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Milton Schahin e Lúcio Funaro: briga nos bastidores do petrolão revela que o capitalismo brasileiro tem facetas virulentas e arcaicas | Divulgação
Milton Schahin e Lúcio Funaro: briga nos bastidores do petrolão revela que o capitalismo brasileiro tem facetas virulentas e arcaicas | Divulgação

Uma das reportagens mais sensacionais sobre o petrolão, “Em águas profundas”, está na revista “Piauí” de agosto. O texto de Malu Gaspar ex­pli­cita o capitalismo selvagem, violento e destrutivo, que ainda impera no Brasil.

Ao contar a história da Cons­tru­tora Schahin, de Carlos Eduardo Scha­hin, Salim Schahin e Milton Taufic Schahin, envolvida no petro­lão, faz um retrato denso da barbárie dos capitalistas patropis. O banco dos Schahin teria emprestado 12 milhões de reais, por intermédio do pecuarista José Carlos Bumlai, tido como primeiro-amigo do ex-presidente Lula da Silva, para “comprar o silêncio de Ronan Maria Pinto, um empresário de ônibus de Santo André, que estaria chantageando Lula e seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho”. Tudo a ver com o assassinato de Celso Daniel, prefeito de Santo André e petista.

As empresas da família Schahin cres­ceram no governo de Lula. “De 2003 a 2010, o faturamento da Schahin Holding saltou de 133 mi­lhões de dólares para 395 mi­lhões”, conta Malu Gaspar. A construtora entrou firme para o setor de petróleo, trabalhando para a Petrobrás.

O crème de la crème é a batalha entre o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, tido como homem de Eduardo Cunha, e a família Schahin. Funaro, um ricaço de apenas 41 anos, promete que vai destruir os Schahin. A briga começou por causa de uma usina hidrelétrica que não deu certo. Ao se encontrar com Salim Schahin, no escritório de Naji Nahas, Lúcio Funaro bateu abaixo da linha de cintura: “Seu velho filho da puta, você acha que vai me dar um calote e continuar andando de Mercedes? Você tá pensando que tem roupa para essa festa? Eu vou tomar tudo o que você tem, velho safado!” A linguagem é típica das elites brasileiras — que, diria Raymundo Faoro, autor do inescapável livro “Os Donos do Poder”, nunca saem do poder.

Um trecho da matéria da “Piauí” tem a ver com Goiás e a CPI da Petro­brás: “No meio da sessão, o delegado Waldir, do PSDB de Goiás, deixou o plenário abanando a cabeça, contrariado: ‘Vou embora, vou fazer o quê? Pa­pel de palhaço?” É que os membros da família Schahin, orientados por seus advogados, não respondiam nada.