaginação. Vlad da Silva Paulino, 8 anos, é filho de Paulino Júnior.

O rato veloz

[caption id="attachment_48053" align="alignleft" width="620"]Arquivo Arquivo[/caption] Mário Araújo fotoO rato estava feliz comendo seu queijo esburacado. Mas quando o gato apareceu, vindo sei lá de onde, ele ficou tão aflito que sua língua saiu pra fora e seu rabo se arrepiou de medo. O rato saiu correndo, a toda velocidade, e logo começou a pensar se já não seria hora de o gato desistir. Passou por uma árvore, e nozes caíram na sua cabeça. Passou então pelas pegadas de um bicho, enorme, que devia ser um dinossauro muito feroz. Corria cada vez mais, com a língua pra fora, ele lambendo o vento e o vento lambendo ele. Correu tanto que saiu da página do livro e só reapareceu na página seguinte, com o rabo esticado fazendo “zump”! De tanto correr, nosso amigo rato acabou levantando voo, saiu do mundo, e nunca mais voltou. Pedro Araújo, 5 anos, é filho de Mário Araújo.

Os maiores festivais de música brasileiros

Que tal já organizar a agenda, descolar ingressos, passagens e hospedagem e aproveitar o melhor da música mundial nos quatro cantos do Brasil?

Iggy Pop e Belle & Sebastian se apresentam no Popload Festival

[caption id="attachment_48029" align="alignleft" width="620"]Divulgação Divulgação[/caption] O Popload Festival chega a sua terceira edição na sexta-feira, 16, com dobradinha no sábado, 17. Realizado no Audio Club, em São Paulo, o festival traz um lineup para lá de supimpa. No primeiro dia, Iggy Pop, Emicida, Todd Terje, SondreLerche, BrittDa­neil&Lovefoxxx (DJ set), Natalie Prass e The Twelves embalam o clube. No segundo dia, os tão esperados Belle & Sebastian vêm ao Brasil para anunciar seu novo disco “Girls in PeacetimeWantto Dance”, lançado em janeiro; e ainda tem Spoon, Holy Ghost! (DJ set), Cidadão Instigado, Chris &Rich (Belle & Sebastian DJ Set), Eric Duncan e Barbara Ohana. Ingressos e demais informações, você encontra no site oficial do festival (www.poploadfestival.com).

Entre Olhares: Um Experimento de Conexão Humana em BSB

[caption id="attachment_48373" align="alignnone" width="620"]Divulgação Divulgação[/caption] Organizado pela The Libe­rators International, “The World Biggest Eye Contact Event” ganhou São Paulo. Desta vez, chega a Brasília, com o nome “Entre Olhares –– Um Experi­mento de Conexão Humana”. Realizado na quinta-feira, 15, das 15h30 às 19h30, na Praça Nacional da República, o evento mundial propõe um tempo para que as pessoas se olhem, se desconectem virtualmente e sintam a presença de outro ser humano.No mesmo dia, milhares de pessoas farão a intervenção nas cidades de Nova York, Milão, Viena, Lon­dres, Buenos Aires, Paris, Berlin, Amsterdam, Guada­la­jara, Esto­col­mo, Madri e muitas ou­tras. No dia, será gravado um vídeo que, posteriormente, será editado será editado em Perth, na Austrália.

Rápidas

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  • O grupo PlenLuno apresenta “As Artimanhas de Scapino” em ruas, praças e pontos de cultura neste mês de outubro e também em novembro.
  • Além da peça de Molière, o grupo realiza um bate-papo com o público, após cada apresentação, que tem entrada gratuita.
  • As cidades escolhidas são Goiânia, com apresentação no sá­bado 17, Aparecida de Goiâ­nia, dia 18, Senador Canedo, dia 24, Trindade, dia 25, Nerópolis, 31, e Goianira, 01 de outubro.

Lançamentos

Livro

LivroComo vejo o mundo Autor: Albert Einstein Com tradução de H. P. de Almeida, “Como Vejo o Mundo” é uma obra que aborda questões humanas, como o sentido da vida, pela ótica do mais memorável físico da história. Preço: R$ 35,90 Editora: Nova Fronteira      

Música

MúsicaHoneymoon Gravado entre Los Angeles e Nova Iorque, o álbum foi inspirado nas inúmeras viagens de carro entre ambas as costas. Segundo a Billboard, é o projeto“mais grandioso e ambicioso de Lana”. Intérprete: Lana Del Rey Pre­ço: R$ 27,90    

Filme

FilmeO Conto da Princesa Kaguya Baseado no conto popular japonês “O corte do bambu”, o filme é sobre Kaguya, uma jovem que se vê cobiçada por cinco nobres, aos quais propõe tarefas impossíveis por não amá-los. Direção: IsaoTakahata Preço: R$ 39,90

Playlist Opção

Final de semana está quase aí, só mais umas horinhas e dá para pegar a estrada ou ir para um happy hour, encontrar amigos, botar os pés para cima, ficar mais que contente por saber que tem um feriado supimpa em plena segundona e para melhorar, que tal aumentar o volume? Afinal, é uma boa isso tudo isso acompanhado de músicas incríveis, não é mesmo? Avenged Sevenfold - Welcome To The Family Cartola – Quem Me Vê Sorrindo Johnny Hooker – Eu Vou Fazer Uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito! OneRepublic – Something I Need P.O.D. – This Goes Out To You Raul Seixas – Metamorfose Ambulante Selena Gomez – Me & The Rhythm

Velhice

[caption id="attachment_47909" align="alignnone" width="620"]Foto: Tumblr | Reprodução Foto: Tumblr | Reprodução[/caption] Marcos Nunes Carreiro  –– Mãe, ele riu. –– Ele acha que ele está rindo. –– É o formato da boca. Dependendo de como se olha, realmente parece que ele está rindo. –– Mãe, olha. Ele riu. De fato. Não é de duvidar que Eurípedes estivesse sorrindo naquela manhã, mesmo tendo passado toda a noite deitado na mesma posição. Afinal, morrera dormindo na tarde do dia anterior. Há um modo melhor para morrer do que dormindo? Estavam todos tranquilos no velório. O corpo havia chegado à igreja depois da meia-noite e todos ali ficaram até o início da tarde, quando levaram o corpo para o cemitério. Cheguei às sete da manhã, talvez por isso já não tivesse ninguém chorando. Até Paulo, o filho mais novo de Eurípedes que ainda morava com os pais, aos 47 anos, devido à hidrocefalia, estava com o semblante limpo. Na verdade, pensando bem, não foi o horário a fazer com que todos se entregassem à tranquilidade. Nem era aquilo pura aceitação. Eurípedes, um homem austero e justo, já havia orientado tanto Paulo quanto Margarida, sua esposa, sobre o dia que estava chegando. Ele sabia que, aos 89 anos, seu tempo deveria estar quase findo. Já não era exatamente saudável. Mas havia sido na esmagadora parte de sua vida. O Velho Eurípedes era chefe de cozinha. Alimentou paladares aguçados, e outros nem tanto, por muitos anos. Desde os tempos em que ainda não era chamado de “o Velho”. Herdou o gosto pela comida da mãe e o bom apetite do pai, que fora conquistado pelo estômago, tanto quanto Margarida, sua nora. A posição de chefe de cozinha, um dos melhores, possibilitou a Eurípedes viajar mundo a fora. Ele aproveitava as idas e vindas para fazer duas coisas: aprender o máximo possível sobre a culinária local, em todos os seus aspectos; e colecionar conversas com idosos. Eurípedes era sedento por histórias. As queria todas e ninguém melhor para contá-las que os velhos habitantes dos locais que visitou. Esse era um hábito antigo. Quando menino, não era raro vê-lo aos pés do grupo de amigos de seus avós maternos. Chegava da escola, trocava de roupa e atravessava a rua em direção à casa dos velhos parentes. Sentava-se a seus pés e pedia para ouvir as experiências, anedotas e antigos contos. O garoto explorava as mais profundas memórias daquelas pessoas. Era um bom grupo de idosos. Além de seus avós, Dona Europa e Seu Juvenal, havia também os amigos de infância deles: Seu Juarez, Seu Pedro, Seu Francisco e Dona Ana, esposa do último. Cresceram todos juntos. Dona Vânia e Dona Fátima, mulheres do Seu Juarez e do Seu Pedro, respectivamente, já haviam morrido quando Eurípedes nasceu. Mas ele as conhecia como se houvesse convivido com elas. Era uma boa relação. O menino queria ouvir e os velhos relembrar. Foi assim que Eurípedes cresceu sabendo de muitas coisas e, provavelmente, recebeu o acréscimo de “o Velho” ao próprio nome. Já na adolescência, tinha a maturidade de um jovem adulto. Acostumou-se a aprender com os erros cometidos por todos que viveram antes dele. Quando completou 17 anos, emancipou-se e partiu para a cidade grande. Não tinha mais a presença de seu grupo de idosos, nem a possibilidade de atravessar a rua com tanta facilidade, mas tinha o discernimento necessário para saber o que queria. Aos 25, já cozinheiro estudado e conhecido na metrópole, conheceu Margarida. Ela cantou no restaurante um dia e ele mandou, com cumprimentos, um prato especial à sua mesa. Tão especial quanto ela própria passou a se sentir daquele dia em diante. Casaram-se dali a um ano. Ela viajava muito. Ele passou a fazer o mesmo. Passavam poucos meses juntos e, de tempos em tempos, um viajava. Às vezes os dois. Não era fácil, mas Eurípedes voltava cada vez mais sábio e, com grandes novidades, fazia Margarida mais feliz que sua flor homônima o era na primavera. Pararam com as viagens quando ela engravidou. Já não era tão nova. Ele estava na Índia quando recebeu o telegrama vindo da Argentina avisando que em breve seria pai. Voltou o mais depressa possível. Nasceu Augusto, morto em julho, oito invernos depois, vítima de pneumonia. Nessa época, já tinham Paulo, que acabara de completar dois anos. Sabiam que o filho mais novo nunca iria sair de perto deles devido a sua doença. Isso, somado à tristeza da perda do mais velho, foi motivo suficiente para que Eurípedes e Margarida se resignassem a não ter mais filhos. Não os tiveram, mas foram felizes. Afinal, aos sete anos de idade, Paulo falava. Sua doença era menos grave do que imaginavam. Margarida já não cantava mais profissionalmente e Eurípedes era chefe do restaurante mais bem frequentado da cidade. Decidiram os dois, então, colocar Paulo em contato com pessoas felizes e falantes. Os idosos da casa de apoio próxima da residência do casal receberam bem a ideia. O chefe e a cantora, sempre sorridentes, alimentaram e divertiram vários grupos de velhinhos durante algumas décadas, até que eles próprios se tornaram idosos. Paulo, a essa altura, era reconhecido no bairro. Mais sorridente não havia. Era sua marca e aquilo que também gostava de marcar nas pessoas que conhecia. Foi Paulo que ajudou seu pai a se levantar da cama naquele dia. O Velho Eurípedes precisava ir à fisioterapia. Era a última sessão. Havia caído umas semanas antes e lesionado o braço direito. O taxi já estava à porta. Com a ajuda de Paulo, o ex-cozinheiro se ajeitou no banco traseiro. Com o auxílio do filho, ele subiu para a sala da fisioterapeuta. Na volta para casa, foi apoiado no único herdeiro, que pediu para se deitar a fim de descansar um pouco. E a cada ajuda, um sorriso acompanhado de um “obrigado, meu filho”. Margarida deve ter se lembrado disso quando, seguindo a voz do filho, olhou para o marido mais uma vez. –– Mãe, olha. Ele riu. –– Sim, meu filho. Ele riu.

Johnny Hooker fecha em alto tom a noite de abertura do Goiânia Mostra Curtas

A programação da 15ª edição do evento segue até o domingo, 11, com exibição de mais de 100 curtas-metragens [gallery type="slideshow" size="full" ids="47739,47741"] Yago Rodrigues Alvim Na noite da terça-feira, 6, teve início a 15ª edição do Goiânia Mostra Curtas. Ao dar as boas-vindas ao público, que lotou o Teatro Goiânia, a idealizadora do projeto, Maria Abdalla, comemorou a jornada do festival que, além de ser muito querido por muitos cineastas e público de todo Brasil e de fazer parte do calendário nacional de festivais, é umas das mais importantes vitrines do gênero cinematográfico. Não só, Abdalla também felicitou o atual momento que o audiovisual vive, pois, ainda que muito tenha a ser feito, muito já se conquistou; como exemplos, o acesso à tecnologia tem democratizado a produção e a existência cada vez maior de festivais e mostras que têm incentivado e valorizado o cinema/a profissão. [caption id="attachment_47740" align="alignright" width="300"]Foto: Reprodução Foto: Reprodução[/caption] Como parte da programação, foi realizado, primeiramente, uma homenagem a atriz Gilda Nomance, que já atuou em mais de 50 produções audiovisuais. A atriz, lisonjeada pelo prêmio, esteve presente na exibição do curta “Jibóia”, de Rafael Lessa, em que ela atua, e contou que a história de Grace Kelly virará, em breve, um longa-metragem. Com classificação indicativa de 18 anos, o curta tirou do público muitos “Ahhh!”, graças a momentos de muita tensão e sustos. O roteiro, muitíssimo bem-amarrado, conta sobre uma cabelereira da Rua Augusta, em Sampa, que, consumida pelo desejo, finge ser mãe de sua amante de 14 anos. Na trama, a menina coloca em prova o amor da cabelereira Aurora, personagem de Gilda, e a leva a um momento ápice de ciúme. Ainda em homenagem, foi exibido o curta “Rap, o Canto da Ceilândia” em prestígio ao Coletivo de Cinema de Ceilândia. O documentário narra a labuta de rappers da Ceilândia que, além de contarem a dificuldade da profissão, tanto pela valorização praticamente inexistente, quanto pelo altíssimo preconceito, mostraram a segregação entre os brasilienses e ceilandenses, que os leva a dizerem “Sou da Ceilândia, não de Brasília”. No curta, o momento ápice é quando um dos rappers embala rimas que terminam na frase “sub-raça é a puta que o pariu”, o que tirou aplausos do público. Em homenagem póstuma a Shell Jr., os convidados, junto de Abdalla, se emocionaram ao lembrarem a jornada que o cenógrafo e diretor de arte viveu ao lado da idealizadora do Mostra Curtas, sendo lembrado até como “irmão de Abdalla”. Na fala, destacaram a necessidade de pessoas que acreditem no audiovisual e que valorizem a produção, circulação, existência de mais mostras e festivais, afinal o cinema é/mostra a cultura de um lugar. [caption id="attachment_47742" align="alignleft" width="300"]Compositor, ator e diretor de cinema, o pernambucano Johnny Hooker brincou "Mostra Curtas debutando com Hooker" Foto: Reprodução[/caption] Por fim, subiu aos palcos o cantor pernambucano Johnny Hooker, livrando toda a plateia da ansiedade por escutar suas canções. Acompanhado de violão e percuteria, Hooker reluziu, com seus paetês, na tela que exibia suas produções audiovisuais/clipes. Abriu o show com o single “Vou fazer uma macumba pra te amarrar, maldito!” e não deixou de fora, do curto setlist, as canções que mais marcam sua recente carreira. Teve “Amor Marginal”, "Alma Sebosa", “Segunda Chance” e “Volta”, músicas que foram bem acompanhadas dos presentes, que cantavam seus refrãos e aplaudiam, calorosamente, Hooker, na espera que o cantor regresse para um show todo seu e, de preferência, livre das cadeiras. Pois, Hooker está longe de um cantor que te deixa parado. O bom mesmo é dança-lo.

Quintal leva Rolê Gastronômico para Retrô Foods & Drinks

[gallery type="slideshow" size="large" ids="47674,47673,47675,47676"] Há duas semanas, o projeto Quintal tem feito um warm up em bares e restaurantes descolados da capital goiana. Às quartas-feiras, o Rolê Gastronômico descola pratos especiais, com pitadas de goianidade, além de um preço super bacana para quem quer aproveitar a semana. O happy hour da vez começa às 18h no Retrô Foods & Drinks, já conhecido por seus belos pratos, bom atendimento e inovação. Você pode ainda dar um curiada na Casulo Moda Coletiva. Referência goiana em criatividade e empreendedorismo, a loja ficará aberta no dia do evento para quem quiser umas comprinhas e sair de lá com muitíssimo estilo. Ó, para completar, o DJ Pedro Naves preparou um set especial para vibe ficar plena. É só se achegar. E, se liga, pois dia 18, o Quintal realiza sua primeira edição no Lago das Rosas. Com entrada franca, o evento contará com a realização de feira de comidas típicas e bebidas artesanais, exposição de artes visuais de artistas goianos ligados à cultura urbana, apresentações musicais, feira de produtos e projetos independentes. O objetivo é proporcionar um momento único de interação para comunidade goiana, transformando uma praça pública em uma verdadeira central de arte, cultura e criatividade. Quintal leva o selo "coisa nossa", pois é realizado por gente daqui para pessoas da cidade. Serviço Rolê Gastronômico Quintal Data: 7 de outubro Horário: 18h Local: Retrô Foods & Drinks Couvert: 5$

Depois de dois anos, David Bowie lança nova canção. Ouça “The Last Panthers”

[caption id="attachment_47667" align="alignright" width="300"]A canção faz parte da trilha sonora da série de mesmo nome | Fotos: Reprodução A canção faz parte da trilha sonora da série de mesmo nome | Fotos: Reprodução[/caption] Após dois anos sem material inédito, David Bowie divulgou seu mais recente trabalho, a canção “The Last Panthers”. A música compõe a trilha sonora da nova série, de mesmo nome, liderada por Johan Renk e estrelada por Samantha Morton , Tahar Rahim, Goran Bogdan e John Hurt, que irá ao ar pelo Canal + e Sky Atlantic. Segundo Renk, a canção não foi criada especificamente para o seriado, mas sim serial o material inédito de Bowie que mais combinava com o enredo de “The Last Panthers”. “Nós conversamos sobre o enredo da série, as correntes subjacentes de culpa e de defeitos de personalidade, o coração escuro da Europa, os aspectos bíblicos da natureza humana... Eu apresentei imagens da série, juntamente com quimeras e demônios dos mundos de Bosch e Grunewald. Então ele disse ‘tudo se encaixa’ e tocou sua nova canção, Blackstar”, disse Renk a imprensa. A série será transmitida pelo Canal + na França e Sky Atlântico no Reino Unido, Irlanda, Itália, Alemanha e Áustria, a partir de 12 de novembro, como confirmado pelo cantor em sua conta oficial no Facebook.

Florence + Eminem + Jack Ü + Marina no Lollapalooza 2016

[gallery type="slideshow" size="large" ids="47661,47662,47664"] Para quem não aguentava mais tanta agonia e ansiedade para saber quais bandas, de fato, estariam no Lolla 2016, se liga que, enfim, a espera acabou. E está lindo, vale dizer! Confirmando os rumores tem Tem Florence + The Machine e Eminem como headlines do festival, que será realizado no Autódromo de Interlagos, nos dias 12 e 13 de março. Além dos artistas, saca só quem mais aparece no lineup: Jack Ü confirmando os rumores, Mumford & Sons, Snoop Dogg, Noel Gallagher's High Flying Birds, Tame Impala , Alabama Shakes <3. [caption id="attachment_47663" align="alignnone" width="620"]lolla-2016-line-up Divulgação[/caption] E não acabou, não. Se liga que ainda tem: Marrero, Eagles Of Death Metal, A-Trak, SEEED, Albert Hammond Jr., The Joy Formidable, Gramatik, Maglore, Vintage Trouble, Supercombo, Matthew Koma, Jack Novak, Dônica, Versalle, Groove Delight, Zerb, Karol Conka, The Baggios, Funky Fat e Dingo Bells. O primeiro lote de ingressos do Lolla Pass, que dá acesso aos dois dias de festival, já está esgotado. O segundo está sendo vendido por R$740 a inteira (com meia por R$ 370). Os ingressos válidos para apenas um dia do festival ainda não estão a venda.

“O Livro do Depois” e “A Invenção do João”: uma homenagem a Cora Coralina na Itália

De autoria da psicanalista Claudia Machado, as obras, além de lançadas em Goiânia, ganham o Festival de Cinema, Arte e Biografia de Asolo

Escritora lança livro sobre a influência árabe na literatura brasileira

No recém-lançado livro, a professora goiana Moema de Castro mostra como a narrativa ficcional de autores se entretece com dados relativos ao povo e costumes árabes

“O cinema pode manifestar todas as culturas; acreditei nisso quando idealizei o Mostra Curtas. A vontade é de mudança”

Comemorando 15 anos, o festival traz, além de 118 filmes, mesas e debates sobre a Cidade, o urbano: sua construção e destruição