Faltou Dizer

Encontramos 704 resultados
faltou dizer
Ilha do Bananal se rende ao turismo. E agora?

Finalmente a Ilha do Bananal pode ser aberta à visitação. Ao menos para um tipo de público: o turista, especialmente aquele interessado em diversidade e disposto a pagar o preço da aventura. Pelo menos é o que tem sido propalado pelo governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Turismo em parceira com a Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot), seguindo as diretrizes do governo federal, envolvendo os ministérios do Turismo e do Povos Indígenas e a Funai.

A Ilha do Bananal é um santuário da biodiversidade encravado no coração do Brasil, no Estado do Tocantins, divisa com Goiás e Mato Grosso. É conceituado como um Écotono triplo e fica na região de transição entre os biomas do Cerrado, da Amazônia e do Pantanal. O local tem um valor inestimável para o desenvolvimento sustentável do país. Um território de mais 20 mil quilômetros quadrados, dividido entre duas unidades, o Parque Nacional do Araguaia e a Terra Indígena Parque do Araguaia, que se mantém fechado, não necessariamente preservado, como se pressupõe.

Quando se fala em Ilha do Bananal, o imaginário coletivo remete ao paraíso ecológico, mas é preciso lembrar que a Ilha cada vez mais tem se tornando um território em permanente disputa, uma ilha dos conflitos, que abriga uma série de atividades predatórias, como criação de gado, pesca, biopirataria, e até exploração turística, todas ilegais. Para se ter uma ideia a Ilha soma mais 140 posseiros e pelo menos 100 mil cabeças de gado, em regime de refrigério. Segundo dados do Ministério Público Federal (MPF) que tem apertado o cerco para reduzir os impactos dessa atividade, sem contudo, conseguir grandes avanços.

Se dentro da Ilha, um território protegido por lei federal, vigiado permanentemente por órgãos de fiscalização, as atividades ilegais causam enormes estragos, imaginem no entorno da ilha, onde em nome da produção tudo é permitido. A região é explorada por grandes projetos de irrigação para a produção de arroz, soja, melancia, dentre outras, em larga escala. A exploração intensa e incessante dos recursos hídricos, com barragens dos rios, está transformando a grande planície alagada em deserto seco, ameando o próprio conceito de Ilha, já que os rios que a formam estão secando.   

A abertura para visitação, uma promessa antiga que se perdeu no tempo por falta de urgência com as questões ambientais, é vista sob duas perspectivas bem distintas: pode expor a realidade da Ilha do Bananal com as velhas práticas de exploração predatória inaceitáveis, contribuindo para mudanças necessárias, ou pode ajudar a acelerar este processo de destruição de forma irreversível.

A Secretaria de Turismo tem direcionado para a Ilha, eventos, considerados turísticos, como forma de testar a sua atratividade e criar condições básicas para o desenvolvimento do turismo. A pasta já realizou campeonato de pesca esportiva e conseguiu incluir a região do roteiro do Rally dos Sertões, que tem o deserto do Jalapão como um dos trechos mais desafiadores e emocionantes do circuito. Segundo o secretário Hercy Filho, as respostas são bastante favoráveis. O que indica caminho aberto para prosseguir no intento de abrir a Ilha aos turistas. 

O governo tem pressa e trabalha com a perspectiva de iniciar um projeto piloto na Aldeia Horotory-Hawa, do povo Javaé, com entendimentos bem adiantados no que diz respeito ao ordenamento da atividade, e a partir daí ampliar a oferta para outras aldeias. Os indígenas, inclusive, estão passando por cursos de capacitação para receber visitantes.

O etnoturismo, variação do ecoturismo, ganhou força com a criação da Sepot em 2023, que apoia a iniciativa e que tem a interlocução junto aos povos indígenas. Os indígenas não são os maiores entusiastas dessa ideia, mas ao menos estão sendo colocados como protagonistas de um negócio assentado na ideia de valorização da cultura indígena.

Essa não é a primeira vez que o governo do Tocantins tenta transformar a Ilha do Bananal em uma província turística. Este desejo vem sendo alimentado desde a década de 50, quando o estão presidente Juscelino Kubistchek criou o Parque Nacional e chegou a iniciar a construção de um grande hotel e uma pista de poso para receber convidados, sobretudo do exterior. O projeto ficou pelo meio do caminho, mas a ideia nunca morreu de todo.

Em 1989, no período de implantação do Tocantins, o então governador Siqueira Campos, no afã de aumentar o número de municípios do novo Estado que foi criado com apenas 62 municípios, lançou o projeto de criação do município da Ilha do Bananal, de vocação turística. Organizou um “belo” projeto e convocou as lideranças indígenas para mostrar o que considerava uma ótima possibilidade de alavancar o desenvolvimento daquele território.

De forma curta e direta os indígenas recusaram o “belo” projeto por avaliar que município não trazia benefícios para os povos indígenas e oferecia sérios riscos à autonomia do seu território. Inconformado com a posição dos indígenas, o governador ameaçou transformar a Ilha em unidade de pesquisa e entregar o território às universidades. Diplomaticamente os indígenas ensinaram ao governador que ele não tinha poder para definir a destinação da Ilha, um território dos povos originários, sob a responsabilidade do governo federal. Siqueira teve que engolir seco, o “pito” e desistiu no município da Ilha.

A Ilha do Bananal fechada à visitação como é hoje custa muito caro e não está protegida, como se pressupõe. Pelo contrário, está sendo explorada por uma série de eventos que concorrem para ampliar o nível de gradação. Os defensores da abertura da Ilha do Bananal à visitação entendem que os olhos dos visitantes podem ajudar a denunciar as agressões ambientais, tendo em vista que ninguém se sente bem em pagar para visitar um “paraíso ecológico”, para ver agressões à natureza.

Ademais, os recursos arrecadados com a atividades de visitação pode efetivamente financiar ações e preservação. Desse ponto de vista a etnoturismo será bem-vindo. Representa uma esperança, neste mar de ameaças e incertezas. Pode representar uma inflexão nessa trajetória de mais essa tragédia ambiental anunciada.

Leia também:

Então é Natal… e, meu Deus, o que nós fizemos?

Faltou dizer
Futebol coloca jogadores como reféns dos empresários

Recentemente, a controversa transferência do jogador Caio Paulista resultou em críticas, sendo rotulado como traidor por deixar o São Paulo e se juntar a um rival

Extrema direita não combina com Natal

Partindo do discurso reacionário, Jesus foi só um bom moço fracassado. O deus em que acreditam não é o Deus de amor e partilha

“Trégua de Natal” da 1ª Guerra: um evento que nunca mais teremos

Brutalidade das armas de destruição em massa e dos crimes de guerra afasta a pouca humanidade dos campos de batalha

Faltou Dizer
Então é Natal… e, meu Deus, o que nós fizemos?

Ainda dá tempo de responder ao questionamento da nossa Simone, apesar do quão clichê ele possa parecer: é Natal, e o que você fez?

Faltou dizer
Dezembrite: está tudo bem se sentir desanimado com o fim de ano

Pesquisa revela que 75% das pessoas se sentem estressadas e irritadas nesta época

Faltou Dizer
O fim da fé: abuso de poder em busca de sexo

Entende-se como violência sexual qualquer ação em que uma pessoa, valendo-se de sua posição de poder e fazendo uso de força física, coage, intimida ou influencia psicologicamente uma pessoa para obrigá-la a ter, presenciar ou participar de alguma maneira de interações sexuais, ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, com fins de lucro, vingança ou outra intenção. O crime pode, ainda, envolver ou não o uso de armas ou drogas.

E assim como criminosos assumidos, também há líderes religiosos que abusam de sua posição para obter vantagens sexuais. Já são diversos casos como o João de Deus, Ikky de Medeiros, Jair Tércio Cunha Costa e, mais recente, o pastor Davi Passamani. 

Algumas mulheres sofrem agressões repetitivas e por muitas vezes naturalizadas. Através da subordinação, dominação, agressão e submissão ensinada aos fiéis, essas mulheres ficam presas nessa situação. Esses casos se tornam delicados, porque muitas vezes essas figuras usam de sua posição para enganar pessoas e invadir suas intimidades, seja por meio de chantagem ou de intimidação. Corrompendo e consumindo até mesmo a própria fé.

De acordo com um estudo da OMS de 2018, as principais causas para que as mulheres não denunciem incluem: falta de apoio; vergonha; medo de represálias; sentimento de culpa, receio de que não acreditem nela e temor de ser maltratada ou socialmente marginalizada.

Essas violências, quando vêm de uma figura como um líder religioso, um pai, ou um chefe, se tornam muito mais ameaçadoras. Isso acontece porque eles, muitas vezes, possuem algum tipo de controle sobre a mulher. Seja porque a vítima depende dele financeiramente, seja porque mora debaixo daquele teto, porque tem medo de ser demitida, ou porque acha que não vão acreditar em sua acusação.

A situação de vulnerabilidade econômica das mulheres, especialmente as negras e pobres, também estimula o assédio moral e sexual. Patrões e chefes usam o temor da mulher em perder seu meio de subsistência para coagi-la a cumprir jornadas de trabalho extenuantes, a tolerar ofensas, constrangimentos e humilhação, além dos abusos relativos ao corpo.

Ainda segundo a OMS, o grande problema nessas situações é a culpabilização das vítimas, pois o medo da exposição e até mesmo do julgamento proveniente da sociedade impedem que muitas denúncias sejam realizadas. E as consequência desse silenciamento, podem incluir depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e estresse.

A solução possível, para a sociedade como um todo é a indignação coletiva. É acreditar nas denúncias e aguardar a atuação dos órgãos competentes, e principalmente, que as pessoas, ao saberem, deixem de defender cegamente os acusados e demonstrem mais solidariedade, procurando, ao menos, ouvir os dois lados da história. Até porque, perguntar sobre as circunstâncias do ocorrido é trabalho de investigação da polícia. E a maioria dos questionamentos nas redes sociais parece servir para acusar a vítima e diminuir a culpa do responsável.

Cultura do Estupro

O ativismo feminista usa o termo ‘cultura do estupro’ para denunciar uma série de atitudes e práticas que aceitam o estupro contra as mulheres como algo normal em nossa sociedade.

São insinuações veladas ou explícitas, gestos grosseiros, frases embaraçosas e ofensivas; comentários sexistas, perguntas e convites impertinentes, toques indesejados e não consentidos. Basicamente, uma série de atitudes no dia-a-dia que refletem a estrutura patriarcal da sociedade, que deixa as mulheres marginalizadas.

Importunação Sexual x Assédio Sexual

Ambos são crimes contra a liberdade sexual, a diferença entre eles é que enquanto o assédio sexual é caracterizado por uma pessoa que ocupa um cargo superior no local de trabalho de ambos e essa hierarquia é utilizada para constranger a vítima e conquistar uma vantagem sexual indesejada pela parte da vítima.

Já a importunação sexual acontece quando um ato que visa a satisfação sexual é praticado na presença de alguém sem a devida autorização ou consentimento. A pena para importunação sexual varia de 1 a 5 anos enquanto o assédio sexual varia entre 1 e 2 anos.

Inteligência artififical é realidade na economia | Foto: reprodução
faltou dizer
Inteligência artificial já é usada para conter sonegação fiscal em Goiás

Secretária da Economia começou a utilizar ferramenta efetivamente neste ano, teve bons resultados e é case para outros estados e países

Caso da doceria em Goiânia alerta: viver é ter “fé” o tempo todo

Em situações atípicas assim, descobre-se o básico a que ninguém quer se atentar: a vida é frágil demais e nada está sob controle

Naçoitan preso
faltou dizer
Violência contra a mulher: políticos roubam a cena

Casos como o do prefeito de Ipora, Naçotan Leite, do suplente de vereador de Iporá, João Bueno Moraes, e do suplente de vereador de Goiânia, Danilo Carlos Faria, mostram que a violência ocorre em todas as classes sociais

Noticiada cotidianamente, a violência contra a mulher deixou de ser algo da “periferia”. Antes, os casos divulgados eram cometidos, majoritariamente, por pessoas de baixa renda. Ou seja, pobres.

O cenário nos últimos meses, porém, mudou. Casos como o da apresentadora e modelo, Ana Hickmann, e da sertaneja Naiara Azevedo vieram à tona, escancarando o fato que a mulher rica e empoderada também é uma vítima do “machismo cultural”.

Entretanto, quem roubou a cena foram os políticos com casos como o do prefeito de Iporá, Naçoitan Leite, do suplente de vereador de Iporá, João Bueno Moraes, e do suplente de vereador de Goiânia, Danilo Carlos Faria.

Naçoitan, por não aceitar o fim do relacionamento, invadiu a casa da ex-companheira e tentou matar ela e o namorado. Ao todo, foram mais de 15 disparos realizados contra o casal. Buscando se livrar da prisão, ele chegou a furtar os equipamentos de monitoramento da casa no mês passado.

No mesmo mês, o suplente de vereador João Bueno Moraes, de 55 anos, também tentou matar a ex-esposa após atirar ao menos cinco vezes contra o portão da vítima ao vê-la entrando em casa com o atual namorado, em Iporá. Após o crime, cometido no dia 25 de novembro, João não foi mais visto.

O caso mais recente, no entanto, é do suplente de vereador, Danilo Carlos Faria, apontado pela Polícia Civil (PC) como um estuprador em série, em Goiânia. Ele foi preso na última sexta-feira, 14, suspeito de estuprar ao menos quatro garotas de programa.

Ele atraía as mulheres alegando que queria contratá-las para programas sexuais. Após o crime, o homem também roubava as vítimas. Os crimes ocorreram em 2020, mas só agora a corporação teve conhecimento.

O cenário é um reflexo de que a violência ocorre em todas as classes sociais, assim como com qualquer pessoa, seja ela pública ou privada.

Leia também:

Dino e Gonet: o morde e assopra jurídico do governo

Faltou dizer
Entre “acordos possíveis”, reforma tributária é aprovada mesmo com potencial de criar “maior IVA do mundo”

A reforma tributária foi aprovada pela Câmara dos Deputados na noite dessa sexta-feira, 15; especialistas estimam ganhos em consumo, renda e transparência

Faltou dizer
Dino e Gonet: o morde e assopra jurídico do governo

Os dois apadrinhados por Gilmar Mendes e Alexandre de Morais são aprovados em sabatinas no Senado

Qual o custo da democracia?

É preciso que voltemos nossas atenções para a questão do financiamento público de campanhas políticas a fim de perguntar se esse “custo democrático” está sendo justamente direcionado para atender as reais necessidades da sociedade brasileira

chuvas Goiânia Goiás
faltou dizer
Super chuvas de verão precisam estar no foco da população e de autoridades

Fenômeno El Niño promete ser mais forte no início de 2024 e trazer muitos estragos

Movimento para censurar GTA VI causa efeito reverso e aumenta curiosidade pelo jogo

Aclamada série de jogos eletrônicos é alvo de censuradores nos últimos 25 anos