Imprensa

Maior prosador da Alemanha no século 20, Thomas Mann é autor das obras-primas “A Montanha Mágica” e “Doutor Fausto”. O filho de brasileira e alemão era estudioso de filosofia — o que transparece nos seus romances. “Pensadores Modernos — Freud, Nietzsche, Wagner e Schopenhauer” (Zahar, 288 páginas, tradução de Márcio Suzuki) mostra-o em plena forma explicando a intelligentsia alemã.
Ousado, Mann inclui Richard Wagner — que influenciou Nietzsche, até o rompimento — como um pensador, o que, de fato, o brilhante compositor era, ainda que não possa ser comparado, em densidade, a Nietzsche e a Schopenhauer. Outra ousadia é apresentar Sigmund Freud como pensador, o que o criador da psicanálise também era, e hoje é um dos mais influentes. Freud, por sinal, se considerava escritor, e chegou a ganhar o Prêmio Goethe — o Nobel de Literatura da Alemanha.
A Rede Globo vai contar a história dos fantasmas de Daniel Messac e está de olho no padre César Garcia

[caption id="attachment_37359" align="aligncenter" width="620"] Mariana Godoy: a apresentadora trocou a TV Globo pela Rede TV! | Foto: reprodução / RedeTV[/caption]
Pode ser qualificada como masoquista uma pessoa que trabalhou descontente durante 23 anos seguidos na mesma empresa e nunca se rebelou? Talvez não e também não se pode dizer que Mariana Godoy é masoquista; pelo contrário, trata-se de uma jovem de sorrisão aberto, de presença delicada e competente. Porém, ao deixar a TV Globo, onde trabalhou por duas décadas e mais três anos — uma geração —, decidiu “atirar” e, claro, agradou os adversários de sempre da empresa da família Marinho.
Palavras de Mariana Godoy: “Todas as perguntas que você vê um apresentador fazer, incluindo o William Bonner, é o Ali Kamel que escreve”. Ali Kamel é o diretor geral de Jornalismo da Globo. Quem teria o dom da onipresença: Mariana Godoy ou Ali Kamel? Não se sabe. Mas o que se depreende é que ela via tudo e ele faz tudo na Globo. Para que a informação seja levada em consideração, como bem informada e precisa e não motivo de possível raiva circunstancial, outros depoimentos precisam ser colhidos e divulgados. Com a introdução de alguma nuance, talvez seja possível admitir que Ali Kamel não é nenhum Stálin do jornalismo patropi.
Há determinados problemas na fala de Mariana Godoy. Citemos quatro, mas há outros.
Primeiro, Ali Kamel, aparente motivo de sua raiva atual, não está no comando do jornalismo da Globo há 23 anos. Pelo contrário, assumiu há pouco tempo; antes, trabalhava no jornal “O Globo” e não há nenhuma informação de que dava um segundo expediente na TV Globo.
Segundo, como alguém pode ficar em silêncio por mais de 20 anos, mesmo discordando do que via, ouvia e tinha de fazer? Esta pessoa pode ser qualificada de omissa ou de quê?
Terceiro, acreditar que Ali Kamel faz todas as perguntas, algo tão surrealista, é sugerir que só há bobos na TV Globo; o que, claro, não é crível. A própria Mariana Godoy era uma presença inteligente na Globo. Na verdade, ela desmerece todos seus ex-colegas.
Quarto, na questão da liberdade, vale explicitar que o Grupo Globo é um empreendimento particular. Os que discordam de suas ideias, como Mariana Godoy, podem até apresentar outras, mas, em caso de voto vencido, aceitam-nas ou devem sair. A liberdade de imprensa da qual se fala sempre é uma ficção. Não existe em lugar algum do mundo.
A raiva costuma paralisar a razão. Parece ser o caso. Os adversários tradicionais da Globo, especialmente blogueiros que já trabalharam na chamada Grande Imprensa — e, nesse período, mantiveram-se silentes —, adoraram a fala de Mariana Godoy. Chegaram até a dizer que tem “autoridade”. Bater nos chamados “grandões” é sempre agradável, simpático e, claro, populista.

[caption id="attachment_37357" align="aligncenter" width="620"] Filósofo britânico Roger Scruton | Foto: reprodução[/caption]
No Brasil, dada sobretudo a ditadura de 1964, passou-se a confundir conservadorismo com truculência, com cassação de mandatos, perseguição de adversários políticos e censura à imprensa. Pois o que o filósofo britânico Roger Scruton mostra, no livro “O Que É Conservadorismo” (É Realizações, 328 páginas, tradução de Guilherme Ferreira e apresentação de Bruno Garschagen), é que, na verdade, conservadorismo é outra coisa. Tem a ver com civilização e democracia — e nada a ver com barbárie.
Sinopse da editora: “Os capítulos deste livro seguem um critério de exposição analítica dos elementos principais do pensamento conservador. Por isso começa por explicar a atitude conservadora para depois esclarecer de que forma o conservadorismo se alicerça na ideia de autoridade, o que permite entender a importância da Constituição e o papel do Estado como defensor dos diferentes modos de vida de uma sociedade ordeira.
“A partir disso, é possível compreender a perspectiva conservadora a respeito da lei e da liberdade, que não é vista de forma abstrata nem absoluta, e da propriedade, que exerce uma função consagradora dentro da sociedade.
“Nos capítulos seguintes, o autor apresenta uma crítica à ideia de alienação do trabalho, faz uma defesa da existência e do funcionamento das instituições autônomas (família, instituições de educação, esportes competitivos), explica a aliança entre poder e autoridade para a composição do establishment (o grande objetivo interno da política e do governo) e apresenta a sua concepção de mundo público, formado pelo estado-nação, pelo estadista e pela política externa. Para encerrar a obra, é apresentada a contraposição entre liberalismo e conservadorismo.”
Os combates envolveram 1 milhão de militares e nazistas e Aliados cometeram crimes brutais
Filósofo consistente, Olavo de Carvalho sempre foi criticado pelos epígonos de Marilena Chaui e Renato Janine Ribeiro, que o apontam mais como astrólogo
Não dá para acreditar que na TV Globo só tem bobos e que todas as perguntas para os entrevistados são feitas pelo diretor de Jornalismo. Ela desmerece todos os ex-colegas
A Editora Record vai lançar o livro de Letícia Fernandes e Cássio Bruno no fim de 2016. Lula pedirá exílio em Cuba ou na Venezuela?
A “Placar” formou uma geração de grandes jornalistas. Juca Kfouri foi um de seus editores mais qualificados
Rolando Valcir Spanholo, de 38 anos, vai atuar na 1ª Vara da Justiça Federal em Anápolis
O jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre, publicou na segunda-feira, 1º, a reportagem “História da perseverança — Ex-borracheiro vira juiz federal após quatro anos estudando resumos”, assinada pela jornalista Bruna Scirea. Rolando Valcir Spanholo tem 38 anos e nasceu no Rio Grande do Sul. Ele vai atuar na 1ª Vara da Justiça Federam em Anápolis (Goiás) como juiz substituto.
Rolando Spanholo trabalhou como borracheiro, costureiro e vendedor ambulante no município de Sananduva, no norte do Rio Grande do Sul. O pai tinha uma borracharia, onde ele “começou a trabalhar aos 9 anos. Lavava carro, limpava cabine de caminhão e fazia pequenos reparos em pneus”.
Ele estudou Direito na Universidade de Passo Fundo, com recursos do crédito educativo. “Zero Hora” reporta que, “quando tinha 17 anos, seu dia começava às 7h, percorrendo a região oferecendo cortinas e lençóis de porta em porta. Ao fim da tarde, tomava um ônibus rumo à faculdade — percurso de cerca de 250 quilômetros. Retornava após a uma da madrugada”. Seu próprio relato: “Sempre fui um aluno mediano. Me esforçava, mas tinha limitações de tempo. Na viagem até Passo Fundo, dormia 15 minutos e depois estudava até chegar na universidade. No retorno, era a mesma coisa. Acho que por isso tenho esses quatro graus e meio aqui em cima do meu nariz: por conta de estudar dentro do ônibus”.
Depois de prestar vários concursos, para promotor e juiz, Rolando Spanholo decidiu advogar. Trabalhou durante 15 anos, até que, em Sananduva, assumiu uma juíza que havia sido sua colega na Escola Superior de Magistratura. A magistrada insistiu que voltasse a sonhar com a carreira de juiz. Voltou a estudar e prestou, de 2010 a 2014, mais de 20 concursos, até ser aprovado para juiz federal.
A repórter Bruna Scirea diz que, “empossado no TRF1, em Brasília”, Rolando Spanholo “passou por quase um semestre de formação e hoje [segunda-feira, 1º] passa a decidir como juiz substituto na 1ª Vara de Anápolis”. Quais os planos do magistrado? “Ser um bom juiz, com toda a bagagem que a vida o emprestou”, diz o “Zero Hora”.
“O cidadão forma a sua bagagem intelectual, mas não muda a sua trajetória. E se ele se esquecer dela, pode ser que ele até entre em uma zona perigosa, que oferece brecha para abusos. Todos somos passíveis do erro, mas jamais conseguirei olhar um processo sem ter o raciocínio de quem vivenciou a dificuldade. Quem aprendeu a ser vendedor de porta em porta sabe tratar bem as pessoas. Isso fica”, diz o juiz Rolando Spanholo.
[Foto: Tribunal Regional Federal / Divulgação]

O CD Entre Tantos Entretantos revela uma cantora madura, afinadíssima, capaz de interpretações que reinventam as músicas
O livro “Nêmesis — Onassis, Jackie O, e o Triângulo Amoroso Que Derrubou os Kennedy” (Intrínseca, 384 páginas, tradução de Bruno Casotti), de Peter Evans, é teoria conspiratória de primeira linha. Ao contrário dos seres sisudos, admito que o mundo seria mais triste sem uma boa teoria da conspiração para animá-lo e explicar aquilo que às vezes é inexplicável.
O jornalista Peter Evans, sem apresentar informações convincentes, conta histórias do balacobaco — algumas não muitas novas, mas requentadas com certa mestria. Robert Kennedy e Jacqueline Onassis eram amantes? Há indícios de que sim (assim como Jackie e o escritor Philip Roth foram “namorados” por alguns dias). Mas a grande “fofoca” do livro, apresentada não como gossip, e sim como fato, é a história de que o armador grego Aristóteles Onassis mandou matar Bob Kennedy, quando este planejava ser o candidato do Partido Democrata a presidente dos Estados Unidos. Motivos? Onassis se sentia perseguido pelo irmão de John Kennedy e tinha ciúme da elegante Jackie. Evidências? Pra quê, se Onassis, numa conversa com uma amiga, admitiu que havia articulado o assassinato?
O brasileiro Fernando Meirelles vai levar a história — muito boa, de fato, ainda que não seja fato — ao cinema. Luchino Visconti, diretor de “O Leopardo”, adaptado do romance “O Gattopardo”, do italiano Tomasi di Lampedusa, com sua expertise para retratar a decadência aristocracia, certamente adaptaria a história com excelência. Mas morreu em 1976 (não foi assassinado, acrescento, rápido). A história dos Kennedys e de Onassis tem a ver com ascensão e decadência. Os Kennedys eram plebeus que ruíram, por incrível que possa parecer, quando ganharam ares de aristocratas, embora, na verdade, fossem burgueses. Nobres pelo dinheiro do pai burguês Joseph Kennedy, um escroque ligado à máfia que o dinheiro, com o tempo, “limpou”, ainda que não inteiramente. John Kennedy na presidência dos Estados Unidos era tudo aquilo que o sábio Vito Corleone queria para o filho Michael Corleone, com o objetivo de limpar os negócios e a história da famiglia. A América, terra das oportunidades, constituiu a primeira aristocracia plebeia da história — os Kennedys, tão belos quanto destrutivos.

Escritor se matou, em 1969, aos 31 anos. Seu romance “A Confederacy of Dunces” foi publicado postumamente graças aos esforços da mãe e do filósofo Walker Percy
Frases de impacto chamam a atenção, chegam a convencer incautos, mas nem sempre são verdadeiras
Livro de Osvaldo Peralva sobrevive como um relato vívido; e as ideias das esquerdas necrosaram