Até a década de 1990, eram raros os casos em que empresários desempenhavam um papel significativo no mundo do futebol, e a maioria dos jogadores não contava com representantes para negociar seus contratos. Atualmente, quase a totalidade dos jogadores, se não todos, possui um agente.

Recentemente, a controversa transferência do jogador Caio Paulista resultou em críticas, sendo rotulado como traidor por deixar o São Paulo e se juntar a um rival. Parece que as dinâmicas nas relações entre jogadores e empresários se alteraram ao longo do tempo.

Anteriormente, os empresários trabalhavam em prol dos jogadores, mas agora parece que é o jogador que muitas vezes se submete ao empresário. Atualmente, é o jogador que frequentemente se encontra dando entrevistas e se pronunciando sobre as negociações, o que contrasta com a postura reservada dos jogadores no passado.

Concordo com a análise do colunista do Uol, Walter Casagrande Jr, o ex-jogador e atacante Casagrande, que questiona por que homens adultos delegam frequentemente suas vidas e decisões a terceiros. O que mais vemos é jogador dizer: “Vamos ver o que o professor irá falar”. Ou então: “O que meu empresário decidir será bom para mim”.

A percepção é de que os empresários ganharam mais relevância do que os próprios jogadores, muitos dos quais agora se sentem como meras estrelas de um espetáculo.

Embora não isente o São Paulo Futebol Clube de responsabilidade nesse caso, é evidente que Caio Paulista provavelmente não teria se oferecido ao Palmeiras de forma independente. Um dos desafios do futebol atual é que os empresários assumiram um papel central, por vezes decisivo, na carreira dos jogadores, enquanto estes parecem ter perdido parte do controle sobre suas próprias vidas e escolhas.

Não estou atribuindo exclusivamente a culpa a Caio Paulista nessa situação, mas é notório que os jogadores, de modo geral, tornaram-se menos ativos na tomada de decisões sobre suas carreiras, deixando isso nas mãos dos empresários. Além disso, destaco que não estou demonizando os empresários, pois eles conquistaram esse poder devido à falta de participação dos próprios jogadores.

Embora não haja problema em mudar para o Palmeiras, dado que o contrato de empréstimo terminará em 31/12/2023, a crítica se concentra na falta de transparência na negociação. A maneira como tudo foi conduzido, sem clareza e com informações sendo reveladas apenas quando praticamente tudo estava resolvido, é o que reprovo.

É crucial que alguém do São Paulo venha a público e explique os detalhes do que aconteceu. Seria esclarecedor ouvir a perspectiva central desse imbróglio, que é a de Caio Paulista. Além disso, seria interessante saber se a iniciativa partiu do Palmeiras ou se foi o próprio clube que procurou o empresário dele. Se o Palmeiras iniciou o contato, isso não deveria ser um problema.

Caso tenha ocorrido uma abordagem inicial do Palmeiras, seria relevante esclarecer publicamente, pois isso destacaria uma possível falha do São Paulo. O processo precisa ser transparente, e todas as informações mencionadas acima precisam ser esclarecidas publicamente, a fim de evitar que a responsabilidade recaia unicamente sobre Caio Paulista.

Leia também: