Imprensa
As empresas ou pessoas abaixo já venceram 5 ou mais vezes e serão homenageadas todos os anos na categoria Hors Concours, embora não participem mais da votação
CRITERIOS
Os Mais Influentes da Comunicação em Goiás 2015NOSSOS COMPROMISSOS
|
Experimentado, o jornalista cobriu Copa do Mundo, na África do Sul. Ele vai se dedicar à sua empresa, a Cervejaria Catalão
Ao contrário do que sugere Orley José, o governo não vai implantar ideologia de gênero na escola; só propôs estender e escancarar a ideologização já cotidiana e sub-reptícia na cultura brasileira
Quais as consequências e conflitos familiares este projeto de reengenharia social pode trazer aos alunos e às famílias
Síntese da luta: o peso-pesado brasileiro venceu o americano lutando de igual para igual, nos termos do oponente e nos seus próprios termos

[caption id="attachment_37921" align="alignright" width="620"] Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Geraldo Vandré e Roberto Carlos: suas artes e vidas, com seus aspectos negativos e positivos, poderão ser mais bem conhecidas[/caption]
O Supremo Tribunal Federal decidiu, na semana passada, pela liberação das biografias não autorizadas. A ministra-relatora Cármen Lúcia frisou que o direito à liberdade de expressão sobrepuja o dos indivíduos à privacidade.
A vida de um homem público pertence ao público, quer dizer, à sociedade. Portanto, deve ser descrita com liberdade por pesquisadores qualificados — como Lyra Neto (Getúlio Vargas, Castello Branco e José Alencar), Fernando Morais (Olga Benario e Assis Chateaubriand), Ruy Castro (Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda), Sérgio Cabral (Tom Jobim, Ataulfo Alves, Elizeth Cardoso e Nara Leão), Mário Magalhães (Carlos Marighella), Leonencio Nossa (Sebastião Curió), João Máximo (João Saldanha e Noel Rosa), Paulo Cesar Araújo (Roberto Carlos), Fernando Molica (Antonio Expedito Perera), Luiz Maklouf Carvalho (David Nasser).
Destes exímios biógrafos, apenas Ruy Castro (com a família de Garrincha) e Paulo Cesar Araújo (com Roberto Carlos) enfrentaram problemas judiciais. Nenhum pode ser qualificado de sensacionalista ou de ter achincalhado a vida das pessoas examinadas. As biografias colaboraram para o entendimento dos pesquisados, de suas obras e, em alguns casos, serviram mesmo para “reabilitá-los”. Nelson Rodrigues já era grande, mas, como estava meio esquecido, “cresceu” com o denso estudo de Ruy Castro.
A liberdade para dissecar uma personalidade pública não equivale à liberdade para achincalhá-la. Porém a maioria dos biógrafos pretende muito mais explicar a vida das pessoas, com suas contradições, do que agredi-las. A biografia de Assis Chateaubriand é tão bem feita que, mesmo a exibição de sua faceta pantanosa, não o diminui como empreendedor jornalístico e criador do Museu de Arte de São Paulo. Os problemas são apontados, mas as virtudes são conectadas. Um leitor pode avaliar que se trata de um escroque. Outro leitor pode percebê-lo como um empresário modernizador na área da comunicação.
Biografias laudatórias não servem para a compreensão da vida e da obra dos pesquisados. Biografias críticas e equilibradas ajudam a entender a história das pessoas e do país. Com a decisão do Supremo, o brasileiro poderá ler, brevemente, biografias de Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Geraldo Vandré e Roberto Carlos.

“Pelo que ouvi, o Aquino fez miséria com os alemães”, diz o segundo-tenente Ernâni Vidal e foi o primeiro a chegar no topo do Monte Castello
Depois do blog Goiás Real, o PMDB lança, no dia 15 de novembro deste ano, a TV Goiás Real — com o slogan “Onde você é o repórter”. Seu idealizador, o deputado estadual José Nelto, afirma que o objetivo é mostrar, com imagens vivas e candentes — com o apoio da população —, os problemas não resolvidos pelo governo de Goiás. “Sem baixarias, só com fatos”, frisa o parlamentar. José Nelto conta que o blog Goiás Real é feito por 12 pessoas, entre jornalistas, blogueiros e colaboradores. “A situação acessa o Goiás Real e a oposição acessa o Goiás 24 Horas”, brinca o peemedebista. “O blog estreou no dia 1º de maio e faz sucesso em todo o Estado. Estamos bombando até fora de Goiás.”
Não se pode falar em “síndrome do pânico” na redação do jornal “O Popular” — o que mais demite no Estado de Goiás. Mas, sim, é possível falar em pânico. Na semana passada, jornalistas disseram a um repórter do Jornal Opção — depois da demissão da primeira repórter do jornal “Daqui”, do Grupo Jaime Câmara — que ninguém se sente mas seguro. Os repórteres e editores experientes são cada vez mais escassos e os mais jovens não recebem nenhuma orientação. Mesmo assim, a cúpula do jornal cobra muito da reduzida equipe (os fotógrafos agora são obrigados, além de fazerem fotos, a gravarem vídeos e a escreverem pequenos textos, sobretudo para o site do jornal — o que, breve, a Justiça do Trabalho pode configurar como dupla função). Ante a pressão, há sempre a informação de que novas listas de demissão estão sendo preparadas, um grupo de pelo menos cinco repórteres quer ser demitido. Eles não vão pedir demissão, mas, se forem afastados, não vão reclamar. Só querem receber seus direitos e procurar um novo trabalho. Os jornalistas comentam, abertamente, que a redação do “Pop” está cada vez mais desmotivada e sem rumo.
Até jornalistas experimentados de “O Popular”, como Jarbas Rodrigues, estão cometendo erros crassos. Na semana passada, na coluna “Giro”, depois de uma barriga fenomenal (não corrigida) — “informou” que João Meirelles seria presidente do PSDB regional —, o jornalista “revelou” que João Balestra não seria mais indicado para a presidência regional do partido. Ora, parente do deputado federal Roberto Balestra (PP), João Balestra não é filiado ao PSDB (é do PP) e, portanto, nunca foi cogitado para dirigir o tucanato goiano. A coluna Bastidores, do Jornal Opção, informou, desde o início, que o ex-deputado estadual Afrêni Gonçalves deveria ser o presidente do PSDB.

O UOL frequentemente publica notícias garantindo que a jornalista Patrícia Poeta está na “geladeira” da TV Globo. Se a informação divulgada na quinta-feira, 11, pelo jornalista Leo Dias, do jornal “O Dia”, estiver correta, o UOL estava errado. Segundo o colunista, a ex-apresentadora do “Jornal Nacional” retorna à Globo em agosto. Patrícia Poeta vai apresentar uma revista eletrônica, aos sábados, das 9h ao meio-dia, “ao lado de André Marques e Cissa Guimarães”. Estuda-se a participação de outros profissionais. Segundo Leo Dias, o programa terá “muita música. Serão apresentados os dez sucessos mais pedidos da semana. Os telespectadores vão poder participar, enviando para a atração os nomes das canções que gostariam de ouvir. O programa vai ter espaço também para os bastidores das gravações das novelas e até antecipar o que vai ser gravado”. O programa será dirigido por Ricardo Waddington, segundo Leo Dias.

Li mais uma vez a biografia “Roberto Carlos em Detalhes”, do escritor e historiador Paulo Cesar Araújo. Trata-se, de fato, de uma obra alentada, mas laudatória. Falta uma interpretação mais detida da música de Roberto Carlos e evidenciar o seu lugar na música brasileira. É biografia de pesquisador sério e apaixonado. Mas a paixão turva, aqui e ali, a capacidade de julgar — daí a laudação. Fica-se com a impressão de que, sem Roberto Carlos — um cantor de certo mérito —, a música brasileira não existiria ou, ao menos, seria menor. Se o livro é elogioso, “em detalhes”, por que Roberto Carlos recorreu à Justiça para censurá-lo? Possivelmente devido à menção da doença-morte de Maria Rita, grande paixão do cantor, e do acidente no qual o menino Roberto Carlos perdeu uma perna (um trem de ferro cortou-a). Será isto mesmo? Paulo Cesar tem sugerido que o artista sempre quer faturar com os “produtos Roberto Carlos” e a biografia publicada pela Editora Planeta não lhe rendeu nenhum centavo. Talvez o motivo real permaneça no terreno do insondável, não do comercial. Ao pedir a retirada do livro de circulação, o que obteve na Justiça, ele certamente queria mandar um recado para outros biógrafos, quiçá mais sensacionalistas: “Não mexem comigo, não revelem meus segredos”. Agora, como o Supremo Tribunal Federal decidiu que não se precisa de autorização prévia para se publicar biografias — as chamadas “não autorizadas” —, Paulo Cesar informa que vai publicar uma edição revista, pois a primeira edição saiu há nove anos. “A Suprema Corte acabou com esse entulho autoritário da censura prévia. Meu livro voltará. Será atualizado. A publicação anterior era de 2006, Roberto Carlos não tinha feito ‘Esse cara sou eu’. Então será uma obra ampliada e atualizada”, disse o biógrafo ao jornal “O Globo”. Paulo Cesar frisa que vai contar, na nova edição, a história do conflito judicial com Roberto Carlos. “Tudo isso faz parte da história de Roberto Carlos. Ele sempre se declarou apolítico e pela primeira vez defendeu publicamente uma causa, a da censura prévia. E foi derrotado. Vou narrar isso em detalhes”, afirma. Na verdade, o autor já contou parte da história no livro “O Réu e o Rei — Minha História com Roberto Carlos” (Companhia das Letras, 528 páginas). Espera-se que a mágoa não turve a mente de Paulo Cesar. Ele garante que sua admiração pela música de Roberto Carlos, apesar da pendenga judicial, permanece. “Não acho a música dele feia porque me processou”, sublinha. Mas, ao menos nas entrevistas, o autor mostra-se, com certa razão, tremendamente magoado. O cantor não quis aceitar a óbvio: o livro só o promove.
Bruno Garschagen escreveu um livro inteligente e ousado: “Pare de Acreditar no Governo — Por que os Brasileiros Não Confiam nos Políticos e Amam o Estado” (Record, 322 páginas). O autor sugere que, apesar criticar os políticos, o brasileiro está sempre pedindo ao governo que interfira na sua vida. Quer dizer, critica os políticos, mas cobra a presença deles.

Maria Betânia é uma grande cantora; talvez menos inventiva do que Gal Costa e, antes, Elis Regina. Mas poucas vozes cativam, comovem e apaixonam tanto. Certo dia, passei na porta da discoteca Paulistinha, a do Flamboyant (extinta), e ouvi que tocava uma música de Bethânia. Passei e logo voltei. Seria um sacrilégio não ouvir a música inteira. Aquela voz que arranca a alma dos calabouços não pode ser perdida assim não. Noel Rosa na voz de Bethânia (https://www.youtube.com/watch?v=zD-7VgISbJo) contém tanta mestria que começo a chamá-lo de Noelão Rosão. O samba de Noel Rosa não é pesado e, por isso, exige que a voz da cantora capte sua leveza. Sua música e a voz de Bethânia casam-se à perfeição.
Diferente do hermano Caetano Veloso — o Machado de Assis da música (Chico Buarque é o Guimarães Rosa) —, Bethânia é discreta. Porém, muitas vezes assume posições mais consistentes. Na quarta-feira, 10, entrevistada por Luiza Franco, da “Folha de S. Paulo” (“Cada um escreve o que quer; eu sei o que sou”), Bethânia, ao ser informada que um professor universitário está escrevendo sua biografia, disse: “Não autorizei ninguém a escrever. [pausa] Mas quem quiser escrever, pode escrever o que quiser”.
A repórter insiste: “Se fosse sem seu aval, você se incomodaria?” Bethânia responde: “Eu não. Não tenho nada com isso. Cada um escreve o que quer. Eu sei o que sou”.
Sobre o boicote (talvez não só evangélico) à novela “Babilônia” — que apresenta duas lésbicas, interpretadas por Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg (o preconceito deve ser duplo: ao fato de serem lésbicas e velhas; muitos, talvez a maioria, querem que os idosos sejam amebas, e não seres sexuados, vivos) —, para a qual interpreta uma música, Bethânia diz: “O Brasil oscila. Dá sinais de uma modernidade, de uma natureza que é real, nossa. É o Brasil de dentro. As pessoas são lindas, encantadoras. E de repente recua quilômetros e dá uma topada feia. Sai do paraíso para o inferno em tudo: política, religião, amor, preconceito. Temos essa coisa muito extremada, muito perdida ainda. Acho que é um pouco infantil. Somos curumins”.
Bethânia tem lido Clarice Lispector nos seus espetáculos e, por isso, a repórter quer saber o que a atrai na obra da escritora. “Clarice veio forte aos 50 anos. Fiquei surpresa, achei que ia ser mais misturado de autor. Mas quando vi, era ela. Fico muito impressionada com a particularidade, a esquisitice, a franqueza. Esquisitice no melhor sentido. Ela e Fernando Pessoa são autores que se expõem”. A cantora nem deveria ter dito “esquisitice no melhor sentido”. Porque, em Clarice Lispector, a esquisitice incomoda, espanta e atrai. É esquisitice em vários sentidos...
Aos 68 anos, Bethânia guarda um ar juvenil, vivíssimo, com aqueles olhos que riem junto com a boca.
Minha mãe, Frutuoza Fagundes Belém, Zinha, é integrante de uma família de sete irmãos: Nair (Sinhá; com seu jeitão simples e severo, às vezes seco, era uma grande mulher), Tomás (homem simples, apreciador de bebidas fortes), Josefa (Zefinha, mulher bonita, de porte nobre), Nelito (um homem civilizado, sempre agradável), Antônio (Zico), Anastácio (bonachão, alegre, um aristocrata). Tomás, Sinhá, Zefinha e Anastácio morreram há algum tempo. Antônio Fagundes Furtado, Zico, faleceu na quinta-feira, 11, aos 82 anos. Faria 83 anos na quinta-feira, 18. Zico tinha problemas renais e fazia hemodiálise, em Goianésia e, depois, em Porangatu; às vezes, vinha para Goiânia, como todos os demais goianos, quando tinha algum problema mais grave, exigindo um especialista que as cidades do interior não têm. Na semana passada, passou mal e a família o levou para Ceres, onde foi internado numa UTI. Com severos problemas cardíacos, morreu. Na sexta-feira, 12, foi enterrado em Porangatu, sua amada cidade, possivelmente ao lado dos pais (Joca e Margarida) e irmãos. Homem simples, Zico era um homem de olhar triste, escorregadio. Às vezes, dizia mais com os olhos, que pareciam fazer flexões, do que com as palavras. Era reservado, circunspecto, sempre a observar o mundo, sem explicá-lo. Em sua casa, quem fala mais, como se fosse uma porta-voz, é sua mulher, a solidária e dinâmica Maria Pereira. O que fica de Zico? Acima de tudo, era um bom homem, um homem delicado e, ao mesmo tempo, sólido, temperado pelas desventuras da vida. Na vida pública, um cidadão exemplar, decente. Deixa quatro filhos: Tânia, Teves (meu querido amigo de infância, com quem joguei bola no time Porangatu, ao lado de João Roberto Naves e Valdemarzinho), Antônio Euzébio e Luzia Augusta. Todos herdaram a delicadeza do trato, um olhar às vezes de ressaca, como o de Capitu, e a decência (como se fosse uma pele). A morte de Zico, que não via sempre, deixa o mundo familiar menor e menos rico. Permanecem vivos minha mãe (a caçula), de 79 anos, e Nelito, de 85 anos, os últimos dos moicanos.